Title: Apresenta
1Literatura Africana
2Ngwenya Malangatana Malangatana Valente NGWENYA
nasceu a 6 de Junho de 1936 em Matalana,
Moçambique. Produziu uma vasta obra no campo da
pintura e é hoje um dos mais notáveis artistas
africanos. Representado em inúmeros museus e
colecções particulares em todo o mundo,
Malangatana, artista multifacetado, que canta,
dança, faz poemas, teatro, cerâmica e escultura,
é grande animador sócio-cultural e vê erguer-se
presentemente o sonho de construção do Centro
Cultural na sua aldeia natal.
3A MAMÃ PREOCUPADA
Nos teus braços eu fiquei quando me
nasceste muito preocupada quem estava
aflita naquela altura perigosa
com o receio de que Deus me vai levar?
Tudo em silêncio olhava para ver
se o parto corria bem tudo lavava as mãos
para poder receber quem vinha dos Céus
e toda a mulher quieta e aflita
Mas quando afastei-me do lugar em que
me guardaste durante longo tempo dei logo
o primeiro respiro tu gritaste logo de
alegria o primeiro beijo foi o da Avó
Que levou-me logo para o lugar que me
guardaram e é secreto tudo foi proibido a
entrar no meu quarto porque tudo cheirava
mal e eu todo fresco, fresco
respirava finalmente dentro das minhas fraldas
Mas a Avó que se supunha doida
estava sempre ao meu lado ver-me e
rever-me sempre porque as moscas vinham
ter comigo e os mosquitos inquietavam-me
Deus que revia-me também era o
amigo da minha Avó velhinha
4Agostinho neto Nascido em Catete, Angola, em
1922, Agostinho Neto faleceu em 1979. Fez seus
estudos primários e secundários em Angola.
Licenciou-se em Medicina pela Universidade de
Lisboa. Sempre esteve ligado à atividade política
em Portugal, onde fundou a revista Momento com
Lúcio Lara e Orlando de Albuquerque em 1950. Como
outros escritores africanos, foi preso e
desterrado para Cabo Verde.
5Fogo e ritmo
Sons de grilhetas nas estradas cantos de
pássaros sob a verdura úmida das florestas
frescura na sinfonia adocicada dos coqueirais
fogo fogo no capim fogo sobre o quente das
chapas do Cayatte. Caminhos largos cheios de
gente cheios de gente em êxodo de toda a parte
caminhos largos para os horizontes fechados mas
caminhos caminhos abertos por cima da
impossibilidade dos braços. Fogueiras
dança tamtam ritmo
Ritmo na luz ritmo na cor ritmo no movimento
ritmo nas gretas sangrentas dos pés descalços
ritmo nas unhas descarnadas Mas ritmo ritmo. Ó
vozes dolorosas de África!
6- Barbeitos Arlindo
- Nasceu em Luanda (1940). Tirou cursos superiores
em Sociologia e Antropologia. Doutoramento em
Antropologia Cultural em Paris. Professor nas
bases do MPLA (Frente Leste), è agora professor
universitário. Poeta e ficcionista. Traduzido em
várias línguas, è incluido em numerosas
antologias. - Publicou
- - Angola Angolê Angolêma (Poemas), Lisboa, Sá da
Costa, 1976. - Nzoji (Poemas), Lisboa, Sá da Costa, 1979.
- - O Rio. Estórias de regresso (Contos), Lisboa,
IN-CM, 1985. - - Fiapos de Sonho (Poesia), Lisboa, Vega, 1992.
7Em teus dentes o sol é diamante de fantasia a
luacaco-de-garrafa E a mentira verdade
vagabunda errando de cágado em torno da lagoa dos
olhos da noite na treva aveludada de tua pele os
dedos curiosos são estrelas de marfim à busca de
um dia caprichoso despontando de miragem por
detrás das corcundas de elefantes adormecidos
8Lemos Gouvea Gouvea Lemos dominava as palavras
mas não era muito de se meter a poeta. G.L. foi
jornalista muitos anos em Moçambique. Nascido em
Lamego, Portugal, foi para Moçambique em 1949 aos
25 anos de idade. Inicialmente começou a
trabalhar na área contábil da Textafrica na
Soalpo e começou ainda de lá a escrever as suas
primeiras linhas como correspondente, da região
do Chimoio, para o Diário de Moçambique da Beira,
o jornal dos Padres. Depois passou por vários
jornais de Moçambique, tendo como um dos grandes
feitos ser um dos fundadores do jornal semanal
Tribuna, um dos marcos do jornalismo independente
de Moçambique colónia. Nos últimos anos de
Moçambique foi o Director de Redacção do Noticias
da Beira. José Craveirinha, Rui Knopfli, Fernando
Couto (pai de Mia Couto) e muitos outros, juntos
com G.L. viveram grandes momentos históricos do
jornalismo moçambicano. Em 1972, já cansado da
ditadura colonial e das pressões de orgãos como
os da PIDE e da censura, resolveu migrar para o
Brasil. Já com problemas cardíacos e com a
aflição de ter que deixar a sua Pátria adoptada,
veio a falecer, três meses após a sua chegada ao
Brasil, no Rio de Janeiro. Sei que G.L. nasceu em
Portugal mas sei como ele sentia-se Moçambicano e
como sofreu pelas injustiças dos tempos da
ditadura colonialista. Sei bem disso pois como
filho convivi com muitas das suas aflições.
9Quem de nós irá voltar? Quem de nós, Quem de
nós irá morrer? Veste a camisa lavada, e hora de
ir ao contrato. Entra, irmão, no vagão, vamos
andar noite e dia. Quem de nós. Quem de
nós irá voltar? Quem de nós, quem de nós
irá morrer? Quem de nós, Quem de nós irá voltar e
ver as mulheres, e ver nossas terras e ver nossos
bois? Quem de nós irá morrer? Quem de
nós? Quem de nós?
CANÇÃO DA ANGONIA
Visto a camisa lavada e vou para o contrato.
Quem de nós, quem de nós irá voltar? Vinte e
quatro luas, sem ver as mulheres, sem ver a minha
terra, sem ver o meu boi. Quem de nós,
Quem de nós irá morrer? Visto a camisa lavada e
vou para o contrato, trabalhar lá longe. Vou para
além da montanha, para lá do mato, onde some o
rio. Quem de nós,
10Khan Gulamo Gulamo Khan nasceu em Maputo a 11 de
Maio de 1952. Foi primeiro, locutor na Rádio
Clube de Moçambique e, mais tarde, jornalista.
Era adido de Imprensa na Presidência da
República, quando morreu a 19 de Outubro de 1986,
no acidente de aviação que vitimou também Samora
Machel, em Mbuzini, na África do Sul. O livro
"Mocambicanto" é uma recolha dos seus textos,
elaborada após a sua morte, por Albino Magaia,
Calane da Silva, José Craveirinha e Julio
Navarro. Uma edição da AEMO, colecção "timbila",
no. 8.
11MOCAMBICANTO "céleres as águas
zambezeiam pela memória das almadias do
silêncio nem o zumbido da cigarra me
entontece nem o troar do tambor me
ensurdece as vozes que são sulcos das
nossas esperanças
Oh pátria mocambiquero-te neste
alumbramento e amar-te devo-o à carne e
ao nervo deglutidos em revolta.
12Da enxada e do martelo é o verso escrito na
palma da tua mão punho fechado que nas
alavancas das horas faz refulgir o aço
analfabetamente parido Cavador maldito
pronto a decepar o tronco deste imbondeiro
tão pária carcomido pelas talecuas
sugadoras do seu sangue e o veneno da nhoca
cuspideira queimando as migalhas bélicas
postadas de cócoras no caminho dos simples
assim altivo ergues o teu nome num pais
ainda de nadas e famélicos desbravando os
crápulas bem como os satanhocos
Sei da Pátria o nome erguido a
estrela tatuada no corpo do Indico uma
timbila canção guerreira"
13Grupo Ana Luiza Cicia Danielle Lucas
Pedro Davis 1ºA
Bibliografia http//pintopc.home.cern.ch/pintopc
/www/Africa/Africa.html http//www.ambafrance.or
g.br/abr/label/label61/06.htm