Title: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA DEPARTAMENTO DE M
1UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSADEPARTAMENTO
DE MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINOVIOLÊNCIA
NA ESCOLAMARIA DAS GRAÇAS DO ESPIRITO
SANTO TIGREDEMET/UEPG
2? As questões discutidas neste encontro são
fruto de uma seqüência de estudos realizados a
respeito da temática violência na escola.
3Primeira situaçãoConversas paralelas,
dispersão o professor entra em sala e é como não
tivesse entrado dá a lição e a maioria não faz
alunos não trazem o material e se negam a
participar da aula parece que nada interessa...
pintam carteiras com lÃquido corretor, escrevem
nas paredes sentam de qualquer jeito na
carteira roubam material do colega passam a
perna no colega entram sem pedir licença querem
ir toda hora ao banheiro respondem ironicamente
saem quando toca o sinal e o professor ainda está
explicando no meio da explicação se levantam e
falam com o outro (Vasconcelos apud Aquino,
2002).
4Segunda situaçãoA aluna JanaÃna, entrevistada
quando cursava a 3a. série, disse pensar que a
escola fosse um lugar de respeito e união, mas
viu que não era. Logo no primeiro dia de aula, os
meninos a apelidaram de Vaca Malhada e Onça
Pintada por causa de suas sardas, o que a deixou
muito triste e chateada. O constrangimento durou
o ano todo, como também na 2a. série, já que os
alunos eram praticamente os mesmos. Ela contou
que queria responder aos ataques com o pior dos
palavrões, mas que engolia essa vontade e acabava
suportando as humilhações, até que o ano
terminou. Mas, claro, acabava um ano e começava
um outro e tudo se repetia (Fante, 2005, p. 33).
5Terceira situaçãoNo banheiro, juntamente com
outro colega, ao ser provocado, tentou afogar um
colega no vaso sanitário, dizendo que iriam puxar
a descarga para afogá-lo. Em todas as atividades
extra-classe no horário do momento livre no pátio
ele demonstra dificuldades no seu relacionamento
de convÃvio social com seus colegas, suas
brincadeiras são agressivas, dando gravata e
lutando com os mesmos. Não respeita os limites
fÃsicos estabelecidos pela escola para brincar.
Também usa palavrões para se referir à professora
(Idade 9 anos Sexo M).
6CONCEITO DE VIOLÊNCIA
- Para Michaud (1989), a violência ocorre quando,
em uma situação de interação, um ou vários
autores agem de maneira direta ou indireta,
maciça ou esparsa, causando danos a uma ou mais
pessoas em graus variáveis, seja em sua
integridade fÃsica, seja em sua integridade
moral, em suas posses, ou em suas participações
simbólicas e culturais. - Candau (1999) a marca constitutiva da violência
seria a tendência à destruição do outro, ao
desrespeito e à negação do outro, podendo assim
ocorrer no plano fÃsico, psicológico ou ético.
7INDISCIPLINA
- Aparece sob todas as formas de conflito que
incorporam uma capacidade de resistência ao
trabalho com o conhecimento e uma dificuldade em
respeitar as normas e regras da escola,
expressando-se quer sob uma aparente submissão,
quer através de excessos de todos os tipos
depredação, pichações, zombarias, riso, ironia,
tagarelice, maus comportamentos, desordem,
atitude de desrespeito, de intolerância aos
acordos firmados. - Incapacidade do aluno ou grupo em se ajustar à s
normas e padrões de comportamento esperados,
capazes de pautar a conduta de um indivÃduo ou
grupo falta de limites Ausência ou negação de
um comportamento desejável.
8INCIVILIDADE
- Uma grande gama de fatos e comportamentos
expressos pelo aluno na escola, indo da
indelicadeza, má criação ao vandalismo, passando
pela presença de vagabundos, grupos juvenis. As
incivilidades mais inofensivas parecem ameaças
contra a ordem estabelecida transgredindo códigos
elementares da vida em sociedade, o código de
boas maneiras. Elas podem ser da ordem do
barulho, sujeira, impolidez, tudo que causa
desordem (Debarbieux, 2002).
9DISCIPLINA
- Disciplina na perspectiva de ensino é o conjunto
de normas e procedimentos dos quais dependem a
ordem e a harmonia de que a sala de aula
necessita para poder trabalhar e conviver
(Gotzens, 2003). Consiste em um enfoque global
da organização e da dinâmica do comportamento na
escola e na sala de aula, coerente com os
propósitos de ensino.
10VIOLÊNCIA NA ESCOLA
- Charlot (1997), que classifica a violência
escolar em três nÃveis - a Violência gol pes, ferimentos, violência
sexual, roubos, crimes, vandalismo - b Incivilidades humilhações, palavras
grosseiras, falta de respeito
11VIOLÊNCIA NA ESCOLA
- c violência simbólica institucional
compreendia como a falta de sentido de permanecer
na escola por tantos anos o ensino como um
desprazer, que obriga o jovem a aprender matérias
e conteúdos alheios aos seus interesses as
imposições de uma sociedade que não sabe acolher
os seus jovens no mercado de trabalho a
violência das relações de poder entre professores
e alunos a negação da identidade e satisfação
profissional aos professores, a sua obrigação de
suportar o absenteÃsmo e a indiferença dos alunos.
12CONCEITO DE VIOLÊNCIA
- Perpassa na escola uma representação altamente
inclusiva da definição de violência, o que faz
com que se maximizem os fatos e haja, em algumas
instituições, um certo alarde com tom de exagero,
o que aumenta o pessimismo em relação a possÃveis
soluções e reforça o sensacionalismo que
geralmente existe sobre o assunto. - Segundo Debarbieux (2002), se expandirmos a
definição de violência, corremos o risco
epistemológico de hiperampliar o problema até
torná-lo impensável, além de estarmos correndo o
risco polÃtico de vir a criminalizar padrões de
comportamentais comuns, ao incluÃ-los na
definição de violência. Por outro lado, uma
definição excessivamente limitada pode excluir a
experiência de algumas vÃtimas, ignorando que a
pior violência deriva da microviolência.
13Formas de manifestação da violência na escola
- 1 Violência que se origina de fora para dentro
da escola - a) interferência de grupos externos gangues.
- 2 Violência interna
- a) brigas e agressões entre alunos e professores
- Dentro da sala, no horário da aula é aquela
incidência de jogar chicletes... ocorre muita
violência oral, desobediência, desacatos verbais
(Professor). - b) brigas e agressões entre alunos
- (...) são ameaças, tentativas de intimidar
o colega... dentro da sala de aula são empurrões
e cutucões comedidos, ali as coisas se iniciam,
mas não dá o estouro na sala de aula, dá no
pátio, dá no intervalo, dá no momento que não tem
ninguém para olhar. (Orientadora Educacional ).
14Formas de manifestação da violência na escola
- a) depredação do ambiente escolar
- (...) praticamente todas as noites temos
pedras em cima do telhado, no pavilhão de baixo e
do pátio coberto. Nosso pátio coberto está com
cerca de vinte rombos no telhado, devido ao
tamanho das pedras que eles jogam... infelizmente
no meio desse pessoal que apedreja a escola tem
alunos nossos (Diretora).
15Dados de Pesquisa
- Em 2004 realizamos uma pesquisa cujos principais
objetivos foram - Detectar qual tem sido a relação estabelecida
entre os estabelecimentos de ensino e o Conselho
Tutelar, quando o assunto é violência e
indisciplina na escola. - Identificar quais são os principais casos
relativos violência e indisciplina encaminhados
pelas escolas ao Conselho Tutelar.
16Dados de Pesquisa
- Leitura de 987 relatórios (referente ao perÃodo
de 2000 a 2003), dos quais foram selecionados
303 que abordavam a temática do estudo . - Escolas Estaduais 144
- Escolas Municipais 136
- Escolas Particulares 8
- Relátorios que não identificavam o nome da escola
15
17Análise de relatórios encaminhados ao Conselho
Tutelar
- Prática de violência fÃsica e verbal pelo mesmo
aluno (mencionada na maioria dos relatos). - Violência fÃsica e verbal (mencionadas
separadamente). - Comportamento agressivo e indisciplinado.
- Atitudes que perturbavam o ambiente escolar sem
necessariamente agredir alguém. - Furtos.
- Depredação do patrimônio escolar.
- Uso de álcool, drogas e fumo dentro do
estabelecimento de ensino. - Comportamentos de caráter sexual, que envolvem
casos em que meninos passam a mão nas meninas,
tiram a roupa uns dos outros, ou a própria roupa,
para se exibir, etc. - Pedidos de blitz policial, justificadas pela
desconfiança de que estudantes estariam portando
armas ou drogas dentro da escola.
18Trechos de alguns relatos
- O aluno tem mau comportamento, bate nos
colegas, discute com os professores, fala
palavrões, é agressivo, fala que está
'maconhado'. Trouxe uma carteira de cigarros para
a sala e agora diz que vai se matar (pega
barbante e faz de conta que vai se enforcar)
(Idade 8 anos Sexo M). - Faz brincadeiras de mal gosto (...) Grita nomes
indecorosos e palavrões durante as aulas. (...)
Age com estupidez e grossura ao responder os
colegas. (9 anos Sexo F) - (...) é agressivo, machuca gravemente até
crianças maiores... (Idade 6 anos Sexo M). - ... aluno desrespeita colegas e professores, é
indisciplinado, fala grosserias e palavrões, bate
violentamente em alunos, realiza furtos ...
(Aluno da 6ª série). - Recusa-se a fazer as atividades propostas não
traz o material não obedece as normas da escola
é mau comportado, tumultua as aulas e responde as
professoras grosseiramente (Idade 9 anos M)
19? Na maioria dos relatórios repete-se a
comunicação de que o aluno recusa-se a fazer as
atividades propostas pelo professor. ?
Existência de alguns casos de pais agredidos
pelos filhos e, de famÃlias que afirmam não saber
lidar com suas crianças e adolescentes. ? Alto
número de casos protagonizados por meninas. ?
Baixa faixa etária dos envolvidos. ? Baixa
incidência de queixas enviadas por escolas
particulares. ? No questionário aplicado aos
gestores percebemos que das 40 escolas Estaduais
e das 73 escolas Municipais que fizeram parte
deste estudo, apenas 11 delas (sendo 5 estaduais
e 6 municipais) admitem desenvolver projetos que
visem a prevenção da violência escolar,
representado algo em torno de 9 do total
geral.
20AÇÕES DA EQUIPE DE GESTÃO ESCOLAR DIANTE DAS
OCORRÊNCIAS DE VIOLÊNCIA E INDISCIPLINA
- CONVERSA COM ALUNOS ENVOLVIDO(S) E ADVERTÊNCIA
- ?
- TRABALHA O ASSUNTO EM SALA
- (SESSÕES COLETIVAS)
- ?
- CHAMA OS PAIS
- ?
- ENCAMINHA AO CONSELHO TUTELAR
21Representações sociais do Conselho Tutelar por
parte dos Gestores
- O Conselho Tutelar não tem nos ajudado muito.
(...) não tem atendido os pais que solicitam
(...) A gente pede ajuda, aà não tem carro, não
tem pessoal. Não adianta... (Diretora). - O conselho deveria fazer um trabalho efetivo de
prevenção junto à s famÃlias. (...) vir aqui um
dia fazer palestra e ir embora não adianta
(Diretora). - Não reconheço o Conselho Tutelar como
instituição. (...) eles não fazem nada para
ajudar as escolas. Nem os pais acreditam no
Conselho Tutelar (Diretora). -
- Posicionamento do Conselho Tutelar
- "(...) o que vem muito para nós não é o problema
de violência, é o problema de indisciplina
escolar. O aluno não respeita o professor...
Recorrem até em situações que as vezes não é do
Conselho Tutelar. Situações de indisciplina...
são questões que a escola pode resolver, não tem
necessidade de encaminhar para Conselho. Isso até
por desconhecimento da própria atribuição da
escola ou do Estatuto. Existe aquele medo de
tomar uma atitude com relação àquela criança ou
adolescente (Conselheiro Tutelar). - A equipe pedagógica da escola, em muitos casos,
usa a estratégia de encaminhar os alunos ao
Conselho Tutelar porque considera que, para os
estudantes e suas famÃlias, o órgão tem um grande
poder de intimidação.
22ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS SOBRE A VIOLÊNCIA
NA ESCOLA
- Regra geral o peso da cultura disciplinar na
formação de professores é diminuta o professor
conhece a área que vai lecionar mas desconhece a
realidade de gestão de uma sala de aula, as
relações com os pais, a psicologia de uma criança
ou jovem violento, etc... A gestão de conflitos
na sala de aula é um módulo de formação opcional. - É preciso que o problema da violência na escola
seja encarado como um problema de cunho
pedagógico. - A ação coletiva pode tornar viáveis
encaminhamentos e soluções ? equipe de gestão,
professores, pais, funcionários, alunos e
comunidade. - A escola deve ser a articuladora do processo de
prevenção e combate à violência escolar. - As causas da violência são múltiplas e complexas,
não é possÃvel esperar que a sua solução apareça
de forma simples, através de ações empreendidas
apenas por uma instituição social (escola,
Conselho Tutelar, PolÃcia, etc). É preciso que
haja uma ação conjunta, na qual as representações
que cada segmento tem acerca do problema seja
considerada.
23ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS SOBRE A VIOLÊNCIA
NA ESCOLA
- Destaque especial deve ser dado à construção da
disciplina na escola e ao resgate da autoridade
do professor. A autoridade do professor é um
elemento estruturante para a personalidade do
aluno. - Professor autoritário
- Exige silêncio para ser ouvido
- Pede tarefas descontextualizadas
- Ameaça e pune
- Quer que a classe aprenda do jeito que ele sabe
ensinar - Não tem certeza da importância do que está
ensinando - Quer apenas passar conteúdos
- Vê o aluno como um a mais
24ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS SOBRE A VIOLÊNCIA
NA ESCOLA
- Professor com autoridade
- Conquista a participação com atividades
pertinentes - Mostra os objetivos dos exercÃcios sugeridos
- Escuta e dialoga
- Procura adequar os métodos às necessidades da
turma - Valoriza o conteúdo da sua disciplina na
construção do conhecimento - Adapta os conteúdos aos objetivos da educação e Ã
realidade do aluno - Vê o aluno como um ser humano
25ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS SOBRE A VIOLÊNCIA
NA ESCOLA
- A escola deve ser pensada como um lugar onde os
alunos estão protegidos a cultura de paz deve
permear todos os trabalhos realizados na escola
protetora a escola protetora passa pelo
diálogo, discussão de valores e princÃpios, pelos
limites educação com participação, com respeito
aos direitos humanos, a diversidade e a
tolerância. - Fomentar a Cultura da Paz e desenvolver valores
humanos na educação.
26TRÊS TIPOS FUNDAMENTAIS DE AÇÃO DISCIPLINAR
- Planejamento da ordem (Antes do ano iniciar e nos
primeiros dias de aula). - Estabelecimento de ajustes e de adaptações ao
ambiente escolar especÃfico ao qual é destinada a
aplicação (Regimento escolar contratos
pedagógicos) - Intervenção e resolução de problemas localizados
e de alterações concretas de situações
complicadas que surgem nas situações de ensino
(Assembléias de classe).
27DISCIPLINA NA SALA DE AULA
- A disciplina escolar deve ser resultado de
acordos entre as partes, contemplando as pautas
de convÃvio, esboçadas a partir das rotinas e das
expectativas. - O professor é um gestor das condições de ensino
sendo dele a responsabilidade de decidir que
atitudes são necessárias para que o processo
ensino-aprendizagem se desenvolva. Deve ter um
papel ativo na mediação e negociação das normas e
na administração do seu efetivo cumprimento.
28ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS SOBRE A VIOLÊNCIA
NA ESCOLA
- As ações devem iniciar, necessariamente, antes do
inÃcio do ano letivo. - O aluno precisa ser visto como uma pessoa em
formação e não como um delinqüente ? o papel da
escola na formação dos alunos vai muito além do
ensino de conteúdos e deve abranger a formação da
pessoa e do cidadão. - Insegurança e despreparo talvez sejam as palavras
mais adequadas para expressar a posição da
maioria dos professores diante da violência e da
indisciplina na escolar.