Title: MESTRADO EM EDUCA
1MESTRADO EM EDUCAÇÃO MULTIMÉDIA Educação
Multimédia II Ano lectivo de 2005-2006 2º
Semestre
2Capítulo 7 Educação Científica
3- Descrever as tendências gerais da Educação
Contemporânea (7.1) - Revisitar os princípios e outros aspectos das
complexidades encontradas nos capítulos
anteriores, mais relevantes do ponto de vista
educacional (7.2) - Relatar a história recente da Educação
Científica (7.3) - Caracterizar o rumo que a Educação Científica
deverá seguir (7.4) - Caracterizar o Construtivismo Educativo (7.5),
uma forma pragmática que resulta de uma mistura,
em proporções adequadas dos seis tipos e
múltiplos subtipos de construtivismos que
encontrámos nos capítulos anteriores.
47.1 Tendências Gerais da Educação
Contemporânea Enfraquecimento das duas
principais instituições sobre que repousava a
Educação na Sociedade Industrial a Família
Patriarcal e o Estado-Nação. Novo Consenso da
Educação - Educação como chave para a
prosperidade económica futura (Drucker, 1993) -
Competição pela superioridade educativa. As
políticas nacionais devem visar a obtenção de
vantagens competitivas através do investimento em
Novas Tecnologias, melhoramento da qualidade dos
Recursos Humanos e reforma das políticas das
relações industriais. Tem-se verificado um
aumento dramático da frequência da Educação
pós-obrigatória, para não falar na terciária e
mesmo nas pós-graduações, principalmente as
inseridas na formação contínua.
5- Rejeição do modelo de Escola inspirado na
Sociedade Industrial - Senge et al (2000) sugere como alternativa ao
modelo mecanicista da Escola da Sociedade
Industrial um modelo vivo, que deveria, apontar
para uma - Aprendizagem centrada no aprendiz e não no
professor - Encorajar a variedade e não a homogeneidade,
contemplando as inteligências múltiplas (Gardner,
1999), os vários estilos cognitivos e as várias
disciplinas subjacentes às organizações
aprendentes - Explicar um mundo de interdependência e mudança
em vez de estimular a memorização de factos e a
procura das respostas correctas.
6- Cury (2004), enfatizando os aspectos psicológicos
da Educação, recomenda aos professores - Conhecerem o funcionamento da mente em vez de se
limitarem a ser eloquentes - Possuírem e cultivarem a sensibilidade em vez de
simplesmente aplicarem a metodologia - Educarem a emoção, em vez de se contentarem com
a educação da inteligência lógica - Usarem a memória como suporte da arte de pensar,
em vez de simplesmente como depósito de
informação - Serem mestres inesquecíveis em vez de mestres
temporários - Resolverem conflitos na sala de aula, em vez de
simplesmente corrigirem comportamentos - Educarem para a vida, em vez de educarem somente
para uma profissão
7- Características da Sociedade de Conhecimento
como a competição exigem inovação e portanto uma
educação para a autonomia e criatividade. - Exigências de competição colaborativa ou
coopetitividade implicam que se inverta a
tendência competitiva e se substitua pela
tendência colaborativa ou, pelo menos, por uma
adequada mistura das duas tendências. - A rápida taxa de crescimento e desactualização
do conhecimento, faz com que se insista não tanto
na aquisição de muitos conhecimentos, mas na
dotação de capacidades para os vir a construir
(aprender a aprender) e, por outro lado, na
Educação Contínua, ao longo da vida, como tão
importante como a Educação Inicial, que prepara
para a vida activa.
8- Uma das funções da Educação seria a de
desenvolver o capital intelectual dos estudantes,
especialmente nas seguintes vertentes - A criatividade
- A flexibilidade
- A capacidade de resolução de problemas
- O engenho
- A inteligência colectiva
- A confiança profissional
- O espírito de risco
- O aperfeiçoamento contínuo
- E outra a de desenvolver o seu capital social,
concretamente - A capacidade de formar redes
- A capacidade de construir relações
- A capacidade de contribuir para os recursos
humanos da Sociedade em geral
9A missão dos professores seria então
10Embora se espere que a Escola da Sociedade do
Conhecimento desenvolva as capacidades que
permitam a inovação, a flexibilidade e mesmo o
empenhamento na mudança, essenciais à
prosperidade económica dentro do novo tipo de
capitalismo, também se espera que ela contrarie
os efeitos perversos que estão associados a essas
capacidades, como o consumismo excessivo, a perda
do sentido de comunidade, o crescimento do fosso
entre ricos e pobres, a corrosão do carácter.
11Tudo isto aponta para uma série de funções da
Educação e consequentemente dos professores no
sentido de compensar estas deformações da
Sociedade do Conhecimento (Hargreaves, 2003)
12No entanto, os professores tornam-se muitas vezes
vítimas da Sociedade do Conhecimento, na medida
em que, pela competição que desencadeia, obriga a
uma estandardização e ao estabelecimento de
rankings de escolas, que vai contra os próprios
valores que defende (Hargreaves, 2003).
13O ensino na Sociedade do Conhecimento é uma
actividade complexa e paradoxal que envolve os
papéis de catalisador ou de ensinar para, de
contraponto ou de ensinar para além de, e de
vítima ou de ensinar apesar de.
14A Escola da Sociedade Industrial, tinha como
objectivo formar conhecedores, ao passo que a
Escola da Sociedade do Conhecimento visa
sobretudo formar aprendedores.
15- 7.2 A Educação Científica em face da
Epistemologia, Sociologia, Psicologia e das suas
relações - São determinante na Educação Científica não só as
tendências da Educação Contemporânea, como as
características dos pólos e eixos das suas
envolventes e que foram analisadas nos
capítulos anteriores. - A Contribuição da Ciência
- A Contribuição da Sociedade
- A Contribuição do Espírito
- A Contribuição da Relação Ciência-Sociedade
- A Contribuição da Relação Ciência-Espírito
- A Contribuição da Relação Espírito- Sociedade
16- A Contribuição da Ciência na Educação
Científica - A Educação Cientifica depende da maneira como
concebemos os conteúdos, no nosso caso a Ciência,
isto é da sua epistemologia - O que é a
Ciência? - Ciência como Projecto e não como Objecto de
Conhecimento - Encara os fenómenos (fenomenologia) em toda a
sua complexidade (modelação sistémica ) - Orientada por uma lógica de acção inteligente e
não de razão suficiente e que permite a Ciência
viver com o paradoxo - Com um novo discurso científico Epistemologia
Construtivista - Sistema Construtivista de classificação das
Ciências, que acaba com a dicotomia Pura /
Aplicada
17- A Contribuição da Sociedade para a Educação
Científica - A Educação Científica depende do que sabemos
sobre a Sociedade, não excluindo e até
valorizando os aspectos organizativos da Gestão,
as características da Economia e mesmo o papel do
lazer na Sociedade do Futuro, para o
aproveitamento racional pelo qual os cidadãos têm
que ser educados. - Sociedade mais consumidora de Ciência e
Tecnologia através de redes informacionais -
Sociedade em Rede. - Economia baseada na Inovação, dependente da
Investigação Científica. - Nova forma de Gestão organizações aprendentes
18- A Contribuição do Espírito para a Educação
Científica - Como funciona o Espírito?
- Basear as opções educativas no que se conhece das
tendências mais actualizadas da psicologia
educativa. - postura cognitivista construtivista
- introdução dos aspectos afectivos, mediados pela
inteligência emocional. - reaparecimento do estudo do comportamento
Conação - como um comportamento aberto e não
fechado e onde há lugar para a intencionalidade e
mesmo para a expressão da vontade.
19- A Contribuição da Relação Ciência-Sociedade
para a Educação Científica - De que maneira a complexa relação entre Ciência e
Sociedade se reflecte na sua Educação? - Ciência contextualizada pela grande premência
da Ciência na Nova Sociedade. - Ciência robusta, transdisciplinar, migrável, em
rede, sustentável, optimizável. - Processo de construção social da realidade
obtido pela integração de elementos pertencentes
a narrativas diferentes no mesmo Universo
Simbólico. - Novo modo (Modo 2 ) de Ensino da Ciência
20A Contribuição da Relação Ciência-Espírito para
a Educação Científica De que maneira a mais ou
menos modelada e distribuída relação entre
Espírito e Ciência o deve ser, e para que
finalidades? Pensamento científico como uma
relação dinâmica entre a distribuição cognitiva
envolvendo artefactos e parceiros de investigação
e a aprendizagem proveniente do andaimamento
cognitivo. A relação entre a Ciência e o
espírito de qualquer cidadão que pode ser de
sobrevivência e bem estar na Sociedade
Contemporânea, poderá ir desde uma Literacia
Científica até à participação no que se chama
Terceira Cultura.
21- A Contribuição da Relação Espírito-Sociedade
para a Educação Científica - Relação sistémica aberta em que a abertura
funciona para os dois lados (do Indivíduo e da
Sociedade). Caracterizada pela Comunicação e
pelas chamadas Competências Transferíveis que a
potenciam - Educar para a Assertividade que está na base da
maior parte das competências transferíveis e deve
caracterizar o comportamento Científico quando
atingir a autonomia. - e com base na técnica de Proximalização, pela
monitoração das actividades científicas quer de
estudantes quer de investigadores juniores na
Zona de Desenvolvimento Proximal, enquanto não
atingem a autonomia.
22- Síntese das contribuições" Os Comportamentos
desejáveis na Educação Científica - Sugere-se para o praticante de Ciência, seja ele
Cientista, Professor ou Estudante, um perfil de
projectista e de modelador ou pensador sistémico. - Uma educação para a assertividade alinhada com a
literacia científica, a criatividade e a inovação
e com base num desenvolvimento sustentável.
23- 7.3 História Recente da Educação Científica
- A Ciência, só há relativamente pouco tempo,
passou a integrar os curricula. - A importância da Ciência na Educação deriva da
sua importância para a Política - À institucionalização da Ciência seguiu-se a
Revolução Industrial, que provocou a
profissionalização da Ciência e criou,
naturalmente, novas exigências para a Educação
Científica (Aikenhead, 1994) - Após a Segunda Guerra Mundial e em plena Guerra
Fria, o lançamento do Sputnik, fez despertar o
então Bloco Ocidental, para o atraso da sua
Educação Científica. - Foi nessa altura investido muito dinheiro em
grandiosos projectos destinados a potenciar a
Sociedade
24Contudo, o paradigma de Educação Científica,
especialmente na procura da optimização da
eficiência, tem variado muito nas últimas
décadas
25- Antes de se pensar num esquema de Educação
Científica, principalmente para efeitos de
desenvolvimento curricular, deverá decidir-se
previamente qual o peso relativo de
institucionalização, profissionalização e
socialização que se pretende. - pode existir um conflito entre os modelos de
Educação Científica que se inspirem numa Ciência
decorrente da sua institucionalização
(top-down), a da sua socialização (bottom-up)
ou da sua profissionalização (horizontal ou
pragmática). - não se poderá esperar uma única tendência
curricular ou de investigação no campo da
Educação Científica. Tudo dependerá das
circunstâncias, muito especialmente da fase de
Educação relevante (Básica, Inicial ou Contínua)
e de se tratar de Educação Presencial, à
Distância ou Mista.
26As Possíveis Bases da Futura Educação
Científica A tendência actual para o Ensino das
Ciências é de um equilíbrio efectivo entre o
Conteúdo, o Processo e o Contexto
- É à volta duma base conceptual mínima que se têm
levantado as grandes discussões (Conteúdos) - Ensino dos processos mais motivador, ênfase na
capacidade de aprender a aprender e competências
transferíveis (Processos) - Produção científica contemporânea orientada pelo
contexto
27- Educação Científica contemporânea apoia-se em
algumas teorias, como por exemplo - Teoria da Cognição Distribuída
- Teoria da Cognição Situada
- Teoria da Actividade
- Construcionismo, Construcionismo Social e
Construcionismo Distribuído - Teoria da Flexibilidade Cognitiva
- E em algumas práticas, mais ou menos inspiradas
nestas teorias, de que destacamos - A Instrução Ancorada
- Aprendizagem Situada
- Cenários baseados em Metas
- Aprendizagem baseada em Problemas
- Micromundos e Simulações
- Suporte em Computador para Aprendizagem
Colaborativa - Ambientes de Construção de Conhecimento e
Negociação
28 O Construtivismo Educacional Em todos os
tipos de construtivismo que fomos encontrando
epistemológico, social, psicológico,
sócio-cultural, conteudal e psico-social - está
subjacente a ideia de que a aprendizagem é
fundamentalmente um ajustamento dos nossos
modelos mentais, obtidos respectivamente por
projecto, consenso, adaptação, contextualização,
apropriação ou proximalização, de forma a
acomodar as experiências, descrição esta que pode
constituir uma base, embora heterogénea, do
construtivismo como filosofia de aprendizagem
(Brooks Brooks, 1993), a que poderemos chamar
construtivismo educacional. Para todos estes
construtivismos a organização do conhecimento é
feita pelo Homem e não aparecer como um dado
objectivo da Natureza.
29- Segundo Von Glaserfeld (1996)
- O conhecimento não é recebido passivamente mas é
construído activamente pelo sujeito conhecedor - A função da cognição é adaptativa e posta ao
serviço do Sujeito para construir explicações
viáveis das experiências e organizar o Mundo e
não a descoberta da da realidade objectiva e
ontológica. - O processo de construção do conhecimento está
dependente da Sociedade da qual o indivíduo faz
parte - O construtivismo educacional, não aceita a
comparação directa do modelo mental construído
com o Mundo exterior, mas procura estudar como é
que o sujeito escolhe entre diferentes
construções a melhor ou mais correcta, usando os
critérios de consenso, coerência (no
construtivismo radical) e adequação (no
construtivismo moderado).
30- O Construtivismo conduz a uma prática que
sustenta que - o conhecimento reside nos indivíduos e não lá
fora - as palavras não são embalagens de conceitos
(havendo que negociar significados) - a estratégia de aprendizagem é, geralmente, de
resolução de problemas - os outros são muito importantes (pois provocam
perturbações que ao resolverem-se conduzem à
aprendizagem cooperativa ou mesmo colaborativa) - a experiência é muito importante mas visa
provocar uma harmonização parcial com a realidade
(já que os sentidos não são condutas através das
quais a verdade seria transmitida a partir do
exterior) - a Ciência, numa perspectiva construtivista, não
é a procura da Verdade mas a tentativa de fazer
com que o Mundo faça sentido - os conhecimentos prévios dos aprendizes são
muito importantes.
31- A aprendizagem deve desenvolver-se em torno das
questões à volta das quais as pessoas estão a
estudar - O significado exige a compreensão do todo e não
só das partes e estas devem ser compreendidas no
contexto dos todos a que pertencem. - Para se ensinar bem é preciso compreender bem os
modelos mentais que os estudantes usam para a
percepção do mundo e os pressupostos que fazem
para suportar esses modelos - A finalidade da aprendizagem não é memorizar as
respostas que veiculam o significado correcto
concebido pelos peritos, como acontece com o
processo tradicional de avaliação, devendo este
ser substituído pela integração da avaliação na
própria aprendizagem, garantindo que os
estudantes se mantenham informados sobre a
qualidade das suas aprendizagens.
32- A sua implementação terá implicações ao nível
- do currículo que deverá ser inspirado na
resolução de problemas e deixar de ser
padronizado mas adaptado aos conhecimentos
prévios dos alunos - da instrução em que a ênfase da função dos
mediadores (entre os quais os professores) é
posta em estabelecer ligações entre factos para
promover a compreensão dos estudantes, talhando
as estratégias de ensino com as respostas dos
estudantes, devendo também encorajar os
estudantes a analisar e predizer a informação,
usando especialmente perguntas abertas e
promovendo o diálogo presencial ou à distância
entre estudantes. - E quanto à avaliação o construtivismo não
recomenda a componente competitiva mas sim a
cooperativa ou mesmo colaborativa e incorpora a
avaliação no próprio processo de aprendizagem de
forma a obrigar os estudantes a reflectirem sobre
o seu progresso
33- O construtivismo na Educação Científica implica
- A aprendizagem é uma construção activa com base
nas concepções já existentes, sendo essas
concepções, não necessariamente só sobre o
conteúdo da Ciência, mas também sobre os
processos da Ciência e também sobre a visão
(filosófica) da Ciência, tanto, pedras de
construção como obstáculos epistemológicos às
novas aprendizagens que tendem a estabelecer a
equilibração cognitiva e se podem fazer ou
gradualmente por incremetação (segundo Piaget,
por assimilação) ou por mudança conceptual
(segundo Piaget por acomodação). - A construção do conhecimento é provisória
- O conhecimento construído precisa de ser viável,
isto é de ser útil para o indivíduo ou para o
grupo, já que os constructos que não se revelam
úteis, não sobrevivem. - O processo de construção tem sempre uma
componente social
34- O conhecimento é construído fisicamente pelos
aprendizes que se envolvem em aprendizagem activa - O conhecimento é construído simbolicamente pelos
aprendizes ao interiorizarem a representação da
acção - O conhecimento é construído socialmente pelos
aprendizes ao tentarem comunicar o seu
significado aos outros - O conhecimento é construído teoricamente pelos
aprendizes que tendem explicar as coisas que não
compreendem completamente - Isto implica que a tarefa fundamental dos
professores não seja o planeamento da instrução
mas sim o design da aprendizagem -