Title: O URAGUAI BAS
1O URAGUAIBASÍLIO DA GAMA
2O UraguaiBasílio da Gama
- Pobre Basílio! Tinhas contra ti o assunto
estreito e a língua escusa. - Machado de Assis
3BASILIO DA GAMA1741 - 1795
José Basílio da Gama nasceu em oito de abril, de
1741, no então arraial de São José do Rio das
Mortes, hoje cidade de Tiradentes, em Minas
Gerais.
4Biografia de Basílio da Gama
- Aos 16 anos, Basílio ingressa no Colégio dos
Jesuítas no Rio de Janeiro. Concluiu o noviciado
e fez os primeiros votos para ser padre jesuíta e
pertencer ao quadro da Companhia de Jesus.
Pertencer a tal Ordem significava fazer parte de
uma elite intelectual e política, visto que os
jesuítas dominavam a educação em Portugal.
5Biografia de Basílio da Gama
- Em 1759, os jesuítas foram expulsos da pátria
portuguesa, como parte de um processo de
modernização do país protagonizado por Sebastião
José de Carvalho e Melo (o Marquês do Pombal), e
Basílio pode ter-se desligado da Companhia para
evitar problemas.
6Biografia de Basílio da Gama
- Entre 1762 e 1764 passa a viver na Itália (Roma),
onde frequentou os mais sofisticados círculos
literários. É admitido, como único brasileiro, na
prestigiosa Arcádia Romana e adota o pseudônimo
pastoril de Termindo Sipílio.
7Biografia de Basílio da Gama
- Em 1768, por decreto, vai para Portugal, onde é
preso, sob a ameaça de exílio em Angola, por suas
antigas ligações com os jesuítas. Para escapar de
tal infortúnio, escreve um poema (Epitalâmio da
excelentíssima senhora dona Maria Amália), em
louvor ao casamento da filha do todo-poderoso
Marquês do Pombal (primeiro-ministro português
entre 1750-1777), mas com um comentário positivo
das virtudes do pai da noiva e de sua ação
renovadora em Portugal.
8Biografia de Basílio da Gama
- Basílio cai nas graças de Pombal e sai da cadeia.
Em 1769 sai à luz seu livro mais famoso, O
Uraguai, poema que tem em suas entranhas um
discurso e uma visão de mundo totalmente afinados
com as diretrizes da política pombalina.Em 1774,
começa a trabalhar diretamente com o Marquês de
Pombal, na condição de seu secretário e
interlocutor privilegiado.
9Biografia de Basílio da Gama
- Mesmo depois da queda de Pombal, em 1777, Basílio
continuou servindo aos principais círculos de
poder em Portugal. Produziu bastante no campo da
literatura e veio a falecer em 1795 em Lisboa.
10O Uraguai o tema histórico
- A região dos Sete Povos das Missões Orientais foi
colocada em pauta nas disposições do Tratado de
Madri, firmado entre Portugal e Espanha, em 1750,
o qual determinava nova demarcação das fronteiras
de suas colônias na América do Sul.
11O Uraguai o tema histórico
- A colônia portuguesa do Santíssimo Sacramento (no
sul do atual Uruguai) ficaria sob os domínios da
Espanha e os Sete Povos das Missões Jesuíticas,
os povoados guaranis catequizados por jesuítas
espanhóis, seriam entregues aos portugueses.
12O Uraguai o tema histórico
- As fronteiras entre os dois impérios ibéricos na
América - Portugal queria expandir sua fronteira sul ao
máximo, de preferência até o rio da Prata. - Espanha queria empurrar Portugal para o norte,
preservando para si o domínio daquele rio
fundamental (O Uruguai).
13O Uraguai o tema histórico
- Missões reduções (na margem esquerda do rio
Uruguai) que se espraiaram pelo miolo do
território sul-americano e consolidaram-se como
uma verdadeira civilização, organizada,
produtiva, próspera, integrada aos mercados.
Pagavam tributos à Espanha e, embora não tivessem
autonomia política, eram comandadas por padres
jesuítas espanhóis. -
14O Uraguai o tema histórico
- Os padres jesuítas das Missões foram acusados de,
a partir da expansão e da consolidação de suas
reduções, querer fundar um império próprio,
independente tanto da Espanha quanto de Portugal. - População das Missões na altura de 1740 mais
de 95 mil pessoas, cada aldeia entre mil e seis
mil habitantes.
15O Uraguai o tema histórico
- Feito o Tratado de Madri ordem
- Os índios guaranis e os padres jesuítas deveriam
abandonar as Missões à margem esquerda do rio
Uruguai. - Agravante A Ordem dos jesuítas estava passando
por uma conjuntura especial na Europa acusações
de conspirações contra governos alvo dos
iluministas.
16O Uraguai o tema histórico
- TENSÃO guerra e chacina
- Lideranças indígenas e padres jesuítas
consideraram um absurdo tal determinação (via
Tratado de Madri), porque implicava abandonar
verdadeiras cidades com toda uma organização
econômica próspera, obtida com o trabalho de
várias gerações.
17A guerra guaranítica
18A guerra guaranítica
- O espaço missioneiro deveria integrar-se ao
espaço colonial português, não obstante a
demarcação dos limites desse tratado foi
interrompida várias vezes pela recusa dos índios
missioneiros em entregar as terras, culminando na
Guerra Guaranítica.
19O Uraguai o tema histórico
- Conflito da parte dos impérios ibéricos
- 1751 expedição conjunta dos dois exércitos para
demarcação das fronteiras acertadas no Tratado - Líder português Antônio Gomes Freire de Andrada
(então governador de MG e RJ) - Desfecho a expedição luso-espanhola é barrada
pelos índios.
20O Uraguai o tema histórico
- 1754 novamente são enviados exércitos à região
dos Sete Povos, para evacuar aldeias, desta vez
com forte espírito de guerra. - Dificuldades atrasos do exército espanhol que
enfrentou uma terrível enchente e muitas baixas
em uma batalha com os índios.
21O Uraguai o tema histórico
- 1755 Nova tentativa de cumprimento do Tratado
- Exército português bem organizado (1.600
militares e uns 200 aventureiros/bandeirantes) em
armas, mais de 6 mil cavalos e grande poder de
fogo, além de 200 escravos
22O Uraguai o tema histórico
- Exército espanhol números parecidos com o
exército luso aspecto diverso dois terços de
seus 2 mil homens era de gaúchos (homens livres
sem organização militar regular) mostraram
uma face sanguinária (direito ao saque) no
combate (final) de Caiboaté.
23O Uraguai o tema histórico
- Horizonte complicado dos índios a resistência
em desvantagem - Não tinham muita capacidade guerreira (nunca
haviam se preparado para agredir outros povos) e
uma grande parte, ilusoriamente, tinha esperança
que a diplomacia dos jesuítas, na Europa,
conseguisse reverter as cláusulas do Tratado.
24O Uraguai o tema histórico
- Janeiro de 1756 as tropas luso-espanholas
encontram-se no atual município de Bagé e começam
a marcha em direção aos Sete Povos (rumo a
batalha de final de Caiboaté).
25O Uraguai o tema histórico
- Reação dos índios alguns líderes deliberaram
fugir para o outro lado do rio, queimando os
campos e as plantações, mas outras lideranças
indígenas, como Sepé Tiaraju, o maior líder
guerreiro dos guaranis, tentaram articular
resistência e decidiram combater, à moda
guerrilheira, as tropas ibéricas.
26SEPÉ TIARAJU
27SEPE TIARAJU
- Sepé Tiaraju nasceu entre a segunda e terceira
década do século XVIII, na sociedade missioneira
composta dos trinta povos guaranis. Foi educado
com esmero pelos espanhóis, principalmente no que
se refere ao uso das armas, tornando-se alferes
real e corregedor do povo de São Miguel, o que
lhe foi de muita valia na Guerra Guaranítica
pelas suas grandes habilidades como estrategista,
planejando e executando os movimentos e operações
da tropa missioneira. Comandou o exército guarani
de, aproximadamente, dois mil e quinhentos
índios.
28SEPÉ TIARAJU
- Depois de muitos atos de bravura, e de insucessos
nos confrontos, no dia 7 de fevereiro de 1756
Sepé foi morto, na sanga da Bica, atualmente
parte urbana da cidade de São Gabriel (RS)
primeiro, seu cavalo rodou e o guerreiro guarani
foi lanceado por um soldado português depois,
segundo testemunho de um padre, foi baleado pelo
governador de Montevidéu, José Joaquim Viana, que
ainda mandou cortar a cabeça ao cadáver.
29SEPÉ TIARAJU
- Com a morte heróica foi elevado à condição de
mito fundador do povo missioneiro e gaúcho.
Qualidade consolidada após duzentos e cinqüenta
anos, através do imaginário popular, sendo mais
conhecido como São Sepé Tiaraju, o mártir da
terra sem males, o santo protetor de todos os
povos que lutam pela - terra .
30O Uraguai o tema histórico
- FIM DA GUERRA
- Os índios que bravamente resistiram foram
derrotados - O exército luso adotou a prática de prender os
inimigos vivos e o exército espanhol preferiu
matá-los. - Em maio de 1756, o exército luso entrou
triunfante nas Missões.
31O Uraguai o tema histórico
- Números da tragédia
- Para os exércitos ibéricos
- 1.723 índios mortos
- 127 prisioneiros
- 326 sobreviventes que fugiram.
32O Uraguai o tema histórico
- Registro demográfico feito pelos jesuítas acerca
dos Sete Povos das Missões em 1753, antes do
processo de expulsão, morte e fuga - População 6.144 famílias, num total de 29.052
- Menor povoado São Lourenço 1.838 pessoas
- O mais populoso São Miguel 6.898 pessoas
- Em 1780 a mais antiga cidade sulina, Rio Grande,
contava 2.421 habitantes e a aldeia de Porto
Alegre contava 1.312 habitantes.
33O URAGUAI (1769)
34O URAGUAI (1769)
- Do título O título do livro de Basílio da Gama é
o nome do rio (o Uruguai) que faz limite entre o
atual noroeste do Rio Grande do Sul, no Brasil, e
o nordeste da Argentina, rio a cuja margem
esquerda se localizavam os Sete Povos. O nome
desse rio era grafado com a e com u na
segunda sílaba Basílio optou pela forma que está
consagrada no título.
35O URAGUAI (1769)
- Estrutura da obra Estruturalmente, O Uraguai
quebra com o padrão épico, nos moldes de A
Ilíada, A Odisséia e de Os Lusíadas. O poema,
escrito em decassílabos, possui apenas 1377
versos brancos (sem rima), sem divisão regular de
estrofes. Embora flexíveis, é possível perceber a
sua divisão em partes proposição, invocação,
dedicatória, narrativa e epílogo.
36O URAGUAI (1769)
- Estrutura da obra Embora Basílio aborde a
temática de uma guerra e de heróis em combate,
conforme a tradição épica, não há um indivíduo
heróico português que assuma um valor grandioso.
É, pois, o índio que se torna valoroso, apesar de
encontrar a morte. Além, disso a caricaturização
satírica dos padres jesuítas também é um fator
dissonante do épico.
37O URAGUAI (1769)
- Uma obra que bajula o poder?
- O poema é dedicado ao irmão de Pombal, Francisco
Xavier de Mendonça Furtado, e oferecido ao
próprio Sebastião José de Carvalho e Melo, então
Conde de Oeiras, depois Marquês do Pombal (título
de 1769). Além disso o herói nominal do poema é
Gomes Freire de Andrada, o executor da política
pombalina na campanha contra os Sete Povos.
38O Indianismo o heroísmo em O Uraguai
- Curiosamente, embora o autor tenha composto sua
obra para ser um hino laudatório ao feito militar
de portugueses, e de seus aliados espanhóis, na
figura de Gomes Freire de Andrade, o que de fato
se lê nos cinco cantos de seu poema é uma
louvação ao índio do novo mundo com suas virtudes
naturais intrínsecas.
39O Indianismo o heroísmo em O Uraguai
- O índio acaba superando, no seu espírito, o
guerreiro português, que era preciso exaltar, e o
jesuíta, que era preciso desmoralizar. Como filho
da simples natureza, ele aparece como um
elemento esteticamente mais sugestivo.
40O Indianismo o heroísmo em O Uraguai
- Assim, enquanto o herói europeu busca cumprir a
ordem que lhe foi dada, se possível sem que haja
conflito, o herói indígena contrapõe-se não por
um caráter maldoso ou vil. Sepé quer apenas ficar
em sua terra, reivindicando o direito natural de
nativo da terra, e manter ali as reduções e os
padres que as administram juntamente com os
índios.
41O Indianismo o heroísmo em O Uraguai
- Basílio não ignora a legitimidade dos motivos de
Sepé, apenas atribui estes motivos à manipulação
dos jesuítas, estes sim, os verdadeiros vilões da
história. Estes vilões, porém, são elementos
menores dentro da narrativa, e são quase
totalmente reduzidos a uma figura, a do padre
Balda.
42O Indianismo o heroísmo em O Uraguai
- Toda a corrupção e maldade dos jesuítas resume-se
às atitudes do pérfido padre, o que pessoaliza o
pólo negativo tornando-o, assim, pouco
representativo. Mais do que uma batalha entre
heróis e vilões, o que temos no poema é o embate
e o questionamento dos valores civilizados e
primitivos, um choque entre a cultura européia e
a cultura primitiva e autêntica dos reais donos
do território.
43O Indianismo o heroísmo em O Uraguai
- Segundo Sergius Gonzaga, o choque entre a visão
racionalista européia e o primitivismo americano
torna-se melancólico e, portanto, não-épico
quando o general Gomes Freire dialoga com os
chefes indígenas, Cacambo e Sepé. O ponto de
vista de Basílio da Gama diante da conversa entre
os inimigos revela-se, conforme o crítico,
paradoxal em termos ideológicos, ele é
favorável aos europeus, mas, em termos
sentimentais, simpatiza com os índios.
44O Indianismo o heroísmo em O Uraguai
- Enfim, para perceber tal ambigüidade, basta que
se observe a hipocrisia do discurso imperialista
do general português em confronto com as razões
muitos mais convincentes e naturais do discurso
do chefe indígena Cacambo. Assim, a contradição
de Basílio da Gama que pretende, por força de
suas conveniências políticas, glorificar tanto o
conquistador quanto o índio missioneiro, é
equacionada pela crítica feroz a um terceiro
elemento os jesuítas.
45RESUMO DOS CANTOS
46CANTO I
- Nos primeiros versos do poema, o leitor é
colocado diante dos campos devastados e cheios de
cadáveres onde se deu a batalha entre os
exércitos português e espanhol e o dos índios
guaranis.
47CANTO I
- Conta Gomes Freire que depois de firmado o
Tratado de Madri, por D. João V (de Portugal) e
D. Fernando VI (da Espanha), a fim de resolver os
problemas de limites territoriais entre os dois
impérios, foram enviados para a região das
Missões o exército espanhol e o exército
português a fim de juntos demarcarem as terras,
para garantir o acordo entre os países, já que o
cumprimento do tratado interessava a ambos os
estados.
48CANTO I
- Porém, antes da união dos exércitos, os jesuítas
induziram os índios a atacar um forte lusitano em
Rio Pardo. Houve luta, os índios perdem o combate
e alguns são feitos prisioneiros. Depois disso, o
general português parte em busca dos Sete Povos,
sempre na espera da junção com o aliado (Espanha).
49CANTO I
- Depois de caminhar muitos dias, o exército
português enfrenta a travessia do rio Jacuí.
Nessa altura, Gomes Freire recebe a notícia de
que o general espanhol não viria mais, porque os
índios tinham esterilizado os campos dos quais se
alimentariam os seus cavalos e o gado.
50CANTO I
- O general espanhol, então, aconselha que Gomes
Freire também se retire. Mas, Andrade, indignado,
não aceita dar passos para trás, retirando-se
do campo de batalha, e dispõe-se a esperar o
aliado às margens do Jacuí. Ocorre, então, uma
enchente tão grande que deixa alagada toda a
região. Contudo, o general não abandonou o local,
instalando o seu exército por dois meses no alto
das árvores.
51CANTO I
- Finalmente, obrigado pelas dificuldades, impostas
pela natureza, e pela demora do aliado, o general
teve de abandonar o ponto a que chegara e
retirar-se. Destaca-se, portanto, neste episódio,
o caráter oportunista dos jesuítas, a bravura dos
índios, a perseverança do general português, que
não resultou quase em nada, devido enchente do
rio Jacuí.
52Canto II
- No canto II, enfim, as tropas luso-espanholas
começam a marchar rumo ao Sete Povos das Missões.
Depois de muitos dias andando, chegam a um lugar
onde está o exército guarani.
53Canto II
- Gomes Freire de Andrade lamenta a grande
probabilidade de um conflito e, a fim de tentar
uma saída diplomática, manda soltar os índios
prisioneiros, que, pelo bom tratamento recebido
no cárcere, despende-se calorosamente do general
e depois, já entre os seus, falam sobre a nobreza
de Andrade.
54Canto II
- Com a chegada de dois embaixadores índios, o
general tenta negociar uma solução pacífica com
os dois líderes, Sepé e seu companheiro Cacambo.
No diálogo, são apresentados fortes argumentos
das duas partes. Não há julgamento de valor por
parte do narrador as razões do general e dos
índios são colocadas em pé de igualdade. Sepé é o
mais inflexível, não quer negociação, não
reconhece o poder do rei português nem aceita seu
domínio sobre o território.
55Canto II
- O discurso de Cacambo denuncia a crueldade do
branco em sua invasão ao índio. Apesar disso, ele
acredita que a paz seja possível, desde que a
razão supere o braço armado, pensamento típico do
ideário iluminista. Dizendo que se o rei de
Espanha desejasse dar terras a Portugal, que
desse outras (as Buenos Aires ou Corrientes),
pois aquelas tinham dono. Além disso, Sacramento,
em termos estratégicos, era mais importante do
que as Missões e os portugueses estavam prestes a
fazer um péssimo negócio.
56Canto II
- Cacambo demonstra que possui plena consciência do
destino de seu povo, que é ser talvez destruído,
pela astúcia da política européia. A razão de seu
argumento pode demonstrar, também, que os
aliados ainda são verdadeiros inimigos entre si,
e que os índios não passam de vítimas de um
conflito mal resolvido entre eles. Assim, a sua
fala parece indicar a superação de seu estado
natural, porque representa a conquista de uma
abstração lógica ou pensamento civilizado -
capaz, em princípio, de reacender a discórdia
entre os aliados e evitar, com isso, o massacre
de seu povo.
57Canto II
- Percebe-se, portanto, a diferença do caráter de
Cacambo e a do seu companheiro, Sepé, que é menos
racional e mais agressivo. Poderíamos dizer que
Cacambo foi um diplomata e Cepé foi um guerreiro,
tanto que tiveram mortes diferentes. Sepé na
batalha e Cacambo através das mãos vis do egoísta
padre Balda.
58Canto II
- Também nesse canto, nos deparamos com o discurso
persuasivo e hipócrita do general Andrade
tentando convencer os índios de que estavam sendo
explorados pelos jesuítas, que haviam construído
um império tirânico, e que a sua missão ali era
de libertá-los e torná-los felizes como ele.
59Canto II
- A fala de Sepé, mais curta e agressiva, salienta
o direito natural dos índios pelas terras onde
vivem, pois como herança de seus antepassados,
deveriam ofertá-las aos seus descendentes.
Trata-se, pois, de uma lamentação em reação a
invasão dos europeus ao continente americano.
Invasão essa que pretende desalojá-los e
apoderar-se de forma bárbara de seus recursos
naturais.
60Canto II
- E o bravo guerreiro encerra seu curto discurso
esclarecendo que se os europeus queriam a guerra,
então a teriam. O general português também acaba
por admitir que a guerra era inevitável e permite
a partida dos dois embaixadores índios, depois de
presenteá-los. Então, depois de fracassada a
tentativa diplomática de um acordo de paz, todos
começam a preparar-se para o confronto.
61Canto II
- Apesar da valentia do índio, o poderio bélico do
europeu impera, sem contudo desmerecer o índio.
Visto que, apesar da adversidade, o índio não se
intimidou, lutando até não poder mais. Sepé,
depois de lutar como um bravo, e de matar
inúmeros brancos, acaba ferido mortalmente com um
tiro no peito e tomba morto. Então, na ausência
do grande comandante e guerreiro, Cacambo, ao
lado de Caitutu e Tatu-Guaçu, reúne os índios
restantes e foge.
62CANTO III
- O terceiro canto inicia-se com uma imagem
alegórica de uma povoação destruída pela ambição
do injusto império europeu. Contudo, o general
desta investida não se rejubila com a vitória.
Pelo contrário, ele se compadece dos habitantes
daquele chão.
63CANTO III
- Depois de vencida a batalha, o general luso
conduz suas tropas para as Missões. Depois de
dias caminhando pelos campos, acampam às margens
do Rio Uruguai, próximo ao território a ser
ocupado. Cacambo dormia na margem oposta do rio a
espreita dos europeus, e, sem conseguir dormir,
vê a imagem fantástica (ou talvez ilusória) e
triste de Sepé, exortando-o vingar a sua morte e
defender a pátria
64CANTO III
- Cacambo tenta incendiar o acampamento europeu e
consegue atravessar o profundo e irado rio sem,
no entanto, provocar algum barulho que pudesse
acordar o exército de Andrade. Conseguindo,
assim, concretizar a missão a ele incumbida por
Sepé incendiar o acampamento português,
voltando, em seguida, para as Missões para dar a
notícia ao padre Balda. Porém, essa empreitada
foi debalde, visto que não provocou grandes
problemas ao exército de Gomes. Já que o fogo foi
rapidamente controlado, sob a autoridade do
general.
65CANTO III
- O narrador, então, lamenta o destino que aguarda
Cacambo nas Missões. O heróico índio era o
cacique da tribo e havia casado com Lindóia,
também altiva e nobre. E, voltando de forma
antecipada para o seu povo, é preso, numa escura
prisão, como traidor e envenenado pelo padre
Balda, sem receber as honras fúnebres com pouca
terra cobrindo seus nobres ossos, e sem ter visto
novamente sua amada esposa antes de seu injusto
fim.
66CANTO III
- O padre Balda, jesuíta e grande vilão da
história, pretendia com o assassinato de Cacambo,
colocar seu filho bastardo, Baldetta, no comando
da tribo. E obrigar a esposa e precoce viúva do
generoso índio a se casar com seu afilhado.
67CANTO III
- Assassinado Cacambo, Lindóia decide se matar ao
em vez de se entregar ao Baldetta, o filho do
padre assassino. Recorre, então, à velha
feiticeira Tanajura na esperança de ela pudesse
fazer alguma magia que a fizesse encontrar
Cacambo. A velha leva a jovem viúva à gruta e lá
elabora um feitiço. E num pote ferrugento com
água da fonte, a feiticeira fez a nobre índia ver
a vingança do assassinato de Cacambo, a
destruição de Portugal por um terremoto (1755), a
expulsão dos jesuítas e a reconstrução de
Portugal pelo Marquês de Pombal.
68Canto IV
- Sempre lamentando a devastação que vê diante de
si, Gomes Freire aproxima-se, com seu exército,
da missão jesuítica. E depois de vencer a última
resistência nos grandes montes da serra, enfim
alcança o cimo da montanha, de onde pode ver toda
a beleza da região as longas campinas, os
riachos e fontes claras, os arvoredos frondosos,
as plantações e o vagaroso gado do território das
Missões. Enquanto isso, o pérfido padre Balda
prepara o casamento de Lindóia e Baldetta com um
curioso desfile militar.
69Canto IV
- Para que se iniciasse a estranha festa de
casamento, no meio de uma guerra e ignorando
totalmente o luto pela morte de Cacambo, faltava
a noiva a mísera Lindóia. Tanajura, um tanto
irritada, informa a todos que resolveram procurar
por Lindóia que a tinha visto entrar sozinha no
jardim, triste e chorosa, sem deixar que ninguém
fosse com ela.
70Canto IV
- Caitutu, irmão da índia, parte a sua procura e
entra, enfim, na mais remota e interna parte de
antigo bosque, escuro e negro, onde ao pé de uma
lapa (gruta) cavernosa, havia uma rouca fonte que
murmurava, coberta por uma melancólica parreira
de jasmins e rosas. Este lugar delicioso e
triste, cansada de viver, tinha escolhido para
morrer a mísera Lindóia. A encontra adormecida e
enrolada em seu corpo, uma serpente. Caitutu
consegue matar a cobra, mas já era tarde Lindóia
havia sido picada e morre nos braços do irmão que
contempla a morte que se faz bela em seu rosto
(MORTE ROMÂNTICA)
71Canto IV
- A MORTE DE LINDÓIA Esta passagem, certamente a
mais famosa do poema, conhecida como a morte de
Lindóia é uma das mais belas do texto,
denunciando o lirismo indianista e pré-romântico
de Basílio da Gama, através da atitude heróica da
índia que prefere a morte em vez de trair a
memória de seu marido, revelando, assim, altivez
e nobreza de caráter.
72Canto IV
- Ao ver frustrados seus planos maquiavélicos, com
o suicídio de Lindóia, o padre Balda proíbe os
ritos fúnebres e manda deixar seu corpo exposto
às feras. Em seguida, culpa a feiticeira Tanajura
e incita os índios a matá-la, condenando-a em um
auto de fé. Neste momento, chega um mensageiro
avisando que o exército ibérico se aproxima.
Balda manda incendiar a redução, amarra Tanajura
em um tronco e começa por ela o fogo. Os jesuítas
além de Balda, há mais dois, pouco expressivos
Tedeu e Patusca fogem para uma redução vizinha.
73Canto IV
- Gomes Freire de Andrade entra, triunfalmente, na
redução, contém o incêndio iniciado por Balda, e
mais uma vez lamenta toda aquela destruição. Os
soldados se impressionam com o tamanho e a
riqueza do lugar, que ainda pode ser percebido em
meio às ruínas. Andrade indigna-se com a atitude
dos padres de não pouparem sequer o altar e os
símbolos sacros destruídos pelo incêndio. A
sugestão é de que são justamente aqueles que
deveriam representar a igreja os seus
corruptores, que não respeitam os símbolos
máximos da fé que deveriam pregar.
74CANTO V
- No início do quinto canto o narrador descreve o
teto da catedral, onde os jesuítas tinham feito
pintar vilas, cidades, províncias e reinos. Tais
pinturas ostentavam a representação do poder da
Companhia de Jesus, seus planos de conquista do
mundo e as ações já realizadas, incluindo uma
série de atentados e assassinatos, heresias e
práticas de corrupção.
75CANTO V
- O canto quinto, que é mais político, apresenta
algumas insinuações de Basílio da Gama sobre a
mão suja dos jesuítas na morte de alguns reis
na Europa, tais como as mortes de Henrique III e
Henrique IV, da França. Mostrando assim o grande
poder que a Companhia exercia não só no Brasil,
mas também na Europa.
76CANTO V
- Enfim, o general Andrade, depois de contemplar
todas as pinturas, enquanto os seus soldados
ainda admiravam embevecidos o grandioso afresco,
decide, meditando consigo mesmo, uma estratégia
inédita de guerra. Assim, espera o cair da noite
e volta a marchar com seu exército, a fim de
surpreender os índios e jesuítas em outra aldeia.
77CANTO V
- Então, quando o exército de Andrade chega ao
local destinado, surpreende os padres abandonando
os índios à própria sorte, depois de tê-los
exposto à guerra. Mas, os soldados prendem os
padres, divertindo-se com o guloso Patusca que
tentava fugir com presuntos europeus e lingüiças
saborosas. O general português se mostra
benevolente para com os índios vencidos.
Rendidos, os nativos se colocam de joelhos frente
à Andrade e, humilhados com a derrota, adoram a
imagem de seu rei que lhe apresentam.
78CANTO V
- Enfim, o poeta encerra obra prometendo que sua
obra terá o reconhecimento da Arcádia Romana, o
que equivaleria a garantir a posteridade do poema.
79Sugestão ver o filme A Missão de Rolland Joffé