Title: A
1AÇÃO EDUCATIVAQUALIDADE COMO
DIREITOVanda Mendes RibeiroSão
Paulo2012vandaribeiro2_at_gmail.com
2- Recorte
-
- QUALIDADE COMO DIREITO E JUSTIÇA NA ESCOLA
3- JUSTIÇA NA ESCOLA DO QUE SE TRATA?
- A relação teoricamente construída entre justiça e
escola pode ser considerada como o debate que
apoia a compreensão de quais são os princípios de
justiça que orientam, delimitam e justificam a
distribuição do bem social educação escolar, por
meio de políticas e práticas educacionais e que
permitem identificar suas consequências, no
âmbito da escola e da sociedade
4- JUSTIÇA NA ESCOLA DO QUE SE TRATA?
- A educação escolar é considerada um bem social.
- Bens sociais são tudo o que é produzido pela
sociedade e cuja distribuição necessita de
critérios justos, que possam ser considerados
legítimos. - O direito social, no âmbito dessa discussão, é um
meio legítimo de distribuição de bens sociais em
sociedades democráticas nas quais os indivíduos
se representam como livres e iguais e, por outro
lado, nas quais a origem social continua afetando
a possibilidade da igualdade e da liberdade.
5- Breve discussão sobre liberdade e igualdade nas
sociedades democráticas - O fim do feudalismo representou também o fim da
ideia de posições sociais fixas devido ao
nascimento. - Consolidou-se a noção de que todos são iguais e
livres. - Necessidade de fixação de regras, de direitos e
deveres (contratualistas). - Descoberta de que a igualdade e a liberdade é uma
representação social, mas que a origem social
continuava determinando situações de não
igualdade e de não liberdade (Marx). - Atrelamento da ideia de justiça às relação
sociais (Marx e os utilitaristas). - Os direitos sociais vêm sob a égide desse
atrelamento entre justiça e relações sociais o
Estado deve agir para que a distribuição de bens
seja mais justa e a coesão social seja garantida. -
6- Breve discussão sobre, liberdade, igualdade e
desigualdade social nas sociedades democráticas - Até então a escassez e o conflito eram pensados
muito mais fortemente no plano da política
(contratualistas). As regras para acesso aos bens
definem-se sobremaneira em função da
responsabilidade do indivíduo livre e igual. - A partir do surgimento da questão social as
regras de distribuição de bens passaram a
considerar a situação de origem do indivíduo. Há,
portanto, situações sociais de grupo, de classe
- que incidem sobre a possibilidade do indivíduo
ser igual, de cooperar, de viver em sociedade, de
poder ter autonomia, de acatar regras. - O conceito de desigualdade social se reporta a
diferenças de distribuição de bens entre pessoas
ou grupos de pessoas que não são consideradas
socialmente legítimas.
7- Breve discussão sobre, liberdade, igualdade e
desigualdade social nas sociedades democráticas - As teorias distributivas da justiça divergem em
relação à proposição de que o acesso aos recursos
escassos depende também de relações sociais sobre
as quais o indivíduo não tem governabilidade
Rawls a admite, Nozick não. - Rawls introduz o chamado princípio da diferença
é justo fazer correções sobre situações advindas
da igualdade de oportunidades porque o indivíduo
é também fruto da sociedade. - Mas para ele a justiça na distribuição não pode
prescindir da igualdade e da liberdade básica. - Situação que o diferencia de igualitaristas puros
para os quais a liberdade básica dos indivíduos
pode ser desconsiderada em nome de um bem maior
que seria a igual distribuição de recursos.
8- Breve discussão sobre, liberdade, igualdade e
desigualdade social nas sociedades democráticas - Mas como situações de origem afetam a igualdade
de oportunidades, portanto a meritocracia não
pode ser o único critério de distribuição. - É preciso que haja correção ao longo do tempo é
preciso que haja equidade. - Equidade remete à necessidade de correção da
desigualdade. - Nessa linha, propõe-se arranjos institucionais
(Estado) que zelem pela equidade ou que sejam
capazes de gera-la. - Há críticas à linha rawlsiana pelo grande peso
que dá ao Estado em detrimento do ator (Amartya
Sen) em detrimento da ideia de comunidade, da
cultura (Michel Walzer). - Suas ideias foram fundamentais para definições de
políticas sociais após os anos 60.
9- A apropriação dessa discussão para pensar o
Direito à Educação Básica - Nos anos 60 o relatório Coleman mostrou, nos EUA,
que o rendimento escolar era fundamentalmente
explicado pelo nível socioeconômico das famílias.
- Na França, Bourdieu e Passeron, no mesmo período,
mostraram o mesmo não havia motivos para tanta
comemoração devido à chamada democratização da
educação escolar os filhos de operários galgavam
profissões próximas a de seus pais. O contrário
ocorria com os filhos de industriais. Os autores
trabalharam o conceito de violência simbólica
para mostrar que a escola contribuía com a
desigualdade social. - Surge nesse momento histórico o conceito de
desigualdade escolar vinculado à ideia de
rendimento dos alunos até então esse conceito
era estudado na relação com acesso à escola e
seus recursos.
10- A apropriação dessa discussão para pensar o
Direito à Educação Básica - Os estudos sobre o rendimento dos alunos por meio
de testes padronizados permitiram observação de
correlação entre desigualdade escolar e
desigualdade social. - A trajetória escolar está correlacionada com a
desigualdade social. - A desigualdade escolar afeta e é afetada pela
desigualdade social. - Faz então sentido fazer uso das ideias das
teorias da justiça distributiva para pensar a
distribuição do bem social educação escolar
trata-se de um recurso que define posições
sociais, que afeta distribuição de outros
recursos.
11- A apropriação dessa discussão para pensar o
Direito à Educação Básica - Quais as principais questões para esses autores?
- 1. As sociedades democráticas capitalistas vivem
a contradição de valorizar liberdade e igualdade
e ao mesmo produzir permanentemente desigualdade.
- 2. A meritocracia, nesse tipo de sociedade, é
responsável por articular a igualdade e a
hierarquia de posições sociais, de modo que se
evite o retorno à noção de castas. - 3. A desigualdade escolar afeta a trajetória
escolar das crianças e sua dignidade. - 4. A desigualdade escolar impacta a configuração
da desigualdade social. - 5. A educação básica é direito obrigatório
subjetivo. - 6. Se há correlação entre desigualdade social e
desigualdade escolar não é justo que, na educação
básica de direito obrigatório a distribuição do
bem social educação escolar seja pautada em
princípios de justiça meritocrática.
12- A apropriação dessa discussão para pensar o
Direito à Educação. - Qual então o melhor princípio de justiça para a
distribuição do bem social educação escolar na
educação básica? - A igualdade de base.
- O princípio de justiça corretiva juntamente com a
ideia de igualdade de base (igualdade de
conhecimentos adquiridos).
13- A apropriação dessa discussão para pensar o
Direito à Educação. - A dimensão de resultados em termos de rendimento
escolar, de aprendizagem, de desempenho é
relevante para pensar a justiça na escola. - Na educação básica não é justo permitir
diferenças de resultados em termos de
aprendizagem/desempenho que afetem negativamente
a dignidade das crianças, sua trajetória escolar
e a posição que os indivíduos galgam no futuro. - Entra em cena, portanto a justiça como equidade
na escola que somente pode ser fruto da política.
14- Justiça na escola e Qualidade como Direito
- No Brasil, o conceito de qualidade na educação
foi inicialmente demarcado numa relação
contraditória entre a necessidade de promover o
acesso à educação e a igualdade de oportunidades
e constante preocupação, por parte de educadores
e especialistas da área, com o nível da qualidade
de ensino (Azanha). - Para as elites houve redução da qualidade da
educação pública, mas para os pobres não
(Beisigel). - Primeiramente, a questão da qualidade foi
discutida na relação com acesso, depois com fluxo
e mais recentemente incluiu a questão dos
resultados medidos por teste padronizado de larga
escala (Oliveira Araújo, 2005)
15- Justiça na escola e Qualidade como Direito
- Para Oliveira (2010), o conceito de qualidade
abarca três dimensões insumos, processos e
resultados. - Há autores que situam a discussão sobre qualidade
fazendo referência à entrada, no país, de
referências mercadológicas no campo da educação
(Gusmão, 2009). - Pesquisadores e educadores têm procurado mostrar
que eficácia escolar é parte do conceito de
qualidade de educação, mas não exaure seu
significado. - Esses componentes do conceito de qualidade da
educação perpassam também a literatura
internacional. - Adams (1993) informa haver pelo menos seis
visões de qualidade presentes entre os
educadores qualidade como reputação qualidade
como insumos e recursos qualidade como processo
qualidade como conteúdo qualidade como
rendimento acadêmico ou resultados educacionais
e qualidade como valor agregado.
16- Justiça na escola e Qualidade como Direito
- Em 2000, o Unicef estabeleceu que, para a
instituição, qualidade da educação inclui - 1 - Aprendizes com saúde, bem nutridos e prontos
para participar e aprender, com apoio das
famílias e das comunidades 2 - Meio ambiente
saudável, seguro, protegido, sensível às questões
de gênero, com recursos adequados e que
facilitam 3 - Conteúdos organizados em um
currículo relevante e materiais para a aquisição
de habilidades básicas, especialmente nas áreas
de aprendizagem da língua materna, do raciocínio
lógico, da matemática e habilidades para a vida,
com conhecimentos sobre gênero, saúde, nutrição,
HIV/AIDS e paz
17- Justiça na escola e Qualidade como Direito
- Em 2000, o Unicef estabeleceu que, para a
instituição, qualidade da educação inclui - 4 - Processos que treinam os professores para uma
relação ensino e aprendizagem que coloca o aluno
no centro, ajudando-os a manejar a sala de aula e
as escolas e a fazer avaliações que facilitam a
aprendizagem e reduzem as disparidades 5 -
Resultados que denotem conhecimento, habilidades
e atitudes vinculados aos objetivos nacionais
para educação e participação na vida social.
18- Justiça na escola e Qualidade como Direito
- Quando se discute qualidade na educação,
discute-se necessariamente os meios de
distribuição da educação escolar processos e
insumos. - E dependendo da concepção política que se tem,
considera-se que resultados é uma dimensão de
qualidade. - Para igualitaristas liberais e também para
igualitaristas a dimensão das consequências das
distribuições dos bens escassos são relevantes
para a consecução de objetivos maiores coesão
social, transformação social, diminuição da
desigualdade. - Para os libertaristas puros, a dimensão das
consequências das distribuições não são
relevantes importando apenas que o processo de
distribuição seja justo. - Para pensadores que seguem essa linha a
distribuição expressa ações e responsabilidades
individuais.
19- Justiça na escola e Qualidade como Direito
- Libertaristas puros consideram que o Estado não
precisa entrar zelar pelas consequências das
distribuições, apenas para os processos de
distribuição sejam justos. - Igualitaristas liberais e igualitaristas aceitam
a proposição de que a origem social determina
desigualdades sociais. - Para eles, o Estado deve agir pela igualdade.
- Igualitaristas liberais buscam o equilíbrio entre
igualdade e liberdade por meio da equidade. - Igualitaristas puros abrem mão da liberdade me
nome da igualdade. - Todas essas premissas impactam as dicussões
teóricas sobre qualidade da educação.
20- Justiça na escola e Qualidade como Direito
- Libertaristas puros consideram que o Estado não
precisa entrar zelar pelas consequências das
distribuições, apenas para os processos de
distribuição sejam justos. - Igualitaristas liberais e igualitaristas aceitam
a proposição de que a origem social determina
desigualdades sociais. - Para eles, o Estado deve agir pela igualdade.
- Igualitaristas liberais buscam o equilíbrio entre
igualdade e liberdade por meio da equidade. - Igualitaristas puros abrem mão da liberdade me
nome da igualdade. - Em meio a essa discussão há o lugar do ator, do
sujeito. - Todas essas premissas impactam as discussões
teóricas sobre qualidade da educação e os
conceitos em pauta.
21- Justiça na escola e Qualidade como Direito
- Considerando-se que a origem social impacta a
igualdade, é lógico considerar relevante a
verificação dos resultados das distribuições por
parte do Estado. - Quando se o valor está colocado sobre o indivíduo
e sua responsabilidade nos processos de
distribuição considera-se que o critério de
distribuição é o mérito. - Então os resultados serão necessariamente justos.
- O Estado não terá que verificá-los para adotar
medidas de correção. - A discussão de qualidade na educação está no
campo de valores e, portanto, no campo da
política e no centro da disputa pela distribuição
do bem escolar. - A discussão sobre princípios de justiça para a
distribuição de bens escassos pode contribuir
para a compreensão das razões dos conflitos que
estão por trás dos fervorosos discursos pela
qualidade da educação pública no Brasil.
22- Justiça na escola e Qualidade como Direito
- Está em disputa a distribuição de um bem social
que sempre esteve nas mãos das elites a educação
escolar. - O Brasil tem dificuldade histórica de distribuir
recursos escassos que incidem sobre o aumento da
igualdade
23Base conceitual
24- François Dubet (2008, 2009)
- A meritocracia não pode ser o critério de
distribuição do bem social educação escolar na
educação básica porque esse bem é direito
obrigatório subjetivo, há correlação entre
desigualdade escolar e social e a desigualdade
escolar afeta a dignidade das crianças, sua
trajetória escolar e impacta a desigualdade
social. - Igualdade de base todos devem alcançar nível
adequado de desempenho condizente com o que se
estabelece como necessário numa dada etapa da
escolaridade. - O sistema escolar mais justo é aquele que garante
o mais alto nível escolar à maior parte dos
alunos, sobretudo aos menos favorecidos. - O sistema escolar massificado vivencia conflitos
entre princípios de justiça. - Arranjos institucionais que lidem constantemente
com esses conflitos, tendo como objetivo a
igualdade de base, podem alterar positivamente os
níveis de justiça na escola de educação básica. -
25- John Rawls (2003, 2006)
- Propõe critérios para distribuição de bens
escassos no âmbito de sua teoria justiça como
equidade, para além da meritocracia, tendo em
vista a importância da igualdade e da cooperação
social. - O equilíbrio entre igualdade e liberdade
necessário à democracia depende de arranjos
institucionais (atuação do Estado) que preservem
liberdades básicas iguais igualdade equitativa
de oportunidades (condições de acesso a cargos e
posições) e princípio da diferença (menos
favorecidos precisam se beneficiar ao máximo nos
processos de distribuição). - A meritocracia como único critério de justiça não
garante justiça, embora a igualdade de
oportunidades seja relevante na democracia. Seu
princípio da diferença admite correção da
distribuição porque o capitalismo gera
desigualdade e, portanto, distorções ao longo de
gerações, as quais afetam a igualdade e a
cooperação social.
26- John Rawls (2003, 2006)
- Propõe critérios para distribuição de bens
escassos no âmbito de sua teoria justiça como
equidade, para além da meritocracia, tendo em
vista a importância da igualdade e da cooperação
social. - O equilíbrio entre igualdade e liberdade
necessário à democracia depende de arranjos
institucionais (atuação do Estado) que preservem
liberdades básicas iguais igualdade equitativa
de oportunidades (condições de acesso a cargos e
posições) e princípio da diferença (menos
favorecidos precisam se beneficiar ao máximo nos
processos de distribuição). - A meritocracia como único critério de justiça não
garante justiça, embora a igualdade de
oportunidades seja relevante na democracia. Seu
princípio da diferença admite correção da
distribuição porque o capitalismo gera
desigualdade e, portanto, distorções ao longo de
gerações, as quais afetam a igualdade e a
cooperação social.
27- Marcel Crahay (2000)
- A justiça e a eficácia na escola de educação
básica dependem da consideração às condições que
as pesquisas já evidenciaram que favorecem a
aprendizagem e também dos princípios de justiça
que sustentam e legitimam as práticas escolares e
as políticas educacionais. - Ao longo da história, as políticas educacionais
vêm sendo influenciadas por três distintas
ideologias pedagógicas - Igualdade de oportunidades princípio de justiça
meritocrática noção de que as pessoas têm dons
naturais. Meritocracia é incompatível com a noção
de direito obrigatório subjetivo a ideia de dom
não tem sustentação científica. - Igualdade de tratamento critica a meritocracia,
mas ao tratar desiguais como iguais, na prática,
não leva a rupturas. - Ideologia da igualdade de conhecimentos
adquiridos apregoa que todas as crianças podem
aprender o que se define como necessário. Para
tanto leva em consideração o modo como as
crianças aprendem (relação entre oportunidades
educativas de qualidade, condições afetivas do
momento e respeito ao tempo de aprendizagem).
Fundamenta-se pelo princípio de justiça corretiva
(distribuição equitativa da educação escolar, não
importando questões de mérito).
28- Outras referências importantes
- Wanderley Guilherme dos Santos (1979) a equidade
é fruto da política, mas depende também de
condicionalidades. - Fábio Waltenberg (2008) há, no campo
educacional, vários modos de conceber a relação
entre justiça e escola. Esses modos têm vínculos
com distintas teorias da justiça, as quais
valorizam diferentemente a satisfação geral das
pessoas, a igualdade e a liberdade. - João Barroso (2005) regulação é um modo de
coordenação dos sistemas educativos e pode,
portanto, ser observada em qualquer sistema/rede
de ensino. - Maroy e Dupriez (2000) e Barroso (2005) a
regulação pressupõe regulação institucional e
regulação horizontal. - Barroso (2005) e Maroy (2011) a regulação dos
sistemas de ensino vêm passando por
transformações - de características burocráticas
para pós-burocráticas, expressas principalmente
por dois modelos de tipo ideal Estado avaliador
e quase-mercado. - Barroso (2005) regulação burocrática autonomia
pedagógica dos professores aliança
Estado-sindicatos foco no acompanhamento das
normas e combinados prévios e não sobre
resultados educacionais.
29- Outras referências importantes
- Estado avaliador governança por resultados.
Objetivos e programas são definidos de maneira
central e unidades de ensino têm grande autonomia
de gestão pedagógica e financeira para alcance de
objetivos negociados. Difunde-se cultura de
avaliação. - Quase-mercado objetivos e currículo são
definidos centralmente e delega-se aos
estabelecimentos a autonomia para escolher meios
adequados para alcance dos fins. Instaura-se
livre escolha da escola pelos usuários que também
participam do financiamento. Os estabelecimentos
são colocados em concorrência. - Beard (2008) e Reynaulds et al (2008) pesquisas
sobre eficácia escolar são preponderantemente
realizadas por meio de pesquisas quantitativas e
focadas na identificação de fatores que impactam
o desempenho dos alunos, sobretudo os
intraescolares. Pesquisas do campo do
melhoramento escolar são preponderantemente
qualitativas e estão interessadas na
implementação das políticas educacionais. - Palumbo 199? políticas educacionais é objeto
de pesquisa fluido que pode ser apreendido por
meio dos seus processos de implementação.
30- Síntese do quadro conceitual
- A equidade e a igualdade de base na educação
básica na sociedade democrática capitalista são
fruto da política, de arranjos institucionais
favoráveis, exigem vigilância sobre processos e
resultados e dependem também de fatores que atuam
como condicionalidades da implementação das
políticas. - A regulação institucional é parte do conceito de
regulação e expressa aspectos da implementação
das políticas educacionais no que tange à ação
dos órgãos dirigentes da Educação visando
alcançar as suas intencionalidades, as
finalidades educacionais estabelecidas, as
decisões políticas. Tal regulação ocorre por meio
de estratégias arte de explorar condições
favoráveis para o alcance de objetivos. - A regulação horizontal é dimensão fundamental da
regulação porque expressa a contrapartida de
atores face à regulação institucional. - Redes de ensino justas ou equitativas no ensino
fundamental experimentam situação de desempenho
de todos os alunos compatível com o conhecimento
que todos devem denotar, numa dada etapa da
escolaridade, gerando baixa desigualdade escolar
e desempenho adequado daqueles que têm nível
socioeconômico (NSE) mais baixo. - Redes de ensino mais justas são aquelas que mais
se aproximam dessa situação de cumprimento do
critério de igualdade de base.
31Questões de pesquisa
32- Questões de pesquisa
- Redes de ensino mais justas adotam padrão de ação
compatível com a ideologia pedagógica nomeada por
Crahay (2000) de ideologia da igualdade de
conhecimentos adquiridos? - Como as redes municipais do estado de São Paulo
se comportam frente à igualdade de base (nos anos
iniciais do ensino fundamental)? - Redes de ensino mais justas contam com
estratégias de regulação institucional
compatíveis com a noção de vigilância sobre a
implementação de políticas e sobre resultados
educacionais? - Junto às condicionalidades de implementação de
políticas educacionais em redes de ensino mais
justas há fatores favoráveis e dificuldades com
as quais estratégias de regulação institucional
mantêm interlocução?
33Metodologia
34- Metodologia
- Para verificar igualdade de base nas redes
estudadas e padrão de ação nas redes mais justas,
compatível com o construto teórico ideologia da
igualdade de conhecimentos adquiridos pesquisa
quantitativa junto aos microdados da Prova Brasil
2007. - Índice de Nível Socioeconômico (NSE) dos alunos
das redes públicas do ensino fundamental do
estado de São Paulo parâmetro de desigualdade
social que afeta a desigualdade escolar. - Análise de cluster - 69 grandes redes municipais
do estado de São Paulo com o objetivo de
identificar redes mais justas.
35- Metodologia pesquisa quantitativa
- Critérios para análise de cluster desempenho
médio dos alunos desigualdade escolar
(coeficiente de variação do desempenho dos alunos
em Matemática) NSE dos alunos. - Dois cortes na escala de proficiência da Prova
Brasil cuja interpretação pedagógica indica nível
adequado de desempenho dos alunos em Matemática
200 (Alves, 2009) e 225 (MEC, 2008) para
precisar a relação das redes com a ideia de
igualdade de base. - Por meio desses cortes verifiquei a pertinência
da análise de cluster, tendo em vista o objetivo
de detectar redes de ensino mais justas. - Análise fatorial índice sintético para medir
comparativamente a relação de cada rede estudada
com o construto teórico ideologia da igualdade de
conhecimentos adquiridos, elaborado à luz de
Crahay (2000). - Construto teórico selecionei perguntas dos
questionários associados à Prova Brasil 2007
justificando a relação das variáveis com a noção
de ideologia da igualdade de conhecimentos
adquiridos.
36- Metodologia pesquisa qualitativa
- Em redes mais justas há estratégias de regulação
institucional compatíveis com a noção de
vigilância sobre processos e resultados? Há
interlocuções entre estratégias de regulação
institucional e condições de implementação das
políticas nessas redes? - Estudos de dois casos duas redes de ensino mais
justas - Marília e Indaiatuba. - Fiz uso das informações coletadas no âmbito da
Pesquisa Ideb e efetivei procedimentos de
pesquisa complementares. - A Pesquisa Ideb coletou informações pautada em
observações in loco e roteiros pré-estruturados
elaborados a partir de um quadro com indicadores
e aspectos relativos a vários processos de
implementação de políticas educacionais
(planejamento, formação, avaliação e
acompanhamento da aprendizagem, avaliação do
desempenho dos profissionais de educação, dentre
outros). - .
37- Metodologia pesquisa qualitativa
- Selecionei os processos de planejamento e de
avaliação e acompanhamento da aprendizagem dos
alunos e do desempenho dos profissionais de
educação. - Delineados os processos acima, identifiquei e
analisei estratégias de regulação institucional. - Tratei informações relativas às condicionalidades
das políticas educacionais com base em Santos
(1979). Em seguida, analisei relações entre tais
condicionalidades e as estratégias de regulação
institucional identificadas. - Foram realizadas visitas de campo e entrevistas
com ex-secretárias secretárias atuais técnicos
das secretarias diretores e coordenadores
pedagógicos de escolas uma voz discordante da
política educacional. Período junho de 2009 a
agosto de 2011. - Foram feitas entrevistas por telefone e e-mail em
2011 e 2012.
38- Principais conclusões
- A operacionalização do conceito de igualdade de
base a partir dos microdados da Prova Brasil 2007
foi possível e contribuiu, de forma satisfatória,
para identificar redes de ensino mais justas
dentre as redes municipais do estado de São Paulo
(nos anos iniciais do ensino fundamental). - As grandes redes municipais públicas de ensino do
estado de São Paulo não cumprem o critério de
igualdade de base. Porém, há redes desse porte
que mesmo em condições socioeconômicas menos
favoráveis conseguem elevar mais alunos,
inclusive aqueles de NSE mais baixo, a níveis
adequados de desempenho em Matemática. Três
dessas redes se destacam Marília, Indaiatuba e
Sertãozinho.
39Médias de NSE, desempenho dos alunos em
Matemática na Prova Brasil 2007 e CV desses
desempenhos por agrupamentos.
Fonte Inep. Microdados da Prova Brasil 2007
/ questionários associados. Elaborada pela
autora.
40Redes escolares municipais mais justas do estado
de São Paulo (mais de cinco mil matrículas 4ª
série/ 5º ano EF)
Municípios Média NSE dos alunos Proficiência média dos alunos CV Média das proficiências dos alunos tercil menor NSE alunos 200 ou mais alunos 225 ou mais alunos 200 ou mais (tercil NSE mais baixo) alunos 225 ou mais (tercil NSE mais baixo)
Araçatuba -0,1 211,11 0,21 206,36 59,3 37,1 54,4 33,2
Barretos -0,11 210,56 0,21 203,82 58,2 37,6 52,2 31
Caraguatatuba -0,16 206,43 0,22 200,18 53,1 32,3 47,2 26,6
Franca -0,2 212,38 0,22 207,72 59,2 38,7 55,6 33,2
Guaratinguetá -0,11 205,02 0,21 196,63 51,2 31,1 42,8 22,8
Indaiatuba -0,06 225,2 0,19 219,22 71,6 50,9 65,8 45,9
Itapetininga -0,23 209,34 0,22 199,4 59,2 34,9 52,5 27,3
Itapeva -0,3 213,48 0,22 206,69 58,5 39,1 52,2 32,6
Itatiba -0,07 209,05 0,21 198,2 55,6 35,4 45,1 25,7
Leme -0,19 204,96 0,22 195,22 50,2 31 42,4 22,7
Lorena -0,12 206,13 0,2 197,63 54,1 32,7 47,6 26,6
Marília -0,13 225,43 0,22 216,21 68,2 49,4 61,4 41,4
Mogi das Cruzes -0,12 207,33 0,21 200,04 54,2 33,5 47,9 27,4
Ourinhos -0,11 210,71 0,22 200,55 55 35,9 48,3 25,3
Pindamonhangaba -0,18 209,68 0,21 202,83 56,8 35,5 50,2 29,3
Sta Bárbara d'Oeste -0,08 221,68 0,21 212,63 64,6 45,5 57,9 39,3
Sertãozinho -0,12 232,07 0,2 221,76 74,2 53,1 65,8 42,9
Sumaré -0,03 211,42 0,19 203,43 59,4 35,8 51,9 29,3
Votorantim -0,1 213,84 0,22 206,77 59,9 59,9 50,7 32,2
41- Principais conclusões
- A pesquisa não comprovou a existência, nas redes
mais justas, de uma padrão de ação compatível com
o construto teórico ideologia da igualdade de
conhecimentos adquiridos. - Mas detectou fragmentos desse construto, mais
presentes nas redes de ensino mais justas.
42Médias das medidas dos indicadores obtidos pela
análise fatorial - redes municipais nos anos
iniciais do ensino fundamental - estado de São
Paulo.
Fonte Inep. Censo Educacional 2005. Microdados
Prova Brasil 2007/ questionários associados.
Elaborado pela autora.
43- Principais conclusões
- Em Marília e Indaiatuba, duas das três redes mais
justas, há evidências de regulação institucional
compatível com a noção de vigilância sobre a
implementação das políticas educacionais e sobre
resultados educacionais. - Nessas redes, há também evidências de que
estratégias de regulação institucional
identificadas têm características que expressam
interlocuções com condicionalidades de
implementação das políticas detectadas. - Princípios de justiça para a distribuição do bem
social educação escolar podem ser identificados
junto a estratégias de regulação institucional.
44- Principais conclusões
- Dentre as condicionalidades de implementação de
políticas identificadas em Marília e Indaiatuba
há aquelas que podem ser efetivadas durante o
próprio processo de implementação e que dependem,
sobretudo, de decisões políticas. - Há evidências de que as estratégias de regulação
institucional nas redes de Marília e Indaiatuba,
redes consideradas mais justas, estão
referenciadas em outro modelo de regulação nem
puramente burocrático, nem puramente
pós-burocrático, consideradas as características
estruturantes dos tipos ideais Estado avaliador
e quase-mercado, conforme definição de Maroy
(2011) e Barroso(2005).
45- Principais conclusões
- Propus, de forma exploratória, um outro modelo de
referência para a regulação institucional das
redes estudadas, que nomeei processo-resultado. - Características desse modelo estabelecimento de
normas e planos acompanhamento permanente pelo
órgão dirigente, dos processos de cumprimento de
normas e planos (combinados prévios) e também de
metas expressas por resultados educacionais
currículos unificados com objetivos de
aprendizagem por série/ano e elaborados
centralmente com a participação dos professores
unidade de ação pedagógica em todas as escolas
coordenada pelo órgão dirigente distribuição de
recursos coordenada pelo órgão dirigente
critério de matrícula dos alunos segundo moradia
avaliação e acompanhamento do desempenho e da
aprendizagem de cada criança, em cada turma e
escola para intervenção pedagógica vínculo
preponderante com o princípio de justiça
corretiva. - A pertinência desse precisaria ser confirmada por
meio de outras pesquisas em redes mais e menos
justas que englobem a perspectiva da regulação
horizontal.
46 47- Condicionalidades de implementação de políticas
identificadas em Marília e Indaiatuba - Sustentação do prefeito às decisões tomadas pelas
Secretárias e sua equipe . - Inexistência de burocracia organizada no âmbito
do setor pedagógico das Secretarias que poderia
atuar contrariamente à implementação das
políticas. - Evidências de que as políticas têm tido
continuidade há, pelo menos, 10 anos. - Investimento em recursos pedagógicos em todas as
escolas, ainda que nem todos os recursos estejam
universalizados (considerando-se os dados de
2006, do Edudata). - Boa infraestrutura e recursos pedagógicos das
Secretarias de Educação. - Bom grau de organização administrativa das
Secretarias de Educação. - Qualidade dos recursos humanos formação,
experiência e conhecimento da rede dos técnicos
das Secretarias responsáveis pelo acompanhamento
e orientação pedagógica das escolas. - Boa formação, conhecimento da rede e experiência
das elites decisórias na área de Educação. - Valorização e estímulo à produção e circulação de
conhecimento produzido na rede.
48- Canais que permitem a circulação do conhecimento
produzido por outros entes federados e
universidades. - Intencionalidades das elites dirigentes foco na
aprendizagem e desempenho das crianças e
preocupações relativas à equidade (em termos de
conteúdos ministrados e /ou em termos de
distribuição equitativa de recursos) - Quase inexistência de população rural.
- Condicionalidades com potencial de aumentar os
desafios no que tange a definições das políticas
educacionais e sua implementação - Tamanho da rede.
- Necessidade de expansão do atendimento em
creches. - Necessidade de ampliação dos recursos pedagógicos
e de infraestrutura das escolas.
49- Evidências de vigilância sobre processos e
resultados - em Marília e Indaiatuba
- Planejamento que engloba dimensão da
implementação das ações, expressando e zelando
pelas intencionalidades, decisões políticas e
vínculo entre currículo, ensino e aprendizagem. - Estratégias de regulação institucional para criar
vínculos entre planejamento educacional, escolar,
do ensino e curricular, com atenção especial para
a relação entre currículo, planos de ensino e
avaliação da aprendizagem e do desempenho dos
alunos. - Testes periódicos do desempenho dos alunos com
tratamento que fornece informações por aluno,
turma, sala de aula e escola. - Variedade de instrumentos unificados nas redes de
ensino para planejamento e avaliação do ensino e
aprendizagem.
50- Evidências de vigilância sobre processos e
resultados - em Marília e Indaiatuba
- Momentos de diálogos sobre os resultados dos
testes de desempenho e outros instrumentos de
acompanhamento para avaliações (reuniões entre
técnicos da Secretaria da Educação, entre
técnicos das Secretarias e coordenadores
pedagógicos e gestores escolares, entre
coordenadores pedagógicos, gestores e
professores). - Relatórios com avaliação realizada na Secretaria
da Educação, dos resultados do desempenho dos
alunos. - Atribuições dos coordenadores pedagógicos (devem
atuar enquanto elo entre escolas e secretarias
entrar na sala de aula, ler planos de ensino
cronograma, planos, semanários orientar
professores coordenar e registrar situações
pedagógicas identificar problemas de formação
dos professores verificar cumprimento do
currículo e das metas de aprendizagem dos alunos
manter diálogo permanente com secretaria e outros
coordenadores das redes).
51- Evidências de vigilância sobre processos e
resultados - em Marília e Indaiatuba
- Visitas periódicas das equipes pedagógicas das
secretarias de Educação às escolas para
orientação, verificação de problemas, observação
do ensino e aprendizagem. - Existência de fichas e portfólios, avaliadas
periodicamente, para acompanhamento da
aprendizagem dos alunos.
52Principais resultados relativos à igualdade de
base nas redes municipais do estado de São Paulo.
Grupos e Redes Número de redes Desem-penho em Mat. (total alunos) Desem-penho em Mat. (alunos menor NSE) Desigual-dade Escolar (CV Mat) NSE alunos 200 ou mais em Mat alunos 225 ou mais em Mat alunos menor NSE 200 ou mais em Mat alunos menor NSE 225 ou mais em Mat
Total 558 210 203 0,214 0,204 55 36,4 49,4 30,5
Redes Pequenas 309 211 205 0,211 0,238 55,8 37,7 50,6 32,3
Redes Medianas 180 210 203 0,215 0,189 55,4 36,1 49,3 29,6
Redes Grandes 69 202 196 0,223 0,089 50,4 31,0 44,1 24,9
G 1 14 190 185 0,230 -0,175 39,2 21,7 35 18
G 2 11 194 187 0,250 -0,050 43,7 26,3 38 21
G 3 19 213 205 0,210 -0,133 59,1 38,3 52,2 31,3
G 4 25 205 197 0,218 -0,026 53,1 32,8 45,8 26
Indaiatuba 1 225 219 0,19 -0,06 71 51 65 46
Marília 1 225 216 0,22 -0,13 68 49 61 41
Sertãozinho 1 232 221 0,20 -0,12 74 53 66 43
Fonte Microdados da Prova Brasil 2007. Censo
Educacional 2005. Elaborado pela autora
53- Marília e Indaiatuba
- Matrículas nos anos iniciais do ensino
fundamental em 2011 na rede municipal - Marília 7.707
- Indaiatuba 10. 619
- Número de docentes e formação anos iniciais do
EF em 2010 - Marília 349, 86 com ensino superior
- Indaiatuba 487, 91 com ensino superior
- Taxa de escolarização bruta em educação infantil,
em 2010 - Marília creche 47 pré-escola 95
- Indaiatuba creche 37 pré-escola 92
- Alunos do último ano do EF que fizeram a Prova
Brasil em 2007 - Marília 2.059 (98 fizeram a Prova)
- Indaiatuba 2019 (95 fizeram a Prova)
54- Marília e Indaiatuba
- Aprovação nos anos iniciais do EF, em 2010 (Inep)
- Marília 100
- Indaiatuba 90
- Reprovação nos anos iniciais do EF, em 2010
(INEP) - Marília 2
- Indaiatuba 8
- Abandono nos anos iniciais do EF, em 2010 (INEP)
- Marília quase 0
- Indaiatuba quase 0
- Distorção idade-série
- Marília 2,5
- Indaiatuba 5