Title: CAMINHOS EPISTEMOL
1CAMINHOS EPISTEMOLÓGICOS NA ELUCIDAÇÃO DA
LOUCURA Contribuições da Psicologia
Existencialista
Profa. Dra. Daniela Ribeiro Schneider Depto de
Psicologia / UFSC Núcleo de Pesquisas em
Psicologia Clínica www.psiclin.ufsc.br
danis_at_cfh.ufsc.br
2PARTE 2
3(No Transcript)
4 Fenômeno Psicopatológico variáveis
psicofísicas e determinantes sócio-históricas
5Noção de fenômeno variáveis e determinantes
6Fenômeno Singular / Universal
Universal
singular
singular
singular
singular
singular
singular
singular
7(No Transcript)
8(No Transcript)
9Fenômeno Catarina variáveis e determinantes
10(No Transcript)
11(No Transcript)
12Exemplo de acesso emocional psicopatológico
- Domingo fui com meu irmão para a casa da mãe
para almoçarmos todos juntos. Quando cheguei lá a
atmosfera já estava com nuvens negras. Na hora
que entrei em casa a minha irmã não me
cumprimentou, saiu do ambiente em que eu
estava... aquilo foi me incomodando, fui ficando
irritado. Ela insinuou que alguém tinha feito
praga para ela... entendi como indireta para mim.
Disse eu só quero seu bem minha irmã e ela
respondeu que não queria nem que eu a chamasse de
irmã. Aquilo ali me afetou muito, fui ficando
tenso. Quando sentei na mesa para almoçar fiz
questão de sentar na frente dela, só para ver a
sua reação. Ela levantou-se e foi ver TV. Fui
ficando angustiado, com um aperto no peito,
fiquei muito tenso (dentes trincaram,
enrijecimento dos ombros e braços). Foi me dando
uma ira, nem conseguia engolir a comida direito.
Levantei e fui para o quarto escutar música.
Estava lá, mas não conseguia me concentrar em
nada, só pensava na atitude da irmã. Fui ficando
cada vez mais irado, a dor no peito foi
aumentando, a tensão estava muito forte, até que
não agüentei mais, perdi o controle e explodi,
joguei meu rádio no chão, o pessoal da casa
escutou o barulho passei pela cozinha onde
estava meu mini-game, joguei também no chão e o
espatifei! Todos ficaram assustados comigo. Eu
tinha que descontar minha ira em alguma coisa,
não estava mais agüentando. Desci o morro, fui
andar na beira do mar, olhando a natureza e me
acalmei um pouco. Depois me arrependi do que fiz,
pois parecia mesmo um louco, como eles achavam
que eu era.
13O Fenômeno Psicopatológico
- É sempre psicofísico, portanto composto por
- a) aspectos psicológicos e
- b) aspectos físicos, fisiológicos,
neuroquímicos, enfim, orgânicos, que são suas ... - ... variáveis constitutivas.
- Sendo que o psicológico é a variável fundamental
(olho quente), que possibilita a sua definição. - As suas determinantes (variáveis externas), como
de qualquer fenômeno, serão sempre de um fenômeno
contíguo, no caso são de ordem sócio-histórica.
14Modelo Empírico na Psicopatologia
- Baseado na experiência clínica
- - no estudo de casos clínicos
- - no acúmulo de fatos e sintomas
- - em análises estatísticas
- Manuais como o DSMIV - CID 10
- resumem-se à descrição de sinais e sintomas
- recusam-se a uma discussão etiológica
- têm descompromisso teórico evidente
- têm importante função administrativa (unificar
critérios estatísticos, comunicação entre os
clínicos, registro estatístico) - (Pessoti - Os Nomes da Loucura)
- Exemplo psiquiatria ou psicoterapia baseada em
evidências
15Estado da Arte da Psicopatologia na atualidade
- Reduzida ao modelo empírico Dividida
entre perspectiva organicista X perspectiva
psicodinâmica
- Perspectiva na gênese Esquirol, Kraeplin,
- Fundo patológico de base hereditário ou
congênito - Atual - neurociência,
- - psicofármacos.
- Perspectiva na gênese Charcot, Freud....
- Fundo patológico de base motivação
inconsciente, determinismo psíquico, mental - Atual - psicanálise e várias outras psicologias
16Estado da Arte da Psicopatologia na atualidade
- Reduzida ao modelo empírico Dividida
entre perspectiva organicista X perspectiva
psicodinâmica
Falsa dicotomia
- Transformam variáveis em determinantes
17Modelo Científico em Psicopatologia
- Vai além do primeiro passo empírico da descrição
do fenômeno - Objetivo chegar à definição das condições de
possibilidade dos fenômenos (determinantes) - Psicopatologia como fenômeno conjunto de
ocorrências articuladas, composto por variáveis
(internas ao fenômeno) e determinantes (externas
ao fenômeno) - Fenômeno como singular (especificidade
individualidade) / universal (regularidade
generalidade)
18Quais são as determinantes da Loucura???
- Sócio-histórico
- Antropológico \ Sociológico
- Filme Shine história real bom
- Filme Mente Brilhante hst real ruim
19(No Transcript)
20DiscussãoFatores de Sucesso em Psicoterapia
- CM Motivação do cliente
- TE Experiência do terapeuta
- CA Auto-estima do paciente
- TP Relação terapêutica
- TP Personalidade do terapeuta
- CA Rede de apoio do cliente
- CAC Auto-estima do cliente
- DT Duração do tratamento
- CQI Inteligência do cliente
- TOT Orientação teórica do terapeuta
Maroney, 1993
21- Caminhos da sociogênese da loucura...
22A Teoria da Sedução de Freud
23A construção da Teoria da Sedução de Freud
- Na passagem de Freud por Paris (1885), ele teve
aulas no necrotério, com Brouardel, aluno de
Tardieu. Literatura de medicina legal sobre
abusos de crianças, que Freud tinha em sua
biblioteca (Ex. Estudo médico-legal sobre os
atentados ao costumes) - Entre 1895 e 1896 Freud, ao ouvir seus pacientes,
ficara sabendo que algo terrível e violento
marcara seu passado. As primeiras investigações
do psicanalista sobre a etiologia da histeria
lhe garantiam que na gênese das patologias -
haviam casos de violência e abuso sexual
realizados pelos pais ou pessoas próximas à
criança - Apresentação da tese, em 1896, para a Sociedade
de Psiquiatria e Neurologia de Viena - trabalho
intitulado Etiologia da Histeria - Processo de exclusão de Freud do meio médico de
Viena
24(No Transcript)
25A Etiologia da Histeria - Freud
- As conclusões a que cheguei, devo pedir-lhes
para não considerá-las fruto de especulação
ociosa. Baseiam-se em laborioso exame individual
de pacientes, que em alguns casos acarretou cem
ou mais horas de trabalho (Freud, 1896). - Apresento a tese de que na base de todo caso de
histeria há uma ou mais ocorrências de
experiência sexual prematura, ocorrências que
pertencem aos primeiros anos da infância, mas que
podem ser reproduzidas pelo trabalho da
psicanálise. Creio que essa é uma importante
descoberta, a descoberta caput nili na
neuropatologia - Minha análise demonstrou que um conjunto de
sintomas histéricos comuns derivava das mesmas
experiências infantis. A idéia de tais cenas
sexuais infantis é muito repelente aos
sentimentos de um indivíduo sexualmente normal,
pois elas incluem todos os abusos conhecidos
pelas pessoas debochadas e impotentes.
26A Etiologia da Histeria - Freud
- Todas as singulares condições nas quais o
inadequado par conduz suas relações amorosas -
por um lado, o adulto que não pode escapar à sua
parte na mútua dependência (...), por outro lado,
a criança que em seu desamparo, está à mercê da
vontade arbitrária, que prematuramente é
despertada para todo tipo de sensibilidade e
exposta a toda sorte de desapontamento - todas
essas incongruências ficam impressas no
desenvolvimento ulterior do indivíduo.(...) As
conseqüências psíquicas dessas relações infantis
são extraordinariamente abrangentes. (Freud,
1896). - A partir disso é preciso concluir que o caráter
das cenas infantis - se experimentadas com prazer
ou apenas passivamente - tem influência
determinante na escolha da neurose posterior
(Ibid). - Assim, tal método inspira a esperança de uma
nova e melhor compreensão de todos os distúrbios
psíquicos funcionais. Não posso acreditar que a
psiquiatria se negue por mais tempo a utilizar
esse novo caminho de acesso ao conhecimento
(Ibid).
27O Abandono da Teoria da Sedução de Freud -
conseqüências p/ psicopatologia
- O abandono da teoria da sedução pela adoção da
mentira histérica (1905). A sintomatologia
histérica tornou-se fruto de fantasias
inconscientes das pacientes base da
metapsicologia psicanalítica - o que era uma
ocorrência sócio-histórica torna-se um fato
individual, um processo mental. - Freud está dizendo que não importa se a sedução
realmente aconteceu ou foi apenas fantasia. O que
importa são os efeitos psicológicos, e esses não
diferem seja o acontecimento real ou imaginado.
Mas na realidade há uma diferença essencial entre
os efeitos de um ato e de uma imaginação!
(Masson,1984 125) - Ao desviar a atenção do mundo real de tristeza,
infelicidade e crueldade para o palco interno no
qual os atores representam dramas inventados para
um público invisível, Freud começou a seguir um
rumo que levava para longe do mundo real e que,
assim me parece, está na raiz de muitas das
dificuldades atuais da psicanálise e da
psiquiatria do mundo inteiro! (Masson, 1984
135)
28A Psicopatologia Fenomenológica
29Psicopatologia Fenomenológica Jaspers
- Jaspers no seu Psicopatologia Geral (1913) irá
delinear uma nova perspectiva para a
psicopatologia, ao romper com sua lógica
analítica, embasada na noção de causalidade,
predominante no modelo neurofisiológico e
organicista da psiquiatria de então, propondo
novos parâmetros para essa disciplina,
subordinados à noção de compreensão e sua
lógica sintética, sustentados na Fenomenologia de
Husserl. - Argumenta que a questão psicopatológica implica o
desenvolvimento da personalidade do sujeito,
horizonte em que ela deve ser compreendida. Dessa
forma, a doença realiza-se no núcleo da
existência (Ibid. 849). Assim, é preciso
compreender o homem todo em sua enfermidade, ou
seja, a doença enquanto uma dimensão da vida
deste homem. - Não se pode, assim, reduzir o patológico a uma
entidade mórbida - a uma perspectiva
organicista ou a um problema individual!
NORMAL PATOLÓGICO
30Psicopatologia Fenomenológica Jaspers
- O sujeito é visto enquanto ser-no-mundo e,
portanto, compreendido a partir de seu ambiente
físico, material, social, dando ênfase para a
biografia (constituição histórica destas
relações. - Não se pode, assim, reduzir o patológico a uma
entidade mórbida - a uma perspectiva
organicista ou a um problema individual! - NORMAL PATOLÓGICO
31Psicopatologia FenomenológicaVan Den Berg
- Van Den Berg em o Paciente Psiquiátrico (1955) -
o paciente e sua loucura têm de ser compreendido
em sua rede de relações com o mundo, com o
corpo, com os outros, com o tempo - O que vem à luz na nova psicopatologia, não pode
se restringir ao resumo do que o paciente observa
introspectivamente em si mesmo, mas consiste na
descrição da fisionomia patológica das coisas. Ou
seja, na descrição da qualidade das coisas, que -
também para o paciente - sejam mais reais e
convicentes (p. 46). - Alienação, isolamento, solidão e tudo o que se
passa nessa triste seqüência, tudo isto nunca
existe em si e por si, mas se mostra na realidade
do ambiente, dos objetos, das relações humanas e
nas realidades do corpo e do tempo. Tudo isto
está relacionado(108).
32Referências Bibliográficas
- BERTOLINO, Pedro. Os processos da Ciência. Obtido
no site www.nuca.org.br - em 22/10/04 - BERTOLINO, Pedro et al. (1998). As Emoções.
Florianópolis Nuca Ed.Independentes (Cadernos de
Formação 2). - American Psychiatric Association. DSMIV. Porto
Alegre ArtMed, 2002. - FREUD, S. A Etiologia da Histeria (1896). In
Masson, 1984. - JASPERS, K. (1913 / 1979) Psicopatologia Geral
psicologia compreensiva, explicativa e
fenomenologia. 2ª ed. Rio de Janeiro Atheneu. - MASSON, Jeffrey. Atentado à Verdade a supressão
da teoria da sedução por Freud. Rio de Janeiro
José Olympo, 1984. - PESSOTI, Isaias. Os Nomes da Loucura. São Paulo
Editora 34, 1999. - VAN DEN BERG, J. , (1981). O Paciente
Psiquiátrico esboço de psicopatologia
fenomenológica. São Paulo Mestre Jou. - World Health Organization. CID-10. Porto Alegre
ArtMed, 1993.
33Obrigado!
- Profª Drª Daniela R. Schneider
- www.psiclin.ufsc.br
- danis_at_cfh.ufsc.br