Title: Insufici
1Insuficiência Respiratória em idade Pediátrica
- Versão original
- Dr. Jeff Burzynski
- Division of Pediatric Critical Care
- U of Iowa
Versão Portuguesa Anselmo Costa, MD Unidade de
Cuidados Intensivos Neonatais e
Pediátricos Hospital Garcia Orta, Portugal
2Objectivos...
- Conceito de Insuficiência Respiratória
- Revisão da fisiologia respiratória
- Causas de hipoxemia / hipercapnia
- Sinais clínicos e investigação
- Diferenças entre o doente pediátrico e o adulto
3Como se define insuficiência respiratória??
- Historicamente como PaO2 lt60 mm Hg, PaCO2 gt 50 mm
Hg - Atenção às características individuais de cada
doente (cardiopatia cianótica...) - Instalação aguda ou progressiva
- A avaliação do doente é importante para o
diagnóstico e abordagem terapêutica. - Identificação de Sintomas / Gravidade dependem da
acuidade semiológica
4Definição (continuação...)
- Historicamente dois tipos distintos Insuficiênci
a respiratória do Tipo 1 vs. Tipo 2 - Basicamente hipóxica vs. hipercapnica
- Compreensão facilitada se abordada como
insuficiência da oxigenação vs. ventilação
5Adultos vs. Crianças
- Múltiplas diferenças - desde a anatomia das vias
aéreas até aos fenómeno patogénicos envolvidos - Patologia congénita ou infecciosa mais frequente
em doentes pediátricos - Adultos afectados por doenças respiratórias como
DPCO, bem como por problemas infecciosos - Diferenças em parâmetros vitais como freq.
respiratória, cardíaca etc
6Decisões Clínicas dependem de
- Apresentação Aguda vs. Crónica (horas a dias)
- Ajuda a decidir a urgência na intervenção
terapêutica - A progressão da doença subjacente é também um
dado importante (frequentemente a partir dos
dados da história) - O que está subjacente como doença crónica (se for
o caso) - i.e. Asma, doença cardíaca congénita
- Exame objectivo!!
- Estado de consciência, esforço respiratório,
Saturação O2, FC,) - Que exames complementares???
7Investigações Laboratoriais
- Gasimetria arterial (se possível...)
- Mais informativo sobre o estado da oxigenação
- Difícil de obter em alguns doentes
- Deve fazer parte das competências de todos os
internos - Outras gasimetrias
- Venosas, capilares
- Outras avaliações laboratoriais de acordo com a
clínica (ex. hemograma por suspeita de infecção?)
8Pontos importantes na interpretação da gasimetria
- Saber qual o tipo de gasimetria (arterial ou
venosa) - Apenas na gasimetria arterial valorizar e
interpretar o PaO2 - Recordar que o PaCO2 está ligeiramente aumentado
na gasimetria em sangue venoso - Ter presente a influência do componente
metabólico (base deficit, HCO3-)
9Curva de dissociação da Oxihemoglobina
Dois pontos críticos da curva
1. PO2 100 mm Hg SpO2 of 97
2. PO2 40 mm Hg SpO2 of 75 (mixed venous blood)
Atentar na acentuada inclinação desta parte da
curva Pequenas variações do estado clínico
provocarão grandes flutuações na SpO2
10Pontos chave sobre a curva de saturação da
oxihemoglobina
- Recordar a quase horizontalidade da curva acima
dos 60 mm Hg de PaO2 - Qualquer pequena descida da PaO2 abaixo deste
valor causará uma descida abrupta da saturação
11Falência da Oxigenação
- Forma mais frequente da insuficiência
respiratória - Ocorre numa enorme variedade de doenças
- Relacionada com alterações fisiopatológicas
major - Alteração da ventilação/perfusão (V/Q mismatch)
- Shunt
- Hipoventilação
12Hipoventilação
- A FiO2 do ar ambiente é 21
- A PaO2 do ar é (0,21 X (760 mm Hg - 47 mm Hg
(vapor de água)) - A PO2 do gás alveolar é resultado do equilíbrio
entre a captação e a renovação - O consumo de O2 varia pouco
- Portanto o PO2 alveolar é determinado
principalmente pelo nível de ventilação alveolar
13- Se a ventilação desce, a PO2 cai e a PCO2 subirá
inversamente (isto é crucial - a hipoventilação
determinará sempre um valor elevado de PaCO2
14Equação do gás Alveolar
Demonstra a relação entre o FiO2 e a PAO2 - O
aumento do FiO2 provoca a subida da PAO2 na
hipoxemia associada à hipoventilação
15Fórmula representando a relação entre o PCO2
alveolar e a ventilação
- NOTA
- Relação directa com VCO2 (produção)
- i.e. se a ventilação diminui, então a PACO2
aumenta numa relação directa - - Relação indirecta (1/VA) com a ventilação
16Hipoventilação - continuação
- Hipoxia associada à hipoventilação é facilmente
corrigida pelo aumento do FiO2 - A normalização do PCO2 pode demorar devido ao
aumento do conteúdo orgânico de CO2 (sob a forma
de HCO3-)
17Outras causas de hipoxia
18O conceito de Shunt
- Sangue que entra no sistema vascular arterial sem
passar pelo pulmão ventilado - Shunt Intra- vs. extra-cardíaco
- Sempre presente em pequena quantidade através dos
vasos brônquicos e das veias coronárias - A sua característica mais importante é que o
Oxigénio a 100 não corrige a hipoxemia - O PCO2 está habitualmente normal ou diminuído
dado que a ventilação minuto está aumentada por
mediação dos quimioreceptores
19Desequilíbrio Ventilação -Perfusão (uma
palestra por si só!)
20- A relação Ventilação / Perfusão (V/Q) é diferente
em diferentes regiões pulmonares - É a causa mais comum de hipoxemia
- Excluir sempre outras causas antes de aceitar o
desequilíbrio ventilação / perfusão como causa
etiológica
21- Ter em atenção que a relação V/Q varia desde
ventilação mínima ou inexistente (V/Q0) até
perfusão reduzida a ausente (V/Q infinita) - As regiões pulmonares com relação V/Q baixa
causam hipoxemia - As regiões que apresentam relação V/Q elevada não
conseguem compensar o baixo teor de O2 das
outras regiões devido às características da curva
de dissociação da hemoglobina
22Zonas com relação V/Q baixa com baixo conteúdo de
O2 a nível do território capilar terminal
Zonas de relação V/Q elevada com conteúdo de O2
elevado
NOTA Parte da curva de dissociação da Hb com
declive acentuado no intervalo de baixo conteúdo
em O2
PO2 70 mm Hg
23Desequilíbrio V/Q - continuação...
- O desequilíbrio V/Q ocorre mesmo em pulmões
saudáveis, devido a diferenças locais entre fluxo
sanguíneo e ventilação em diferentes regiões
pulmonares - Ventilação / Perfusão ambas aumentam ligeiramente
do topo para a base dos pulmões - A perfusão aumenta mais rapidamente que a
ventilação - A relação V/Q é portanto diferente em diferentes
segmentos pulmonares
24- Pulmões com relação V/Q acentuadamente alterada
não conseguem manter os níveis de PAO2 / PaCO2
dentro dos valores desejáveis
25Pontos clínicos relevantes?
- Existe um défice de oxigenação?
- Verificar o gradiente A-a
- PAO2 - PaO2(arterial)
- PAO2 FiO2 - (PaCO2/0,8) (equação do gás
alveolar) - Valor normal 5-30 mm Hg (dependendo da idade)
- Se diferencial aumentado então muito provável
desequilíbrio V/Q
26Exemplos de situações com desequilíbrio V/Q
27Como avaliar a resposta à terapêutica??
- As opções incluem
- Relação PaO2/FiO2
- Índice de Oxigenação (IO)
- Pressão média das vias aéreas (MAP) X FiO2 X
100 - PaO2
- Ambas validadas mas o IO é melhor nos doentes
ventilados com pressão positiva
28Relação entre o desequilíbrio V/Q e as trocas
gasosas
NOTA Diminuição acelerada da PaO2
comparativamente à PaCO2
29Insuficiência Respiratória e CO2
- Ventilação significa ar a entrar e sair dos
pulmões - Volume minuto corresponde ao volume de ar entrado
e saído por minuto (VM) - Ventilação alveolar é o volume de ar que
participa nas trocas gasosas - Espaço morto ventilatório não participa na
ventilação
30- A PaCO2 é o único parâmetro que reflecte a
ventilação alveolar e a sua relação com a
produção de CO2 - A produção de CO2 é contínua a eliminação é
predominantemente pulmonar (clearance renal é
mínima)
31Fórmula representando a relação entre a PCO2
alveolar e a ventilação
- NOTA
- Relação directa com VCO2 (produção)
- Relação indirecta (1/VA) com a ventilação
32Porque preocupar com hipoxemia / hipercapnia?
- Hipoxemia
- Hipoxemia significativa provoca hipoxia tecidular
e metabolismo anaeróbico - Os diferentes órgãos e sistemas apresentam
limiares distintos de tolerância á hipoxemia
(sendo o SNC e o coração particularmente
vulneráveis ) - O PO2 arterial é apenas um dos componentes da
distribuição de oxigénio (DO2), sendo a
concentração de hemoglobina e o débito cardíaco
factores importantes - O aumento do lactato sérico é um indicador de
hipoxemia tecidular significativa
33Hipercapnia
- Tópico controverso com o aparecimento do conceito
de hipercapnia permissiva no tratamento da
ALI/ARDS (Acute Lung Injury/Acute respiratory
distress syndrome) - Efeitos no SNC narcose e confusão em níveis
elevados - Os efeitos adversos da acidose respiratória
poderão estar a ser sobrevalorizados - Foi demonstrado in vitro um efeito protector
relativamente à lesão pulmonar induzida pela
ventilação mecânica
34Opções terapêuticas
- Tema vasto em si mesmo
- Incluem medidas simples como suplemento de O2
- Pressão positiva, tanto como ventilação invasiva
como não-invasiva são o passo seguinte na
ausência de melhoria clínica ou laboratorial
35Em conclusão
- Pensar em termos de oxigenação e ventilação
- Pensar PORQUÊ (ie fisiologia) o doente está
hipoxico/hipercapnico - Manter o doente em vigilância clínica apertada
dado poder haver deterioração súbita