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O Problema Bio

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Da mesma forma a antropologia cultural, quando afirma que assim como a vida est sujeita evolu o, a sociedade evolui, portanto os valores morais tb evoluem. – PowerPoint PPT presentation

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Title: O Problema Bio


1
O Problema Bioético
  • Origens, difusão e definição da bioética
  • Há 20 anos 1970 aparecia o termo bioética
    com Potter.
  • A preocupação de Potter o perigo para a
    sobrevivência na separação entre saber científico
    e saber humanista.

2
  • A distinção valores éticos e fatos biológicos
    está na raiz do processo científico-tecnológico
    indiscriminado, que segundo Potter coloca em
    risco a humanidade e sua sobrevivência sobre a
    terra.
  • A solução para conter esse risco construir uma
    ponte entre as duas culturas a
    científico-tecnológica e a humanista-moral.
  • Em outros termosgt a ética não pode olhar só para
    o homem, mas ter um olhar sob a biosfera,

3
  • em seu conjunto, ou melhor para cada intervenção
    científica do homem sob a vida em geral.
  • A bioética deve-se ocupar de unir a ética e a
    biologia, os valores éticos e os fatos biológicos
    para o sobrevivência do ecossistema todo.
  • A bioética tem a função de ensinar como usar o
    conhecimento em âmbito científico-biológico.

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  • O instinto de sobrevivência não basta, é preciso
    elaborar uma ciência da sobrevivência, que o
    autor identifica com a bioética.
  • Merece destaque em Potter, o núcleo conceitual
    que ele situa na raiz do nascimento da bioética,
    a necessidade que as ciências biológicas façam
    perguntas éticas, de que o homem faça perguntas
    sobre a relevância moral de sua intervenção na
    vida.
  • É superar o pragmatismo modernogt conhecimento
    racional-prático, sem o moral.

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  • Para Potter a bioética se movimento a partir de
    uma situação de alarme, a preocupação com a
    sobrevivência da humanidade, na forma como se usa
    a tecnologia.
  • No período inicial a possibilidade de construir
    armas biológicas de alterar o estatuto da vida,
    das espécies, e dos indivíduos gera o
    catastrofismo.
  • Outra característica é a ampliação da ética para
    além da ética-médica tradicional.
  • Antes de Potter, em 1969, Callahan vai já
    formular normas para a experimentação sobre o
    homem. Motivo da preocupaçãogt de 65 a 71, estudos
    sobre hepatite viral por meio da inoculação do
    vírus em algumas crianças deficientes internadas
    no hospital. Lembrou os casos de experimentação
    nazista.

6
  • Um caso nazistagtPara pesquisar substâncias
    anticoagulantes, o Dr. Rausch, em Dachau,
    realizou amputações de membros de prisioneiros
    sadios e conscientes e provocou ferimentos no
    baço de outros prisioneiros, além de dissecações
    em pessoas vivas para avaliar o efeito da
    descompressão rápida. Esse último experimento
    tinha como objetivo descobrir as causas dos
    sintomas dessa descompressão (...) O que faltou a
    esses experimentos não foi método, mas ética.

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  • Caso americanogt1932 a sífilis. 200 homens negros
    diagnosticados com a sífilis nunca souberam que
    estavam com a doença, é negado o tratamento e
    eles são usados como cobaias humanas para
    acompanhar a progressão e sintomas da doença.
    Como uma volta irônica, as mulheres e senhoras
    destes homens infectados também não foram
    notificadas e nem tratadas, e podem ter infectado
    outros. Quase tosos os homens subsequentemente
    morreram de sífilis, e nunca foi dito às famílias
    deles que eles podiam ter sido tratados.

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  • 1.1 Principais centros de bioética no mundogt Nos
    Estados Unidos Hastings Center (Callahan),
    kennedy Institute, sediado na Georgetown
    University (Hellegers, Pelegrino), publica a
    Encyclopedia of Bioethics (Reich) 1978. Nomes
    ainda importantes do instituto Beauchamp e
    Childress obra Principles of biomedical ethics,
    que delineia o principialismo.

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  • Canadá Institut de Recherche Clinique Roy.
  • Austrália sob o comando do P. Singer,
    utilitarista.
  • De cunho contratualistagt Engelhardt, não
    vinculado a centro.
  • Europagt Espanha, Instituto Borja de bioética.
    Destaque para a obra de Gracia, Fundamentos de
    bioética. Aderindo ao personalismo e à
    fenomenologiagt Zubiri e Delgado.
  • Na Alemanha, H. Jonas Princípio da
    responsabilidade.

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  • Na Itáliagt O hospital Gemelli representante,
    Sgreccia.
  • Brasil, Sociedade Brasileira de Bioética, 1995.
  • 1.2 Da ética médica à bioética
  • Quatro etapas da ética na medicina anterior à
    bioéticagt ética médica hipocrática, moral médica
    de inspiração teológica, a contribuição da
    filosofia moderna e a reflexão sobre os direitos
    do homem na Europa.
  • O Juramento de Hipócrates (Com base em autores
    diferentes trazer uma análise positiva e outra de
    crítica ao juramento).

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  • A estrutura do Juramento compreendegt a) uma
    invocação da divindade, b) uma parte central,
    dividida em duas partes uma relativa ao
    compromisso com respeito para com o mestre, com
    a transmissão gratuita do ensinamento aos filhos
    do mestre e com o ensino geral a quem subscreve o
    juramento a outra parte é dedicada mais
    propriamente à terapia, que obriga o médico a
    rejeitar certas ações, como dar veneno até mesmo
    a quem pede, o aborto procurado, qualquer abuso
    sexual em ralação à pessoa do doente ou de seus
    familiares, e o respeito pelo segredo médico.

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  • c) Uma conclusão que invoca sanções por parte da
    divindade no sentido positivo para quem observa e
    negativo para quem não observa.
  • O juramento revela o paternalismo médico.
  • Fundamenta a moralidade do ato médico no
    princípio de benefício e de não-malefício, ou
    seja, o bem do paciente.
  • Uma vez que o médico age sempre para o bem do
    doente, o que ele prescreve não tem necessidade
    de aprovação, nem sequer por parte do paciente.
  • O juramento revela uma moralidade não para
    defender a casta médica, e nem uma moralidade
    natural, mas uma moralidade fundada no princípio
    sagrado do paciente.

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  • O que todos reconhecem é que o pensamento
    hipocrático permanece como canônico para todo
    período clássico e medieval.
  • O aparecimento do princípio de autonomia com o
    pensamento moderno, o liberalismo ético de Hume,
    a formulação dos direitos do homem
    representaram o antipaternalismo médico (cfr.
    Gracia).
  • Não significou a anulação do princ. De
    beneficência e nem de justiça.

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  • A bioética atual os princípios inspira-se na
    tradição cristã, que não acolheu só a
    hipocrática.
  • A tradição cristã contribuiu para o conceito de
    pessoa humana.
  • A superação do dualismo gt alma e corpo.
  • Depois da Revolução Francesa, chegada dos
    hospitais civis continuação do trabalho da
    igreja.
  • A figura do médico cristão servo diácono.
  • Desenvolvimento de uma teologia que proclama a
    sacralidade e inviolabilidade da vida.

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  • Período histórico máximo da moral médica católica
    pontificado de Pio XII Discursos e
    Radiomensagens dirigidos aos médicos a causa
    dos crimes nazistas, início da tecnologia com
    suas ambigüidades.
  • No período seguinte Vaticano II GS conceitos
    de homem e família.
  • Humanae Vitae, Paulo VI 1968.
  • Declaração sobre o aborto 1974.
  • João II FC 1981.

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  • Declaração sobre eutanásia 1980.
  • Dignidade da procriação (Domus Vitae 1987.
  • A vertente laica dá a sua contribuição de
    natureza jurídica e deontológica que se
    desenvolveu depois de Nurenberg (1945 46).
  • Duas linhas se desenvolveram desse momentogt
    formulação dos direitos do homem e o aprovação do
    código de deontologia médica.

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  • Essas normas exigiam uma reflexão de fundação
    teórica e de justificação, que pela força das
    coisas deveria confluir numa disciplina
    sistemática, que é exatamente a bioética.
  • Os códigos deontológicosgt Nuremberg 1946, Código
    de Ética Médica, Genebra 1948. Código de Helsing
    sobre as experimentações e pesquisas biomédicas
    (1962, 1964, 75, 83, 89)

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  • 1.3 O problema da definiçãogt A babel de
    definições.
  • Movimento de idéias historicamente mutáveis.
  • Metodologia de confronto interdisciplinar entre
    as ciências biomédicas e humanas.
  • Como fruto de articulação da filosofia moral.
  • Como disciplina autônoma, não identificada com a
    deontologia, com a medicina legal ou com os
    direitos humanos.

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  • Não identificada com antiga ética médica.
  • Numa visão mais abrangente a bioética pode ser
    identificada como a ética que diz respeito às
    intervenções sobre a vida, em sentido extensivo
    (cfr. Sgreccia).
  • Def. Encyclopedia of Bioethics 1978 estudo
    sistemático da conduta humana no âmbito das
    ciências da vida e da saúde considerada à luz de
    valores e princípios morais.
  • O âmbito das ciências da vida e da saúde
    compreende,por isso, a consideração da biosfera,
    para além da medicina.

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  • As intervenções podem ser as que se referem às
    profissões médicas, mas tb as das populações.
  • No Documento de Erice, a competência da bioética
    é reconhecida em quatro áreas os problemas
    éticos das profissões sanitárias os problemas
    das pesquisas em seres humanos os problemas
    sociais de políticas sanitárias e os problemas
    relativos às intervenções sobre a vida dos outros
    seres vivos em geral.

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  • No que diz respeito às relações com a medicina
    legal e deontologia profissional, o documento
    assim se exprime
  • 1) bioética definição da enciclopédia.
    Finalidades análise racional dos problemas
    morais ligados à biomedicina e de sua conexão com
    as áreas do direito e das ciências humanas,
    elaboração de linhas éticas fundamentais sobre os
    valores da pessoa e sobre os direitos do homem,
    respeitadora de todas as confissões religiosas,
    fundação racional e metodológica cientificamente
    adequada.

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  • Instrumentos resultam da metodologia
    interdisciplinar especificamente que se propõe
    examinar de modo aprofundado e atualizado a
    natureza do fato biomédico (momento
    epistemológico), ressaltar suas implicações num
    plano antropológico (momento antropológico) e a
    identificar as soluções éticas e as
    justificativas de ordem racional que sustentam
    essas soluções (momento aplicativo).

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  • 2. Deontologia Médica é uma disciplina cujo
    objeto é o estudo das normas de comportamento
    profissional específicas das profissões
    sanitárias. Esta disciplina inclui três ordens de
    normas a) normas morais, B) As normas
    deontológicas propriamente ditas, C) As normas
    jurídicas de cada um dos países.
  • Finalidade é o aprofundamento essencial e a
    atualização das normas e regras de conduta da
    profissão médica.

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  • Os instrumentos são distintos nas três áreas. A)
    O estudo das normas morais e de sua releitura
    atualizada desenvolve-se em estreita relação com
    as conclusões que provêm da bioética. B) A
    atualização das normas deontológicas propriamente
    ditas supõe uma constante comparação com os
    códigos deontológicos nacionais e
    internacionais. C) As normas jurídicas de caráter
    deontológico são estudadas sob o perfil do
    direito vigente em cada país, também com a
    finalidade de procurar uma correspondência com
    os valores deontológicos.

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  • 3. A medicina legal por sua natureza uma, uma
    ciência interdisciplinar, que estuda com
    metodologia específica os conteúdos biológicos e
    médicos das normas jurídicas, com a finalidade de
    permitir sua melhor interpretação, aplicação e
    desenvolvimento, e colabora com a justiça e com
    os particulares para a solução dos casos que
    exigem averiguações e avaliações de ordem
    biológica ou médica.
  • A definição da Ecyclopedia não define quais e o
    que são os valores. Permanece em aberto, objeto
    de discussão.

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  • Os tratados de bioética hoje se configuram em
    três momentos diferentes bioética geral,
    especial e clínica.
  • A) Bioética geral ocupa-se das fundações da
    ética. É o discurso sobre os valores e sobre os
    princípios originários da ética médica e sobre as
    fontes documentais da bioética (direito
    internacional, deontologia, legislação). Na
    prática, uma verdadeira e autêntica filosofia
    moral em sua parte fundamental e institucional.

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  • B) Bioética especial analisa os grandes
    problemas, enfrentados sempre sob o perfil geral,
    tanto no terreno médico quanto no terreno
    biológico engenharia genética, aborto,
    eutanásia, experimentação clínica. São as grandes
    temáticas que constituem as colunas mestras da
    bioética sistemática e, obviamente devem ser
    resolvidas à luz dos modelos e dos fundamentos
    que o sistema ético assume como fundamentais e de
    justificação do juízo ético. Liga às conclusões
    da bioética geral.

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  • C) Bioética Clínica ou de decisão examina na
    situação concreta da prática médica e do caso
    clínico quais são os valores em jogo e por quais
    caminhos corretos se pode encontrar uma linha de
    conduta sem modificar esses valores a escolha ou
    não de um princípio de avaliação condicionará a
    avaliação do caso e, não se pode, segundo penso,
    separar a bioética clínica da geral.

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  • 1.4 Bioética e antropologia
  • o valor fundamental da vida, o valor
    transcendente da pessoa, a concepção integral da
    pessoa que é como síntese unitária de valores
    físicos, psicológicos e espirituais a relação
    de prioridade, complementaridade entre pessoa e
    sociedade, e uma concepção personalista e de
    comunhão do amor conjugal são pontos de
    referência para a bioética, não menos que para
    toda a ética humana e social.
  • Estes valores deverão ser confrontados e
    compostos com os problemas emergentes do
    desenvolvimento da ciência biomédica.

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  • 2. Justificação epistemológica, fundação do Juízo
    bioético e metodologia da pesquisa em bioética.
  • 2.1 A justificação epistemológica a bioética
    está aí como tentativa de reflexão sistemática a
    respeito de todas as intervenções do homem sobre
    os seres vivos.
  • A pergunta que se faz é essa reflexão tem uma
    posição precisa no panorama das ciências? Tem uma
    justificação da qual não de pode prescindir? Tem
    criteriologias próprias sobre as quais fundar os
    seus juízos e tem um método próprio de pesquisa?

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  • O perigo de ser a bioética uma miscelânea, um
    cocktail preparado com ingredientes de outras
    ciências (biologia, filosofia, medicina,
    deontologia), sem uma identidade e necessidade
    precisa.
  • O problema que não pode ser esquecido é a
    justificação epistemológica, o problema do
    fundamento do juízo ético, e o problema do método.

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  • a) Justificação epistemológica da bioética
  • Revolução terapêutica (penicilina tuberculose e
    outras)e biológica (código genético, medicina
    genômica), descoberta das leis que regulam a
    formação da vida.
  • Revoluções da medicina e na concepção de vida do
    homem o destino da humanidade?
  • Impacto das descobertas movimentação da ética
    médica.

33
  • Descobertas genéticas e aplicação do conhecimento
    no campo embriológico e ginecológico
    procriação artificial não respostas da
    deontologia às questões ética que surgem.
  • Ex. a criação de uma possível bomba biológica
    evoca uma nova ética, a bioética (Potter, Jonas).
  • O perigo do eugenismo no campo da procriação, com
    decorrência para a comercialização provoca
    temores.

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  • A ciência experimental, por esse caminho corre o
    risco de assumir o estatuto epistemológico da
    política, isto, a arte do possível, a procura em
    fazer tudo aquilo que é possível, e não seguiria
    mais só o conhecimento da realidade.
  • B) A relação entre ciência biomédica e bioética
  • Dulbecco autonomia e neutralidade dos cientistas
    fora das tragédias da história.

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  • Inspiração baconiana e cartesiana rejeição a
    qualquer controle e interferência seja do
    estado, igreja e autoridades.
  • Mentalidade de mudança preocupação com as
    ciências biomédicas mas clareza no estatuto
    epistemológico da bioética.
  • Não perder de vista medicina e biologia
    método experimental (Galileu e Bacon)

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  • O método visa a observação dos fenômenos
    passos hipótese interpretativa, verificação
    experimental e a avaliação dos resultados da
    experimentação.
  • Esse itinerário metodológico tem uma validade
    intrínseca própria que permite o acúmulo orgânico
    e linear dos conhecimentos.
  • Mas o método tem um limite intrínseco é
    reducionista por definição apóia-se nos fatos e
    dados de ordem quantitativos.

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  • Qual a razão de introduzir a ética dentro de uma
    ciência experimental como a medicina, a biologia?
  • A resposta a ética serve para avaliar a ciência
    em seu momento aplicativo - (conseqüências,
    riscos, interesses). Aqui a ética não é
    intrínseca à pesquisa científica.
  • Outra postura a ética intrínseca à pesquisa
    científica, mas apenas no sentido da fidelidade
    aos cânones da pesquisa.

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  • É a ética ligada ao escrúpulo metodológico, na
    exatidão das comunicações dos resultados, na
    transparência dos procedimentos.
  • Essa ética intrínseca à pesquisa representa uma
    exigência deontológica válida para todo tipo de
    ciência e, portanto, também para bioética, que se
    refere à pesquisa biomédica.
  • Mas a ação correta no procedimento ética
    profissional não significa toda ética.

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  • Sendo assim, além dos dois vínculos éticos
    anteriores, o no campo aplicado e o deontológico,
    tem-se o problema da intencionalidade do
    pesquisador.
  • Pesquisador e financiadores podem ter intenções
    boas ou más, ou utilitaristas. Tem participa em
    grau menor tem o direito de saber no que está
    participando.
  • Outro vínculo entre pesquisa e ética refere-se
    aos procedimentos experimentais, não basta uma
    ética dos fins, hoje é preciso uma ética dos
    meios e dos métodos, mesmo quando os fins são
    bons. Por ex. dar um filho a um casal estéril
    nem sempre são lícitos os procedimentos
    escolhidos estes poderiam ser lesivos à vida e à
    dignidade humana (perda dos embriões fecundados a
    mais).

40
  • Já vimos que o método experimental é redutivo do
    real, pois considera apenas o aspecto
    experimental e quantitativo, deixando fora os
    aspectos otológicos e axiológicos.
  • Se por ex. o cientista realiza uma pesquisa sobre
    o embrião humano não pode olhar só os
    resultados da pesquisa e a honestidade
    metodológica deve perguntar sobre o que é um
    embrião humano se é um ser humano, se tem ou não
    valor de pessoa humana.

41
  • É a partir dessa pergunta que se esclarece as
    demais respostas bioéticas ao avaliar a
    densidade do real, que passo a compreender as
    exigências éticas sobre os fins, os meios e os
    riscos.
  • Jaspers dirá que a ciência experimental não é
    capaz de perceber nem conhecer o aspecto
    qualitativo da realidade, nem a sua natureza, nem
    seu valor profundo. Com seu método, não pode
    justificar nem seus próprios fins, imagina
    refletir os fins da humanidade?

42
  • A pergunta pelos fins, que nasce de dentro da
    própria ciência experimental, é uma pergunta que
    navega no campo da ontologia e da axiologia.
  • Por exgt se a experimentação é feita com o
    embrião, com a finalidade terapêutica ou não,
    deve-se perguntar em primeiro lugar qual a
    realidade global do embrião humano (ontologia) e
    qual o seu valor (axiologia).
  • Se a conclusão, é por ex. a convicção de que se
    trata de um ser humano, deve-se então se
    perguntar sobre o significado da experimentação
    sobre o ser humano individual e definir o dever
    do pesquisador.

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  • Para uma decisão nessa criteriologia será preciso
    esclarecer, consequentemente, quem é o homem,
    qual o seu valor, qual o seu destino. E quando se
    fala do homem enquanto homem, da sua origem, do
    seu destino, vai-se à procura do que é comum a
    todo homem, sua dignidade e sua transcendência.
  • Do que vimos, poderíamos dizer que a
    justificativa bioética não diz respeito apenas ao
    momento em que se aplica a pesquisa, mas tb ao
    próprio momento da pesquisa, e ao método da
    pesquisa.
  • A bioética se relaciona com a biomédica de uma
    forma integrada.

44
  • C) Os modelos de bioética
  • Modelos éticos de referência????
  • Teorias sobre a fundação do juízo ético????
  • Há no campo bioético uma pluralidade de
    antropologias referentes e de teorias sobre a
    fundação do juízo ético.
  • Há toda uma discussão sobre quais valores e os
    princípios sob os quais devemos fundar os nossos
    juízos éticos.
  • Duas posições vem sendo tomadas uma que trabalha
    a fundação baseada numa espécie de consenso
    pragmático, flexível, segundo as circunstância.
  • E outra, que pede uma verdadeira justificação,
    exigindo uma demonstração da razão última pelo
    qual um ato moral deve ser julgado bom ou não.

45
  • A segunda posição é a de cunho metaético, a que
    deseja uma justificação fundadora e racional dos
    valores, das normas e dos princípios bioéticos.
  • É sobre a metaética que se constrói a
    metabioética.
  • C.1) Modelo Cognitivista e naõ-cognitivista a
    lei de Hume.
  • A lei de Hume separa cognitivistas e
    não-cognitivistas.
  • A lei deriva de uma observação contida na obra
    Tratado da natureza humana de Hume e retomada
    pela filosofia analítica, com Moore, que a
    definiu falácia naturalista.

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  • Afirma essa lei, que existe um grande desacordo
    entre o âmbito dos fatos naturais e o dos valores
    morais os fatos são conhecíveis e podem ser
    descritos com o verbo no indicativo, e
    demonstrados cientificamente, enquanto os valores
    e as normas morais são simplesmente pressupostos
    e dão lugar a juízos prescritivos
    indemonstráveis.
  • Entre o ser (fatos observáveis) e o dever ser não
    existiria nenhuma ligação.
  • Não se pode passar do SEIN ao SOLLEN.

47
  • Os não-cognitivistas julgam que os valores não
    podem ser objeto de conhecimento e de afirmações
    qualificáveis como verdadeiras ou falsas.
  • Ao contrário, os cognitivistas procuram uma
    fundamentação racional e objetiva para os valores
    e para as normas morais.
  • Justificar a ética, e portanto, a bioética, quer
    dizer discutir em primeiro lugar a possibilidade
    de superar a grande divisão ou falácia
    naturalista.

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  • Todo problema da falácia está no significado que
    se confere à palavra ser, que indica a
    fatualidade conhecível.
  • Se por ser se entende a mera fatualidade
    empírica, a lei de Hume se justifica.
  • Por ex. pelo fato de muitos homens roubarem e
    matarem, não se pode com certeza concluir que
    furto e homicídio seja moralmente lícitos, e, se
    quisermos demonstrar que representam atos
    ilícitos, deveremos recorrer a um critério que
    não seja simplesmente uma pesquisa dos fatos.
  • Mas a idéia de ser subjacente aos fatos pode ser
    entendida de modo não simplesmente empírico, mas
    mais profundo e compreensivo, como, por ex.
    essência ou natureza, ou seja, em sentido
    metafísico.

49
  • Nesse sentido o dever ser, pode encontrar um
    fundamento no ser, naquele ser que todo sujeito
    consciente é chamado a realizar.
  • Assim, o termo homens, pode ser entendido em
    sentido empírico (nesse caso a expressão indica
    os indivíduos que roubam e os que não roubam, os
    que matam e os que não matam) , mas pode se
    pensar também na essência ou natureza humana
    própria da pessoa racional ou na dignidade do
    homem e, então, pode e se deve encontrar uma

50
  • Fundação racional pela qual entre quem rouba e
    quem não rouba posso ser estabelecida uma
    diferença no plano moral.
  • Mas essa observação que julgamos simples,
    pressupõe a instância metafísica, a necessidade e
    capacidade de nossa mente de ir além do fato
    empírico e de captar em profundidade a razão de
    ser das coisas e a verdade dos comportamentos,
    sua conformidade com a dignidade da pessoa.

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  • É complexo, mas devemos buscar a fundação
    racional dos valores.
  • É necessário chegar a um fundamento de verdade
    para a ação moral e para os valores.
  • Uma sociedade sem valores não pode subsistir, mas
    se esses valores forem apenas opiniões, não
    construirão nenhum vínculo social.
  • Isto porque, a ética sem verdade representa um
    copo vazio diante de alguém que morre de sede.

52
  • Não é fácil reconhecer nas situações concretas a
    adesão à norma do bem e da verdade de um
    comportamento, mas é essa a tarefa da razão
    prática.
  • Por isso afirma Maritain, o conhecimento da norma
    moral é um tipo de conhecimento análogo a outras
    formas de conhecimento, como a matemática e a
    história, mas se trata sempre de um conhecimento
    que deve ser aplicado as outras áreas do saber.

53
  • C.2) Ética descritiva e modelo sociobiológico
  • Uma primeira tentativa de dar fundamento à norma
    ética com base nos fatos e com consequência de
    relativizar valores e normas é representada pela
    orientação sociológica-historicista trata-se de
    uma proposta ética puramente descritiva.
  • Segundo a teoria a sociedade em evolução, produz
    e altera valores e normas que são funcionais em
    seu desenvolvimento, assim como os seres vivos
    desenvolveram, em sua evolução biológica.

54
  • A teoria evolucionista de Darwin acaba se
    harmonizando com o sociologismo de Weber e com o
    sociobiologismo de Heinsenk.
  • Da mesma forma a antropologia cultural, quando
    afirma que assim como a vida está sujeita à
    evolução, a sociedade evolui, portanto os valores
    morais tb evoluem. A moral seria expressão
    cultural.
  • No sociobiologismo A ética nessa visão exerce o
    papel e tem a função de manter o equilíbrio
    evolutivo, o equilíbrio da mutação, da adaptação
    e do ecossistema.

55
  • É óbvio que entre natureza e cultura há uma
    conexão íntima e o limite á às vezes difícil de
    ser estabelecido, mas para esses pensadores a
    natureza se resolve na cultura e vice-versa. A
    cultura não é outra coisa que a elaboração
    transcritiva da evolução da natureza.
  • Aceitar esse modelo seria reduzir o homem a um
    momento historicista e naturalista do cosmo.
  • Essa visão traz consigo o relativismo de toda
    ética e valor humano.
  • É uma ideologia heráclitica, não se reconhece
    nenhuma unidade estável e nenhuma universalidade
    de valores.

56
  • Á luz desse modelo são avaliados como mecanismos
    necessários à evolução e ao progresso da espécie
    humana os da adaptação e seleção.
  • A adaptação ao ambiente e ao ecossistema e a
    seleção das qualidades mais idôneas ao progresso
    da espécie levam a justificar o eugenismo, tanto
    negativo como positivo.
  • Agora que a humanidade atingiu a capacidade de
    dominar cientificamente os mecanismos da
    evolução e da seleção biológica por meio da
    engenharia genética, justifica-se, segundo os
    seguidores dessa teoria , a engenharia genética
    seletiva, para animais e homens.

57
  • C.3) o modelo subjetivista ou liberal-radical
  • Correntes de pensamentos confluência no
    subjetivismo moral neo-iluminismo, o liberalismo
    ético, o existencialismo niilista, o cientismo
    neopositivista, o emotivismo, o decisionismo.
  • A principal tese é que a moral não se pode fundar
    nem sobre os fatos nem sobre os valores objetivos
    ou transcendentais, mas apenas sobre a escolha
    autônoma do sujeito.
  • Parte-se do não cognotivismo, da não
    cognoscibilidade dos valores.
  • A autonomia passa a ter preponderância.
  • O único fundamento do agir moral é a escolha
    autônoma, e o horizonte ético-social é
    representado pelo compromisso com a liberalização
    da sociedade.

58
  • O único limite é o da liberdade do outro (a de
    quem está capacitado de se valer da liberdade).
  • A liberdade é o único ponto de referência.
  • Nascido da Revolução Francesa.
  • Daqui nasce os argumentos para liberalização do
    aborto, escolha do sexo para quem vai nascer,
    para quem quer mudar de sexo, para a fecundação
    extracorpórea, de experimentação e pesquisa,
    momento da morte (suicídio como sinal de
    liberdade).

59
  • É uma liberdade sem responsabilidade.
  • Marcuse fala em três liberdades novas para levar
    a cumprimento os projetos da Revolução Francesa e
    da Revolução Russa, que ao seu ver tiveram em
    mira apenas a liberdade civil e a liberdade da
    necessidade.
  • As novas fronteiras da liberdade seriam
    liberdade do trabalho (o trabalho torna escravo a
    atividade humana) a liberdade da família ( a
    família tornaria escrava a afetividade do homem)
    e a liberdade da ética ( esta estabeleceria
    limites à mente do homem e os limites reprimiriam
    a própria liberdade de escolha). Falava do amor
    livre e polimorfo em sua obra Eros e Civilização.

60
  • A liberdade aqui aparece como um jogo trágico
    um niilismo, nada supõe antes da liberdade e
    dentro da liberdade.
  • Na verdade todo ato livre supõe a vida, é o
    existente do homem que realiza a liberdade. A
    vida existe antes da liberdade.
  • A liberdade tem um conteúdo.
  • A liberdade supõe o ser e o existir.
  • Quando a liberdade se põe contra a vida, destrói
    a si mesma. Quando nega a responsabilidade da
    escolha, reduz-se a uma força cega e arrisca o
    jogo consigo mesma, o suicídio.

61
  • Falamos aqui da responsabilidade que nasce dentro
    da liberdade e é sustentada pela razão, que
    avalia os meios e os fins para um projeto
    livremente perseguido.
  • Os protagonistas do subjetivismo ético e do
    divisionismo estão diante da dificuldade de não
    conseguirem estabelecer uma norma social.
  • C.4) Modelo pragmático-utilitarista
  • O princípio básico é o do cálculo das
    conseqüências da ação na base da relação
    custo-benefício.

62
  • O velho utilitarismo que remonta ao empirismo de
    Hume que reduzia o cálculo dos custos benefícios
    à avaliação agradável-desagradável de cada
    sujeito.
  • O neo-utilitarismo se inspira em Bentham e Mill e
    resume-se no tríplice mandamento maximizar o
    prazer, minimizar a dor e ampliar as esferas da
    liberdade pessoais para o maior número de pessoa.
  • É sobre esses parâmetros que se elabora o
    conceito de qualidade de vida (quality of life).

63
  • A qualidade de vida é avaliada justamente em
    relação à minimização da dor e muitas vezes dos
    custos econômicos.
  • Foram propostas várias fórmulas, ora no
    utilitarismo duro, ora no utilitarismo mais
    brando, para avaliar a eficácia e a utilidade dos
    tratamentos, ou também a conveniência do emprego
    dos fundos econômicos para o tratamento de certas
    doenças.

64
  • Fórmulas inventadas para cada categoria de
    paciente nonato malformado, doentes com tumor
    comparando fatores não-homogêneos (saúde
    produtividade, terapia e disponibilidade de
    fundos), acabam decretando a rejeição das
    terapias ou assistência em nome da não
    produtividade das despesas ou de um conceito de
    qualidade de vida baseado simplesmente na
    avaliação de fatores biológicos e econômicos.

65
  • Nesse terreno da procura da felicidade e da
    qualidade de vida, chega-se com alguns autores, á
    redução da categoria de pessoa à de ser
    senciente, enquanto este é capaz de sentir dor e
    prazer.
  • As conseqüências disso 1. a não consideração
    dos direitos dos insensíveis 2. justificação da
    eliminação de indivíduos sencientes para os
    quais os sofrimentos ultrapassa (ou é previsível
    que ultrapasse) o prazer ou de indivíduos que
    provocam nos outros quantitativamente mais dor
    que alegria (os deficientes, os fetos
    malformados).

66
  • 3. A justificação de intervenções mesmo
    supresivas na vida humana, com a única condição
    de evitar o sofrimento (licitude do aborto, mesmo
    em estágios avançado de gestação).
  • Se de um lado o utilitarismo exclui do respeito
    alguns seres humanos, do outro lado,
    paradoxalmente chega ao nivelamento de animais e
    seres humanos na base da capacidade de sentir, de
    perceber o prazer e a dor.
  • Uma outra orientação de ética pública análoga ao
    utilitarismo, é o contratualismo.

67
  • O contratualismo também é firmado no critério do
    acordo intersubjetivo estipulado pela comunidade
    ética, por todos que têm a capacidade a faculdade
    de decidir (Engelhardt).
  • O consenso social da comunidade ética justifica
    para esse pensador o preterimento de todos que
    não fazem ainda parte da comunidade ( embrião,
    fetos e crianças), cujos direitos dependeriam
    portanto dos adultos, por esses não serem
    considerados pessoas.

68
  • O conceito de pessoas acaba sendo um conceito
    sociológico.
  • Ainda nesse âmbito da ética intersubjetiva, temos
    a fenomenologia e a ética da comunicação.
  • A ética fenomenológica, apresentada por Scheler e
    Hartmann, fala de uma abertura definida
    intencional e intuitiva aos valores éticos os
    valores éticos, todavia, fundam-se em nível
    emotivo (o divino no homem de Scheler) e
    religioso.
  • Afirma-se, por isso, a possibilidade de fundação
    que quer ser concreta, sobre um terreno que
    todavia permanece relativizado à subjetividade
    emocional, e por isso, não universal. O horizonte
    permanece um horizonte social.

69
  • Também a teoria da ética formal dos bens de
    Gracia é fenomenológica.
  • Afirma a existência formal e universal dos
    valores, enquanto o próprio conhecimento da
    realidade suscita na consciência o sentido das
    realidades como valores mas essa exigência
    formal se realiza em atos de avaliação ou
    valorização que são subjetivos e ditados pelas
    circunstâncias.
  • Assim, como exigência, a moral é fundada em
    sentido racional e universal, mas como escolha
    concreta volta a ser ditada pela avalição
    subjetiva.

70
  • A teoria da comunicação ( Apel e Habermas),
    coloca na base do consenso social a comunicação.
  • Parte-se da idéia que alguns valores estão
    embutidos na comunicação verdade, respeito pela
    opinião outro, respeito pela liberdade, mas só
    são valores prévios e preparatórios para a
    fundação de uma norma.
  • O princípio fundamental estabelecido por essas
    correntes, é que as normas a serem justificadas
    devem ser capazes de obter o consenso em todas as
    suas conseqüências previsíveis para todos os
    interessados, corre-se o risco de subordinar a
    validade da norma ao consenso e de não poder
    determinar quem são os interessados.

71
  • Uma orientação que pode incluída dentro da ética
    pública é o principialismo (Beauchamp e
    Childress).
  • Os conhecidos princípios benefício, não
    malefício, autonomia e justiça), tem a
    necessidade de uma fundamentação.
  • Resta definir o que é ou não o bem para o
    paciente.
  • A hierarquia entre os princípios autonomia e
    benefício.
  • A clareza da deontologia prima facie.

72
  • C.5) O modelo Personalista
  • Três formas de personalismo
  • O personalismo relacional. No personalismo
    relacional-comunicativo ressalta-se sobretudo o
    valor da subjetividade e da relação
    intersubjetiva (Habermas e Apel)
  • O personalismo hermenêutico. Sublinha-se o papel
    da consciência subjetiva ao interpretar
    (Gadamer).
  • O personalismo ontológico. No significado
    ontológico, sem negar a relevância da
    subjetividade relacional e da consciência,
    deseja-se sublinhar que, como

73
  • fundamento da própria subjetividade, está a
    existência de uma essência constituída na unidade
    corpo-espírito.
  • A pessoa é entendida como define Boécio
    rationalis naturae individua substantia. No
    homem, a personalidade subsiste na
    individualidade constituída por um corpo animado
    e estruturado por um espírito.
  • O personalismo ontológico aprofunda suas raízes
    na própria razão do homem e no coração de sua
    liberdade. O homem é pessoa porque é o único ser
    em quem a vida se torna capaz de reflexão sobre
    si,

74
  • de autodeterminação.
  • É o único ser vivo que tem a capacidade de captar
    e descobrir o sentido das coisas, e dar sentido
    às suas expressões e à sua linguagem consciente.
  • Razão, liberdade e consciência representam, para
    nos expressarmos como Popper, uma criação
    emergente, irredutível ao fluxo das leis cósmicas
    e evolucionistas.
  • Isso por causa de uma alma espiritual que informa
    e dá vida à realidade corpórea.

75
  • O eu é irredutível a cifras, números, átomos,
    células e neurônios.
  • O homem neuronal que fala changeaux, não exaure
    todo homem.
  • A distancia ontológica e axiológica que distingue
    a pessoa humana do animal, não é comparável com a
    que distancia a planta do réptil ou a pedra da
    planta.
  • A pessoa humana é uma unidade, um todo, e não uma
    parte de um todo.
  • A própria sociedade tem como referência e pessoa
    humanagt a pessoa é o fim e a fonte da sociedade.

76
  • Mesmo na reflexão laica, a pessoa é apresentada
    sempre como fim, nunca como meio.
  • O personalismo aqui, não deve ser confundido com
    o individualismo subjetivista, concepção na qual
    se sublinha como constitutiva da pessoa quase
    exclusivamente a capacidade de autodecisão e de
    escolha.
  • O personalismo clássico, de tipo realista e
    tomista, sem negar esse componente existencial,
    ou capacidade de escolha, quer afirmar também e
    prioritariamente, a existência de um estatuto
    objetivo e existencial (ontológico) da pessoa.

77
  • A pessoa é antes de tudo um corpo
    espiritualizado, um espírito encarnado, que vale
    por aquilo que é, e não somente pelas escolhas
    que faz.
  • Em toda escolha, a pessoa empenha aquilo que é, a
    sua existência, sua essência, o seu corpo e o seu
    espírito.
  • Em toda escolha existe não apenas o exercício da
    escolha, a faculdade de escolher, mas também o
    contexto da escolha um fim, os meios e valores.
  • O personalismo realista vê na pessoa uma unidade,
    a unitotalidade de corpo e espírito, que
    representa o seu valor objetivo, pelo qual

78
  • a subjetividade se responsabiliza.
  • O aspecto subjetivo e o aspecto objetivo da
    pessoa se exigem e se implicam numa ética
    personalista.
  • O valor ético de um ato deverá ser considerado
    sob o perfil subjetivo da intencionalidade, mas
    deverá também ser considerado em seu conteúdo
    objetivo e nas conseqüências.
  • 3.O método de pesquisa
  • Não se configura com o método indutivo, onde as
    normas seriam constituídas a partir da observação
    dos fatos biológicos e sociológicos.

79
  • Não se configura igualmente com o método
    dedutivo, onde dos princípios se deduz a norma de
    comportamento de modo imediato.
  • A idéia é propor um método triangular, isto é,
    determinado por meio de um exame de três pontos
    de ligação.
  • A) Primeiro é preciso que se faça uma exposição
    do fato biomédico.
  • B)Do foto biológico, fazer o aprofundamento
    antropológico, onde se avaliará quais valores
    dizem respeito à vida, à integridade e à
    dignidade da pessoa humana.

80
  • C) a solução dos problemas éticos deverá estar
    relacionada aos conceitos e valores fundamentais
    da pessoa humana é aqui que se exige a filosofia
    do homem em seu conjunto.
  • A antropologia oferece um critério de
    discriminação entre o que é técnica e
    cientificamente possível e o que é eticamente
    lícito oferece também um critério de juízo entre
    o que é legalmente sancionado pelas maiorias
    políticas e o que é lícito e proveitoso para o
    bem do homem.

81
  • Em resumo, o método é o diálogo triangular
    biologia-antropologia-ética.
  • 4. Bioética laica e católica
  • A laica fundada na razão e nos valores da
    consciência.
  • A católica, fundada em dogmas e na fé.
  • A primeira objeção é que, a ética personalista
    não prescinde da justificação racional dos
    valores e das normas.
  • A fé não desmerece as instâncias racionais

82
  • A comparação deve ser feita com base na
    antropologia.
  • Cap. 3 A vida as formas, a origem, o sentido.
  • 3.1 A vida e suas formas
  • Primeira coisa a ser feita distinguir Vida em
    geral e vida do homem. Ter presente o percurso a
    ser feito Ser, vida e homem.
  • Segundo aspecto examinar as noções de ética ou
    ciências dos valores, ética aplicada e a prática
    médica.

83
  • A) Seres vivos e não-vivos.
  • Ser vivo salto qualitativo está na capacidade
    real de um ser de ser causa e fim da própria
    ação chama-se capacidade de ação imanente.
  • Na primeira fase, a vegetativa, a ação imanente
    tem uma tríplice capacidade nutrição,
    crescimento e reprodução.
  • O mecanicismo vê entre vivente e não vivente
    apenas uma diferença de grau e de complexidade.
  • O vitalismo vê no vivente uma diferença
    qualitativa e substancial, mas permanece no
    organicismo.

84
  • As duas concepções permanecem nos três níveis de
    vidavegetativa, sensitiva e intelectiva.
  • Do ponto de vista filosófico a autonomia do
    vivente e a superioridade do vivente em relação
    aos não viventes. É o nível de autonomia que
    determina a superioridade nos três reinos.
  • O vivente vegetal fim e forma de vida
    determinados.
  • O vivente animal por meio da vida
    cognoscitivo-sensorial escolhe a forma do
    próprio agir com base na forma cognoscitiva
    (alimentar-se de ervas e fugir dos homens, no
    caso de uma lebre).

85
  • O homem escolhe pois a forma e o fim. O fim é
    escolhido por meio de uma vida intelectiva e
    livre.
  • A vida vegetativa, a sensitiva como a intelectiva
    , revela, por isso, níveis de superioridade e não
    de grau apenas.
  • 3.2) A origem da vida
  • Uma distinção a origem e o como a vida se
    organizou em seus usos e costumes não se
    identifica com problema do valor da vida e nem
    com o problema do seu fim.

86
  • A biologia e a etnologia nos falam somente do
    como. É a filosofia que nos pergunta o por quê?,
    ou seja, indaga acerca do fim e do valor.
  • É a vida humana apenas um ato biológico???
    não, é biológica, mas tb relacionamento
    interpessoal.
  • Por isso, a bioética não pode descrever apenas
    o COMO precisa levar em consideração a
    totalidade do ser do homem e seus valores.

87
  • 3.3) Pró e contra o evolucionismo
  • Não demonstração da geração espontânea dos vermes
    e bactérias.
  • Transformismo ou teoria da evolução as espécies
    vivas derivem uma das outras, as mais complexas
    das menos complexas, por transformação ou
    evolução natural.
  • Lamark 1809 a transformação das espécies
    deriva da adaptação ao ambiente devido ao uso ou
    falta de uso de determinados órgãos.

88
  • Darwin A origem das espécies 1859 luta pela
    vida e seleção natural a luta daria dentro da
    própria espécie entre os diversos indivíduos, e
    as mutações, por isso, seriam devidas a uma
    causa, ou seja, ao fato de que o indivíduo mais
    adaptado se afirma e se multiplica, enquanto o
    menos adaptado desaparece juntamente com suas
    características.
  • O Neodarwinismo se afasta das teorias de Lamark
    e Darwin concentrando-se na variedade que se
    encontra nos diversos indivíduos da mesma
    espécie, e rejeitando a influencia do ambiente na
    modificação dos caracteres hereditários.

89
  • A genética Mendel (1865) descoberta das leis
    que comandam a genética.
  • Ainda na genética Flaming redescobriu os
    cromossomos (1882).
  • Um outro passo da Genética descoberta dos genes
    Morgan (1866 1945). Cromossomos no núcleo
    das células partículas em ordem constituem o
    patrimônio hereditário genes reproduzem e ao
    mesmo tempo conservam sua identidade.

90
  • Muller as mutações podem ser gênicas,
    cromossômicas e genômicas.
  • Favorece a consolidação da teoria da evolução em
    dois pontos geração espontânea e evolução das
    formas das espécies de vida.
  • Uma nova luz o mecanismo de transmissão dos
    caracteres hereditários com a descoberta do ácido
    desoxirribonucléico (DNA) constitutivo dos genes
    explicação das moléculas de DNA como dupla
    hélice.

91
  • Houve ainda a descoberta de um outro tipo de
    ácido nucléico o ácido ribonucléico (RNA)
    diverge do DNA por sua composição química e a
    estrutura pode ser de um único filamento, sua
    função seria de ativar o mecanismo de transmissão
    genética.
  • As descobertas relativas ao código genético
    levaram os cientistas a dar uma interpretação
    mecanicista aos fenômenos da origem da vida com
    uma única explicação que vale desde as formas
    ínfimas da vida, como os vírus e as bactérias,
    até os organismos superiores e o homem.

92
  • Teoria reducionista e evolucionismo (descoberta
    das mutações).
  • Teorias evolucionistas reducionistas,
    favorecidas pela filosofia idealismo e
    materialismo genético fundado na idéia de
    dialética da realidade e espiritualismo de
    Bergson.
  • As perspectivas de Chardin (1881 1955) e Popper
    (1902)gt o primeiro cristocêntrico e criacionista
    da evolução. Popper, a idéia da evolução
    emergente e criativa.

93
  • As teorias evolucionistas se apóiam em argumentos
    de vários tipos a paleontologia, a comparação
    entre os diferentes ambientes, a morfologia, a
    embriologia. A descoberta das mutações.
  • 3.4) Contra o reducionismo
  • Reducionismo do tipo filosófico epistemológico.
  • Reducionismo em explicar o complexo por meio do
    mais elementar.

94
  • O reducionismo pretende explicar o que acontece
    em nível superior por meio do que acontece no
    nível inferior.
  • 3.5) O problema filosófico dentro do biológico
  • O reducionismo seja qual for o ângulo não
    oferecerá uma resposta global para o homem.
  • A primeira passagem metafísica é o problema da
    criação. A segunda é o princípio da
    espiritualidade do homem.

95
  • A causalidade que exerce sua atividade na
    realidade mundana contingente exige uma causa
    inteligente que explique a passagem do não-ser ao
    ser, da não existência à existência de toda
    realidade intramundana, a qual se apresenta
    justamente como contingente, isto é, incapaz de
    exaurir em si a plenitude dor ser ou do existir.
  • A causa primeira deverá trazer em si a explicação
    e a plenitude do ser.
  • O princípio de causalidade ou de razão
    suficiente, que se fundamenta sobre a realidade e
    não apenas na mente

96
  • baseia-se, definitivamente, nos primeiros
    princípios de identidade e de não-contradição o
    ser não pode se originar do não ser, o mais não
    pode ser explicado pelo menos.
  • Que tenha a vida nascido de uma realidade
    cósmica por combinação ou geração espontânea, e
    que as diversas formas de vida tenham se
    desenvolvido por evolução não suprime a
    causalidade primeira, criadora e previdente,
    iteligente e ordenadora.

97
  • O outro problema metafísico diz respeito ao valor
    da vida humana, à pessoa humana, à sua
    espiritualidade que não pode derivar da matéria.
  • CAPÍTULO IV A PESSOA HUMANA E SEU CORPO
  • 1. Humanizar a medicina a vida humana a forma
    mais rica a medicina tem como principal tarefa
    o serviço ao homem.
  • A humanização da medicina tipos de leitura. A)
    a relação intersubjetiva paciente e pessoal da
    saúde. B) introdução de matérias humanistas nos
    cursos de medicina.

98
  • C) O significado mais profundo, o reconhecimento
    da dignidade da pessoa humana em todo ser humano,
    indo da concepção até o momento de morte, com a
    consciência da sua espiritualidade e
    imortalidade.
  • 2. A pessoa humana e a sua centralidade ir ao
    texto do Sgreccia p. 112 s.
  • 3. A Pessoa humana na visão de São Tomas.
  • Texto seguido da lectio Cuorem

99
  • CAPITULO V A bioética e seus princípios.
  • 1. A ética como vida e como ciência
  • Do ponto de vista antropológico se deve fazer a
    distinção entre vida ética, ethos e ética.
  • Vida ética tendência do homem de realizar os
    valores, os bens.
  • Ethos a conduta efetiva, sociologicamente
    importante naquela cultura que o homem realizou
    ou tentou realizar com referência a determinados
    valores.

100
  • Ética ou filosofia moral é a ciência do que o
    homem deve fazer, dos valores que deve realizar.
  • Assim podemos ter as seguintes definições
    explicativas
  • A) Ética é a ciência do comportamento humano em
    relação aos valores, aos princípios e às normas
    morais.
  • B) A ética descritiva (ethos) é o exame dos
    costumes e dos comportamentos relativos aos
    valores, princípios e normas morais de uma
    determinada população ou de mais populações em
    geral, ou sobre fato preciso (matrimônio, aborto
    e etc).

101
  • C) Ética Normativa disciplina que estuda
    valores, princípios e normas de comportamento em
    relação ao que é lícito ou não lícito (bem e mal)
    e procura seus fundamentos e justificações.
  • Na continuação da ética normativa, temos a ética
    geral, que se ocupados fundamentos, dos valores
    dos princípios e das normas e a ética especial,
    que se ocupa da aplicação desses princípios,
    normas e valores em campos específicos.Por
    exemplo, na economia, ética econômica e etc.

102
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