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Antologia Po

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Antologia Po tica Vin cius de Moraes O que uma antologia? Vinicius de Moraes Sensualismo er tico, carpe diem , Classicismo (sonetos), poesia social, MPB ... – PowerPoint PPT presentation

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Title: Antologia Po


1
Antologia Poética
  • Vinícius de Moraes

2
O que é uma antologia?
Antologia significa, etimologicamente, "coletânea
de flores" o termo remete à ideia de escolha,
coleção. Sendo assim, antologia é uma coleção de
trabalhos literários neste caso, coleção de
trabalhos poéticos.
3
  • Vinicius de Moraes
  • Sensualismo erótico, carpe diem, Classicismo
    (sonetos), poesia social, MPB (Bossa Nova),
    Teatro (Orfeu da Conceição), música infantil.
  • Forma e Exegese Poemas, Sonetos e Baladas Livro
    de Sonetos A Arca de Noé
  • De tudo ao meu amor serei atento
  • Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
  • Que mesmo em face do maior encanto
  • Dele se encante mais meu pensamento.
  • (Soneto de Fidelidade)

4
  • SONETO DE SEPARAÇÃO
  •  
  • De repente do riso fez-se o pranto
  • Silencioso e branco como a bruma
  • E das bocas unidas fez-se a espuma
  • E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
  •  
  • De repente da calma fez-se o vento
  • Que dos olhos desfez a última chama
  • E da paixão fez-se o pressentimento
  • E do momento imóvel fez-se o drama.
  •  
  • De repente, não mais que de repente
  • Fez-se de triste o que se fez amante
  • E de sozinho o que se fez contente.
  •  
  • Fez-se do amigo próximo o distante
  • Fez-se da vida uma aventura errante
  • De repente, não mais que de repente.

5
  • FELICIDADE
  •  
  • Tristeza não tem fim
  • Felicidade sim...
  • A felicidade é como a pluma
  • Que o vento vai levando pelo ar
  • Voa tão leve
  • Mas tem a vida breve
  • Precisa que haja vento sem parar.
  •  
  • A felicidade do pobre parece
  • A grande ilusão do carnaval
  • A gente trabalha o ano inteiro
  • Por um momento de sonho
  • Pra fazer a fantasia
  • De rei, ou de pirata, ou jardineira
  • E tudo se acabar na quarta-feira.

6
  • Antologia Poética, de Vinícius de Moraes,
    mostra diferentes fases do poeta. A primeira, nos
    anos 30, associa a mulher à tentação.
  • Já na fase seguinte, dos anos 40 em diante,
    Vinícius enfoca a realidade social e retrata o
    sexo sem pecado.

7
Ausência
  • Eu deixarei que morra em mim o desejo de
    amar os teus olhos que são docesPorque nada te
    poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente
    exausto.No entanto a tua presença é qualquer
    coisa como a luz e a vidaE eu sinto que em meu
    gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua
    voz.Não te quero ter porque em meu ser tudo
    estaria terminadoQuero só que surjas em mim como
    a fé nos desesperadosPara que eu possa levar uma
    gota de orvalho nesta terra amaldiçoadaQue ficou
    sobre a minha carne como uma nódoa do passado.Eu
    deixarei... tu irás e encostarás a tua face em
    outra faceTeus dedos enlaçarão outros dedos e tu
    desabrocharás para a madrugadaMas tu não saberás
    que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande
    íntimo da noitePorque eu encostei minha face na
    face da noite e ouvi a tua fala amorosaPorque
    meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos
    no espaçoE eu trouxe até mim a misteriosa
    essência do teu abandono desordenado.Eu ficarei
    só como os veleiros nos portos silenciososMas eu
    te possuirei mais que ninguém porque poderei
    partirE todas as lamentações do mar, do vento,
    do céu, das aves, das estrelasSerão a tua voz
    presente, a tua voz ausente, a tua voz
    serenizada.Rio de Janeiro, 1935

8
Este é um dos primeiros poemas em que aparece a
tentativa de representar a mulher amada e a
experiência amorosa como ponto de encontro entre
a transcendência e os apelos terrenos, entre
espírito e matéria.
9
A rosa de Hiroxima
  • Pensem nas criançasMudas telepáticasPensem nas
    meninasCegas inexatasPensem nas mulheresRotas
    alteradasPensem nas feridasComo rosas
    cálidasMas oh não se esqueçamDa rosa da rosaDa
    rosa de HiroximaA rosa hereditáriaA rosa
    radioativaEstúpida e inválidaA rosa com
    cirroseA anti-rosa atômicaSem cor sem
    perfumeSem rosa sem nada

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Numa postura humanista, em que cria figuras com
fortes tintas, o poeta canta contra a guerra.
Usando o verbo "pensar" no imperativo ("pensem"),
"convida-nos" a todos a refletir diante das
atrocidades causadas pela guerra e,
principalmente, a causada pelo mais novo rebento
gerado pelo ser humano a bomba atômica. A culpa
não é apenas de um indivíduo ou outro. A culpa, a
responsabilidade da destruição não é de um país X
ou Y, mas de toda a humanidade. O que está em
jogo aqui é a própria existência, ou melhor
dizendo, a própria sobrevivência humana.
11
É a bomba atômica
Coitada da bomba atômica Que não gosta de
matar Mas que ao matar mata tudo Animal e
vegetal Que mata a vida na terra E mata a vida do
ar Mas que também mata a guerra... Bomba atômica
que aterra! Bomba atômica da paz!
  • Vem-me uma angústia
  • Quisera tanto
  • Por um momento
  • Tê-la em meus braços
  • A coma ao vento
  • Descendo nua
  • Pelos espaços
  • Descendo branca
  • Branca e serena
  • (...)

12
A bomba adquire formas variadas, tais como pomba,
flor e arcanjo. O emprego de vocabulário
científico em várias passagens sugere a visão
técnica da criação do artefato de destruição Oh
energia, eu te amo, igual à massa/ Pelo quadrado
da velocidade/ Da luz!. São ainda empregados
termos ligados à poética parnasiana, que se
misturam ao tom coloquial e momentos de lirismo
quase infantil Vem caindo devagar / Tão devagar
vem caindo / Que dá tempo a um passarinho / De
pousar nela e voar... O uso das reticências no
final desse verso sugere o voo do passarinho. A
construção heterogênea do poema pelo emprego de
versos fixos em partes diversas, linguagens
variadas, intertextualidades, soma-se aos
recursos sonoros variados, tais como assonâncias
(Pomba tonta, bomba atômica) e aliterações
(Radiosa rosa radical)
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Sonetos
  • O soneto, forma literária clássica fechada, é uma
    composição de quatorze versos, dispostos em dois
    quartetos e dois tercetos, seguindo variavelmente
    os seguintes esquemas de rima abab / abab / ccd
    / ccd abba / abba / cde / cde ou abba / abba /
    cdc / dcd., sendo que o metro mais utilizado tem
    sido o decassílabo (com acento na 4ª, 7ª e 10ª).
    Por encerrar o conceito fundamental do poema, o
    último verso constitui o que chamamos de "fecho
    de ouro" ou a "chave de ouro".

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Com o soneto, o poeta mantém a expressão de um
lirismo controlado, ou seja, o sentimento e a
emoção líricos contêm-se nos limites do
equilíbrio e da harmonia. O poeta procura atenuar
os impulsos do "eu", isto é, de sua subjetividade
particular, em favor de uma visão impessoal ou
objetiva. Daí dizer que nos sonetos existe a luta
de um "eu" que ama e um "eu" que raciocina.
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Soneto de separação
  • De repente do riso fez-se o prantoSilencioso
    e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se
    a espumaE das mãos espalmadas fez-se o
    espanto.De repente da calma fez-se o ventoQue
    dos olhos desfez a última chamaE da paixão
    fez-se o pressentimentoE do momento imóvel
    fez-se o drama.
  • De repente, não mais que de repenteFez-se
    de triste o que se fez amanteE de sozinho o que
    se fez contente.
  • Fez-se do amigo próximo o distanteFez-se da
    vida uma aventura erranteDe repente, não mais
    que de repente.
  • Oceano Atlântico, a bordo do Highland Patriot, a
    caminho daInglaterra, 09.1938

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Este soneto, um dos mais populares de Vinícius, é
quase todo composto num jogo antitético, tais
como riso X pranto calma X vento triste X
contente e próximo X distante. O emprego dessa
figura de linguagem, ao longo do poema, revela as
mudanças na relação amorosa que se processam de
uma forma abrupta e inesperada. O poeta utiliza
um outro recurso, num belíssimo arranjo de
antíteses, para acentuar o dinamismo que
caracteriza o poema o emprego da forma verbal
"Fez-se" e de sua forma contrária "desfez". Esse
dinamismo expresso no soneto revela, sob certo
aspecto, a própria inconstância na vida amorosa
de Vinicius.
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Soneto da mulher inútil
  • De tanta graça e de leveza tanta
  • Que quando sobre mim, como a teu jeito
  • Eu tão de leve sinto-me no peito
  • Que o meu próprio suspiro te levanta.
  • Tu, contra quem me esbato liquefeito
  • Rocha branca! Brancura que me espanta
  • Brancos seios azuis, nívea garganta
  • Branco pássaro fiel com que me deito.

18
Mulher inútil, quando nas noturnas Celebrações,
náufrago em teus delírios Tenho-te toda, branca,
envolta em brumas. São teus seios tão tristes
como urnas São teus braços tão frios como
lírios É teu corpo tão leve como plumas.
19
Soneto com versos decassílabos com rimas opostas.
É um lirismo amoroso, no qual o eu lírico
idealiza e concretiza a mulher amada na ideia de
inutilidade do título. Entretanto, não há dúvida
quanto à necessidade de concretização do amor
físico pela ideia de posse completa sugerida pelo
verbo TER no presente do indicativo Tenho-a
toda . Interessante destacar a sonoridade
agradável do soneto pela presença de aliterações
e assonâncias.
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Poema enjoadinho
  • Filhos...filhos?
  • Melhor não tê-los!
  • Mas se não os temos
  • Como sabê-los?
  • Se não os temos
  • Que de consulta
  • Quanto silêncio
  • Como os queremos!
  • Banho de mar
  • Diz que é um porrete...
  • Cônjuge voa
  • Transpõe o espaço
  • Engole água
  • Fica salgada

21
O poema é de um lirismo quase pueril, mostra a
preocupação dos pais com os filhos, sugerindo que
se soubessem o trabalho que dariam melhor seria
não tê-los, mas como o poeta conclui Mas se
não os temos / Como sabê-los?
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Epitáfio
Aqui jaz o Sol O andrógino meigo E violento,
que Possui a forma De todas as mulheres E morreu
no mar.
  • Aqui jaz o Sol
  • Que criou a aurora
  • E deu a luz ao dia
  • E apascentou a tarde
  • O mágico pastor
  • De mãos luminosas
  • Que fecundou as rosas
  • E as despetalou

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É um soneto em versos curtos e brancos, marcado
por intenso lirismo ligado à natureza. O título
sugere a inscrição tumular do pôr do sol. Uma
imagem surpreendente é obtida pela expressão
andrógino meigo atribuindo ao sol um papel
tanto masculino quanto feminino, acentuando este
último pelo adjetivo e pelo fato de possuir a
forma de todas as mulheres, como afirma a estrofe
seguinte. Em diferentes civilizações antigas o
sol era visto ora como masculino, ora como
feminino, daí talvez a imagem ambíqua captada
pelo poeta.
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