Title: EXAMES COMPLEMENTARES
1EXAMES COMPLEMENTARES
- NEUROLÓGICOS
- Estruturas que compõem o sistema nervoso
central - O sistema nervoso central é composto pelo
encéfalo, encerrado na caixa craniana, e pela
medula espinhal, encerrada na coluna vertebral. O
encéfalo, por sua vez, compõe-se de cérebro
(telencéfalo e diencéfalo), cerebelo e tronco
encefálico ou tronco cerebral (mesencéfalo, ponte
e bulbo). - Exames complementares usados em neurologia
- Líquido cefalorraquidiano
- -exames citológicos
- -determinação da concentração de proteínas,
glicose e cloretos - -reações imunológicas para diagnóstico de
sífilis e neuricisticercose - -cultura para microorganismos.
- Eletroencefalograma
- -verificação de assimetria entre os hemisférios
- -verificação de atividades lentas e mudanças
bruscas e transitórias do ritmo fundamental. - Potenciais evocados
- -constatar lesões subclínicas nas vias de
condução de estímulos sensoriais - -detectar localização dessas lesões.
- Eletroneuromiografia
- -diagnóstico topográfico de lesões do sistema
nervoso periférico - -diferenciação entre essas e as afecções
musculares e da junção neuromuscular.
2Diagnóstico e tratamento das contusões
musculares
- INTRODUÇÃO
- As lesões musculares dos esportistas continuam
sendo tema atualizado e apaixonante para os
especialistas que têm a grande responsabilidade
de manter em excelentes condições a estrutura
osteomioarticular dos atletas, possibilitando
assim melhor rendimento físico, técnico e tático.
- O aperfeiçoamento dos meios de diagnóstico e a
evolução das pesquisas de laboratório
possibilitaram a análise das alterações
bioquímicas celulares, permitindo melhor
conhecimento das modificações anatomofisicopatológ
icas que acontecem nas lesões do aparelho
locomotor. - Nossas observações são experiências vividas,
inicialmente, ao longo de uma vida ativa como
atleta de competição e, posteriormente, nos pouco
mais de vinte e cinco anos de atividades
profissionais especializadas em cuidar de
atletas. - O diagnóstico precoce correto e o prognóstico de
tempo para voltar às atividades são as primeiras
informações que devem chegar ao departamento
técnico, para avaliação das interferências na
performance da equipe e, muitas vezes, no
resultado financeiro da competição. - Devemos fazer sempre um estudo clínico minucioso
de cada lesão, com observações práticas anotadas
na evolução diária, interpretando e valorizando
os meios de pesquisa clínica laboratorial que nos
ofereceram as melhores condições para um
diagnóstico e que possibilitaram uma
classificação(8)
3- A Lesões musculares produzidas por fatores
causais extrínsecos - Contusão muscular
- a) Contusão leve
- b) Contusão moderada
- c) Contusão grave
- B Lesões musculares produzidas por fatores
causais intrínsecos - a) Lesões musculares sem roturas de fibras
- 1. Câimbras 2 . Contratura muscular 3 .
Estiramento b) Lesões musculares com roturas de
fibras - Lesões parciais Lesões totais Após o
diagnóstico, iniciamos imediatamente o
tratamento, seja conservador ou cirúrgico, com
planejamento adequado
4- DIAGNÓSTICO
- A literatura relata inúmeras tentativas na
utilização de exames diversificados para auxílio
do diagnóstico diferencial dos diversos tipos de
lesões musculares, que facilitassem a programação
do tratamento imediato e colocassem o atleta em
condições ideais de competição, o mais rápido
possível. - As dosagens das atividades enzimáticas
(transaminases, CPK, aldolase, etc.), a
eletromiografia, o exame radiográfico e a
termografia em nada favoreceram o diagnóstico
diferencial das lesões musculares. - A radiografia será usada(1) para diagnóstico
diferencial com lesões ósseas e arrancamentos das
inserções tendinosas. - A tomografia computadorizada e a ressonância
magnética são exames muito dispendiosos e sua
utilização tem sido muito discutida. - Giannini (1987)(5) enfatizou a importância do
exame complementar da ultra-sonografia no
diagnóstico e na escolha do tratamento. A
ultra-sonografia e um método de investigação de
grande utilidade(4,6), não invasivo, confirma,
localiza e avalia a lesão muscular traumática,
permitindo decisão segura na indicação do
tratamento cirúrgico. - A ultra-sonografia (Commandre)(3) é o exame
complementar essencial para caracterizar as
lesões das fibras musculares e planejar a
indicação de intervenção cirúrgica precoce, para
evitar sérias complicações e seqüelas
mioarticulares. -
5- Ultra-sonografia normal As diferentes camadas
musculares, separadas por aponeuroses e septos
fibrosos mais ecogênicos, formam áreas que são
uniformes na ultra-sonografia, confirmando a
integridade anatômica das estruturas
visualizadas. A pele e as aponeuroses produzem
imagens lineares que são visivelmente ecológicas.
O tecido celular subcutâneo produz imagens
hipoecogênicas, que traduzem a presença de tecido
adiposo, com algumas fibras ecogênicas marcando a
separação do tecido conectivo. A estrutura de
feixes musculares, composta de linhas ecogênicas
orientadas obliquamente num arranjo punctiforme,
é visível transversalmente. O grau de
ecogenicidade varia de um para outro grupo
muscular e de um para outro paciente, de acordo
com a história do trauma, e às vezes exige
interpretação comparativa e contralateral. - Ultra-sonografia anormal
- A imagem anormal de ultra-sonografia depende da
apresentação clínica contusão direta ou lesão
interna e grau de edema e inflamação. A evolução
clínica da lesão muscular inicial é que orienta a
ultra-sonografia. - Lesão muscular recente
- Antes da formação do hematoma, é visível uma área
lesionada com desarranjos morfológicos, cuja
extensão se desenvolve progressivamente e algumas
vezes forma uma imagem convencional de edema
circunscrito. - Edema ou evolução clínica do hematoma Na
primeira fase, a rotura de fibras musculares,
produzida pela força de impacto, determina
acúmulo de sangue na periferia da massa muscular
abaixo da aponeurose. Infiltra as fibras
musculares, separando-as observa-se associação
de áreas difusas e desestruturadas ecogênicas ou
hipoecogênicas (fig. 1). - Alguns dias mais tarde, o hematoma organiza-se e
a cavidade apresenta contorno definido. Antes
apresentava aspecto uniforme, agora tornar-se
encistado (figs. 2 e 3). - A imagem é hipoecogênica, com algumas ilhotas
mais ecogênicas, que correspondem a pequenos
coágulos. - Se o aparecimento de forma encistada foi
imediato, desenvolve um contorno bem definido,
com área hiperecogênica de reforço posterior,
formada pela sedimentação de eritrócitos e
compressão de fibras musculares subjacentes,
destruídas pelo acúmulo de fluídos. - Finalmente, podemos visualizar uma lacuna serosa
com ausência de textura ecográfica, com reforço
posterior com imagem hiperecogênica. - A lesão por contato direto ou produzida por um
fator intrínseco tem o mesmo prognóstico, porém a
gravidade da lesão, com rotura de capilares e
fibras musculares produzindo a hemorragia, é
fator importante a ser considerado. - Controle da cicatrização A ultra-sonografia
permite controlar a evolução clínica da lesão
muscular e observar se houve reabsorção completa
da imagem da seqüela formada, freqüentemente
detectada meses ou anos mais tarde (fig. 4). - Muitas vezes, uma área hiperecogênica difusa
corresponde à presença de vários resíduos
anormais, que serão descritos mais tarde algumas
vezes, será uma imagem cística residual.
6 7- TRATAMENTO LESÕES MUSCULARES PRODUZIDAS POR
FATORES CAUSAIS EXTRÍNSECOS - Contusão muscular
- a) Contusão leve
- b) Contusão moderada
- c) Contusão grave
- Contusão muscular leve e moderada Segmento
muscular coxa - Fase I Para diminuir o sangramento(7) produzido
pela rotura de vasos e fibras musculares,
recomendamos repouso, crioterapia, compressão com
algodão e bandagens e elevação do membro inferior
contundido. É importante o uso de analgésicos e
antiinflamatórios não hormonais.
8 9- A massoterapia superficial ou profunda está
contra-indicada (fig. 5). - Fase II Após as primeiras 24 horas, os
portadores de lesões leves são liberados para
exercícios de contração muscular isométrica,
mobilização das articulações (ativas e passivas)
e deambulação sem auxílio de muletas. - Após 72 horas, os portadores de lesões leves são
liberados para exercício de contração muscular
isométrica, movimentos articulares ativos e
passivos para reabilitação funcional. O espasmo
muscular diminui. A marcha é permitida com
auxílio de muletas canadenses. - Fase III Os atletas contundidos(2), portadores
de lesões leves e moderadas, já apresentam
amplitude de movimento de flexão acima de 90 e
executam marcha sem auxílio de muletas.
10- A seguir, utilizamos crioterapia, após
massoterapia superficial , com antiinflamatórios
tópicos, associando-se eletroterapia diária
(ondas curtas e ultra-som) e hidroterapia
(turbilhão). - Iniciamos alongamento ativo suave, para prevenir
a formação de aderências, e exercícios com
auxílio de força contra resistência
complementados por hidroterapia em piscina
(hidroginástica). - Tratamento de contusões graves
- Segmento muscular -coxa
- Fase I - Repouso absoluto
- Analgésicos e antiinflamatórios não hormonais
Crioterapia Bandagens compressivas
Elevação do membro inferior contundido - Fase II -Após 72 horas, os portadores de lesões
graves são liberados para a prática de contrações
musculares isométricas e mobilizações ativas e
passivas da articulação do joelho, para
reabilitação dos movimentos de flexão e extensão.
Quando nesta fase observamos evolução clínica
favorável, permitimos a marcha com auxílio de
muletas canadenses e o contundido obedecerá a
todas as recomendações da fase III após sete dias
de repouso. Quando, ao contrário, nesta fase
observamos evolução clínica desfavorável, isto é,
as dores permanecem intensas, apesar da medicação
analgésica e de antiinflamatórios, a impotência
funcional impede qualquer movimento de
flexoextensão do joelho ao espasmo e aumento do
volume da coxa, somam-se os sinais clínicos de
síndrome compartimental. Indicamos então a
realização da ultra-sonografia, para possível
diagnóstico de hematoma volumosa intramuscular. A
confirmação deste diagnóstico indicará um
tratamento cirúrgico de emergência (fig.6).
11 12- Tratamento cirúrgico - Hematoma da coxa
- Descrição técnica
- O paciente, sob anestesia geral ou peridural, é
colocado em decúbito dorsal e fazemos limpeza
mecânica, com água e sabão, do membro inferior
correspondente à coxa contundida. Anti-sepsia de
todo o membro inferior, com três banhos
alternados de solução de álcool iodado e éter, Os
campos cirúrgicos são tecnicamente colocados,
deixando a descoberto a região ântero-externa da
coxa. - Via de acesso -Determinamos, como ponto de
referências, o grande trocanter e o côndilo
femoral lateral. Procede-se a incisão
longitudinal de 6-8cm, interessando pele e tecido
celular sobcutâneo. - Na incisão da aponeurose superficial, observamos
descompressão abrupta, com saída da massa
muscular através da ferida operatória. Fazemos
divulsão do septo intermuscular, entre o reto
anterior e o vasto lateral, e completamos a
descompressão com drenagem de volumoso hematoma,
produzido pela rotula de vasos, ramos musculares
da artéria femoral (fig. 7). - Em alguns, casos, após a divulsão do tabique
intermuscular do reto anterior e vasto lateral,
temos que divulsionar ou afastar pela borda
inferior do vasto intermédio, porque o hematoma é
ainda mais profundo, localizando-se entre a
camada muscular do vasto intermédio e o plano
ósseo. - Desfazemos cuidadosamente volumosos coágulos, que
são eliminados. Estes coágulos podem ser
confundidos ao toque, no fundo da cavidade criada
pelo descolamento do hematoma, com a massa
muscular subjacente. - O esvaziamento do hematoma deverá ser realizado
com muita eficiência finalmente, uma lavagem com
soro fisiológico permitirá visualizar o tecido
muscular infiltrado por ilhotas hemorrágicas.
Deve-se proceder a uma hemostasia criteriosa,
cauterizando os vasos de pequenos calibres e
ligando os ramos musculares de maior calibre. - Instalamos uma drenagem contínua a vácuo, para
impedir que haja recidiva do hematoma.
13O fechamento da ferida operatória é realizado em
quatro planos septo intermuscular e aponeurose
com fios mononáilon três zero, tecido celular
subcutâneo com fios de categute dois zero e pele
com fios mononáilon três zero (fig. 8). Em
seguida, testa-se a eficiência da drenagem de
aspiração a vácuo e faz-se curativo com bandagens
de compressão, utilizando gazes, algodão e
ataduras de crepom. O paciente é colocado no
leito, com o membro inferior em elevação, e
medicado com analgésicos, antiinflamatórios e
complementação de antibioticoterapia, iniciada
antes do ato cirúrgico (fig. 9). É obrigatória a
fiscalização do funcionamento da drenagem de
aspiração a vácuo com a constatação da evolução
favorável do quadro clínico, retiramo-la com
24-72 horas de pós-operatório. Iniciam-se
exercícios passivos, utilizando amplitudes
gradativas para reabilitação funcional das
articulações, principalmente a flexoextensão do
joelho, e exercícios de contração muscular
isométrica do quadríceps. Recomenda-se marcha
sem apoio do membro inferior operado, com auxílio
de muletas canadenses, retirando-se os pontos com
10-12 alias de pós-operatório. Durante esse
período, são intensificados os exercícios para
aceleração de reabilitação. Após a retirada dos
pontos, permite-se marcha com apoio, ainda com
auxílio de muletas canadenses. Nesse momento,
fisiomecanoterapia é realizada com cargas de
intensidade gradativa e associações a
reabilitação específica com estruturação muscular
geral, exercícios de alongamentos, correções
posturais da coluna vertebral e exercícios
aeróbicos na bicicleta ergométrica. Temos
conseguido excelentes resultados com esta
conduta, que é muito favorável para o
restabelecimento mais rápido do equilíbrio
emocional do atleta, com relação ao prognóstico
do seu futuro profissional. Nesta fase,
associamos o fisioterapeuta com o professor de
educação física, no planejamento de atividades do
centro de reabilitação. A próxima etapa é
realizada no campo de treinamento, com a
assistência do professor de educação física e do
técnico, no programa dos exercícios físicos,
técnicos e táticos, sempre com a supervisão do
médico. A participação em competição indicará
reabilitação total e definitiva isso se verifica
em média 60 -70 dias após o acidente.
14 Os pacientes que não são atendidos de forma
conveniente, na maioria das vezes por falta de
diagnóstico, evoluem sem tratamento, constituindo
o hematoma encapsulado(9) (caso 1- figs. 10, 11 e
12). A permanência da coleção sanguínea promove
reação inflamatória circundante, resultando
processo fibrótico de reparo, com formação de
cápsula fibrosa, que vai se espessando até o
ponto de conter o hematoma que se organiza (caso
2- figs. 13, 14 e 15). Nestes casos, observa-se
elevada incidência de complicações,
principalmente infecção, pois o hematoma é um
meio de cultura muito favorável para
desenvolvimento de bactérias (fig. 16). O quadro
clínico infeccioso é grave, com dores intensas e
hipertermia o paciente se apresenta torporoso e
pode evoluir para septicemia. A indicação
cirúrgica é de emergência, para drenagem do
hematoma infectado (fig. 17) no pós-operatório,
a atenção com a drenagem contínua é redobrada.
São realizados exames complementares de cultura
e antibiograma, aguardando-se os resultados com
antibioticoterapia de largo espectro, ministrada
via venosa. A medicação é complementada com
analgésicos, antiinflamatórios, antitérmicos,
reidratação, suportes vitamínicos e transfusões
sanguíneas, quando necessárias. O período de
reabilitação neste caso será mais prolongado, com
riscos de seqüelas graves, como aderências
musculares e rigidez articular.
15(No Transcript)
16(No Transcript)
17(No Transcript)
18(No Transcript)
19CONCLUSÃO 1) A utilização da ultra-sonografia
contribuiu para a criação de uma classificação e
avaliação segura do quadro clínico e orientação
do diagnóstico e tratamento. É um método de
investigação de grande utilidade, não invasivo
confirma, localiza e avalia a lesão muscular
traumática, permitindo uma decisão segura na
indicação do tratamento e evitando complicações e
seqüelas mioarticulares. A tomografia
computadorizada e a ressonância magnética apesar
de exames muito dispendiosos, têm sido de grande
utilidade no estudo das lesões musculares. A
radiografia será utilizada para diagnóstico
diferencial com lesões ósseas e arrancamentos das
inserções tendinosas. 2) É muito importante a
presença do médico especializado no local da
competição, para definir sobre a possibilidade do
atleta continuar competindo, ou o seu afastamento
imediato, para evitar que a lesão muscular se
agrave, iniciando o tratamento. 3) A evolução e
o aperfeiçoamento dos recursos complementares e
meios de diagnóstico, assim como os resultados
das pesquisas laboratoriais que estudam os
fenômenos fisiopatológicos, para se conhecer as
alterações bioquímicas celulares, permitiram o
aprimoramento do estudo clínico das lesões
musculares, para se chegar ao diagnóstico
conclusivo e traçar seu planejamento terapêutico.
4) Nos acidentes esportivos, o diagnóstico
precoce correto e o prognóstico de tempo para
voltar às atividades são as primeiras informações
que devem chegar ao departamento técnico, para
uma avaliação imediata da performance da equipe e
as interferências no setor econômico. 5) Após a
cura clínica, é muito importante a reabilitação
funcional das articulações e a reestruturação do
aparelho osteomioarticular, para que o atleta
seja submetido novamente a um planejamento de
treinamentos físicos e técnicos.
20AVALIAÇÃO POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DAS INJÚRIAS
MUSCULARES TRAUMÁTICAS
- Neste trabalho foram avaliados 43 exames de
ressonância magnética de perna ou coxa, com
alterações traumáticas relacionadas à prática de
esportes. Os estiramentos foram as lesões mais
encontradas e apresentaram imagem iso ou
hipointensa em T1 e hiperintensa em T2, sendo
classificados, de acordo com a porcentagem de
fibras lesadas, em graus 1, 2 e 3. Em segundo
foram observadas as contusões, cujas
características foram sinal hipo ou isointenso em
T1 e hiperintenso em T2, e, por fim, as fibroses,
que se caracterizaram por sinal hipointenso em T1
e em T2. INTRODUÇÃO - As injúrias traumáticas de partes moles incluem
lesões musculares, tendíneas, ligamentares, de
cartilagem e de nervos, e condições diversas que
abrangem acometimento das fáscias, bursas e dos
tecidos superficiais. As causas podem ser diretas
ou indiretas, estas últimas de natureza aguda,
devido à súbita sobrecarga excessiva, ou crônica,
devido ao uso contínuo(1). - As lesões musculares estão freqüentemente
relacionadas com a atividade física e são
responsáveis por aproximadamente 10 a 30 de
todas as injúrias em atletas, sendo a forma mais
branda representada pela contratura muscular, que
se deve à desidratação e mínima ruptura de
fibras, sangramento ou deficiência
circulatória(1,2). - Até o advento da ressonância magnética, os
métodos de imagem, como a artrografia e a
artrotomografia, se limitavam ao estudo do
compartimento articular e das estruturas a ele
relacionadas. A ultra-sonografia representou um
avanço na avaliação das partes moles e estruturas
periarticulares. - A ressonância magnética permite uma avaliação
mais completa das lesões musculares, uma vez que
as imagens multiplanares facilitam o estudo da
anatomia e a localização e definição da
intensidade de sinal das lesões nas seqüências em
T1 e T2, promovendo, desse modo, uma
caracterização tecidual que permite o perfeito
diagnóstico e a graduação quanto à gravidade das
diversas lesões, bem como das possíveis seqüelas.
- Assim sendo, a ressonância magnética vem se
destacando no estudo das injúrias musculares,
sendo excelente método para o diagnóstico e
graduação dessas lesões. -
21 A representação da fibrose nos estudos por
ressonância magnética foi de lesão com sinal
hipointenso em todas as seqüências. A contusão se
caracterizou por lesão de limites mal definidos,
com sinal isointenso nas imagens pesadas em T1, e
hiperintenso nas pesadas em T2 e STIR. Os
estiramentos geralmente mostraram sinal de alta
intensidade nas imagens pesadas em T2 nas áreas
de edema ou hemorragia. No grau 1 observou-se que
a morfologia muscular manteve-se preservada
(Figura 1).
22No grau 2, houve hemorragia subaguda de sinal
alto nas imagens ponderadas em T1, com ruptura de
até 50 das fibras musculares (Figuras 2 e 3).
23(No Transcript)
24(No Transcript)
25(No Transcript)
26Como complicação observamos a ocorrência de
miosite ossificante (Figura 6
27pseudocisto intramuscular pós-traumático (Figura
7).
28As injúrias musculares traumáticas estão muito
relacionadas à prática de esportes e respondem
aproximadamente por 10 a 30 de todas as lesões
do sistema músculo-esquelético em atletas(1),
sendo as lesões mais comumente negligenciadas ou
pouco valorizadas nesta área(3). Os principais
fatores de risco para a ocorrência de lesões
músculo-esqueléticas em atletas durante a prática
esportiva são idade acima de 23 anos, disfunção
dos membros inferiores e massa corporal elevada,
embora o peso e a altura não tenham sido
associados às injúrias(4). A lesões musculares
podem ser causadas de forma direta (impacto,
como, por exemplo, no futebol) ou indireta
(sobrecarga ou uso excessivo, como, por exemplo,
no maratonista)(2), ocorrendo tanto por
compressão das fibras como por estiramento,
respectivamente. Quando ocorrem por estiramento,
as lesões afetam principalmente os músculos mais
superficiais e as junções músculo-tendíneas
quando ocorrem por compressão, resultam do
impacto direto e afetam primariamente a
musculatura mais profunda quando em estado de
relaxamento(1,5). As lesões relacionadas ao
trauma direto, com compressão das fibras
musculares, normalmente resultam em contusão e
hematoma inter ou intramuscular. Os achados
encontrados na ressonância magnética são aumento
do volume muscular, presença de líquido entre as
fibras, aumento de sinal nas imagens em T2 e
presença de hematoma(5,6).
29As lesões relacionadas à distensão das fibras
musculares em atletas podem ser agudas
(sobrecarga) ou crônicas (uso excessivo da
musculatura). Essas lesões são classificadas em
graus, sendo grau 1 ¾ a lesão de menos de 5 das
fibras, sem perda de força ou restrição ao
movimento grau 2 ¾ a lesão de até 50 das
fibras, com perda parcial da força grau 3 ¾ a
ruptura completa músculo-tendinea, com ou sem
retração muscular, com perda da força e
função(7). Os estiramentos grau 1 evoluem
normalmente sem seqüela, enquanto as lesões
musculares graus 2 e 3 podem evoluir para
fibrose, atrofia, retração muscular,
lipossubstituição e, mais remotamente, miosite
ossificante(8). Como complicação da contusão e do
estiramento grau 2 pode-se observar, em alguns
casos, a formação de um pseudocisto intramuscular
pós-traumático. A classificação da extensão da
lesão deve ser feita por médico experiente, com
prática neste diagnóstico diferencial(3). A
ressonância magnética e a ultra-sonografia podem
fornecer informações adicionais quando a extensão
da injúria não é clara. A exata classificação
ajuda a direcionar e estabelecer o tratamento e o
planejamento de reabilitação dos atletas, uma vez
que os músculos esqueléticos têm alto potencial
para regeneração e cura(9), e um diagnóstico em
tempo hábil, que direcione o tratamento adequado,
reduz as chances de complicações e seqüelas.
30Trabalho realizado na Clínica de Diagnóstico por
Imagem (CDPI), Centro Médico do Barrashopping,
Rio de Janeiro, RJ. 1. Médica Radiologista,
Residente da Santa Casa de Misericórdia do Rio de
Janeiro/CDPI. 2. Professor Titular e Chefe do
Departamento de Radiologia da Universidade
Federal Fluminense (UFF), Coordenador Adjunto do
Curso de Pós-graduação em Radiologia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
3. Médicos Radiologistas das Clínicas CDPI e
Multi-Imagem. Endereço para correspondência
Prof. Dr. Edson Marchiori. Rua Thomaz Cameron,
438, Valparaíso. Petrópolis, RJ, 25685-120.
E-mail edmarchiori_at_zipmail.com.br Recebido para
publicação em 14/8/2001. Aceito, após revisão, em
22/8/2001.