Title: NOSSA L
1NOSSA LÍNGUA PORTUGUESA
- Alguns conceitos importantes.
- Variações linguísticas.
- Norma culta?
- Estudo de casos.
- Estudar língua portuguesa para quê?
21. ALGUNS CONCEITOS...
- LINGUAGEM é a capacidade de se comunicar através
de vários códigos, dentre eles a língua.
- É um sistema de signos convencionais usados pelos
membros de uma mesma comunidade.
3TEXTO I HISTÓRIAS
- Duas semanas em Milão, acompanhando o Flamengo
numa excursão em 83, deixaram o massagista Isaías
atrapalhado com o idioma italiano. Não entendia
nada e tudo o que precisava só conseguia por meio
de ajuda, nem sempre presente. - Manteiga era burro, cerveja era birra, janela era
finestra e por aí afora, deixando o Isaías
confuso e irritado. Por isso, no avião de volta,
ao ser prontamente atendido pela aeromoça
brasileira, desabafou contente - - Língua é a nossa. Em português não há como
errar. Manteiga é manteiga, cerveja é cerveja,
janela é janela... - (Sandro Moreira)
4- SIGNO linguístico é um elemento representativo
que apresenta 2 aspectos um significante (o som)
e um significado (o conceito) formando um todo
indissolúvel.
- Por exemplo árvore.
- Ao ouvirmos a palavra árvore percebemos os sons
que a formam (o significante) e o seu conceito
vegetal lenhoso cujo caule, chamado tronco, só se
ramifica bem acima do nível do solo (o
significado).
5- O conhecimento de um língua engloba não apenas a
identificação de seus signos, mas também o uso
adequado de suas regras combinatórias.
- Por exemplo
- um árvore não é uma sequência admitida em nossa
língua. O falante reconhece que não há
concordância entre o artigo e o substantivo.
Apesar disso, cada falante pode utilizar a língua
de um modo particular.
6Utilização da língua.
- Individualmente, cada pessoa pode utilizar a
língua de uma maneira particular, personalizada,
desenvolvendo, assim, a fala.
- Maneira individual de utilização da língua, que
não obedece a padrões rígidos é mais natural e
apresenta variações.
7TEXTO II - NOHTAS
- Trein bão - Isto é do BlogCora INTERNETC... Eu
não poderia deixar de transcrever, em homenagem a
meus conterrâneos mineiros sou mineiro
honorário, falo Uai sem sotaques. Leiam em voz
alta. Vão ouvir o Itamar falando. - Sapassado, era séssetembro, taveu na cuzinha
tomano uma pincumel e cuzinhano um kidicarne com
mastumate pra fazê uma macarronada com
galinhassada. - Quascai di susto, quando uvi um barui vino di
denduforno, pareceno um tidiguerra. - A receita mandopô midipipoca dentro da galinha
praassá. O forno isquentô, o mistorô e a galinha
ispludiu! - Nossinhora! Fiquei branco quinein um lidileite.
Foi um trem doidim, uai! - Quascaí dendapia!
- Fiquei sensabê doncovim, proncovô, oncotô.
Oiprocevê quelucura! GrazaDeus ninguém si
maxucô! - (Millôr Fernandes. JB, 02/02/2003, pág. A 20)
8TEXTO III ELES NÃO USAM BLACK-TIE (fragmento)
- Maria (sorrindo) - Tu gosta de eu?
- Tião Ó, dengosa, eu sem tu não era nada...
- Maria Bobagem, namoradô como tu era...
- Tião Tudo passou!
- Maria Pensa que eu não sei? Todas ela miando
Tiãozinho pra cá, Tiãozinho pra lá...
(Abraçando-o) Mas eu roubei ocê pra mim! - Tião Todo eu!
- Maria (fazendo bico) Fingido!
- Tião Palavra, dengosa!
- (Gianfrancesco Guarnieri)
92. VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
- Variação ou variedade linguística é cada um dos
sistemas em que uma língua se diversifica, em
função das possibilidades de variação de seus
elementos (vocabulário, pronúncia, morfologia,
sintaxe). - Embora essa variação seja natural, os falantes de
uma comunidade linguística têm, em geral, a
expectativa de que todas as pessoas falem de uma
mesma maneira. Essa expectativa, socialmente
definida e difundida, pressupõe uma forma
correta de uso da língua, o que implica a
existência de formas erradas. Esta é a base do
preconceito linguístico.
10PRECONCEITO LINGUÍSTICO
- Exemplos
- O carioca possui uma fala semelhante a um rádio
fora de sintonia - O mineiro fala suprimindo as sílabas finais de
algumas palavras. - Quando alguém se refere às variantes regionais
dessa maneira, usando essas imagens como base de
piadas aparentemente inocentes, revela uma visão
preconceituosa (consciente ou não) da diferença
entre as variantes regionais.
11CUIDADO COM O PRECONCEITO!
- Todas as variedades constituem sistemas
linguísticos adequados para a expressão das
necessidades comunicativas e cognitivas dos
falantes. - As variedades podem ser
- regionais nossinhora (o mineiro), é mermo (o
carioca) - sociais diferenças significativas em termos
fonológicos (bicicreta por bicicleta, mió por
melhor, etc.) e morfossintáticos (a gente fumo
por nós fomos as laranja por as laranjas,
etc.) - estilísticas linguagem coloquial (usada de modo
informal em situações familiares, conversas entre
amigos) e linguagem formal (nas situações formais
de uso da linguagem, como por exemplo uma
palestra, um seminário, uma entrevista de
emprego).
123. NORMA CULTA?
- (...)Também foi a partir do trabalho dos
gramáticos da Antiguidade que surgiu aquele
conceito de língua com a definição que, no
Prólogo, chamei de sobrenatural e quase
esotérica. Ao longo dos séculos, os defensores
dessa concepção tradicional isolaram a língua,
retiraram ela da vida social, colocaram numa
redoma, onde deveria ser mantida intacta, pura
e preservada da contaminação dos ignorantes.
13- Por causa dessa atitude é que, até hoje, o
professor de português ou, mais especialmente, o
gramático é visto como uma espécie de criatura
incomum, um misto de sábio e mágico, que detém o
conhecimento dos mistérios dessa língua, que
existe fora do tempo e do espaço e é esse
saber misterioso que gosto de chamar de norma
oculta . - (In BAGNO, Marcos. A norma oculta língua e
poder na sociedade brasileira. SP Parábola
Editorial, 2003. p.49-50.)
14Dominar a norma culta?
- Prescritiva (normativa)
- língua prescrita nas gramáticas normativas,
inspiradas na literatura clássica - preconceito (baseia-se em mitos sem fundamentação
na realidade da língua viva, inspirados em
modelos arcaicos de organização social) - doutrinária (compõe-se de enunciados categóricos,
dogmáticos, que não admitem contestação)
- Descritiva (normal)
- atividade linguística dos falantes cultos, com
escolaridade superior completa e vivência urbana - conceito (termo técnico usado em investigações
empíricas sobre a língua, co-relacionadas com
fatores sociais) - científica (baseia-se em hipóteses e teorias que
devem ser testadas para, em seguida, ser
validadas ou invalidadas)
15(In BAGNO, Marcos. A norma oculta língua e
poder na sociedade brasileira. SP Parábola
Editorial, 2003. p.54-5.)
- pretensamente homogênea
- elitista
- presa à escrita literária, separa rigidamente a
fala da escrita - venerada como uma verdade eterna e imutável
(cultuada)
- essencialmente heterogênea
- socialmente variável
- se manifesta tanto na fala quanto na escrita
- sujeita a transformações ao longo do tempo
164. O ESTUDO DA LÍNGUA CASO 1
- Vinha o motorista dirigindo o seu carro, quando
se deparou com uma placa de sinalização
DEVAGAR QUEBRA-MOLAS
17Imediatamente, ele acelerou o seu veículo. Logo
depois, voltou a pé para o local da placa e nela
escreveu, para corrigi-la
DEVAGAR QUEBRA-MOLAS DEPRESSA TAMBÉM
18QUESTÃO - Uerj/2001
- Como muitas piadas, esta se baseia em um
equívoco. O comportamento do motorista que
explica mais adequadamente o efeito cômico da
piada é - voltar a pé ao local da placa para efetuar uma
correção - ler a mensagem da placa como uma ordem para
acelerar - corrigir a mensagem da placa para retificar
informação incompleta - imprimir maior velocidade ao carro pra escapar
dos quebra-molas
19O ESTUDO DA LÍNGUA CASO 2
- Leia a reprodução de um diálogo entre uma
professora e um aluno - Joãozinho! Sua redação sobre o cachorro está
exatamente igual à do seu irmão! - É que o cachorro é o mesmo, professora!
- (Ziraldo. Anedotinhas do Pasquim.)
- QUESTÃO Se aceitasse o argumento de Joãzinho, a
professora estaria ignorando o conceito de
linguagem, língua ou fala?
20O ESTUDO DA LÍNGUA CASO 3
- Em anúncios publicitários e em títulos de
matérias jornalísticas, livros e filmes, é comum
o emprego de orações adjetivas. Leia o anúncio ao
lado
21QUESTÃO Por que, no título do filme, foi
empregada a frase O homem que fazia chover, na
qual há uma oração subordinada adjetiva
restritiva, e não O homem fazia chover?
22PARA REFLETIR
- Hoje em dia são bastante comuns programas de
rádio ou de televisão e colunas de jornal que nos
transmitem regras gramaticais. Eles são
necessários? A quem interessam? O que discutem?
23PROPOSTA DE REDAÇÃO DA UFMG
- TEMA EM DEBATE
- Ao modificar sua maneira de falar, adequando-se a
diferentes situações, é correto que o falante
desobedeça a normas de uso da língua culta?
245. ESTUDAR LÍNGUA PORTUGUESA PARA QUÊ?
- Estudar língua portuguesa é importante para nos
tornarmos aptos a utilizá-la com eficiência na
produção e interpretação dos textos com que se
organiza nossa vida social. Por meio desse
estudo, amplia-se o exercício de nossa
sociabilidade e, conseqüentemente, de nossa
cidadania, que passa a ser mais lúcida.