Sou sua f n mero 1...' 'A meu Lorenzo, meu Loli Pop, me - PowerPoint PPT Presentation

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Sou sua f n mero 1...' 'A meu Lorenzo, meu Loli Pop, me

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Sou sua f n mero 1...' 'A meu Lorenzo, meu Loli Pop, meu anjo de luz, meu rei das guas azuis... Voc ainda nos ver crescer, Loli e eu... – PowerPoint PPT presentation

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Title: Sou sua f n mero 1...' 'A meu Lorenzo, meu Loli Pop, me


1
Ajude-me a suportar o que
não posso compreender.
Ajude-me a mudar o que não
posso suportar.
São Francisco de Assis
2
O princípio ético supremo é a
reverência pela vida.
Rubem Alves
3
Quem disser que a natureza é indiferente às
dores e preocupações dos homens,
não sabe de homens
nem de natureza.
José Saramago
4
A selva é claustrofóbica e abafada.
Os raios de sol mal conseguem romper a
copa das árvores.
5
A luminosidade chega preguiçosa ao solo,
e o ar úmido traz um cheiro forte de
decomposição.
6
Permanecer encarcerado num ambiente
tão inóspito esmaga as resistências do corpo
e quebranta as forças da alma.
7
Quão desumana a humanidade tem se tornado, a
ponto de infligir tal pena a uma vida.
8
Ingrid Betancourt sobrevive há seis anos
numa prisão na selva, como refém das
Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, FARC.
9
Seis longos anos,
uma vida interrompida...
10
Ingrid Betancourt Pulecio nasceu em Bogotá,
Colômbia, em 1961,
filha de Gabriel Betancourt, ex-Senador e
ex-Embaixador colombiano, e de Yolanda Pulecio,
ex-Miss Colômbia.
Passou parte de sua juventude em Paris, pois
o pai era embaixador na UNESCO.
11
Com uma infância e uma juventude especialmente
agraciadas cultural e existencialmente, a bela
Ingrid habituou-se a conviver com pessoas como o
poeta Pablo Neruda, o pintor Fernando Botero e o
escritor Gabriel García Márquez, amigos da
família.
Fez seus estudos no Instituto de Estudos
Políticos de Paris, onde se licenciou em Ciências
Políticas.
12
Foi em Paris também que conheceu Fabrice
Delloye, com quem se casou em 1981.
Dessa união nasceram seus dois
filhos, Mélanie e Lorenzo, que
vivem atualmente na França.
13
Em 1990, divorcia-se de Fabrice e o
destino a faz regressar à
Colômbia para empreender uma carreira
política baseada na luta contra a
máquina de corrupção movida pelo
dinheiro do narcotráfico.
14
As longas conversas que mantém com seu pai, nas
quais por vezes discorrem sobre a situação
confortável da família na Europa e o sofrimento
por que passa grande parte da população de sua
terra natal, certamente contribuem na sua decisão
de regressar à Colômbia.
15
Ingrid resolve seguir o chamado do seu coração,
ciente de todos os riscos e desafios que tal
decisão acarreta.
16
Em 1994 é eleita Deputada, com a maior votação
registrada no país.
Nesse mesmo ano, casa-se com o publicitário Juan
Carlos Lecompte.
17
Paladina da cruzada anti-corrupção, abraça também
a causa ambiental, criando,
em 1998, o Oxigênio, um pequeno partido
ecologista.
Logo em seguida, consegue eleger-se Senadora,
outra vez com a maior votação já registrada para
o cargo no país.
18
Em 2001, candidata-se à Presidência da República.
19
Em 23 de Fevereiro de 2002, em período de plena
campanha presidencial, é seqüestrada por
guerrilheiros das FARC, Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia.
20
Desde esta data, teve a vida
interrompida.
21
À dor de ver sonhos e projetos políticos e
humanitários interrompidos, sobrepõe-se
o sofrimento ocasionado pela separação abrupta
das pessoas que mais ama...
22
Seis anos longe dos filhos, Mélanie e Lorenzo.
23
Por seis anos, impedida de
abraçá-los.
24
Seis longos anos de separação forçada,

tempo suficiente para transformar crianças em
adolescentes, e adolescente em jovens adultos.
25
(No Transcript)
26
Por seis anos impedida de acompanhar
a vida dos filhos, de quem a apartaram
ainda pequenos...
27
Mélanie, que na época do seqüestro de
sua mãe tinha 16 anos, está
agora com 22.
Lorenzo, que contava com 13, completou
recentemente 19 anos.
28
Deixando de lado muitos dos afazeres dos jovens
da sua idade, empenham-se por mobilizar
a opinião pública e os governantes
em busca de uma saída, uma solução.
29
Por seis longos anos, Mélanie e Lorenzo percorrem
universidades, escolas, ruas e praças,
concedem entrevistas, reúnem-se com
autoridades e artistas,
participam de eventos, manifestações e passeatas,
de modo a não permitir que a situação de sua mãe,
e de tantos outros reféns, caia no esquecimento.
30
Não se faz necessário falar o mesmo idioma que
eles para entender o que procuram dizer ao mundo.
31
Basta conhecer a linguagem do olhar,
- reparar nos seus olhos todo o peso de uma dor
que desde cedo tiveram que aprender a carregar
nos seus peitos.
32
A sua cruzada não visa apenas ao resgate da
sua amada mãe,
é, antes, a nossa cruzada em busca do resgate
da nossa humanidade perdida na selva do
esquecimento...
33
(No Transcript)
34
Orações, esperanças,
vigílias, sonhos...
35
Orações, esperanças,
vigílias, sonhos...
36
Somando-se à dolorosa espera dos filhos
está a da Sra. Yolanda Pulecio, mãe de Ingrid.
37
Era o ano de 1961 quando ela soube que estava
grávida.
Ainda a barriga não cresceu e já os
filhos brilham nos olhos das mães,
escreveu certa vez o poeta.
38
Em 25 de dezembro de 1961 a vida lhe presenteou
com o nascimento de Ingrid,
um presente de Natal que lhe alegrou o coração,
uma inestimável jóia em sua vida.
39
Um laço profundo de amor e admiração liga Ingrid
a seus pais,
tornando a separação ainda
mais dolorosa.
40
Haverá dor maior do que aquela sentida por uma
mãe apartada de seu filho?
Ainda maior é esta dor, se a separação se deve à
desumanidade, à injustiça humana...
41
Deus não pode estar em todos
os lugares e por isso fez as mães.
Ditado judaico
42
Os filhos são para as mães
as âncoras da sua vida.
Sófocles pensador grego
43
(No Transcript)
44
Acho que não existe uma situação mais triste e
mais dura para uma mãe do que essa.
Eu sofro muito, desde que abro meus olhos estou
sofrendo, a cada manhã.
Yolanda Pulecio
45
Possivelmente, jamais conseguiremos alcançar as
profundidades da dor que a mãe e os
filhos de Ingrid carregam no coração.
Porém, para sondar, mesmo que superficialmente, o
seu pesar, devemos regressar um pouco no
tempo...
46
No início dos anos 90, uma mulher resolve deixar
para trás o conforto mundano, e partir da capital
francesa rumo à Colômbia.
Num mundo onde a fria omissão e a apiedosa
indiferença se fizeram regra, uma mulher ousa
sonhar, e parte na sua jornada pessoal
em busca de um mundo melhor.
À sua frente tem riscos e desafios.
Na sua bagagem leva Coragem e Esperança.
47
Lança-se na arena política, munida
de compaixão,
- virtude que há muito se desvaneceu da esfera
política, não somente colombiana, mas mundial.
48
Faz do combate à corrupção a sua bandeira.
Torna-se uma árdua promotora da justiça social,
da promoção da educação, da valorização da vida
em geral.
49
Por abordar anseios tão caros à alma humana, e
por defendê-los com tal vivacidade e convicção,
não tarda em conquistar muitos corações.
50
Primeiramente, elege-se Deputada, logo em
seguida, Senadora, e em 2001,
candidata-se à Presidência.
51
Sabem como são poderosos, na Colômbia, os
cartéis da droga, esta droga que mina a vida dos
nossos jovens. Certamente que têm ouvido falar
das matanças e dos escândalos políticos que eles
causam.
52
Mas, por trás destas organizações mafiosas, está
o meu povo um povo corajoso e orgulhoso que
deseja libertar-se desta engrenagem infernal.
É por ele que luto."
53
Estou consciente dos perigos,
mas estes não me farão
recuar.
É nisso que reside a minha esperança.
Ingrid Betancourt
54
Quando candidata, em meados de fevereiro de 2002,
- alguns dias antes de ser seqüestrada -, ela
reuniu-se com representantes dos guerrilheiros
das FARC, juntamente com um grupo de outros
candidatos presidenciais,
a fim de discutir as condições para a paz.
55
A primeira coisa que vocês têm que fazer é
acabar com os seqüestros,
afirmou enfaticamente
durante o encontro.
56
Não mais seqüestros!,
repetiu seguidamente, dirigindo-se ao
representante das FARC.
57
Poucos dias após estas fotos, - onde ela aparece
com a camiseta que leva o slogan da campanha à
presidência, Colombia Nueva -, ela seria
seqüestrada.
58
23 de fevereiro de 2002.
Estrada para San Vicente, a emboscada,
a pista bloqueada pelos guerrilheiros.
Ingrid Betancourt é arrancada do veículo, e
levada prisioneira para o cativeiro na floresta
fechada.
59
Algumas vidas são mais duramente testadas
do que outras...
60
Exatamente um mês após o início do seqüestro, no
dia 23 de março de 2002, o pai de Ingrid, Sr.
Gabriel Betancourt, vem a falecer, em decorrência
de problemas cardíacos.
61
Pai e filha eram muito apegados.
A família de Ingrid faz um apelo humanitário para
que ela seja liberta, de modo a poder participar
do funeral do pai.
O pedido é ignorado.
62
Somando-se a todas as agonias do cativeiro,
Ingrid ainda teria que carregar no peito
a tristeza de não poder estar
ao lado do seu amado pai nos últimos
momentos de sua vida.
63
(No Transcript)
64
O número de seqüestrados mantidos pelas FARC é de
algumas centenas de prisioneiros, - políticos,
militares e policiais, em sua maioria.
Quase todos os prisioneiros são homens, o que
torna a rotina ainda mais dura para as poucas
mulheres seqüestradas.
65
O policial colombiano chamado Pinchao, um
ex-companheiro de cativeiro de Ingrid Betancourt,
conseguiu escapar em maio de 2007, após ter
caminhado dezessete dias pela selva.
Permaneceu três anos preso no mesmo acampamento
que ela.
66
Ele a descreve como uma mulher forte e
combativa, que, no início, passava longas horas,
noite adentro, discutindo política com seus
seqüestradores.
Pinchao diz que a admira pela forma como ela
conquistou o respeito dos rebeldes.
67
Para Ingrid, a separação da sua
família foi a dificuldade mais árdua.
Ela soube da morte do seu amado pai ao ler uma
matéria a respeito em um jornal velho abandonado
num acampamento.
68
Nascida numa família que sempre valorizou a
educação, Ingrid cultivou, desde pequena, o
hábito da leitura, tornando-se uma leitora voraz.

Por três longos anos, ela suplica a seus
seqüestradores que lhe arrumem algum livro, ou
mesmo uma enciclopédia velha.
Tem todos os apelos
ignorados.
69
Aprisionada, atormentada, torturada, abandonada
por inúmeros governantes, encerrada nas trevas
remotas que beiram o desespero.
Seus carcereiros fazem de tudo para privá-la de
suas faculdades mentais e de sua sensibilidade.
Mas Ingrid Betancourt permanece lúcida. E
corajosa, heróica.
E livre.
70
Ela tenta fugir cinco vezes.
Em uma das ocasiões, passa vários dias perdida na
selva antes de ser recapturada.
71
Como punição, tem as botas confiscadas e passa
a ser mantida acorrentada.
Outra punição para os fugitivos capturados nos
acampamentos é atormentá-los durante o sono com
tarântulas e cobras.
72
Um ex-senador recentemente libertado afirmou que
as condições do cativeiro são
as mesmas de um campo de
concentração.
73
Em cada acampamento, são mantidos grupos
de aproximadamente dez prisioneiros, vigiados por
guardas armados.
Os grupos deslocam-se com freqüência, de modo a
dificultar possíveis missões de localização e
resgate.
74
Noite e dia em constante deslocamento, sob as
ordens de rebeldes armados.
À escuridão da noite, somam-se o desalento e a
escuridão da selva.
75
Juntar os poucos pertences e, sob a mira de
armas, buscar forças para conseguir atravessar
mais um rio, prosseguir em mais uma penosa marcha.
76
As chances de incursões militares visando
resgatar os presos serem bem sucedidas são
mínimas.
O elevado risco de que, num fogo cruzado na mata
fechada, os seqüestrados venham a se tornar alvos
praticamente descarta esta possibilidade.
77
As longas marchas mata adentro
tornam-se especialmente penosas para Ingrid
Betancourt por causa de sua saúde fragilizada
pelos seis anos de dura rotina.
78
Na madrugada de 24 de outubro de 2007, os
rebeldes decidem tirar a fotografia de Ingrid
Betancourt e filmá-la.
O material será enviado às autoridades e
à sua família como prova de vida,
- uma mulher com uma vida tão bela e nobre
transformada em moeda de barganha.
79
Olhos baixos, mãos cruzadas sobre o colo, cabelos
muito compridos e o rosto magro e afilado.
A sua imagem transmite toda a dor e
o desalento que podem num certo
momento caber num coração
humano.
80
Da escuridão da floresta fechada, essa foto foi a
prova de vida que os seqüestradores mandaram
para a sua família.
Vida, sim, mas vida que parece esvair-se na
tristeza e no desamparo de quem se sente vencida
por um desumano e prolongado tempo de sofrimento.
81
2007
2001
82
Os guerrilheiros entregam-lhe papéis e caneta
para que ela, também como prova de vida, escreva
uma carta para sua família.
Escrita num só fôlego,
com uma caligrafia uniforme e cerrada, um
manuscrito de doze páginas é
entregue aos seus raptores.
83
Na longa carta, Ingrid se dirige
à sua mãe e à sua família.
No fim das suas forças, procura
dizer o essencial.
84
Apesar de tudo que tem passado, mostra-se forte e
consciente,
deixando transparecer, no entanto, que está
próxima do seu limite, do limite humanamente
suportável, e que a urgência é absoluta.
85
Nesta carta, escreve Ingrid
86
Selva colombiana,
Quarta-feira, 24 de outubro 8h34
Manhã chuvosa, como a minha alma.
87
Minha querida e adorada mamãe,
Todos os dias acordo agradecendo a Deus por ter
você.
Todos os dias peço a Deus para abençoá-la,
protegê-la e me permitir um dia poder
encontrá-la, tratá-la como uma rainha, junto de
mim, porque não suporto a idéia de uma nova
separação.
88
A selva é bastante fechada por aqui, os raios de
sol penetram com dificuldade.
Mas é um deserto de afeição, de
solidariedade, de ternura...
89
Sonho beijá-la tão forte
que eu permaneça
incrustada em você.
90
Sonho poder lhe dizer
Mamãe, mamita, nunca mais você
vai chorar por mim,
nem nessa vida, nem na
outra.
91
Pedi a Deus para que Ele um dia me permita lhe
provar tudo que você significa para mim,
poder protegê-la e não deixá-la sozinha um
segundo.
92
Alimento-me todos os dias da esperança
de estarmos juntas, e vermos como Deus
nos mostrará o caminho,
mas a primeira coisa que quero lhe dizer é que,
sem você, eu não teria chegado até aqui.
93
Mamita, estou cansada, cansada de sofrer.
Fui, ou tentei ser, forte. Esses seis anos de
cativeiro demonstraram que não sou nem tão
resistente, nem tão corajosa, inteligente e forte
quanto pensava.
94
Travei muitas batalhas, tentei a fuga diversas
vezes, procurei manter a esperança como mantemos
a cabeça fora dágua.
Mas hoje, mamita,
sinto-me vencida.
95
Sinto que meus filhos levam uma vida em suspenso
na expectativa de minha libertação, e o seu
sofrimento diário, o de todo mundo, faz com que a
morte me pareça uma opção amena.
96
Juntar-me a papai, por quem permaneço de luto
todos os dias, há quatro anos, choro a morte
dele.
97
Continuo a acreditar que vou acabar
parando de chorar, que agora cicatrizou.
Mas a dor volta e se lança sobre mim como um cão
desleal,
e torno a sentir meu coração espatifar em mil
pedaços.
98
Com a morte de papai, quase enlouqueci.
Nunca soube como isso aconteceu, quem estava lá,
se ele me deixou uma mensagem, uma carta,
sua bênção...
99
Mas o que, ao longo do tempo, aliviou meu
tormento foi pensar que ele partiu confiante em
Deus e que um dia irei apertá-lo novamente nos
braços.
Tenho certeza disso.
100
(No Transcript)
101
Penso nos meus filhos...
Procuro-os nas minhas lembranças e me alimento
com imagens que guardei na memória, em cada uma
de suas idades.
102
A cada aniversário, canto Happy Birthday para
eles...
Imagino que o pão seco ou a rotineira ração de
arroz e feijão é um bolo e festejo seu
aniversário no meu coração.
103
(No Transcript)
104
Muita vida se esvaiu por entre nós, como se a
terra firme houvesse sido tragada pela
distância.
105
Cada segundo da minha ausência, em que não posso
estar aí dedicada a eles, para tratar suas
feridas, aconselhá-los, dar-lhes força, paciência
e humildade para enfrentar a vida,
todas essas oportunidades perdidas de ser mãe
envenenam meus momentos de infinita solidão, é
como se me injetassem cianureto nas veias, gota a
gota.
106
À minha Mela,
meu sol de primavera,
meu sol de primavera, minha princesa da
constelação de Cisne, a ela que amo tanto, quero
dizer que sou a mãe mais orgulhosa do mundo.
107
Ela é muito sensata e inteligente. E, se eu
tivesse que morrer hoje, partiria feliz da vida,
agradecendo a Deus pelos meus filhos...
108
Minha Mela, sempre lhe disse que você era a
melhor, que é muito melhor do que eu, que você é
o que eu queria ter sido, mas melhor.
Sou sua fã número 1...
109
A meu Lorenzo,
meu Loli Pop, meu anjo de luz,
meu rei das águas azuis...
110
...quero dizer que, desde que nasceu até o
dia de hoje, ele foi a fonte de
minhas alegrias.
Tudo que vem dele é um bálsamo para o meu
coração, tudo me reconforta, tudo me acalma,
tudo me dá prazer e tranqüilidade.
111
É meu filho querido, meu pedacinho de sol.
Que vontade de vê-lo, beijá-lo,
tomá-lo nos braços...
112
Tenho tanta vontade de te abraçar e dormir
apertando-o contra mim, como fazíamos antes que
eles me raptassem...
113
Tenho tanta vontade de cobri-lo de beijos.
E de ouvi-lo. De falar com você durante horas e
você me contar tudo...
114
Você tem a vida à sua frente, procure subir o
mais alto possível.
Estudar é crescer não apenas porque aprendemos,
mas também porque é uma experiência humana,
porque, à sua volta, as pessoas o enriquecem
emocionalmente, obrigando-o a um maior
autocontrole,
e, espiritualmente, modelando seu caráter a
serviço do outro...
115
Viver é isso
crescer para se pôr ao serviço dos outros.
116
Estou 100 com você, meu coração.
Sou sua fã número 1...
Obrigada por me dar tanta felicidade.
117
(No Transcript)
118
(No Transcript)
119
Mamita, este é um momento muito duro para mim.
De repente eles exigem provas de vida, e eu lhe
escrevo com a alma esparramada sobre este papel.
Vou mal fisicamente. Parei de comer, perdi o
apetite, meus cabelos caem copiosamente.
120
A vida aqui não é vida, É um desperdício
lúgubre do tempo.
Tudo está sempre pronto para partirmos às pressas.
Aqui nada é seu, nada dura, a
incerteza e a precariedade são a
única constante.
121
A qualquer momento, eles podem dar ordens para
arrumarmos nossas coisas, e todos são obrigados a
dormir no fundo de um buraco qualquer, deitados
em qualquer lugar, como animais.
Esses momentos são particularmente difíceis para
mim. Minhas mãos ficam úmidas, meu espírito se
anuvia...
As caminhadas são um calvário...
122
A cada dia, resta um pouco menos de mim mesma.
123
Todos os dias entrego-me a Deus, Jesus e à
Virgem.
Recomendo meus filhos a Deus, a
fim de que a fé os acompanhe sempre e eles nunca
se afastem dEle.
Diga-lhes que sempre foram uma
fonte de alegria durante esse
cativeiro tão duro.
124
Deus nos enviou essa prova a fim de
que saiamos dela maiores,

sejamos humanamente melhores e descartemos tudo
que é inútil e estorva a alma.
125
Mamita, infelizmente eles vêm recolher a carta.
Não vou conseguir escrever tudo que gostaria...
Obrigada a todos os amigos que nos ajudam com
suas declarações de apoio...
126
Obrigada a todos por não nos
deixar no esquecimento, não permitir que os
reféns sejam esquecidos...
Aqui, trata-se menos da liberdade de alguns
pobres loucos prisioneiros na selva do que de
tomar consciência do que significa defender a
dignidade humana.
127
(No Transcript)
128
Obrigada aos que tomaram a
palavra quando o silêncio e o
esquecimento nos cobriam mais que a
própria selva.
129
Que Deus os guie a fim de que em breve possamos
falar de tudo isso no passado.
130
Caso contrário, e se Deus decidir de outra
forma,
nos encontraremos no céu e Lhe agradeceremos
por Sua infinita misericórdia.
131
Mamita, tenho ainda tanta coisa a
dizer...
Queira Deus que esta carta chegue às suas mãos.
Carrego você na minha alma, minha querida mamita.
132
Mamita, que Deus nos ajude, nos
guie, nos dê paciência e nos
proteja.
Para todo o sempre. Sua filha.
Ingrid Betancourt
133
(No Transcript)
134
(No Transcript)
135
(No Transcript)
136
Formatação um_peregrino_at_hotmail.com
137
A íntegra da carta de Ingrid Betancourt
encontra-se publicada no livro Cartas à mãe
direto do inferno, Editora Agir, 2008.
Um texto que merece ser lido e relido. Palavras
que resumem toda a dor e toda a grandeza do ser
humano.
138
A edição traz também a resposta que sua filha,
Mélanie, juntamente com seu irmão, Lorenzo,
escreveram.
139
Mamãezinha,
Lendo sua carta, reencontrei sua voz.
Nessa selva que a retém, tudo é longe, até mesmo
o sol. Tudo molesta, tudo é inumano.
Entretanto, nada mais verdadeiro e correto que
as palavras que você soube encontrar.
140
Mamãe, você nos despertou.
Seus sofrimentos tornaram-se os nossos, seu
desespero é agora nossa urgência, seu amor e
sua coragem são nossa força.
Hoje compreendo o que significa ser livre.
141
Ninguém escreveria mais bela carta de amor
àqueles que ama.
Refugiei-me na doçura de suas palavras, e repito
para mim Você está viva! Você
está viva!
Mas sinto também despertar em mim uma angústia
muito forte. Agora que a sinto tão próxima,
tenho medo de perdê-la novamente.
142
Tenho apenas uma vontade, - é apertá-la nos
braços e dizer
Estamos aqui, mamãe estamos lutando para
tirá-la daí. Resista.
Há muitos belos momentos à sua espera. Você
ainda nos verá crescer, Loli e eu...
143
Mamãe, sabemos que há urgência.
Sabemos que você não está mais agüentando.
Sabemos disso. Vamos tirá-la daí.
144
Nesses momentos terríveis de dúvida e abandono,
diga a você mesma, eu lhe suplico,
que logo ali, além da selva, estamos presentes,
pensamos em você, lutamos por você.
145
Um pouco mais distante, apenas um pouco mais
distante, por trás dos cumes, milhares de pessoas
não se rendem e se mobilizam para libertá-la o
mais rápido possível
porque se identificam com você, com sua coragem e
sua luta,
porque a consideram um dos seus, uma mãe, uma
irmã, uma amiga,
e estão determinadas a fazê-la não desistir.
146
Mamãe, quero revê-la em breve, reencontrar seu
sorriso, sua alegria de viver.
Haverá novamente para você livros, risadas e
brincadeiras.
Esta carta não é uma carta de
despedida.
É uma carta de reencontro.
Até já, mamãe.
Mélanie e Lorenzo
147
(No Transcript)
148
(No Transcript)
149
(No Transcript)
150
(No Transcript)
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