Title: ATUALIZA
1ATUALIZAÇÃO TERAPÊUTICA DA OSTEOPOROSE NA PÓS
MENOPAUSA
Felipe Welling Lorentz Internato de Ginecologia e
Obstetrícia
2Definição
- Doença esquelética sistêmica caracterizada por
baixa massa óssea, deteriorização da
microarquiquetura do tecido ósseo, causando
fragilidade óssea e aumento no risco de fraturas. - Osteoclastos
- promovem reabsorção óssea, estimulando a produção
de ácido e enzimas que dissolvem a parte mineral
óssea e proteínas. - Osteoblastos
- promovem formação óssea através da criação de uma
matriz proteica consistindo principalmente
de colágeno, que é logo calcificada resultando
em osso mineralizado.
The North American Menopause Society. Menopause,
Vol. 17, No. 1, 2010
3Epidemiologia
- 13 a 18 das mulheres brancas americanas com 50
anos ou mais têm osteosporose no quadril,
definido pela DMO femoral -2,5 (T-escore) - Risco de fratura de quadril 17 caucasianas
14
hispânicas
6 africanas - Prevalência das osteosporose 4 50-59 anos
52
gt 80 anos
J Bone Miner Res 1997121761-1768.
Osteoporos Int 19988468-489.
4Epidemiologia
- Responsável por 90 das fraturas de quadril e
coluna em mulheres brancas americanas de 65 a 84
anos - Mulheres de 50 anos têm 40 de chance de
apresentar fratura osteoporótica no resto da
vida.
J Bone Miner Res 199271005-1010.
Arq Bras Endocrinol Metab vol.54 no.2 São
Paulo Mar. 2010
5Fisiopatologia
- Desequilíbrio entre a reabsorção e formação
óssea, o que aumenta o risco de fratura devido a
perda de massa óssea - A menopausa está associada com uma rápida perda
óssea em poucos anos baixos níveis de 17ß
estradiol circulante - O estrogênio deixa de inibir a rebsorção óssea
sem um aumento compensatório da formação óssea.
Menopause, Vol. 17, No. 1, 2010
6Fisiopatologia
Osteoporos Int 1997 7 Suppl 3 68-72
Obstet Gynecol 1988 12s-17s
7Quem investigar?
- DMO deverá ser medido nas seguintes populações
- Todas as mulheres com idade acima de 65 anos,
independentemente dos fatores de risco clínico - Mulheres pós-menopáusicas com outras causas de
perda óssea (por exemplo, uso de
esteróides, hiperparatiroidismo), independente
da idade - Mulheres pós-menopáusicas com 50 anos e fatores
de risco adicionais - Mulheres pós-menopáusicas com uma fratura por
fragilidade (queda da própria altura). - Como acompanhar?
- Sem tratamento repetir o exame em 2 - 5 anos
(perda óssea geralmente não ultrapassa 0,5 no
T-escore em 5 anos) - Em tratamento DMO não dará informações úteis em
menos de 1 ano de tratamento.
Menopause, Vol. 17, No. 1, 2010
8TABLE 1. Risk factors for osteoporotic fracture used in FRAX A
Age (50 to 90 years)
Sex
Weight
Height
Low femoral neck BMD
Prior fragility fracture
Parental history of hip fracture
Current tobacco smoking
Long-term use of glucocorticoids
Rheumatoid arthritis
Other causes of secondary osteoporosis
Alcohol intake
Body mass index is automatically computed from
height and weight. Adapted from World Health
Organization Collaborating Centre for
Metabolic Bone Diseases.
WHO Fracture Risk Assessment Tool. 2009
9Como Diagnosticar?
- Clínico
- É sugerido após a ocorrência de uma fratura
atraumática ou queda da própria altura - Imagem
- A densitometria óssea de quadril e vértebras é o
método padrão ouro - T-escore -2,5 (comparação com a DMO de adultos
jovens normais de 25-45 anos do mesmo sexo).
Menopause, Vol. 17, No. 1, 2010
10Densitometria óssea
11Quem tratar?
- Toda mulher na pós menopausa com uma fratura
vertebral ou de quadril osteoporótica - DMO consistente com osteoporose T-escore -2,5
na coluna vertebral, colo femoral ou região de
quadril - T-escore entre -1,0 e -2,5 com um risco em 10
anos de fratura osteoporótica maior (coluna,
quadril, ombro ou punho) de pelo menos 20, ou de
fratura de quadril de pelo menos 3 segundo o
cálculo FRAX.
Menopause, Vol. 17, No. 1, 2010
12Abordagem inicial
- Exercícios balanceados
- Levantamento de peso
- Alongamento
- Evitar o uso do álcool
- Cessar o hábito de fumar
- Reposição de algumas carências vitamínicas
- Suplementação proteica
- Mulheres com mais de 75 anos minimiza a perda
óssea - Nutrição adequada
- Prevenção das quedas
- Exercícios
- Ajuste das medicações
Menopause, Vol. 17, No. 1, 2010
13Abordagem Terapêutica
- Cálcio e Vitamina D
- 1000-1500mg/dia de Cálcio iônico em mulheres na
pós menopausa - 800-1000 UI/ dia de vitamina D em mulheres com
mais de 65 anos - 2 metanálises comprovam a redução das fraturas
não vertebrais em mulheres na pós menopausa.
1. JAMA 29322572264 2. J Clin Endocrinol Metab
9214151423
14Terapia de Reposição Hormonal
- Não é mais recomendada como primeira linha de
tratamento (WHI) - Uso prolongado de TRH em mulheres idosas aumenta
o risco de neoplasia de mama, TEV e AVE. - Tibolona
- Melhora humor e libido
- ECR mostrou reduzir o risco de fraturas
vertebrais, não vertebrais, diminuição do risco
de CA de mama invasivo e CA de cólon - Entretanto, aumentou incidência de AVE.
- Não deve ser prescrito em mulheres que não
apresentam sintomas da menopausa.
JAMA 288321333.
N Engl J Med 359697708
15SERMs
- Raloxifeno 60mg/dia
- 2 anos de acompanhamento melhorou a DMO em
coluna lombar (1,6) e colo de fêmur (1,2) - 3 anos de acompanhamento aumento da DMO em
coluna (2,6) e colo de fêmur (2,1) - Neste mesmo estudo redução de fraturas vertebrais
em 55 - Redução de CA de mama invasivo em 76 (3 anos) e
72 (4 anos) - Aumento pouco significativo de TEV
- Aumento pouco significativo de AVE em mulheres de
alto risco
N Engl J Med 19973371641-1647. JAMA
1999282637-645. Obstet Gynecol
2004104837-844. Am J Med 2009122754-761.
16Bifosfonatos
- Inibem a atividade dos osteoclastos e diminuem
sua sobrevida e função, promovendo diminuição da
reabsorção óssea - Antes de iniciar terapia
- Causas secundárias p/ a perda da massa óssea
- Mulheres com Ca sérico baixo
- Clearence de Creatinina lt 30mL/min
- Aumentam significativamente a DMO na coluna e
quadril dose-dependente - Em mulheres com osteoporose, bifosfonatos
reduziram o risco de fraturas vertebrais em
40-70, e de fraturas não vertebrais em cerca de
30.
Endocrinol Metab Clin North Am 200332253-271. Am
J Epidemiol 20031581132-1138.
17Bifosfonatos
- Apresentações principais
- Alendronato 70mg/semana
- Risedronato 75mg 1 comp. 2 dias consecutivos
ou 1 comp. 150mg 1 vez ao mês - Ibandronato infusão EV 3mg/dose a cada 3 meses
- Ácido Zoledrônico infusão de 5mg EV lentamente
(15minutos) anualmente. - Efeitos adversos
- Irritação esofágica e gástrica, alguns casos de
úlcera - Tomar comprimido em jejum, aguardar de 30-60 min
para o desjejum - Contraindicado para mulheres com alteração da
motilidade esofágica ou que não conseguem se
manter em ortostase ou sentadas durante esses
30-60 min.
Menopause, Vol. 17, No. 1, 2010
18Bifosfonatos
- Quando usados por mais de 5 anos, principalmente
alendronato, pode gerar microfraturas na diáfise
de ossos longos? - 2 recentes estudos histológicos não mostraram
aumento das microfraturas em pacientes que
receberam alendronato por mais de 5 anos - Estudo epidemiológico recente mostrou que as
fraturas parecem estar mais relacionadas com a
própria osteoporose do que com os bifosfonatos - Outros estudos defendem tal hipótese.
J Bone Miner Res 2215021509 Bone 4137838
J Bone Miner Res 2410951102
New Engl J Med 35813041306 J Orthop Trauma
22346350
19PTH recombinante
- Teriparatide (PTH 1-34)
- Aprovado nos EUA e Canadá para mulheres com alto
risco de fratura - Aumenta formação óssea, aumentando a DMO
- Em 20 meses de tratamento com 20µg/dia aumentou
a DMO da coluna em 8,6 e colo femoral em 3,5 - Diminuição significativa da incidência de novas
fraturas vertebrais e não vertebrais - Não administrar em mulheres com hipercalcemia,
metástase óssea, e não mais que 24 meses.
J Bone Miner Res 2001161846-1853. Lancet
1997350550-555. N Engl J Med 20013441434-1441
20Novas terapias promissoras
- Ranelato de estrôncio
- SERMs (basedoxifeno e lasoxifeno)
- PTH 1-84
- Desonumab
- Inibidor de catepsina K
- Odanacatib
- Calcitonina oral
Osteoporos Int (2010) 2116571680
21Novas terapias promissoras
- Ranelato de Estrôncio
- Amplo ECR na Europa e Austrália, end-point
fraturas vertebrais - Aumento da densidade óssea na coluna em 14 e
colo femoral em 8 - Risco de fraturas caiu 49 em 1 ano e 41 em 3
anos. - Outro ECR, end-point fraturas não vertebrais
- Redução de 16
- Mulheres com alto risco (gt74 anos, T-escore
lt2,4), redução de 36 em fraturas de quadril. - Efeitos adversos náuseas, diarréia (geralmente
resolvem em 3 meses) e TEV.
N Engl J Med 2004350459-468.
J Clin Endocrinol Metab 2005902816-2822.
22Novos SERMs (modulador seletivo do receptor de
estrogênio)
- Basedoxifeno
- ECR, 6847 pacientes, 20-40mg/dia
- Reduziu fraturas vertebrais (42 e 37)
- Sem efeitos sobre as demais fraturas
- Aumento dos sint. Vasomotores, TEVs e cãimbras.
- Lasoxifeno
- ECR, fase 3, 8556 pacientes, 0,25-0,5mg/dia
- Diminuição das fraturas vertebrais (31 e 42)
- 0,5mg também reduziu as fraturas não vertebrais
em 22 - Diminuição do CA de mama invasivo
- Aumento de TEV.
J Bone Miner Res 2008231923-1934.
Menopause 200613377-386.
23PTH 1-84
- Injeção SC diária de 100µg
- Ensaio clínico randomizado com 2532 pacientes
- Aumentou DMO da coluna em 6,9
- quadril em
2,1 - Risco de fraturas vertebrais diminuiram 58
- Hipercalemia e hipercalciúria.
Ann Intern Med 2007146326-339.
24Desonumab
- Anticorpo monoclonal humano para o ligante do
ativador do receptor do fator nuclear kappa-B
(RANKL) essencial para diferenciação, ativação
e sobrevida dos osteoclastos - Injeção SC de 6/6 meses
- Mulheres com baixa DMO obtiveram aumento da DMO
em vários sítios ósseos similares ou um pouco
melhores quando comparados ao alendronato
70mg/semana. - ECR, fase 3, 7808 pacientes
- Reduziu fraturas vertebrais em 68, quadril 40 e
fraturas fora da coluna em 20 - Infecções de pele mais comum quando comparado ao
placebo.
N Engl J Med 2006354821-831.
N Engl J Med 2009361756-765.
25Inibidor de Catepsina K
- Protease lisossomal muito expressa no
osteoclasto - Papel importante na degradação do colágeno ósseo
- Parecem diminuir a reabsorção, sem reduzir
substancialmente a formação óssea - Aumento significativo da DMO.
- Odanacatib
- Inibidor da catepsina K bastante seletivo não
lisossomotrópico - Atua de maneira semelhante.
Osteoporos Int (2010) 2116571680
26Conclusão
- A importância da osteoporose cresce cada vez mais
nos dias de hoje - A abordagem hoje baseia-se na terapia
comportamental, reposição de Cálcio e vitamina D
e, na maioria dos casos, uso de bifosfonatos - São necessários estudos controlados com o intuito
de verificar a segurança por períodos gt 5 anos - Muitas opções estão surgindo no mercado e muitos
estudos estão em desenvolvimento - A terapia deverá ser individualizada para cada
paciente, analisando os riscos e benefícios.
27Questões
- 1. SUS BA 2011
- Mulher, 57 anos, branca, IMC19, menopausada há 5
anos, sem TH e sem sintomas climatéricos,
apresenta queixa de dor lombar. A densitometria
óssea evidenciou T score de coluna lombar - 3
DP. Nesse caso, a melhor condução é - Orientar dieta rica em cálcio.
- Prescrever terapia hormonal da menopausa.
- Expectar e solicitar nova DMO após 6 meses.
- Prescrever carbonato de cálcio.
- Precrever alendronato de sódio.
28Questões
- 2. HRMS MS 2011
- Assinale a alternativa correta quanto à
osteoporose - O diagnóstico de osteoporose é feito com
anamnese, dosagem de cálcio sérico e raio-x de
coluna lombar e fêmur. - A fisiopatologia é basicamente aumento da
remodelação óssea com diminuição da reabsorção,
em pacientes com disfunção da mineralização
óssea. - A OMS define osteoporose como uma condição na
qual a densidade mineral óssea é inferior a 1,0
DP do T-score. - Entre os fatores de risco para o desenvolvimento
de osteoporose temos mulheres com menopausa
tardia, homens acima dos 65 anos, alimentação
pobre em leite e derivados tabagismo e
sedentarismo. - A osteoporose pode ter causas secundárias como
anorexia nervosa, hipertireoidismo,
hiperparatireoidismo, diabetes mellitus, cirrose
biliar primária, mieloma múltiplo, síndrome de
Marfan, uso crônico de corticóides e artrite
reumatóide, entre outras.
29Questões
- 3. Hospital Sirio Libanês-SP 2007
-
- Constituem fatores de risco para osteoporose,
exceto - Raça branca e baixa estatura.
- História familiar de osteoporose.
- Uso prolongado de corticóide.
- Mulheres com baixo peso e tabagistas.
- Mulheres obesas.
30Obrigado
31- 4. HAC PR 2011
- Paciente feminina, de 60 anos, realizou
densitometria óssea que evidenciou osteoporose.
Qual dos fatores abaixo não é de risco para
osteoporose? - Uso crônico de heparina.
- Uso crônico de glicocorticóides.
- Hiperprolactinemia.
- Hipotireoidismo.
- Gastrectomia subtotal.