Title: Impactos Ambientais e Instrumentos Econ
1Impactos Ambientais e Instrumentos Econômicos de
Regulação Ambiental
Profª. Clitia Helena Martins
23 de Junho de 2005
2Não há como determinar precisamente os valores
verdadeiros ou os preços ecologicamente corretos,
ainda que possa haver preços ecologicamente
corrigidos Joan Martinez Alier
3- Internalização de Custos Ambientais e Métodos de
Valoração Ambiental
4Internalização dos custos ambientais
- Internalizar os danos é a maneira de fazer com
que os próprios agentes econômicos poluidores
arquem com os prejuízos que causam ao ambiente e
não externalizem as conseqüências a toda a
sociedade.
5Valoração Econômica Ambiental
- Ferramenta para melhorar a alocação de
recursos econômicos ? processo que depende da
identificação dos impactos ambientais e de sua
correta valoração econômica.
6Valoração Econômica Ambiental
- Todo recurso ambiental tem um valor intrínseco
que, por definição, é o valor que lhe é próprio,
interior, inerente ou peculiar.
7Valoração Econômica Ambiental
- Do ponto de vista econômico, o valor de um
recurso ambiental corresponde à contribuição do
recurso para o bem estar social, sendo este
cálculo relevante para a tomada de decisão.
8Valoração Econômica Ambiental
- As técnicas de valoração econômica buscam
medir as preferências das pessoas por um recurso
ou serviço ambiental...
9Valoração Econômica Ambiental
- ...portanto, o que recebe valornão é o recurso
ambiental, mas as preferências das pessoas em
relação a mudanças de qualidade ou da quantidade
ofertada do recurso ambiental.
10Valoração Econômica Ambiental
- Essas preferências individuais em relação a
mudanças qualitativas ou quantitativas são
traduzidas em medidas como - Disposição a pagar por uma melhoria (DAP)
- Disposição a aceitar uma piora (DAA)
11Valoração Econômica Ambiental
- Estimam-se os recursos ambientais em termos
monetários para que se possa compará-los com
outros valores de mercado.
12Valor Econômico de Bens e Serviços Ambientais
- Compreende a soma dos valores de uso (direto e
indireto), do valor de opção e do valor de
existência do recurso ambiental.
13Valor Econômico de Bens e Serviços Ambientais
- Valor de Uso Direto ? deriva da utilização ou
consumo direto do recurso ambiental, sendo que o
mesmo recurso pode ter vários usos distintos. - Exemplo Floresta ? valor de extração de madeira
ou valor relativo ao consumo dos frutos.
14Valor Econômico de Bens e Serviços Ambientais
- Valor de Uso Indireto? advém das funções
ecológicas do recurso ambiental. - Exemplo Floresta ? valor relativo ao bem
estar proporcionado pela qualidade do ar, a
sombra, paisagem...
15Valor Econômico de Bens e Serviços Ambientais
- Valor de Opção ? se relaciona à quantia que os
indivíduos estariam dispostos a pagar para manter
o recurso ambiental para uso futuro. - É a disposição a pagar de um indivíduo pela
opção de usar ou não o recurso no futuro.
16Valor Econômico de Bens e Serviços Ambientais
- Valor de existência ou valor de não-uso está
relacionado à satisfação pessoal em saber que o
objeto está lá, sem que o indivíduo tenha
vantagem direta ou indireta dessa presença.
17Valor Econômico de Bens e Serviços Ambientais
- Exemplo ? mesmo que o indivíduo nunca venha a
conhecer a Floresta Amazônica, ela tem um valor
intrínseco para ele.
18Valor Econômico de Bens e Serviços Ambientais
- VALOR ECONÔMICO TOTAL
- valor de uso direto valor de uso indireto
valor de opção valor de existência
19Métodos De Valoração Econômica
- MÉTODOS INDIRETOS
- Custo de Viagem
- Preços Hedônicos
- Custos de Reposição...
20Métodos De Valoração Econômica
- ...
- Produtividade Marginal
- Transferência de Benefícios
- Capital Humano ou produção sacrificada
21Métodos De Valoração Econômica
- MÉTODOS DIRETOS
- Valoração Contingente
- Ranqueamento Contingente
22Métodos Indiretos Custos de Viagem
- Em 1949, Hotelling sugeriu que os custos
incorridos pelos visitantes dos parques poderiam
ser usados para o desenvolvimento de uma medida
do valor de uso recreativo dos parques visitados.
23Métodos Indiretos Custos de Viagem
- Este método estima o valor de uso recreativo
através da análise dos custos de viagem dos
visitantes, bem como a freqüência de visitas ao
lugar.
24Métodos Indiretos Custos de Viagem
- Nesse método utilizam-se, em geral,
questionários aplicados a uma amostra de
visitantes do lugar de recreação para levantar
dados como o lugar de origem do visitante, seus
hábitos e gastos associados à viagem.
25Métodos Indiretos Custos de Viagem
- A lógica do método é que, quando o recurso
ambiental é utilizado para atividades recreativas
como parques, praias e lagos, ele gera um fluxo
de serviços mensuráveis para os indivíduos.
26Métodos Indiretos preços hedônicos
- Pretende estimar um preço implícito por
atributos ambientais característicos de bens
comercializados em mercado, através da observação
desses mercados reais nos quais os bens são
efetivamente comercializáveis.
27Métodos Indiretos preços hedônicos
- Os dois principais mercados hedônicos são o
mercado imobiliário e o mercado de trabalho.
28Métodos Indiretos Custos de Reposição
- Consiste em estimar o custo de repor ou restaurar
o recurso ambiental danificado, de maneira a
restabelecer a qualidade ambiental inicial.
29Métodos Indiretos Custos de Reposição
- Este método usa o custo de reposição ou
restauração como uma aproximação da variação da
medida de bem-estar relacionada ao recurso
ambiental.
30Métodos Indiretos Custos de Reposição
- Exemploo montantegasto na recuperaçãoda
qualidade ambientalda Baía de Guanabara, que foi
alterada a partir do derramamento de óleo da
Petrobrás. O valor gasto com o tratamento da água
e o monitoramento das características ecológicas
da Baía pode ser encarado como uma aproximação,
em termos monetários, de uma parcela do custo
social imposto pelo acidente.
31Métodos Indiretos Gastos Defensivos
- Procura estimar os gastos que seriam incorridos
em bens substitutos para não alterar a quantidade
consumida ou a qualidade do recurso ambiental
analisado.
32Métodos Indiretos Gastos Defensivos
- Ex. O valor gasto com a compra de água potável
quando o consumo da água de estuário é
prejudicado por poluição ou acidente.
33Métodos Indiretos Produtividade Marginal
- É aplicável quando o recurso ambiental analisado
é fator de produção ou insumo de produção de
algum bem ou serviço comercializado em mercado.
34Métodos Indiretos Produtividade Marginal
- Visa encontrar uma ligação entre uma mudança no
provimento de um recurso ambiental e a variação
na produção de um bem ou serviço de mercado.
35Métodos Indiretos Produtividade Marginal
- Exemplo os custos e os níveis de produção de
alguns produtos agrícolas podem ser afetados pela
redução da qualidade do solo, causada pelo
aumento da poluição atmosférica.
36Métodos Diretos Valoração Contingente
- Consiste na utilização de pesquisas amostrais
para identificar, em termos monetários, as
preferências individuais em relação a bens que
não são comercializados em mercados.
37Métodos Diretos Valoração Contingente
- São criados mercados hipotéticos do recurso
ambiental ou cenário envolvendo mudanças no
recurso. - As pessoas expressam suas preferências através
da disposição a pagar.
38Métodos Diretos Valoração Contingente
- Único método que permite a estimação do valor
de existência, pois se obtêm as preferências
individuais sobre recursos ambientais.
39Métodos Diretos Valoração Contingente
- Um dos maiores atrativos do método é que
tecnicamente pode ser aplicável a todas as
circunstâncias, sendo freqüentemente técnica
viável de estimação do benefício.
40Métodos Diretos Ranqueamento Contingente
- Os indivíduos recebem um conjunto de cartões ,
cada qual descrevendo uma situação diferente ou
alternativas hipotéticas. - As pessoas são chamadas a ordenar suas
preferências.
41Questões a resolver...
- Irreversibilidade ocorre quando o impacto gera
conseqüências com pouca ou nenhuma chance de
regeneração das condições ambientais
pré-existentes - Incerteza é impossível saber o preço de algum
tipo de bem num futuro distante
42Questões a resolver...
- Singularidade caso dos ecossistemas únicos,
ou de animais em extinção difícil saber, a
qualquer tempo, o valor da perda.
43- Políticas Ambientais e Instrumentos Econômicos
44Agentes Econômicos e Meio Ambiente
- Como garantir qualidade ambiental?
- Governos
- Sociedade Civil
- Empresas
45Agentes Econômicos e Meio Ambiente
- Governos através de ações de comando e
controle. Leis, regulamentos oficiais com
limites de emissões, licenças e permissões de uso
da água e do solo e normas ambientais para
produtos perigosos seriam de sua alçada.
46Agentes Econômicos e Meio Ambiente
- Sociedade Civil - através da recusa a produtos e
serviços, boicotes organizados por problemas de
desempenho ambiental.
47Agentes Econômicos e Meio Ambiente
- Empresas através de medidas de
auto-regulamentação, adoção de normas preparadas
por entidades de classe e outras destinadas a
promover uma melhora ambiental.
48Políticas Ambientais
- Meio ambiente na esfera dos bens públicos
- conseqüências para sua conservação e
recuperação ? necessidade de intervenção do
Estado instrumentos de gestão.
49Políticas Ambientais
- Incentivo econômico para controle ambiental?
mais flexibilidade e custos mais baixos do que
nas abordagens tradicionais de regulamentação.
50Políticas Ambientais
- Combate à poluição através de intervenção do
Estado - Início final do século XIX - EUA e Europa
- EUA problemas ambientais, principalmente no que
se refere à utilização da água mais vinculado a
processos via tribunais.
51Políticas Ambientais
- Década de 1930
- Alguma regulamentação
- Tentativa de tratamento sistêmico do problema
planejamento estatal de cunho keynesiano ( TVA -
Tenesse Valley Authority).
52Políticas Ambientais
- Década de 1950
- Problema dos recursos hídricos se agrava e
aumenta poluição do ar.
53Políticas Ambientais
- Década de 1950
- Início da política de regulamentação ou de
mandato e controle (EUA), calcada nos padrões de
emissão das empresas , ou seja, imposição de
limitações às empresas através de coeficientes de
emissão
54Políticas Ambientais
- ...também para determinar tecnologia de
abatimento da poluição a ser usada por esses
agentes. Essa política melhora em relação às
disputas em tribunais, mas ainda ser apresenta
ineficiente.
55Políticas Ambientais
- Década de 1960
- Questão ambiental tem grande destaque Lançado
pelo Congresso Americano o National Environmental
Protection Act (NEPA), que estabelecea) EIAs
(Estudos de Impacto Ambiental) e RIMAs (Rel. de
Impacto Ambiental)
56Políticas Ambientais
- Década de 1960
- b) O Conselho de Qualidade Ambiental, ligado
diretamente à Presidência dos EUA e responsável
por relatório anual sobre qualidade ambiental no
país, especialmente nas regiões
metropolitanas.Significa que o Estado
norte-americano assumiu o meio ambiente como bem
público.
57Políticas Ambientais
- Década de 1970
- Ressurgimento em grande escala da Análise de
Custos e Benefícios para a questão ambiental. - Aprovação da Lei sobre a Água Limpa (1972), com
objetivo de eliminar a descarga de poluentes nas
águas navegáveis (até 1985), ou seja, poluição
zero em 13 anos.
58Políticas Ambientais
- Década de 1970
- Grande polêmica sobre cálculo total dos custos
para despoluição 300 bilhões de dólares, sendo
que,
59Políticas Ambientais
- Para despoluir em 80? custaria 25 bilhões,
- em 90? custaria 50 bilhões e,
- em 100 ? total dos 300 bilhões ? caráter
exponencial da curva de custo marginal de
abatimento. No caso dos 100 os benefícios
valeriam os custos?
60Análise de Custos e Benefícios
- Visão neoclássica (marginalista) da economia
Análise Marginal avaliação dos custos e
benefíciosreferentes à variação em uma unidade
(margem de variação) de alguma das variáveis.
61Análise de Custos e Benefícios
- Benefício Marginal (Bmg) variação no Benefício
Total dado pela variação correspondente a cada
uma unidade de abatimento da poluição.
62Análise de Custos e Benefícios
- Custo Marginal (Cmg) variação no Custo Total
correspondente à variação em cada uma unidade de
abatimento da poluição. - Ponto Ótimo ?Bmg Cmg
63Análise de Custos e Benefícios
- Curva CT (custos totais do controle) registra
o valor dos investimentos mais o valor atual dos
custos operacionais de cada nível de abatimento.
64Análise de Custos e Benefícios
- Custo marginal de longo prazo, crescente
custos vão ficando cada vez maiores, à medida que
se aproxima dos 100 - curva com declividade
crescente razões de ordem tecnológica.
65Análise de Custos e Benefícios
- Curva BT (benefícios totais do controle)
expressa disposição de pagar das pessoas
afetadas (leva em consideração, em primeiro
lugar, o abatimento de despesas mais básicas e
essenciais, como em saúde, higiene...) depois as
despesas que as pessoas estariam dispostas a
fazer com amenidades ambientais.
66Análise de Custos e Benefícios
- A Curva BT apresenta declividade decrescente,
porque benefícios marginais são cada vez menores
disposição a pagar cada vez menor. A curva BT
tem problemas operacionais porque é muito difícil
determinar a disposição de pagar.
67Análise de Custos e Benefícios
- Otimização Governo pode chegar a um ponto de
otimização, ou seja, chegar a um ponto que
maximize o benefício social líquido (BSL) -
68Análise de Custos e Benefícios
- BSL BT CT. Isto significa chegar ao ponto
em que BMgCmg (ponto em que as declividades das
curvas BT e CT são iguais). Na margem, o
benefício iguala o custo.
69Análise de Custos e Benefícios
- Objeções conceituais
- a)disposição de pagar depende da distribuição
de renda
70Análise de Custos e Benefícios
- b)disposição de pagar pode não captar os reais
benefícios, levando em conta o baixo nível de
informação da população - c) o ponto ótimo pode ser eficiente a curto
prazo, mas pode levar a uma insustentabilidade a
longo prazo.
71Políticas Ambientais
- Mecanismo estatal de incentivo econômico para
abatimento da poluição ? princípio poluidor
pagador (PPP).
72Políticas Ambientais
- Polêmica entreDefensores dos padrões de
emissão (regulamentação) e Defensores de
incentivos econômicos (ou Padrão de Emissão
Ótimo x Imposto Ótimo).
73Políticas Ambientais
- Argumento favorável ao 2o incentiva busca de
tecnologia para reduzir custos marginais de
controle (pesquisa de equipamentos de
abatimentos, etc...).
74Políticas Ambientais
- Década de 1980
- EPA sob fogo cruzado de empresários e
ambientalistas.Críticas ao sistema de
regulamentação - (imposição de padrões de
emissão fonte por fonte e da melhor tecnologia
de controle disponível).
75Políticas Ambientais
- Críticas ao EPA1) Demora nas negociações entre
órgão governamental e empresa pleitos
judiciais.
76Políticas Ambientais
- 2) Falta de informaçõesdos regulamentadores, que
leva aa)utilizar apenas equipamentos de ponta
de produção (end of pipe), como filtros,
lavadores, ao invés de possíveis alterações de
processo e de matérias-primas, que seriam mais
poupadoras em termos econômicos.
77Políticas Ambientais
- b) Uniformização dos percentuais de abatimento
sobre as emissões, que não observa a existência
de diferenças entre as empresas.
78Políticas Ambientais
- 3) A regulamentação direta pode impedir a
instalação de uma empresa em região saturada,
mesmo que esta estivesse disposta a abater suas
emissões mas até mesmo a de fontes existentes (em
função de economia sobre localizações
alternativas).
79Políticas Ambientais
- Análise de Custo-Efetividade (Kapp) EPA (EUA)
passou, nos anos 1980, a operacionalizar a ACE
através de experiências de gerenciamento de
qualidade do ar .
80Políticas Ambientais
- Aplicação direta da ACE
- Negociação coletiva via parlamentos ?
estabelecimento de padrões de qualidade em termos
de ar, água e solos ? padrões de concentrações
máximas de poluentes.
81Políticas Ambientais
- Aplicação direta da ACE (cont.)
- Política ambiental - Poder público passa a
exigir internalização dos custos pelas empresas
objetivo de atingir os padrões de qualidade ao
menor custo para a sociedade. Noção de
eficiência buscar um custo mínimo.
82Políticas Ambientais
- Instrumentos de política ambiental padrões de
emissão, subsídios, isenções fiscais.Monitorament
o do meio ambiente por parte do Estado.
83Políticas Ambientais
- ACE maior abrangência
- Noção de padrão de qualidade se amplia e abarca
a idéia de sustentabilidade expandir o sistema
econômico mantendo o capital natural para as
próximas gerações.
84Políticas Ambientais
- Acordos internacionais sobre meio ambiente se
dão com base nesses padrões de qualidade
vinculados ao desenvolvimento sustentável.
85Políticas Ambientais
- Medidas governamentais para melhora do padrão de
qualidade ambientala) Introdução de taxas e
impostos adicionais sobre o preço normal de
produtos que causem algum tipo de poluição no seu
processo de produção, no seu transporte e no seu
uso.
86Políticas Ambientais
- b) Redução de impostos sobre produtos
ambientalmente corretos - c) Subsídios e linhas especiais de financiamento
(uso de organismos e bancos oficiais) em
condições privilegiadas a setores que levem em
consideração a preservação ambiental.
87Políticas Ambientais
- d) Cotas de emissão oulicenças de emissãoos
órgãos ambientais avaliam o limite possível de
emissões para cada região e divide o valor total
em cotas de emissão. Cada empresa pode emitir
no máximo a sua cota e se conseguir melhorar seus
processos produtivos emitindo menos, poderá
vender sua cota a alguma outra empresa que queira
se expandir.
88Impactos Ambientais e Instrumentos Econômicos de
Regulação Ambiental
Profª. Clitia Helena Martins
23 de Junho de 2005