Title: Peter Evans Autonomia e Parceria. Cap. 1
1Peter Evans Autonomia e Parceria. Cap. 1
- Curso Desenvolvimento Econômico Comparado
- Prof. Paulo BastosTigre
2Max Weber (1864 1920)
- Um Estado soberano é sintetizado pela máxima
"Um governo, um povo, um território". - O Estado é responsável pela organização e
pelo controle social, pois detém o monopólio
legítimo do uso da força (coerção, especialmente
a legal). - Estados são instituições compulsórias que
reivindicam o controle sobre o território e sobre
as pessoas que nele vivem
3Conceito de Estado
Estado é uma instituição organizada política,
social e juridicamente, ocupando
um território definido, normalmente onde
a lei máxima é uma Constituição escrita, e
dirigida por um governo que possui
soberania reconhecida tanto interna como
externamente.
4Estados e Transformação Econômica
- Tradicionalmente guerrear e garantir a ordem
interna são as funções clássicas do Estado. - No mundo contemporâneo o Estado se legitimiza
por meio do fomento do bem-estar social e
desenvolvimento econômico. - A sobrevivência política e a paz interna do
Estado depende da transformação econômica.
Desenvolvimento é fator de legitimidade para
governos.
5Estado e Desenvolvimento Econômico
- O crescimento econômico requer o aumento da
capacidade empresarial e a criação de novas
forças produtivas. Isso não é função exclusiva do
mercado, pois requer um envolvimento do Estado na
promoção e coordenação do sistema produtivo
privado. - Bem estar social e crescimento estão associados.
Delfim Neto e a teoria do bolo é preciso
crescer para depois distribuir (hipótese da
concentração de renda como forma de promover o
desenvolvimento).
6Divisão internacional do trabalho
- Relação entre o contexto interno e externo pode
ser mais ou menos favorável ao desenvolvimento. - Hierarquia entre nações.O que cada um produz tem
implicações na política interna e bem estar dos
cidadãos. - Buscar nichos mais dinâmicos é arte importante da
luta pelo bem estar.
7Teoria das vantagens competitivas (David Ricardo)
- A teoria das vantagens comparativas procura
explicar porque o comércio entre dois países,
regiões ou pessoas pode ser benéfico, mesmo
quando um deles é mais produtivo na fabricação de
todos os bens. - A teoria foi usada para justificar vocações
econômicas estáticas, apoiando o liberalismo
8- Ricardo criou uma explicação sistemática no seu
livro The Principles of Political Economy and
Taxation, usando um exemplo do comércio entre
Inglaterra e Portugal. - Em Portugal, é possível produzir
tanto vinho quanto tecidos com menos trabalho do
que na Inglaterra. Entretanto, o custo
relativo de se produzir tecido na Inglaterra é
menor do que em Portugal. Ou seja, a Inglaterra
tem um custo relativamente maior para produzir
vinho e apenas custo moderado para produzir
tecidos, sendo que Portugal tem facilidades para
produzir os dois bens. - Portugal deveria produzir vinho e gerar excedente
de produção e comprar tecidos fabricados pelos
ingleses. A Inglaterra se beneficia deste
comércio, pois o seu custo de produzir tecidos
permanece o mesmo, mas pode agora obter vinho a
custos menores do que antes. Portugal também se
beneficiaria da especialização em vinho e também
teria ganhos de comércio.
9Friedrich List (1789 1846) e o conceito de
Industria Infante
- As empresas nacionais de países menos avançados
não poderiam se desenvolver se seu mercado já
estivesse ocupado por empresas estrangeiras
economicamente mais avançados. - Nessas circunstâncias justificava-se a proteção
temporária do mercado nacional para assegurar a
consolidação das indústrias nacionais para que a
médio prazo pudessem concorrer com sucesso num
ambiente de livre concorrência.
10Albert Hirschman
- Alguns setores de atividades criam a conspiração
multidimensional a favor do desenvolvimento,
induzindo sinergias empresariais, criando
externalidades positivas para o resto da
economia, moldando interesses de grupos políticos
numa coalizão desenvolvimentista.
11Albert Hirschman
- Sucesso em determinados nichos de mercado trazem
maiores lucros e facilitam o avanço dos objetivos
sociais associados ao desenvolvimento no sentido
mais amplo do termo. - A capacidade de gerar a conspiração
multidimensional a favor do desenvolvimento não é
inerente ao produto em si, mas depende de como o
produto se enquadra na ordem global de
possibilidades setoriais.
12Paul Krugman
- Com a competição imperfeita sustentada por
economias de escala algumas industrias podem
gerar lucros excedentes de forma persistente. - Taxas de lucro maiores geram mais acumulação e
crescimento, erigindo barreiras a entrada
13Papel do país na divisão internacional do trabalho
- Produtos também tem seu ciclo de vida e
trajetórias de desenvolvimento. - O país que entra na fase ascendente do ciclo vai
colher maiores frutos do que aqueles que entram
tardiamente. - Raymond Vernon ciclo do produto e divisão
internacional do trabalho.
14Vernon Teoria do ciclo do produto
15Países podem deliberadamente mudar sua posição na
divisão internacional do trabalho?
- Visão Neoliberal países devem explorar o que tem
de recursos, seria estúpido tentar mudar. Divisão
internacional do trabalho é um imperativo
estrutural.
- Visão dinâmica construir vantagens comparativas
não é menos plausível do que aproveitar o
potencial natural.
16Debate teórico sobre as atividades do Estado
- Economistas neoclássicos sempre admitiram que o
Estado é essencial para o crescimento econômico,
mas defendem um Estado mínimo, limitado a
proteção dos direitos individuais civis,de
propriedade e para fazer cumprir os contratos
negociados privadamente. - Estado-caixa preta funcionamento interno não era
considerado tema para a análise econômica.
Neo-utilitaristas abrem a caixa utilizando
ferramentas que explicam a otimização individual
de preferências.
17Visão neo-utilitarista
- Consideram que funcionários públicos, a exemplo
dos demais atores sociais são maximizadores
racionais. Por isso distribuem recursos públicos
para aqueles que os apoiam. - Conseqüência quanto maior o tamanho do Estado,
maior será a proporção da atividade econômica
dominado pelo rentismo. - Estado diminui o dinamismo e a eficiência
econômica e deve reduzir-se ao mínimo.
Privatização de funções públicas.
18O argumento de Peter Evans
- Quantidade de intervenção debate estéril que
focaliza a distancia de situações típicas de
mercados competitivos isolados. - Contraste entre estado dirigista x liberal/
intervencionista x não intervencionista confundem
a questão básica pois as alternativas são falsas.
Intervencionismo è um fato. - A pergunta apropriada não e quanto, mas que tipo.
- Formas de Intervenção dependem das varias formas
que o Estado assume.
19Estados predadores x desenvolvimentistas tipos
idealizados
- Predadores
- O Estado impede o desenvolvimento as custas da
sociedade. A sociedade não tem como impedir que
os altos dirigentes ajam em seu próprio interesse
em detrimento dos objetivos coletivos. - Relações com a sociedade são relações entre
indivíduos em cargos de poder e não com o povo.
(Weber carência de burocracia.)
- Desenvolvimentistas
- Direcionam a transformação industrial e promovem
o desenvolvimento. Organizados internamente como
a burocracia weberiana. - Recrutamento por mérito, altamente seletivo.
- Compensações ao longo de carreiras de longo prazo
criam compromisso e coerência corporativa.
autonomia, sem isolamento da sociedade
20Abordagem institucional comparativa
- Institucional porque busca explicações que vão
além dos interesses utilitaristas de indivíduos,
procurando entender os padrões mais duradouros de
relacionamento no qual se inserem tais
interesses. - Comparativa porque focaliza as variações
concretas de casos históricos, em vez de buscar
explicações genéricas. - O Estado é visto como instituição arraigada
historicamente e não apenas como uma coleção de
indivíduos estrategicamente posicionados.
21Duas faces do mercado
- Karl Polanyi e Friedrich Hayek, dois intelectuais
austríacos, nascidos nos finais do século XIX,
viveram num circuito cultural e ideológico mais
ou menos próximo, tanto em Viena como depois, na
década dos anos trinta, em Londres. - A obra deles, porém, os dois importantíssimos
livros que eles publicaram em 1944, sem que
tivessem conhecimento das suas respectivas teses,
eram francamente opostos, marcando posições bem
definidas quando a visão que eles tinham da
história e da importância do mercado na sociedade
contemporânea.
22Fundamentos da abordagem institucional
comparativa Karl Polanyi
- No entender de Polanyi - ao fazer a reconstrução
da expansão da economia de mercado na
Grã-Bretanha do século XIX -, um novo tipo de
sociedade havia emergido, distinta de tudo o que
se conhecera até então. - Nos sistemas produtivos anteriores à Revolução
Industrial, os interesses econômicos eram
mínimos, imperando as relações sociais e
familiares. - Porém, com a expansão do sistema fabril e os
altos custos da sua implantação, foi preciso
transformar a sociedade por inteiro tornando-a um
imenso mercado regido pelo interesse e pelo
lucro, sendo o trabalho um negócio como um outro
qualquer.
23Karl Polanyi (1886-1964)e oMoinho Satânico
- Num levantamento detalhado das leis inglesas do
século XIX (a privatização das terras, a Lei dos
Pobres de 1834, a Lei da Reforma de 1831, que deu
enorme poder aos empregadores, a Lei do Trigo em
1846, o estimulo a imigração ou a ampliação do
sistema prisional), Polanyi mostrou como o
estado, a serviço dos empreendedores,
mobilizou-se para criar as condições em que a
sociedade fosse submetida ao mercado. - Não só isso, gerou-se um novo sistema social a
Grande Transformação - onde todos indivíduos
tornaram-se átomos dispensáveis, uma
engrenagem que era de fato uma máquina... para
qual o homem estava condenado a servir. Para
Polanyi deixá-la solta, sem maiores impedimentos
e regulações, como pregavam os liberais, era
excitá-la a ser um moedor de carne ou um moinho
satânico , como ele preferiu, destruindo todas
as relações sociais
24Friedrich Hayek nasceu em 1899 em Viena
- Hayek viu tudo ao contrário de Polanyi. Para ele,
contemporâneo das engenharias burocráticas do
nazismo e do comunismo russo, eficientes
opressoras dos indivíduos tornados peões dos
macro-planejamentos econômicos, só via a solução
em promover ainda mais o mercado. - Mesmo o mais róseo dos programas socialistas,
assegurou, era portador de sementes totalitárias.
- Planejar, para ele, era sufocar, era inibir, era
constranger, era amestrar. Mesmo o pacífico
Welfare State, o Estado de Bem-estar Social,
bandeira dos trabalhistas ingleses do
após-guerra, parecia-lhe uma temeridade, um risco
permanente às liberdades maiores
25Alexander Gerschenkron (1904 -1978)
- Gerschenkron nasceu na Russia e estudou economia
na Áustria. Desenvolveu teorias sobre atraso
relativo (subdesenvolvimento), ganhando adeptos
na área de ciência política, em particular
aqueles interessados no desenvolvimento tardio
na América Latina e Leste Europeu. - Suas ideias são até hoje consideradas como um
modelo a seguir.
26Gerschenkron e a Industrialização promovida pelo
Estado.
- Argumentou sobre a necessidade de apoio
financeiro do Estado ao processo de
industrialização. - Empresários se defrontam com novas tecnologias e
desafios competitivos sem ter os recursos
suficientes para investir. - Precisam do Estado para se financiar com recursos
de longo prazo. - Aceitação de riscos empresários não estão
dispostos a aceitar grandes riscos sem o apoio de
instituições do Estado.
27Gerschenkron e a Industrialização promovida pelo
Estado.
- Gerschenkron adotou uma perspectiva histórica
para explicar as variações no processo de
industrialização que ocorreram entre países que
iniciaram mais cedo o processo de
industrialização e aqueles caracterizados pela
industrialização tardia. - Seus seguidores deram grande importância a um
aspecto particular de sua obra o papel do Estado
em países de industrialização tardia. - Ele enfatizou que a força do Estado e a
organização central da economia são de
fundamental importância para a industrialização e
o desenvolvimento econômico, tendo grande impacto
na América Latina.
28Albert Hirschman
- Espírito empresarial é o ingrediente ausente das
concepções do desenvolvimento. - O capital não é o elemento principal que carece
os países em desenvolvimento tardio, mas sim a
disposição dos empresários em investir em
atividades produtivas. - Está ausente a percepção de oportunidades para
investir em ativos reais. - Estado deve proporcionar incentivos
desiquilibrantes que induzam o investimento
privado e ao mesmo tempo para eliminar os
gargalos que dificultam a inversão produtiva.
Estado precisa desenvolver capacidade e autonomia
29Papeis do Estado
- Custodio Estado regulador. Papel clássico
- Demiurgo representa o papel de produtor. Papel
geralmente assumido na infra-estrutura, como
estradas e obras de caráter publico ou coletivo.
Presume limitações do K privado. - Parteiro Em vez de substituir o K privado (como
faz o demiurgo), o Estado tenta promover o
aparecimento de novos grupos empresariais ou
induzir grupos já existentes a entrarem em áreas
mais complexas da industria. Instrumentos -
Políticas protecionistas, barreiras tarifarias.
Subsídios e incentivos - Pastoreio Ajudar grupos empresariais privados a
vencer desafios competitivos e tecnológicos.
Financiamento a PD.
30Papéis do Estado segundo Evans
- Custódio Estado regulador
- Papel clássico do Estado regras podem ser mais
intervencionistas ou liberais, de implementação
rígida ou flexível. - Ex controle de capitais, importações, meio
ambiente, investimentos, etc.
- Demiurgo Estado produtor
- Papel geralmente assumido em áreas que requerem
grandes investimentos, de retorno a longo prazo e
incerto infra-estrutura (transportes e energia)
e obras de caráter publico ou coletivo.
31Papéis do Estado (cont)
- Parteiro
- Visa promover o aparecimento de novos grupos
empresariais ou induzir grupos já existentes a
entrarem em áreas mais complexas da atividade
economica. - Instrumentos Políticas protecionistas, barreiras
tarifarias. Subsídios e incentivos temporários.
- Pastor
- Visa ajudar grupos empresariais privados a vencer
desafios competitivos e tecnológicos. - Instrumentos Financiamento ao investimento, a
PD