Title: Rio Branco
1Como enfrentar o desmatamento na Amazonia?
- Prof. Dr. Bastiaan P. Reydon
- UNICAMP/Terra Institute
- basrey_at_eco.unicamp.br
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6Introdução
- O grande desmatamento na Amazônia tem sido o
Calcanhar de Aquiles do país identificar as
suas causas e encontrar soluções é preemente - A proposta a ser apresentada é que a especulação
com terras, decorrente da ausência de regulação
do seus mercados é a maior causa do desmatamento
- E a administração fundiária brasileira sem
vínculos com as realidades locais piora a
situação
7Objetivos
- Apresentar as causas do grande desmatamento na
Amazônia - Mostrar que o aparato legal de regulação do
mercado de terras é muito frágil - Apresentar uma proposta de solução
8Causas do desmatamento
- continuidade da tradicional forma de expansão da
fronteira agrícola brasileira baseada na - ocupação de terras virgens (privadas ou
públicas) - a extração de sua madeira de lei, o desmatamento
e a instalação da pecuária - Ganhos potencias com a valorização das terras
muito elevados
9Preço da terra de diferentes qualidade. Variação
percentual em função do desmatamento Anos de
2000 e 2001 regiões do Estado do Acre.
10Motor do desmatamento especulação fundiária
- Existência de expectativa de que haverá demanda
por terras para fins produtivos (decorrente do
aumento de preços da arroba do boi gordo, da soja
ou mesmo do anúncio que o país será o maior
produtor de alcool do mundo) NO foi a região
que mais o preço da terra cresceu no passado
recente FSP 19/07/08 . - No longo prazo as terras ou permanecem com
pecuária mais intensiva, ou se existir demanda,
serão convertidas para grãos ou outra atividade
econômica.
11Motor da pecuarização
- existência de terras devolutas apropriáveis
- Instalação de pecuária à baixos custos
- tornando o desmatamento uma estratégia de
valorização do capital imbatível. - Baseado em Reydon e Romeiro (2000) Reydon,
Romeiro, Escobar, H. Muniz, M. J. D. Schlogl,
A. K.S.B. Cavalcanti, F. C. S.(2001) Reydon, B.
Schlögl, Henry, (2002) Margulis (2003) Reydon
e Cornélio (2007)
12Um Brasil de terras griladas Dos 851 milhões de
hectares que compõem o território nacional, pelo
menos 200 milhões (23,5) são passíveis de ter a
titularidade questionada. Há imóveis com mais de
um dono, grilagem de área pública, indígena e de
preservação, avanços sobre terras particulares. O
problema afeta principalmente as regiões Norte e
Centro-Oeste. Dos cerca de 5,5 milhões de
estabelecimentos rurais estimados no país, apenas
7.042 (0,13) estão no cadastro do Incra de
imóveis rurais certificados, ou seja, que foram
georreferenciados e estão com toda a documentação
em ordem. (Correio Braziliense)
13Teoria instituições e a terra
- Instituições são a base da economia em diferentes
níveis e formas - A propriedade da terra para vários fins
produção, subsistência assim como razões
simbólicas - Polanyi (1944) dinheiro, trabalho e terra,
porque são mercadorias fictícias, não tem
mercados auto- regulados como a maior parte das
mercadorias - O ESTADO PRECISA REGULA-LOS
14Regulação dos Mercados de Terras
- North (1988) e Alston (1998) mostram que a forma
e a natureza dos direitos de propriedade
influenciam no desempenho econômico porque
estabelece condicionalidades para os custos de
transformação e transação. - A forma, os instrumentos, o padrão de regulação
do mercado de terras interfere diretamente nas
dinâmicas de uso das terras rurais urbanas da
especulativa, passando pela produtiva assim como
tem impactos sociais e ambientais.
15Regulação da propriedade da terra no Brasil I
- Lei de Terras do Brasil (1850) - semelhante à dos
EUA e Austrália visa restringir acesso à terra
no mundo colonial. Os principais objetivos eram
- Regular o acesso à terra
- Proibir o acesso à terra devoluta
- Estabelecer um cadastro das terras para definir
as terras devolutas (i.e., pertencentes à nação) - Transformar a terra em colateral confiável para
os empréstimos. - Mas a possibilidade de transformar a posse em
propriedade impossibilitou a aplicação da Lei de
Terras - Vide Reydon e Cornélio (2006) e Reydon (2007)
para detalhes
16Regulação da propriedade da terra no Brasil II
- As regras simultaneamente
- Procuram impor sua força na definição e
restrições ao direito de propriedade das terras
públicas e privadas - Atendem aos interesses dos grandes proprietários
de terras no crescimento de suas áreas através da
posse - Resultando em
- Apossamento de terras públicas principalmente dos
grandes proprietários para fins produtivos e
especulativos - Elevado nível de concentração da propriedade da
terra, muita terra ociosa, muitos sem terras
demandando terras, muito desmatamento e muito
conflito pela terra
17Distribuição da propriedade da terra no Brasil -
1980 e 1995
18Arranjo Institucional da Administração Fundiária
torna possível o apossamento de terras devolutas
- Cartórios de registro de imóveis ligado ao
Ministério da Justiça livros das propriedades
com matrícula única (regras do INCRA) Lei
10.267/2001 toda mudança no cartório implica no
mapeamento com coordenadas das áreas para o
cadastro - Instituto Nacional de Reforma Agraria (INCRA)
responsável pela criação da matrícula única para
o registro. É responsável pela terra pública não
mapeada e registrada. - AGU Ministério do Planejamento destina as
terras públicas escala de problemas locais
19Propriedades Rurais suspeitas de ocupação ilegal
(fonte INCRA 2001)
REGIÃO Pessoa Física Pessoa Física Pessoa Física Pessoa Jurídica Pessoa Jurídica Pessoa Jurídica
Nº Nº Area 1000 ha Nº Nº Area 1000 ha
BRASIL 842 29,806.6 596 16,349.9
NORTE 287 17,316.8 192 7,083.7
NORDESTE 178 4,339.0 141 2,862.4
SUDESTE 22 641,9 24 369.1
SUL 6 117.7 1 28.2
C.OESTE 349 7,391.8 238 6,006.4
20Ausência de Regulação da Propriedade no Brasil
desmatamento e terras ociosas
21Conclusões e proposições I
- Banco Mundial (2002), BID (2001), Biswanger,
Deininger e Feder. (1993), Deininger (2003), UN
(2005) afirmam que a regulação dos mercados de
terras é uma necessidade urgente. BURKI and PERRY
(199837) propõem que - A instituição formal do mercado de terras deve
incluir o registro do imóvel o título do imóvel e
seu mapeamento. Quatro caracterísitcas devem ser
levadas em conta - Definição e administração clara dos direitos de
propriedade - Mecanismos simples de identificação e
transferência dos direitos de propriedade - Compilação cuidadosa dos títulos e acesso livre a
estas informações - Mapeamento dos imóveis.
22Conclusões e proposições II
- Proposição é boa, mas com base na legislação
brasileira em vigor, muito difícil e custosa - Melhor solução para países grandes com limitações
de recursos - Intervenção participativa clarificação,
adjudicação, registro usando imagens de satélite
e métodos GIS para - Identificação de propriedades e seus limites em
terras privadas, coletivas e devolutas - Registro com medições certificadas com títulos
existentes
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25Cometários Finais
- Regulação das Terras arranjo institucional da
maior importância define usos das terras e
outras atividades econômicas - O Estado precisa regular a propriedade da terra
para um adequado funcionamento do mercado - Mas o Estado necessita regular com regras que
sejam aceitas e implementadas socialmente para
que haja um controle social e local sobre a
propriedade para garantir o melhor uso econômico,
social e ambiental