Title: UTI NEONATAL:
1UTI NEONATALÉTICA MÉDICA
- Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF
- R2 Mychelle Barros Vieira
- Orientadores Drª. Márcia Pimentel/Paulo R.
Margotto -
- marciapim1_at_ig.com.br
- pmargotto_at_gmail.com
3/6/2008
www.paulomargotto.com.br
2Caso Clínico
3Ética médica
- Identificação
- TGC, 45 anos, sexo feminino, gestante (G7P6A0),
procedente de Buritis, pré-natal com 01 consulta,
com idade gestacional (DUM) de 24s 5d. - Não realizou ecografia durante gestação.
4Ética médica
- Ficou internada no HRT e no dia 22/04/08 foi
indicado parto cesariano (síndrome HELLP). - Realizado corticóide 30 min antes do parto.
5Ética médica
- Identificação
- RN de TGC, nascido dia 22/04/08
- Tempo de bolsa rota no ato
- Apgar 7 9
6Ética médica
- - RN chorou ao nascer (fraco).
- Aspirado VAS e entubado.
- Feito surfactante com aproximadamente 10 min de
vida. - PN 695g
- Est 34cm
- PC 23cm
7Ética médica
- Idade Gestacional
- DUM 24s 5d
- PC 25 sem
- LED 23s 5d
- Ballard 25s 5d
8Ética Médica
- RN admitido no HRAS no dia 22/04/08, em boas
condições. - Realizado HC e iniciado Ampicilina Gentamicina
no HRT. - Hb 15,6 HT 46,1 Plaq148.000
- Leuc 7950 19/00/76/04/01
9Ética médica
- RN com 24hs de vida
- Diagnósticos - Prematuridade
- extrema
- - MMBP
- - DMH 2 doses
- surfactante
- - Infecção provável
- - Icterícia neonatal
- (Fototerapia)
10Ética médica
- 2 dia de vida
- RN segue grave.
- Apresentando quedas de saturação após mudança de
decúbito. - Gasometria venosa
- pH 7,18 PCO2 50 pO2 61 Bic 18
- BE -9
11Ética médica
- 3 dia de vida
- RN sob ventilação mecânica com parâmetros altos,
sendo questionado 3 dose de surfactante. - Foi extubado ficando cianótico (sat. O2 33, FC
60bpm), sendo então entubado.
12Ética médica
- 5 dia de vida
- Diagnósticos - Prematuridade
- extrema
- - MMBP
- - DMH
- - Hemorragia
- pulmonar
- - Hiperbilirrubinemia
- - Infecção neonatal
- - PCA FOP
13Ética médica
- Hemograma 27/04/08
- Hb 9,5 HT 27,5 Plaq76000
- Leuc 3000 23/03/70/02/02
- Discutido início de Ibuprofeno
- -Rn durante toda internação fez uso de Nutrição
Parenteral. - -Entrado em contato com familiares para discutir
caso.Mãe permanece internada no HRT.
14Ética médica
- 6 dia de vida
- Devido exames foi indicado concentrado de
hemácias. - RN em VPM com parâmetros altos.
- Realizado troca de antibiótico devido leucopenia
persistente (Cefepime e amicacina).
15Ética médica
- 7 dia de vida
- Realizado novo concentrado de hemácias
- Hemograma
- Hb10,5 HT 31,4 Plaq61000
- Leuc4200 19/01/76/01/02/01
16Ética médica
- 8 dia de vida
- RN segue grave com sangramento vivo pelo TOT e
com um relato de crise convulsiva. - Realizado plasma com fator VIII, Fenobarbital e
Vitamina K. - Eco cerebralHemorragia grau III bilateral.
Ecocerebral Dr. Paulo R. Margotto
17Ética médica
- 9 dia de vida
- RN grave com saliva espessa, sincrônico com
respirador. - PA inaudível.
- Feito correção de bicarbonato.
- Informado a familiares a gravidade do caso
18Ética médica
- 11 dia de vida
- RN gravíssimo, parâmetros altíssimos em VPM.
- 1415hs Falência de múltiplos órgãos secundária
a imaturidade extrema. - 1536hs Constatado óbito.
19Ética médica
DISCUSSÃO
20Quando não Iniciar / Quando Interromper a
Reanimação Neonatal
- Maiores Dilemas na Sala de Parto
Difícil decisão - RN pré-termo extremo Podem ser salvos (medidas
vigorosas de reanimação) - Vida Vegetativa
- Bioética Não
iniciar/Interromper Igualdade - A não interrupção grave
conseqüências a criança
Patel H (2004), Oselka (2004) Boyle
(1999) Goldsmith (1998) Ginsberg (1998)
Margotto, PR, www.paulomargotto.com.br
21Quando não Iniciar / Quando Interromper a
Reanimação Neonatal
- Fatores determinantes da necessidade de reanimar
- Médico treinado para salvar vidas
- Resposta a solicitação da família para fazer
tudo - Constrangimento legais
- Conflitos com os pais, colegas, Administração e
com ele mesmo -
- Não Iniciar X Interromper as manobras de
Reanimação - Interromper e eticamente mais aceitável do que
não iniciar - Dê ao paciente o benefício da dúvida
Margotto, PR, www.paulomargotto.com.br
Catlin, 1999 Boyle, 1998 Goldsmith, 1996
22- Volume 3581672-1681April 17, 2008Number 16
- Intensive Care for Extreme Prematurity Moving
beyond Gestational Age - Jon E. Tyson, M.D., M.P.H., Nehal A. Parikh,
D.O., John Langer, M.S., Charles Green, Ph.D.,
Rosemary D. Higgins, M.D., for the National
Institute of Child Health and Human Development
Neonatal Research Network - (jon.e.tyson_at_uth.tmc.edu).
- CUIDADO INTENSIVO PARA PREMATURO EXTREMO
DECIDINDO ALÉM DA IDADE GESTACIONAL - Realizado por Paulo R. Margotto, Prof. do Curso
de Medicina da Escola Superior de Ciências da
Saúde (ESCS) /SES/DF - www.paulomargotto.com.br
- pmargotto_at_gmail.com
23- Cuidado intensivo para prematuro extremo
decidindo além da idade gestacionalAutor(es)
Jon E. Tyson et al. Realizado por Paulo R.
Margotto -
24CUIDADO INTENSIVO PARA PREMATURO EXTREMO
DECIDINDO ALÉM DA IDADE GESTACIONAL
- A análise multivariada
mostrou que - o aumento do peso (para cada 100g de aumento),
- sexo feminino,
- uso de qualquer corticosteróide antenatal,
- nascimento único
- foram associados com redução no risco de
morte e de morte/ profunda ou qualquer
deficiência neurocomportamental - na idade corrigida de 18-22 meses nas crianças
ventiladas.
Margotto PR (ESCS)
25CUIDADO INTENSIVO PARA PREMATURO EXTREMO
DECIDINDO ALÉM DA IDADE GESTACIONAL
- Os presentes resultados chamam a atenção para o
uso somente da idade gestacional na tomada de
decisão para o uso de cuidado intensivo
(ventilação mecânica). - Quando se combina sexo feminino, nascimento
único, uso de corticosteróide antenatal e maior
peso (por 100g de aumento), associa-se com
benefício semelhante aquele do aumento de 1
semana na idade gestacional.
26Quando não Iniciar / Quando Interromper a
Reanimação Neonatal
- Fatores determinantes da necessidade de reanimar
- Médico treinado para salvar vidas
- Resposta a solicitação da família para fazer
tudo - Constrangimento legais
- Conflitos com os pais, colegas, Administração e
com ele mesmo -
- Não Iniciar X Interromper as manobras de
Reanimação - Interromper e eticamente mais aceitável do que
não iniciar - Dê ao paciente o benefício da dúvida
Margotto, PR, www.paulomargotto.com.br
Catlin, 1999 Boyle, 1998 Goldsmith, 1996
27CUIDADO INTENSIVO PARA PREMATURO EXTREMO
DECIDINDO ALÉM DA IDADE GESTACIONAL
- O prognóstico para estes RN submetidos à
ventilação mecânica foi melhor predito com o uso
deste 4 fatores do que com o uso somente da idade
gestacional. - Podemos usar estes dados para determinar os
resultados individuais?
Can I use the data to determine individual
outcomes? (Posso usar os dados para determinar
resultados individuais?)
28CUIDADO INTENSIVO PARA PREMATURO EXTREMO
DECIDINDO ALÉM DA IDADE GESTACIONAL
- Caso Clínico Hospital Planalto-Unimed-Brasília
- RN único, feminino, 25 semanas, 600g, usou
corticosteróides pré-natal fez uso de ventilação
mecânica. - Alta em boas condições clínicas aos 4 meses,
com sucção plena ao seio, ecografias cerebrais
normais, fundo de olho normal). -
- Quais seriam os possíveis resultados para esta
criança na idade corrigida de 18-22 meses?
29(No Transcript)
30(No Transcript)
31Outro exemplo HRAS
CUIDADO INTENSIVO PARA PREMATURO EXTREMO
DECIDINDO ALÉM DA IDADE GESTACIONAL
32Quando não Iniciar / Quando Interromper a
Reanimação Neonatal
- RecomendaçãoUnidade de Neonatologia do
HRAS/SES/DF - RN pré-termo
- -lt 23 seman Não são Reanimados Conforto
- -24 -25 seman Depende
- Resposta a
Reanimação Inicial/Estabilização - Se na UTI CPAP Nasal
- - gt 26 seman Reanimar sempre
A Sala de Parto é o local mais inadequado para
decidir. Dê ao RN o benefício da dúvida
33Ética médica
- O médico deve tentar a cura daqueles que podem
ser curados, diminuir a morbidade de doenças onde
é possível e assegurar o conforto do paciente.
Finalmente, quando a doença evoluir e o paciente
estiver prestes a morrer, o médico é obrigado a
reconhecer isto e aliviar o processo de morte.
(Hipócrates, 430 a.C.)
34ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES
- Terminalidade da vida refere-se ao fato de que a
vida termina, encontra seu fim. - Morte fenômeno irreversível, fim inexorável de
todo ser vivo, inevitável e cronologicamente
impreciso. - Morte encefálica De acordo com a Resolução CFM
1.480/1997, é o óbito constatado por meio de
diagnóstico preciso, é ausência de atividade
elétrica no córtex e no tronco cerebral
35ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES
- Eutanásia termo grego sugerido por Francis Bacon
(1623), como TRATAMENTO ADEQUADO ÀS DOENÇAS
INCURÁVEIS pode ser traduzido com boa morte
ou morte apropriada. Hoje significa provocar a
morte sem sofrimento do paciente, por fins
misericordiosos.
36ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES
- Distanásia forma de prolongar a vida de modo
artificial, sem a perspectiva de cura ou melhora
torna o morrer desnecessariamente mais doloroso e
oneroso (Pessini, 2001). - Ortotanásia Atuação correta diante do paciente
que está morrendo. Pode se referir aos cuidados
paliativos adequados, prestados a esse paciente
(Goldin, 2004).
37O sentido da morte através dos tempos
- A morte marcou nossas culturas e está no centro
das várias crenças religiosas. - Vivemos tempos de culto à juventude,
medicalização da vida e ocultação da morte que
passou a ser vista como um sinal de fracasso
(Siqueira, 2005). - A hospitalização e as unidades de terapia
intensiva caracterizam a revolução tecnológica
que alterou totalmente a medicina, a morte e o
morrer.
38O sentido da morte através dos tempos
- Os avanços tecnológicos em medicina podem ser
incluídos em 3 categorias - Os que permitem a cura das doenças a custo
moderado - Os que permitem prevenir doenças e promover a
saúde com poucos gastos - Os que permitem manter a saúde e uma qualidade de
vida aceitável,porém requerem grandes
investimentos, materiais e humanos.
39O sentido da morte através dos tempos
- As UTIs passaram a receber pacientes portadores
de doenças crônicas incuráveis, ou recém nascidos
imaturos extremos, com intercorrências clínicas
das mais diversas, aos quais dispensamos os
mesmos cuidados oferecidos aos agudamente
enfermos ou com chance de alcançar plena
recuperação. A esses pacientes oferecemos um
sobreviver precário e, às vezes, não mais do que
vegetativo (França, 2003)
40O papel do médico e seus limites
- Curar às vezes, aliviar muito freqüentemente e
confortar sempre - Perdeu-se a noção do todo, das dimensões
biopsicossocial e espiritual (Siqueira, 2005). - Atualmente a ênfase recai sobre os novos
conhecimentos, as novas tecnologias, em
detrimento do ensino da arte de ser médico.
41O papel do médico e seus limites
- Temas de Bioética são pouco valorizados nas
grades curriculares de cursos médicos
tradicionais. - Dos 7.048 programas de residência médica no
país, apenas 26 apresentam o assunto em reuniões
científicas. - Trabalhar com pacientes em fase terminal de vida
é deparar-se constantemente com a própria
mortalidade, espelhada na morte do outro
(Torres,2000)
42O papel do médico e seus limites
- Quando não há possibilidade de recuperação do
paciente, a atenção da equipe assistencial deve
ser canalizada para o conforto físico, afetivo e
emocional do doente e de sua família. - O profissional deve ter sensibilidade para
reconhecer o momento exato de dar as más
noticias, de forma a manter a esperança do
paciente ou da família, mas sem oferecer
expectativas irreais.
43Os princípios éticos e o cuidar na terminalidade
da vida
- Fazer o bem é agir em favor do melhor interesse
do paciente. - A beneficência não necessariamente implica em
utilizar os conhecimentos científicos para
preservar a vida a qualquer custo. - Fazer tudo em favor do paciente terminal pode
significar lhe oferecer cuidados paliativos,
evitando-se a distanásia.
44Os princípios éticos e o cuidar na terminalidade
da vida
- Os custos do tratamento devem beneficiar apenas o
paciente e gastos inúteis e fúteis devem ser
evitados (Código de Ética Médica, artigo 42). - O paciente, a sua família e a equipe devem
decidir quanto às condutas restritivas cuidados
paliativos ou de conforto, excluindo a utilização
de recursos heróicos (Constantino, 2005). - Considerar princípios culturais, morais e
religiosos.
45Os princípios éticos e o cuidar na terminalidade
da vida
- O excesso terapêutico adotado por muitos
profissionais médicos decorre de uma formação
inadequada e da postura preventiva contra
processos judiciais. - Não existem regras fixas de conduta, e sim
princípios éticos para nortear as ações. Há que
se considerar caso a caso, buscando o equilíbrio
das decisões e evitando a obstinação terapêutica
em circunstâncias de terminalidade da vida.
46Obrigado!