Title: O LIBERALISMO E SEUS CR
1O LIBERALISMO E SEUS CRÍTICOS
- FASES DO LIBERALISMO
-
- I. PROTO-LIBERALISMO (1690-1780)
- T. Hobbes (1588-1679) J. Locke (1632-1704)
B. Spinoza (1632 1677)
- J.J. Rousseau (1712 1778).
- II. LIBERALISMO CLÁSSICO (ÉTICO) (1780-1860)
- I. Kant (1721-1804) A. Humboldt (1767-1835)
Montesquieu (1689-1755) - B. Constant (1767-1830)A Tocqueville
(1805-1859)Condorcet (1743-1794) - D. Hume (1711-1776) A. Smith (1723-1790)
S. Mill (1806-1873) - J. Bentham (1748-1873).
2FASES DO LIBERALISMO
-
- III. LIBERALISMO CONSERVADOR (SOCIAL)
(1860-1945). E. Burke (1729-1787) - T. Green
(1836-1882) - H. Spencer (1820-1903) - L. Hobhouse (1864-1929) E. Durkheim
(1858-1914) M. Weber (1864-1920) J.M. Keynes
(1883-1946) J. Dewey (1859-1952) H.Kelsen
(1881-1973) - IV. NEO-LIBERALISMO (1945...)
- F. Hayek (1899-1992) Von Mises (1881-1973)
K. Popper (1902-1994) - M. Friedmann (1912...) I. Berlin (1909 -
?) R. Aron (1905-1984) - - J. Rawls (1921-2002) N. Bobbio (1909...)
R. Nozick (1938...). -
3LIBERALISMO CLÁSSICO (1780/1860)
- PRINCIPAIS TESES
- Liberdade individual individualismo.
- Igualitarismo (de direitos).
- Contratualismo.
- Utilitarismo.
- Não intervenção do Estado.
- Limitação do poder. (Legalismo/
Constitucionalismo). - Livre mercado (ordem espontânea).
- Contratos livremente elaborados.
- Pluralismo nas concepções do bem.
- Neutralidade do Estado.
- Representação política.
4LIBERALISMO CONSERVADOR (SOCIAL) 1860/1945
- Propõe uma sociedade cooperativa de indivíduos
mutuamente desenvolvendo-se dá lugar a grupos
com interesses conflitantes. - A busca sem limites do lucro permite a existência
de monopólios que destroem a competitividade e a
liberdade de mercado. - Reconhecem a necessidade de um Estado ético.
- Pluralismo.
5NEO-LIBERALISMO (1954....)
- Sob a sua forma contemporânea, o liberalismo
inclinou-se para a defesa da atividade econômica
dos agentes sociais segundo a ótica da liberdade
econômica e da eficácia das soluções de mercado.
Sem menosprezar as teses políticas, mas
relegando-as à interpretação do utilitarismo e do
pragmatismo, o liberalismo econômico acabou dando
prioridade à atividade econômica como instrumento
de realização e consolidação dos ideais políticos
de uma sociedade liberal regulada pela liberdade
do mercado.
6LIBERALISMO ECONÔMICO
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- Defesa da propriedade privada.
- Não-intervenção do Estado.
- Defesa da livre-iniciativa/empresa/concorrência.
- Crença no mercado (espontaneísmo).
- Lucro como motor da economia.
7LIBERALISMO POLÍTICO
- Liberdade individual.
- Valorização do progresso.
- Antropocentrismo universalista.
- Multiculturalismo.
- Constitucionalismo/legalismo.
- Pluri-partidarismo.
- Valorização da sociedade-civil.
- Valorização do contrato.
- Distinção público/privado.
8O LIBERALISMO POLÍTICO DE J. RAWLS
- De acordo com Rawls, o liberalismo político
caracteriza uma concepção política da justiça por
três aspectos A. Aplica-se, em primeira
instância, à estrutura básica da sociedade...
Esta estrutura consiste nas principais
instituições políticas, econômicas e sociais, e
como elas se organizam entre si para constituir
um sistema unificado de cooperação social. B. Ele
pode ser formulado independentemente de qualquer
doutrina compreensiva de caráter filosófico,
religioso ou moral ... C. Suas idéias
fundamentais tais como a de uma sociedade
política entendida como um sistema eqüitativo de
cooperação social, ou a idéia de entender os
cidadãos como racionais e razoáveis, livres e
iguais pertencem à categoria do político e são
familiares à cultura política de uma sociedade
democrática e às suas tradições de interpretação
da constituição e das leis básicas, bem como a
seus documentos históricos capitais e a seus mais
conhecidos escritos políticos.
9OS PRINCIPAIS ELEMENTOS DO LIBERALISMO POLÍTICO
- 1. A limitação do Estado e sua subordinação aos
interesses dos indivíduos da sociedade civil. - Legitimidade e a extensão do poder da sociedade
política, vinculando a sua finalidade à questão
do alcance da ação livre dos homens diante desse
poder. - O fundamental para o liberalismo não é tanto a
análise da natureza do poder e da política, mas o
seu alcance. - O que é essencial é a vida privada dos indivíduos
que necessitam organizar uma sociedade adequada
aos seus fins. - o abandono do ideal de comunidade política de
indivíduos que compartilham fins últimos. - Depreciação o valor político e cívico do homem em
favor em favor da existência social e econômica
(como proprietário, produtor e consumidor de
mercadorias) que se desenvolve na esfera da
sociedade civil burguesa.
10OS PRINCIPAIS ELEMENTOS DO LIBERALISMO POLÍTICO
- 2. O contratualismo e a representação
política. -
- A idéia básica do contratualismo é a de que
os princípios que devem regular a vida política
são legítimos apenas quando eles podem
racionalmente ser validados e consentidos por
todos os indivíduos que a eles se vinculam. - Uma teoria do contrato social encara o pacto
original como o estabelecimento de um sistema de
leis públicas comuns que define e regula a
autoridade política e se aplica a todos os
cidadãos. - A idéia de que o interesse privado deve
buscar a sua proteção na esfera publica reduz a
dimensão política à noção de representação dos
cidadãos, os quais, em troca da estabilidade do
poder e da paz , delegam ao Estado as ações
políticas. -
11OS PRINCIPAIS ELEMENTOS DO LIBERALISMO POLÍTICO
- 3. A concepção (negativa) da liberdade individual
como direito subjetivo. -
- Os indivíduos serão livres se forem deixadas
para si a escolha das suas decisões, definidas e
decididas num campo não arbitrário de
interferência. - A liberdade passa a ser chamada de negativa a
ausência de ações que podem criar impedimentos
arbitrários e indevidos à livre atividade dos
sujeitos. - A relação entre a lei e a liberdade é externa,
pois a primeira não promove a última. Ela é
apenas um instrumento de proteção da liberdade
como direito fundamental.
12OS PRINCIPAIS ELEMENTOS DO LIBERALISMO POLÍTICO
- 4. Individualismo, pluralismo e neutralidade do
poder político. - A constituição de mecanismos (políticos,
institucionais) de defesa e proteção do indivíduo
contra o Estado e, também, contra as massas ou
grupos, ou mesmo outros indivíduos. - Em razão do fato do pluralismo ético, cultural e
religioso, as leis tornam-se neutras, e o Estado
surge como instância imparcial para arbitrar
conflitos que resultam de interesses e de
direitos divergentes, mediante uma concepção
pública da justiça. - Uma sociedade concebida de forma pluralista
ampara a diversidade de concepções sobre a idéia
de melhor vida e diferentes estilos de
comportamento. - Essa sociedade pode cumprir as exigências de um
sistema político aberto e democrático, no qual
vários modos de vida competem.
13OS PRINCIPAIS ELEMENTOS DO LIBERALISMO POLÍTICO
- 5. A cidadania como intitulação de direitos.
- O cidadão é designado pelo seu status de
pertencimento ao Estado como indivíduo portador
de direitos, anteriores à esfera política. - A cidadania é um meio pelo qual o indivíduo faz
valer esses bens jurídicos e a sua condição de
titular dos mesmos, sobretudo, frente ao Estado. - Regramento adequado da ação segundo a regras
jurídicas. - O indivíduo passa a usufruir direitos na sua
condição de homem visando à garantia da sua
pessoa com privilégios e imunidades como forma de
compensação pela renúncia ao político, o qual
passa a ser instrumento para a proteção dos
direitos naturais ou morais.
14CRÍTICAS AO LIBERALISMO
- Hegel chamou atenção para a confusão,
presente nas teorias contratualistas do seu
tempo, entre a sociedade civil-burguesa - regida
pelos princípios do contrato do direito privado,
subordinada à lógica da associação contingente de
pessoas voltadas para os interesses particulares
-, e o Estado governado pelo princípio da
universalidade e da necessidade do direito
público que transcende os interesses privados e
independe da vontade associativa e contratual dos
indivíduos. - A autoridade pública deve intervir na
sociedade civil-burguesa para assegurar os
direitos da pessoa (universalmente estatuídos
como pressupostos emanados da Idéia de liberdade)
e o bem-estar daqueles que são prejudicados pelo
funcionamento liberal do sistema econômico
desta sociedade. - A sociedade liberal burguesa contém o
núcleo mistificador da opressão econômica, razão
pela qual a crítica da economia política
revela-se, também, como uma crítica da política.
- 1. A crítica hegeliana e marxista.
15CRÍTICAS AO LIBERALISMO
- 2. A crítica comunitarista.
- À doutrina política do individualismo ou do
atomismo liberal, Taylor opõe a tese do
concernimento social que remonta a Aristóteles e
a Hegel. - O liberalismo político desconsidera a presença
subjacente de valores comunitários historicamente
construídos e de necessários pressupostos
culturais. - Para o comunitarismo, as capacidades propriamente
humanas são desenvolvidas apenas em sociedade,
condição necessária para o desenvolvimento da
racionalidade, ... ou uma condição necessária
para tornar-se um agente moral no sentido pleno
do termo, ou para tornar-se um ser autônomo e
plenamente responsável.
16CRÍTICAS AO LIBERALISMO
- 3 A crítica schmittiana
- A tarefa de Schmitt é determinada pelo fato do
fracasso do liberalismo. O liberalismo negou a
política, mas, no entanto, ele não a eliminou do
universo ele simplesmente ocultou a política. - A defesa da especificidade do político passa, na
análise de C. Schmitt, pela necessária presença
da dimensão do conflito e do valor constitutivo
do antagonismo na vida social. - O objetivo é evitar a compreensão do político
pela racionalidade liberal-burguesa que pretende
explicá-lo segundo critérios exteriores, seja da
estrutura jurídica, seja da organização social ou
econômica da sociedade. - o recurso do liberalismo para evadir-se da
realidade histórica e conceitual do conflito é
recorrer a uma concepção pré-política da
intitulação de direitos, emasculando, desse modo,
o caráter eminentemente conflituoso do
pluralismo.
17CRÍTICAS AO LIBERALISMO
- 4. A crítica de habermasiana.
- Entre a alternativa liberal dos direitos humanos
e a soberania do povo do republicanismo, a
posição de Habermas inclina-se no sentido de
combinar esses dois modelos, conciliando a
autonomia privada dos membros da sociedade e a
autonomia política dos cidadãos. Isso é possível
mediante a explicitação conceitual do nexo
interno entre Estado de direito e democracia a
partir da dependência mútua entre as liberdades
de ação do sujeito privado e autonomia pública do
cidadão. - O kantismo republicano de Habermas permite
conciliar a liberdade dos modernos com a
liberdade dos antigos, a liberdade negativa
com a liberdade positiva, a tradição liberal
que privilegia os direitos fundamentais do
indivíduo com as liberdades políticas dos
indivíduos associados e que se auto-governam, na
linha da tradição democrática representada por
Rousseau.
18CRÍTICAS AO LIBERALISMO
- 5. A crítica do republicanismo.
- O republicanismo busca uma compreensão mais ampla
da política através de elementos que envolvem uma
compreensão nitidamente política do viver
comunitário, a partir dos quais as conquistas
modernas do liberalismo encontram uma
fundamentação e forma de realização mais
adequada. Esses elementos são a) análise da
liberdade como não-dominação b) a dimensão
social do viver político do homem, c) o
reconhecimento da legitimidade do direito e da
igualdade de todos, d) a idéia da comunidade
política como auto-governo dos cidadãos na
criação de leis que efetivam a liberdade, e) a
atuação política do cidadão através da prática de
virtudes políticas. -
19CRÍTICAS AO LIBERALISMO
- 6. A crítica nietzscheana e foucaultiana.
- A própria pretensão modernizadora do liberalismo
é reflexo do espírito de decadência, uma vez que
ela visa, em última instância à igualdade, ou
seja à equalização das diferentes perspectivas em
nome do princípio isonômico do direito, lógica
essa apropriada à moral de escravos. Nessa
medida, a modernidade política, sobretudo na
expressão do igualitarismo liberal e da
democracia socialista, está do lado das forças
reativas e se inscrevem numa lógica da
degenerescência, fazendo prevalecer o espírito da
mediocridade. - O ponto importante dessa demonstração
genealógica do poder jurídico é que o Estado
liberal, ao legitimar a forma jurídica do poder
na figura dos direitos subjetivos, assegurados
nas Constituições dos Estados liberais modernos,
deixa escapar, na rede fluida das normas
jurídicas, um vasto campo de ação do poder que
impregna os poros do tecido social a
micro-física do poder. O poder não se localiza
num ponto central, mas na multiplicidade de
correlação de forças imanentes ao domínio onde
se exercem e constitutivas de sua organização.
20CRÍTICAS AO LIBERALISMO
Ao dissociar a liberdade da política,
conseqüência da interiorização da liberdade na
consciência individual, o liberalismo dissemina a
concepção de que a liberdade começa onde a
política termina. O credo liberal quanto menos
política mais liberdade retrata a idéia de que a
própria política deve ser um instrumento para
assegurar a liberdade da política, uma vez que a
segurança e os direitos individuais necessitam de
uma política negativa, isto é, de uma ação
pública que não interfira na liberdade
individual, assegurando o seu pleno exercício. A
política deve se restringir aos interesses
privados que visam à manutenção da vida,
subordinando-se, assim, à esfera dos interesses
privados. Uma outra crítica ao
liberalismo diz respeito à noção de representação
política.