Title: PROPAGANDA E PROMO
1PROPAGANDA E PROMOÇÃO DE MEDICAMENTOS
- Maria Beatriz Cardoso Ferreira
- Departamento de Farmacologia ICBS/UFRGS
- Coordenação e Facilitação de Cursos Sobre
- Ensino Para o Uso Racional de Medicamentos
- Endereço eletrônico mariabea_at_ufrgs.br
- Ausência de Conflitos de Interesse
2O QUE É PROPAGANDA?
É a única garantia de sua saúde...é o remédio
científico, apresentado sob a a forma de um
saboroso licor. O único que não ataca o estômago,
nem os rins.
3PROPAGANDA/PUBLICIDADE
Conjunto de técnicas utilizadas com objetivo de
divulgar conhecimentos e/ou promover adesão a
princípios, idéias ou teorias, visando exercer
influência sobre o público por meio de ações que
objetivem promover determinado medicamento com
fins comerciais Resolução RDC No 102, de 30
de novembro de 2000
4PROPAGANDA e PUBLICIDADE
Etimologicamente, propaganda deriva de
propagar. Já publicidade tem origem em
público. PROPAGANDA visa criar opinião
favorável a determinado produto, serviço,
instituição ou idéia, de modo a orientar o
comportamento humano em determinado
sentido. PUBLICIDADE relaciona-se à promoção de
produtos e serviços, cultivando a preferência
pela marca é a propaganda com objetivos
comerciais.
5PROPAGANDA/PUBLICIDADE
É a técnica de convencer os indivíduos de que
têm a necessidade absoluta, vital, de algo que
jamais imaginaram precisar. SEDUÇÃO PODER DE
PERSUASÃO
6GASTOS COM PROPAGANDA
- A indústria farmacêutica possui um lucro
aproximado de 40 sobre seus produtos - 35 deste lucro são investidos na comercialização
de seus produtos. - Apenas 5 são reinvestidos em pesquisa e
desenvolvimento de novos produtos. - (SOBRAVIME, 2001)
- As indústrias farmacêuticas investem por ano, nos
EUA - 6,5 milhões de dólares em propagandas
direcionadas aos médicos. - 2,6 milhões de dólares em propagandas
direcionadas aos pacientes. - 12 milhões de dólares em amostras grátis de
medicamentos. -
- (HERRERA, 2004)
- É muito improvável que as indústrias
farmacêuticas gastem milhões de dólares,
anualmente, com uma estratégia de promoção
ineficaz. Por isso, está claro que os médicos são
influenciados. -
- (NOBLE, 1993)
7E QUAL É A RELAÇÃO ENTRE USO RACIONAL
E PROPAGANDA/PUBLICIDADE DE MEDICAMENTOS? Distinç
ão entre promoção de produtos com objetivos
comerciais e disseminação de informações
científicas
8- Existe uso racional quando os pacientes recebem
os medicamentos apropriados à sua condição
clínica... - Diagnóstico
- medicalização da vida
- massificação da conduta versus análise das
condições específicas de cada paciente - Eficácia clínica
- uso da melhor evidência disponível (medidas de
impacto clínico)
USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS
9- INFORMAÇÕES SEM APRESENTAÇÃO DAS EVIDÊNCIAS
- Propagandas de produtos farmacêuticos em 10
fascículos consecutivos de BMJ (março a maio de
1997) - 46 propagandas (40 produtos farmacêuticos)
-
- ausência de referências 32,6
- apenas referências não publicadas 15,2
- qualquer referência de publicação com corpo de
revisores 40 - 55 referências de publicações com corpo de
revisores 13 abstracts ou simpósios patrocinados
pela indústria, publicados na própria revista (4)
ou em suplementos (9) - Mindell J Kemp T. BMJ 1997 315(7122) 1621
10- INFORMAÇÕES SEM APRESENTAÇÃO DAS EVIDÊNCIAS
- Identificação de propagandas de BMJ em 6 meses
- (julho a dezembro de 1996)
- 81 propagandas (63 medicamentos)
- citação de apenas 2 metanálises e 41 ensaios
clínicos (vários na mesma propaganda) - apenas 25 com alto nível de evidência
- 50 sem qualquer tipo de evidência para
embasamento da prescrição - Smart S Williams C. BMJ 1997 315(7122) 1621
11- EVIDÊNCIAS GERADAS COM A PROMOÇÃO DAS INDÚSTRIAS
FARMACÊUTICAS - Estudos patrocinados pelas indústrias
farmacêuticas - Associação estatisticamente significativa entre
esse patrocínio e as conclusões obtidas nos
estudos. - (Lancet 2000 356(9230) 635-638 / BMJ 2002
325(7358) 249-253 / BMJ 2003 326(400)
1167-1170) - Estimativa a partir de metanálise de 1.140
artigos - RC 3,60 (IC95 2,63 - 4,91)
- (JAMA 2003 289(4) 454-465)
- Estimativa obtida a partir da análise conjunta
de vários estudos - RC 2,30 (IC95 1,30 4,10)
- (JAMA 2003 289(4) 454-465 /
- BMC Health Serv Res 2002 2(1) 18-24 /
- CMAJ 2004 170(4) 477-480)
12USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS
- Existe uso racional quando os pacientes recebem
os medicamentos... em doses adequadas às suas
necessidades individuais, por um período de tempo
adequado... - Doses analisadas
- Tempo de tratamento avaliado nos estudos
13- EVIDÊNCIAS GERADAS COM A PROMOÇÃO DAS INDÚSTRIAS
FARMACÊUTICAS - Razões levantadas para a observação de associação
estatisticamente significativa entre patrocínio
pelas indústrias farmacêuticas e conclusões
positivas dos ensaios clínicos - Qualidade da metodologia empregada não
justifica os resultados. -
- Escolha inapropriada da intervenção para ser
comparada ao novo tratamento proposto escolha
freqüente de placebo para o grupo controle. - Emprego de doses menores ou maiores que as
recomendadas para o tratamento padrão (controle)
redução de eficácia ou aumento de efeitos
adversos. - Avaliação dos efeitos terapêuticos por curtos
períodos de tempo. - Ausência de divulgação de resultados negativos
(pela indústria ou pelas publicações).
14USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS
- Existe uso racional quando os pacientes recebem
os medicamentos... ao menor custo possível para
eles e sua comunidade. - Reações adversas a medicamentos
- Custo econômico
15USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS E PROPAGANDA/PUBLICID
ADE
- REAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS
- Quarta causa estimada de morte em serviços de
urgência nos EUA - Aumento significativo de tempo de internação,
custos hospitalares e individuais - Alertas mínimos ou ausentes sobre sua ocorrência
em propaganda de medicamentos - Falsa idéia de segurança condiciona o
profissional de saúde a buscar outras causas para
as manifestações apresentadas (cascata da
prescrição)
16PROPAGANDA/PUBLICIDADE DE MEDICAMENTOS
- CUSTOS
- Mensagens implícitas
- O que é bom custa mais caro.
- O preço não importa, frente à possibilidade de
obtenção do que se deseja (cura dos males ou
cessação do sofrimento). - Estudo mostrou que contato freqüente com
representantes das indústrias farmacêuticas
associa-se de modo forte e independente com
maiores custos de prescrição.
ANALGÉSICO
17MAS SERÁ QUE A PROPAGANDA INFLUENCIA REALMENTE A
PRESCRIÇÃO?
- Visitas de representantes de laboratórios a
consultórios, hospitais e ambientes acadêmicos - Patrocínio de eventos científicos diversos
18INFLUÊNCIA DA PROPAGANDA SOBRE A PRESCRIÇÃO
- Em estudo com médicos norte-americanos
(especialistas e de atenção primária)
representantes das indústrias farmacêuticas como
fonte importante de informação para alguns, a
única fonte (Jones MI et al. BMJ 2001 323 1-7
4 Aug). - Informação sobre os últimos fármacos novos,
prescritos por 430 médicos derivada de
informações de representantes das indústrias
farmacêuticas em 42 dos casos (McGettigan P et
al. Br J Clin Pharmacol 2001 51 184-9). - Em estudo sobre 2 fármacos ineficazes, mas
pesadamente promovidos como tendo eficácia 68
dos médicos consideravam a propaganda minimamente
importante como fonte de influência porém,
49-71 relatavam informações similares às da
indústria sobre os 2 fármacos (Arvon J et al. Am
J Med 1982 73(1) 4-8).
19INFLUÊNCIA DA PROPAGANDA SOBRE A PRESCRIÇÃO
- Correlação entre o número de presentes que o
médico recebe e a crença de que os representantes
não exercem impacto sobre a prescrição. - (Warzana A. JAMA 2000 283 373-380)
- Taxa de 11 de afirmativas falsas em
apresentações de representantes farmacêuticos
promovendo seus produtos no entanto, detecção de
pelo menos uma dessas incorreções por apenas 26
dos médicos. - (Ziegler MG et al. JAMA 1995 273(16) 1296-1298)
- Associação entre encontros dos médicos com
representantes da indústria farmacêutica e maior
requisição de inclusão em formulários
hospitalares dos medicamentos promovidos. - Associação daqueles encontros com alterações na
prática de prescrição, incluindo aumento de seu
custo e prescrição menos racional. - (Warzana A. JAMA 2000 283 373-380)
20INFLUÊNCIA DA PROPAGANDA SOBRE A PRESCRIÇÃO
- Propaganda de medicamentos para consumidores
isto pode pressionar o médico a prescrever
determinado medicamento? - Estudo realizado na Inglaterra
- (Britten N, Ukoumunne O. BMJ 1997 315
1506-1510 6 Dec) - 67 dos pacientes esperavam por uma prescrição.
- 42 destes a receberam.
- Em 66 das prescrições, elas estavam indicadas e
eram esperadas. - A percepção do médico sobre as expectativas do
paciente foi o principal determinante para a
decisão de prescrever.
21USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS Criação de nossos
slogans publicitários
Medicamento é como gente. Tem qualidades e
defeitos. Não se deixe enganar! Seja mais
inteligente!
Medicamentos. Prescreva com moderação!
22USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS Criação de nossos
slogans publicitários
Medicamento é como gente. Tem qualidades e
defeitos. As qualidades a gente admira. Os
defeitos a gente agüenta ou não. Por isso,
podemos ficar, namorar ou até se juntar com algum
medicamento. Mas ele deve atender ao nosso jeito
de ser (eficácia para a condição clínica), deve
ter uma convivência regrada (dose e tempo de
tratamento) e não deve proporcionar mais
problemas do que aqueles que já temos (custo
econômico e reações adversas).
23PROPAGANDA E PROMOÇÃO DE MEDICAMENTOS
Obrigado!