Title: CONSTIPA
1CONSTIPAÇÃO INTESTINAL
- DRA. YANNA AIRES GADELHA DE MATTOS
- PRECEPTORA RESIDÊNCIA MÉDICA PEDIATRIA E DO
INTERNATO-ESCS - HMIB/SES/DF - ALA B
- Brasília, 18 de junho de 2012
- www.paulomargotto.com.br
2Enfezado
- Alguém sabe dizer a origem dessa palavra e o
porquê do uso dela para descrever uma pessoa
emburrada? Por coincidência, em francês tem a
palavra correspondente "enmerdé", ao pé-da-letra
significa, "en-merdado"!!!! - Irado, enrraivecido, bravo, muito
nervoso.Literalmente quer dizer "cheio de
fezes", situação que provoca enraivecimento e ira
na pessoa quando esta acumula muitas fezes no
organismo.
3Enfezado
- A autêntica etimologia da palavra é outra. Não
tem nada a ver com intestino preso. A palavra
deriva do latim infensatum, referente a uma
atitude de hostilidade defensiva. O enfezado está
no seu canto, encolhido de medo, assustado, mas
fazendo aquela cara feia para defender-se, com
raiva (mas no fundo é fragilidade...),
respondendo sempre com rispidez, ameaçando
agredir o primeiro que se aproxime.
4INTRODUÇÃO
- Padrão normal de evacuações sinal de saúde
- Desvios nos padrões das evacuações são
responsáveis por cerca de 3 das consultas
pediátricas gerais e por 25 das idas aos
gastroenterologistas pediatras.
5Introdução
- População ocidental principalmente.
- Mulheres, crianças e idosos.
- Relação entre meninas e meninos até 4 anos é de
11. - Com 5 anos ou mais a relação eleva-se a 3-41.
- Estima-se que uma de cada dez crianças requeiram
atenção médica para constipação, em alguma época
da vida. - Prevalência no Brasil
- 28,8 Maffei et al (1997), Botucatu, SP
- 26,8 Del Ciampo et al (2006), Ribeirão Preto,
SP - 21,8 em lactentes Motta e Silva (1998), Recife,
PE
6Definições
- Constipação ocorrência de qualquer uma das
seguintes manifestações, independentemente do
intervalo entre as evacuações eliminação de
fezes duras, na forma de cíbalos, seixos ou
cilíndricas com rachaduras, dificuldade ou dor
para evacuar, eliminação esporádica de fezes
muito calibrosas que entopem o vaso sanitário ou
frequência de evacuações inferior a 3 por semana,
exceto as crianças em aleitamento natural. - Hyams J, Colletti R, Morais MB et al. Functional
Gastrointestinal Disorders. In World Congress
Pediatr Gastroenterol, Hepatol Nutr 2000
(Boston, USA) Report of the Working Group, 83-94
7Recém-nascido, lactente e pré-escolar Escolar e adolescente
Pelo menos 2 dos seguintes critérios, em menores de 4 anos, por no mínimo 1 mês Pelo menos 2 dos seguintes critérios, em maiores de 4 anos e que não preencha os critérios diagnósticos da SII
- Duas ou menos evacuações/semana - Duas ou menos evacuações/semana no vaso sanitário
- Pelo menos 1 episódio/semana de incontinência fecal, após aquisição de controle esfincteriano anal -Pelo menos 1 episódio/semana de incontinência fecal, após aquisição de controle esfincteriano anal
- Comportamento de retanção para evitar a defecação -Comportamento de retanção ou retenção voluntária das fezes
- Evacuações com dor ou dificuldade - Evacuações com dor ou dificuldade
- Presença de grande quantidade de fezes no reto -Presença de grande quantidade de fezes no reto
- Eliminação de fezes de grande diâmetro, que podem causar entupimento do vaso sanitário. - Eliminação de fezes de grande diâmetro, que podem causar entupimento do vaso sanitário.
Podem ocorrer irritabilidade, diminuição do apetite e/ou saciedade precoce. Estes sintomas melhoram quando há uma evacuação. Pelo menos 1 vez/semana, por 2 meses.
8SII Síndrome do Intestino Irritável
- O paciente deve apresentar todas as
características a seguir, pelo menos 1
vez/semana, por no mínimo 2 meses - 1. Desconforto no abdome ou dor associada com 2
ou mais dos seguintes critérios, durante pelo
menos 25 do tempo - 1.1 o sintoma melhora com a evacuação
- 1.2 início dos sintomas associado com mudança
na frequência das evacuações - 1.3 início dos sintomas associado com
mudança na forma (aspecto) das fezes. - 2. Ausência de evidência de processo
inflamatório, metabólico ou neoplásico que possa
explicar os sintomas.
9Distúrbios funcionais da defecação segundo os
critérios de Roma
- Disquesia ocorre nos primeiros 6 meses de vida,
caracterizando-se pela ocorrência de episódios de
esforço, gemidos e choro acompanhados de
vermelhidão na face, por 10 a 20 minutos,
antecedendo as várias eliminações diárias de
fezes amolecidas. Desaparece em semanas
acredita-se que ocorra nos lactentes que ainda
não desenvolveram a capacidade de coordenar o
aumento da pressão abdominal com o necessário
relaxamento do assoalho pélvico para evacuar.
10Distúrbios funcionais da defecação segundo os
critérios de Roma
- Constipação funcional eliminação de fezes em
cíbalos, seixos, duras, na maioria das evacuações
e/ou a ocorrência de 2 evacuações duras por
semana ou menos. - Retenção fecal funcional repetidas tentativas
para evitar a defecação, relacionada com o medo
da dor durante a evacuação. Há evacuações de
grande calibre, menos que 2 x /semana, podendo
existir as seguintes manifestações associadas
soiling, irritabilidade, cólicas abdominais,
redução do apetite e saciedade precoce.
11Outras definições
- Incontinência fecal falta de controle do
esfíncter de corrente de causas orgânicas, como
anomalias anorretais e disfunções neurológicas,
por exemplo, em pacientes com meningomielocele. - Escape fecal funcional não retentivo ocorre
quando da fadiga da musculatura do assoalho
pélvico que acontece nas diarréias, lesões
medulares, ou como manifestação de um distúrbio
emocional, em geral em escolares. Inclui os
pacientes com encoprese e incontinência fecal. - Pseudoconstipação do lactente em aleitamento
natural evacuações menos de 3 x / semana , com
fezes macias.
12Soiling x encoprese
- Escape fecal ou soiling perda involuntária de
parte do conteúdo fecal por portadores de
constipação crônica, consequente a fezes
impactadas no reto.
- Encoprese ato completo da defecação, em sua
plena sequência fisiológica, porém em local e /ou
momento inapropriado, sendo, em geral, secundária
a distúrbios psicológicos.
13Soiling ou escape fecal
14FREQUÊNCIA NORMAL DOS MOVIMENTOS INTESTINAIS
IDADE NÚMERO DE EVACUAÇÕES / SEMANA NÚMERO DE EVACUAÇÕES / DIA
0 3 MESES
AMAMENTAÇÃO SEIO
AMAMENTAÇÃO SEIO 5 - 40 2.9
FÓRMULAS 5 - 28 2
6 - 12 MESES 5 - 28 1.8
1 3 ANOS 4 - 21 1.4
gt 3 ANOS 3 - 14 1.0
- Modificado de Fontana M. Bianch C, Cataldo F, e
col. Bowel frequency in healthy children. Acta
paediatr Scand 1987 78 682-4.
15Introdução
- Constipação funcional (sem evidências de causas
patológicas) causada por evacuações dolorosas,
com resultante retenção voluntária de fezes por
uma criança que deseja evitá-las. - Desencadeadores treinamento esfincteriano,
mudanças na rotina ou dieta, eventos
estressantes, doenças intercorrentes,
indisponibilidade de banheiros, adiamento da
defecação porque a criança está muito ocupada.
16Introdução
- A causa mais comum de constipação intestinal na
infância é a decisão feita pela criança para
retardar a evacuação após uma experiência
dolorosa - A retenção fecal pode levar a uma estase das
fezes no cólon, com reabsorção dos fluidos e
aumento no tamanho e consistência das fezes.
17Introdução
- A passagem de fezes endurecidas e grandes pode
assustar a criança, a ponto de fazê-la ficar
determinada a evitar toda defecação. Estas
crianças respondem à vontade de evacuar
contraindo os glúteos e o esfincter anal,
tentando reter as fezes. Elas ficam nas pontas
dos pés e dançam pra frente e pra trás, apertando
as coxas e pernas, contorcendo-se ou assumindo
posturas pouco usuais, frequentemente se
escondendo num canto (comportamento retentivo).
18Introdução
- Eventualmente o reto se acostumacom o estímulo
da massa fecal o estirando e a vontade de evacuar
desaparece. Com o tempo, este comportamento
retentivo torna-se automático. - Quando a parede retal se distende pode haver
escape fecal (soiling), deixando os pais zangados
e assustando a criança. - Após vários dias sem evacuar surgem
irritabilidade, distensão abdominal, cólicas e
diminuição da ingesta oral.
19História clínica
- Primeira evacuação após o nascimento.
- O que a família entende por constipação.
- Há quanto tempo os sintomas surgiram.
- Frequências das evacuações, tamanho e
consistência das fezes. - Dor para evacuar, presença de sangue nas fezes ou
no papel higiênico. - Dor abdominal, diferenciar soiling de diarréia.
- Sinais de alerta para a presença de doença
orgânica febre, distensão abdominal, anorexia,
náuseas, vômitos, perda ponderal. - Diarréia sanguinolenta em lactente com história
de constipação pode indicar enterocolite
complicando um Hirschsprung.
20Tipos de cocô
21A ESCALA FECAL DE BRISTOL
22História clínica
- História alimentar
- Uso de medicamentos
- História familiar (FC, tireoidopatias, doença
celíaca, constipação, Hirschsprung...) - História psicossocial (estrutura da família,
número de pessoas em casa, interação da criança
com os pares, possibilidade de abuso, se a
criança usa ou não o banheiro na escola...)
23Exame físico
- Ectoscopia
- Sinais vitais
- Cabeça, olhos, nariz, garganta
- Pescoço, cardiovascular, tórax e pulmões
- Abdome distensão, hepatoesplenomegalia, massa
fecal palpável. - Inspeção anal posição, presença de fezes ao
redor do ânus ou nas roupas, eritema perianal,
fissuras, plicomas.
24Exame físico
- Toque retal reflexo anal, tônus, presença de
fezes e massa fecal, consistência das fezes,
outras massas, fezes explosivas após a introdução
digital, sangue oculto nas fezes (importante nas
crianças com constipação e também naquelas com
dor abdominal, hipodesenvolvimento, diarréia
intermitente ou história familiar de pólipos ou
câncer de cólon). - Exame da coluna vertebral e das costas tufo de
pêlos, cisto pilonidal. - Exame neurológico força, tônus, reflexo
cremastérico, reflexos tendinosos profundos.
25Diagnóstico diferencial
- Não orgânicas transtornos cognitivos e de
déficit de atenção, situacionais (treinamento
esfincteriano coercitivo, evitar os banheiros da
escola, intervenções excessivas dos pais,
abuso...), depressão, dieta pobre em fibras,
desidratação, desnutrição, causas constitucionais
como inércia colônica ou predisposição
genética...
26Diagnóstico diferencialcausas orgânicas
- Malformações anatômicas imperfuração anal,
estenose anal, massa pélvica (teratoma sacral)... - Metabólicas e gastrointestinais hipotiroidismo,
hipercalcemia, hipocalemia, fibrose cística,
diabetes mellitus, neoplasia endócrina múltipla
tipo 2B, doença celíaca. - Neuropatias anomalias da coluna vertebral e
medula espinhal, neurofibromatose, traumas
espinhais... - Alterações dos nervos ou músculos intestinais
Hirschsprung, displasia neuronal, miopatias
viscerais, neuropatias viscerais.
27Diagnóstico diferencialcausas orgânicas
- Anormalidades da musculatura abdominal prune
belly, gastrosquise, Down. - Doenças do tecido conjuntivo esclerodermia, LES,
Sd. Ehlers-Danlos. - Drogas opiáceos, fenobarbital, sucralfato,
antiácidos (com alumínio), antihipertensivos,
anticolinérgicos, antidepressivos,
simpaticomiméticos. - Outros ingesta de metais pesados (chumbo),
intoxicação por vitamina D, botulismo,
intolerância à proteína do leite de vaca.
28Diagnóstico diferencialcausas orgânicas
- Alergia à Proteína do Leite de Vaca pode ser
considerada causa de constipação crônica
refratária em crianças. Em 28 das 25 crianças
avaliadas, a constipação desapareceu durante
dieta de exclusão e reapareceu após desafio.
Daher S. Tahan et al. (2001) EPM, SP
29Orgânica x Funcional Sinais de alerta
- Hipodesenvolvimento
- Distensão abdominal
- Ausência da curvatura lombossacra
- Cisto pilonidal coberto por tufo de pelos
- Anormalidades pigmentárias em linha média da
coluna lombo-sacra - Agenesia sacral
- Glúteos planos
- Ânus anteriorizado
- Ânus distendido
- Reto vazio na presença de massa fecal palpável
30Orgânica x FuncionalSinais de alerta
- Saída de fezes líquidas e ar quando da introdução
digital - Sangue oculto nas fezes
- Ausência de reflexo anal ou cremastérico
- Diminuição do tônus e/ou força dos MMII
- Ausência ou atraso na fase de relaxamento dos
reflexos tendinosos profundos das extremidades
inferiores.
31Diagnóstico diferencial da CCF e da DH
Característica Constipação Funcional Doença de Hirschsprung
Início 2 3 anos Ao nascer
Retardo na eliminação de mecônio Rara Comum
Sintomas Obstrutivos Raros Comum
Comportamento Retentivo Comum Raro
Medo de evacuar Comum Raro
Escape fecal Comum Raro
Tamanho fecal Muito grande Pequeno, em cíbalos
Retardo de crescimento Raro Comum
Enterocolite Nunca Possível
Ampola retal Grande Estreita
Fezes na ampola retal Comum Raro
Enema de bário Sem zona de transição Zona de transição
Manometria retal Normal Ausência de reflexo anorretal
Biopsia Retal Normal Sem células ganglionares, aumento da acetil colinesterase
32(No Transcript)
33(No Transcript)
34Fisiologia da defecação
- Quando as fezes chegam ao reto, receptores
sensíveis ao estiramento determinam o relaxamento
do esfíncter interno do ânus, permitindo que o
conteúdo retal, ao atingir a região anodérmica,
seja percebido de modo discriminado para
gases,líquido ou fezes pastosas. Neste momento, o
indivíduo decide pela eliminação de flatos ou
pela contração voluntária do esfíncter externo
até chegar ao local apropriado para ultimar a
defecação.
35Fisiologia da defecação
- Reflexo inibitório retoanal relaxamento do
esfíncter interno do ânus, consequente à
distensão retal. Ele é transmitido pelo plexo
mioentérico. - Reflexo ausente na doença de Hirschsprung,
36(No Transcript)
37(No Transcript)
38Tratamento
- Determinar se há impactação
- Tratar a desimpactação, se houver
- Iniciar o tratamento por via oral
- Prover educação dos pais e um seguimento de
perto - Ajustar as medicações conforme a necessidade.
39Educação
- Explicar a fisiopatologia da doença e
desmistificar a constipação é o primeiro passo do
tratamento. - Se houver soiling é importante retirar os
reforços negativos e fazer com que os pais
entendam que esse não é um comportamento
desafiador ou voluntário da criança. - Encorajar os pais a terem uma atitude de apoio,
com reforços positivos.
40Desimpactação
- IMPACTAÇÃO FECAL massa fecal em abdome inferior
palpável ao exame físico reto dilatado e com
grande quantidade de fezes ao toque ou excesso de
fezes no cólon à radiografia de abdome. - A desimpactação deve ser feita antes de
iniciarmos a medicação VO de manutenção. Ela pode
ser conseguida pelas vias oral e/ou retal. - Oral menos invasiva, dá sensação de poder à
criança, mas a aderência pode ser difícil. - Retal mais rápida, porém invasiva.
41Desimpactação
- Oral efetiva com doses altas de óleo mineral,
PEG ou ambos. Hidróxido de magnésio, citrato de
magnésio, lactulose, sorbitol, senna ou bisacodil
podem ser usados com sucesso, embora não haja
estudos controlados sobre sua efetividade. - Retal enemas fosfatados, salinos ou de óleo
mineral. Pode-se usar supositório de glicerina
em lactentes e de bisacodil em crianças maiores.
42Terapia de manutenção
- Após a resolução da desimpactação, o foco do
tratamento é a prevenção da recorrência. - A manutenção consiste em intervenções dietéticas,
modificações do comportamento e laxativos a fim
de assegurar que as evacuações ocorram em
intervalos normais e sem desconforto.
43Dieta
- O desmame é um período em que o lactente pode
mudar o padrão evacuatório em direção à
constipação. - O aleitamento artificial aumenta em 4,5 vezes o
risco de constipação, em relação ao aleitamento
natural predominante (exclusivo ou leite materno,
água e chá). Aguirre et al. 2002 - Deve-se encorajar ingesta de líquidos e de
carboidratos absorvíveis e não absorvíveis. - Sorbitol (suco de maçã, pera e ameixa) aumenta a
frequência e a quantidade de água nas fezes.
44Dieta
- Dieta balanceada, incluindo grãos integrais,
frutas e vegetais (feijão, ervilha, lentilha,
grão-de-bico, milho, pipoca, coco, verduras,
aveia em flocos, frutas com casca e bagaço). - Pode-se utilizar farelos e cereais integrais para
o preparo de massas, tortas, pães, bolos e
farofas, na proporção de 1/3 das farinhas. - Suplementar fibras?? Estudos conflitantes!
- Idade 10 g/ dia
- Glucomannan fibra alimentar solúvel em água,
extraída de raízes da planta konjac - APLV pode levar a proctite e colite, com
evacuações dolorosas e desencadeamento da
constipação.
45Dieta probióticos e prebióticos
- Probióticos microorganismos vivos que atuam
beneficamente no organismo, melhorando o
equilíbrio da microbiota intestinal. - Prebióticos substâncias que, quando ingeridas,
não são digeridas e nem absorvidas no intestino
delgado. Quando atingem o cólon, estimulam
seletivamente uma bactéria ou um grupo delas que
têm característica de probióticos. - Poucos estudos com probióticos e constipação.
Campo promissor.
46Modificações do comportamento
- Ter um tempo pra ir ao banheiro sem pressa após
as refeições. - Diário da frequência das evacuações.
- Sistema de recompensas (reforço positivo).
- Psicoterapia.
- Tratamento difícil, especialmente quando há
soling, requerendo uma família participativa e
bem organizada, com paciência para encarar
períodos de melhora e recaídas. - O acompanhamento deve ser frequente.
47Medicações
- Laxativos lubrificantes (óleo mineral), laxativos
osmóticos (hidróxido de magnésio, lactulose,
sorbitol, PEG) ou combinação. - Há relatos de uso a longo prazo de óleo mineral,
hidróxido de magnésio, lactulose e sorbitol. - PEG 3350 superior aos outros laxativos osmóticos
em palatabilidade e aceitação. - Laxativos estimulantes (senna, bisacodil,
supositório de glicerina) podem ser usados
intermitentemente por períodos curtos para evitar
recorrência de impactação.
48Laxativos osmóticos Dose Efeitos adversos Notas
Lactulose 1-3 mL/kg/d, divididos em duas vezes Flatulência, cólicas, (hipernatremia quando usado em altas doses na encefalopatia hepática), relatos de megacólon não tóxico em crianças maiores. Dissacarídeo sintético bem tolerado a longo prazo.
Sorbitol 1-3 mL/kg/d lactulose Menos caro que a lactulose
Hidróxido de magnésio 1-3 mL/kg/d, 2 x ao dia Risco de intoxicação em lactentes e de hipermagnesemia, hipofosfatemia, hipocalcemia secundária, se overdose. Libera colecistocinina, que estimula a secreção gastrintestinal e a motilidade. Usar com cuidado em nefropatas.
PEG Desimpactação 1-1,5 g/kg/d por 3 dias Manutenção 1 g/kg/d Apresentação com eletrólitos tem menor aceitação. Melhor paladar e aceitação, necessidade de mais estudos antes de disseminar seu uso em lactentes
49Laxativo lubrificante
Lubrificante Dose Efeitos adversos Notas
Óleo mineral Não recomendado antes de 2 anos. Desimpactação 15-30 mL/ano de idade até 240 mL/dia Manutenção 1-3 mL/kg/dia, dividido em 2x/dia Pneumonia lipóide (se aspirado), interferência (teórica) na absorção de substâncias lipossolúveis, reação tipo corpo estranho na mucosa intestinal. Amacia as fezes e diminui a absorção de água. Mais palatável se refrigerado. Pode ser misturado à aveia. Escape anal de óleo puro é indicativo de dose muito alta.
50Enema osmótico Dose Efeitos adversos Notas
Enemas fosfatados Evitar em menores de 2 anos. gt 2 anos 6 mL/kg até 135 mL Risco de trauma mecânico à parede retal, distensão abdominal e vômitos. Pode levar à hiperfosfatemia e hipocalcemia com tetenia. Parte do ânion é absorvido, o que não é problema se o rim for saudável. A maioria dos efeitos colaterais ocorrem nas crianças com insuficiência renal ou doença de Hirschsprung.
51Lavagem Dose Efeitos adversos Notas
Solução eletrolítica de polietilenoglicol Desimpactação 25 mL/kg/h até 1000 mL/h por SNG ou 20 mL/kg/h por 4h/d. Manutenção 5 -10 mL/kg/d Difícil de tomar. Pode haver náuseas, vômitos, distensão abdominal, cólicas e irritação anal. Aspiração, pneumonia, edema pulmonar, Sd. Mallory-Weiss. Segurança quanto ao uso prolongado ainda não estabelecida. Informações obtidas principalmente do uso para irrigação colônica total. Pode requerer admissão hospitalar e SNG.
52Laxativos estimulantes
Estimulantes Dose Efeitos adversos Notas
Senna 2-6 anos 2,5 a 7,5 mL/d 6-12 anos 5 a 15 mL/dia Hepatite idiossincrásica, osteoartropatia hipertrófica, nefropatia analgésica, melanosis coli. A melanosis coli costuma desaparecer 4 a 12 meses após a descontinuação do uso.
Bisacodil gtou 2 anos0.5-1 supositório ou 1 drágea ao deitar. Dor abdominal, diarréia, hipocalemia, anormalidades na mucosa retal e até proctite. Há relatos de caso de urolitíase.
Supositório de glicerina Não há. Efetivo nas constipações agudas, mas nas crônicas.
53Referências Bibliográficas
- Constipation Guidelines Committee of NASPGHAN. J
Pediatr Gastroenterol Nutr, Vol. 43, No. 3,
September 2006. - Morais, MB, Maffei HVL, Tahan S. Constipação
Intestinal. In Carvalho E, Silva LR, Ferreira,
CT.. Gastroenterologia e Nutrição em Pediatria.
Barueri Manole, 2012. p. 466-93.
54Obrigada!
55Orientações aos pacientes
- Dieta laxante, rica em fibras
- Dar frutas com casca e bagaço.
- (Evitar frutas que prendam banana, caju,
maracujá, limão, goiaba, maçã e pêra sem casca). - Dar verduras e folhas verdes.
- (Evitar legumes ou tubérculos que prendam
inhame, mandioquinha, batata, cenoura cozida,
chuchu e arroz branco). - Dar grãos, feijão, lentilha, milho, cereais
integrais como aveia em flocos, farelo de trigo,
multimistura. Estes podem ser adicionados ao
leite, sopas ou comidas. - (Evitar maizena, cremogema, arrozina,
mucilon de arroz, tapioca). - (Evitar também chás, alimentos
industrializados, refrigerantes, chips) - Utilizar a medicação prescrita pelo médico pelo
tempo recomendado. - Lembrar que o seio materno é fundamental para a
saúde do futuro adulto e é importante fator na
prevenção da constipação intestinal.
56Orientações aos pacientes
- A constipação intestinal deve ser tratada. É
necessário ter muita paciência. Não usar castigos
ou prêmios, pois a evacuação é um evento normal.
Vamos tratar juntos. - Recondicionamento do hábito intestinal normal
estimular o paciente a permanecer sentado no vaso
sanitário por 5 a 10 minutos após as principais
refeições. Adaptar o vaso sanitário se
necessário. Motivar a criança a não prender as
evacuações. - Estimular atividade física.
- Aumentar a ingestão de água (filtrada, mineral ou
previamente fervida).