Title: Vers
1Versão OriginalMartha C. Kutko, M.D.Assistant
Professor of Pediatrics
Toxicologia
- Versão Portuguesa
- Teresa Andrade, M.D.
- Sérgia Soares, M.D.
- Francisco Cunha, M.D.
- Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos
- Hospital de S. João, Porto - Portugal
2Epidemiologia
- A ingestão de substâncias potencialmente tóxicas
é frequente na criança pequena. - American Association of Poison Control Centers
1.2 milhões de casos de ingestão em crianças lt 6
anos de idade em 2001. - A morte é pouco comum nesta faixa etária.
- Declínio da taxa de mortalidade
- Década de 1940 500 mortes/ano
- 1997 25 mortes/ano.
3Epidemiologia
- Declínio na mortalidade é atribuido a
- Embalagens com fecho de segurança
- Fármacos mais seguros
- Comportamento preventivo
- Educação pública
- Legislação
- Existência de centros de controlo de tóxicos
- Assistência médica específica
- Antídotos
4Abordagem da criança intoxicada História
- Data de ingestão
- Fármacos existentes no domicílio
- Dose de tóxico ingerida
- Início dos sintomas
- Intencionalidade da ingestão
- Condições médicas subjacentes
5Abordagem da criança intoxicada Exame objectivo
- Sinais vitais
- Exame pupilar (miose, midríase)
- Pele (xerose, cianose)
- Pulmões (crepitações, sibilância)
- Coração (taquicardia, bradicardia)
- Abdómen (diminuição dos sons peristálticos,
tensão abdominal) - SNC (alteração do estado mental, convulsão)
6Abordagem da criança intoxicada Abordagem inicial
- Via aérea
- Respiração
- Circulação
- Disfunção neurológica
- Exposição
7Abordagem da criança intoxicada Avaliação
diagnóstica
- Hemograma
- Electrólitos
- Eq. ácido-base
- Função hepática
- Rx tórax
- ECG
- Rx abdominal
- Tóxicos séricos
- Tóxicos urinários
- Doseamento de AAS
- Doseamento de paracetamol
- Osmolaridade sérica
8Doseamentos de tóxicos úteis
Níveis isolados
Níveis seriados
- Salicilatos
- Carbamazepina
- Digoxina
- Fenobarbital
- Fenitoína
- Teofilina
- Valproato
- Paracetamol
- Monóxido de carbono
- Etanol
- Etilenoglicol
- Metais pesados
- Ferro
- Metanol
- Meta-hemoglobina
9Fármacos opacos
- Bezoares/Sementes/Caroços
- Carbonato de cálcio
- Hidrato de cloral
- Comprimidos revestidos
- Metais pesados
- Iodo
- Ferro
- Fenotiazinas
- Fórmulas potássicas
10Hiato Aniónico (HA)
- Hiato Aniónico Na - Cl- HCO3 -
HA Normal 3-16
11Tóxicos associados a HA ?
- Metanol
- Paraldeido
- Isoniazida
- Ferro
- Etilenoglicol
- Salicilatos
- Monóxido de carbono
- Cianeto
- Ácido sulfídrico
- Etanol (cetonas)
- Metformina
- Fenformina
- Enxofre
- Teofilina
- Tolueno
12Tóxicos associados a HA ?
13Hiato Osmolar (HO)
- OSM sérica 2Na Glicose/18 Ureia/6
- HO OSM medida OSM calculada
HO Normal -3 a 10 mOSM/kg H2O
14Tóxicos associados a HO ?
- Metanol
- Etanol
- Etilenoglicol
- Acetona
- Isopropanol
15Toxidromes(Síndromes Toxicológicos)
- - Conjunto de sinais e sintomas associados a um
grupo específico de tóxicos
16Toxidromes Opiáceos
- Miose
- Depressão respiratória
- Hipotensão
- Sedação
- Motilidade GI diminuída
- Retenção urinária
17ToxidromesOpiáceos
- Convulsões - Meperidina ocorre secundariamente
ao metabolito normeperidina - Disritmias - Propoxifeno ocorre a partir do
metabolito norpropoxifeno - Rigidez torácica - Fentanil
18ToxidromesColinérgicos Efeitos muscarínicos
- Sialorreia
- Lacrimejo
- Incontinência urinária
- Incontinência fecal
- Alterações gastrointestinais
- Vómitos
19ToxidromesColinérgicos Efeitos nicotínicos
- Fasciculações musculares
- Fadiga muscular
- Paralisia
20ToxidromesAnticolinérgicos
- Red as a beet- eritema cutâneo
- Hot as a hare- hipertermia
- Mad as a hatter- psicose
- Dry as a bone- pele xerótica, retenção urinária
- Taquicardia
- Midríase
21ToxidromesSimpaticomiméticos
- Hipertensão
- Taquicardia
- Agitação psicomotora
- Hipertermia
- Diaforese
- Midríase
22Descontaminação gástrica
- Xarope de Ipeca
- Lavagem gástrica
- Carvão activado
- Irrigação intestinal
23Xarope de ipeca
- NÃO!!!!
- Previamente recomendado para administração em
ambulatório imediatamente após a ingestão do
tóxico. - AAP actualmente sem indicação
- Poison Treatment in the Home (Pediatrics Vol. 112
No. 5, November 2003)
24Porque não xarope de ipeca?
- Percentagem variável de remoção do tóxico
- Em voluntários adultos
- 51-83 remoção (5 minutos após ingestão)
- 2-59 remoção (30 minutos após ingestão)
- Efeitos laterais vómitos persistentes, letargia
e diarreia - A presença de vómitos pode atrasar a
administração de antídotos orais
25Porque não xarope de ipeca?
- Letargia e vómitos ? risco de aspiração
- Utilização inadequada após ingestão de um tóxico
ácido ou alcalino - Utilização com intenção errada
- Crianças com distúrbios alimentares
- Síndrome de Munchausen by proxy
26Lavagem gástrica
- Precocemente após a ingestão
- Protecção da via aérea
- Utilização do tubo gástrico de maior calibre
possível (40 French) - Contra-indicações ingestão de cáusticos,
hidrocarbonetos, vómitos prévios
27Carvão activadoDose única
- Indicações ingestão de tóxicos com adsorção ao
carvão activado - Posologia 1 g/kg PO ou SNG
- Administração com sorbitol
- Protecção da via aérea
- Contra-indicações cáusticos, hidrocarbonetos,
corpo estranho, íleo paralítico ou perfuração
gástrica
28Carvão activadoDoses múltiplas
- Ingestão de grandes quantidades de tóxico
- Fármacos com circulação entero-hepática
- Fármacos com baixo volume de distribuição
- Substâncias com fraca ligação proteica
- Fármacos com t1/2 longo
29Carvão activadoDoses múltiplas
- Apenas a primeira dose deve ser administrada com
sorbitol - Dose 1 g/kg PO ou SNG q6h durante 24 horas ou
até aparecimento de carvão nas fezes
30Quais as substâncias que não adsorvem ao carvão
activado?
- Lítio
- Ferro
- Álcoois
- Ácidos
- Bases
- Cianeto
- Hidrocarbonetos
31Irrigação intestinal
- Ingestão ameaçadora de vida
- Tóxicos de libertação lenta
- Tóxico com tempo de absorção prolongado
- Protecção da via aérea
- Contra-indicações cáusticos, hidrocarbonetos,
corpo estranho, íleo paralítico, perfuração
gástrica
32Irrigação intestinalPolietilenoglicol
- Dose até 500 ml/h
- Manter até eliminação fecal total
- Efeitos laterais distensão abdominal e vómitos
- Anti-eméticos (metoclopramida ou ondansetron)
podem ser úteis - Monitorização electrolítica
33Tóxicos e antídotos específicos
N-acetilcisteína
Fisostigmina
Anticolinérgicos
Atropina (efeitos muscarínicos)
Anticolinesterases/ Colinérgicos
Pralidoxima (efeitos nicotínicos) - controversa
nas ingestões de carbamato
34Tóxicos e antídotos específicos
Flumazenil
Botulismo
Antitoxina botulínica
Beta-bloqueadores
Glucagon
- Bloqueadores dos
- canais de cálcio
Cálcio
Monóxido de carbono
O2 hiperbárico O2
Nitritos, cianeto
Tiossulfato de sódio
35Tóxicos e antídotos específicos
Digoxina imune Fab (Digibind )
Etanol
Etilenoglicol
Heparina
Protamina
Desferroxamina
Ferro
Isoniazida
Piridoxina
36Tóxicos e antídotos específicos
EDTA, BAL, DMSA
Metanol
Etanol
Meta-hemoglobina
Azul de metileno
Opiáceos
Naloxona
Antidepressivos tricíclicos
NaHCO3
Vitamina K
Varfarina (Supervarfarinas)
37Eliminação do fármacoMétodos
- Alcalinização e Diurese forçada
- Hemodiálise
- Hemoperfusão com carvão
38Alcalinização/Diurese forçada
- Útil nas substâncias com eliminação renal
- As substâncias devem ser ácidos fracos ou bases
fracas (ex. AAS e fenobarbital) - HA ? H A-
pKa
Na urina com pH lt pKa Forma não ionizada
Não excretada na urina
Na urina com pH gt pKa Forma ionizada
Excretada na urina
39Hemodiálise
- Baixo volume de distribuição
- Fraca ligação proteica
- Baixo peso molecular
- Também útil na abordagem da acidose e das
alterações electrolíticas
40Que substâncias são dializáveis?
- Salicilatos
- Metanol
- Lítio
- Etilenoglicol
- Anfetaminas
- Teofilina
41Hemoperfusão
- O sangue é passado através de um cartucho
composto por carvão ou carbono - Fármacos com baixo volume de distribuição
- Permite a remoção de substâncias maiores e com
maior capacidade de ligação proteica que na
hemofiltração - Implica uma boa adsorção ao carvão
42Que substâncias podem ser removidas por
hemoperfusão?
- Teofilina
- Fenobarbital
- Carbamazepina
- Fenitoína
- Salicilatos
43Complicações da Hemoperfusão
- Trombocitopenia
- Hipocalcemia
- Leucopenia
- Arrepios
44Adolescente, 15 anos, admitida no SU 4h após a
ingestão de 20 comprimidos de Tylenol (500 mg/cp
de paracetamol). A ingestão foi motivada por uma
discussão com o namorado. Esta rapariga tinha
uma história de tentativa de suicídio. Ela
encontrava-se vigil, com sinais vitais
estáveis.Apresentava náuseas e teve um episódio
de vómito.O exame físico era normal. Os exames
laboratoriais revelaram um ionograma, função
hepática e estudo da coagulação normais e os
níveis séricos de paracetamol eram de 120 mcg/ml.
Caso clínico
45O que faria ao seu doente?
- A. Contactar a Psiquiatria para avaliar a
paciente. Sem - necessidade de intervenção médica.
- B. Administrar 1g/kg de carvão activado com
sorbitol - cada 6 horas e 17 doses de N-acetilcisteína
oral. - C. Administrar 1 dose de carvão activado com
- sorbitol seguido de N-acetilcisteína
intravenosa - durante 21 horas.
- D. Lavagem gástrica na tentativa de remover
- fragmentos de comprimido.
46Intoxicação por paracetamol
- Dose tóxica 150 mg/kg ou uma
dose total de 7,5 g
- Nível tóxico 150 mcg/ml ao fim de 4 horas
- Antídoto N-acetilcisteína
47(No Transcript)
48Metabolismo do paracetamol
- 90 sofre glicuronoconjugação e sulfatoconjugação
hepáticas com posterior eliminação renal dos
metabolitos - lt 5, juntamente com alguns metabolitos
insignificantes, são excretados pelo rim, sem
metabolização - O restante sofre oxidação pelo sistema
Citocromo-P450 e N-acetil-p-benzoquinonimina
(NAPQI)
49NAPQI
- Electrofílico
- Ligação aos hepatócitos na forma covalente
- Resulta em morte celular
50N-acetilcisteina (NAC)
- Previne a ligação do NAPQI aos hepatócitos
- Reduz o NAPQI
- Conjuga o NAPQI
- Potencia o metabolismo por sulfatação
51NAC
- Deve ser administrada nas primeiras 8 horas
- Dose IV 150 mg/kg em perfusão durante 60
minutos seguido de perfusão de 50 mg/kg durante
4 horas seguido de perfusão de 100 mg/Kg durante
16 horas (equivalente a uma dose total de 300
mg/kg perfundidos ao longo de 21 horas - Dose oral 140 mg/kg x 1 dose seguida de
70 mg/kg x 17 doses
52NAC
- Cheiro de ovos podres
- Pode haver necessidade de administração da
fórmula oral por SNG - Diluir com sumo
- Usar metoclopramida ou ondansetron se
intolerância por vómitos
53Fases da toxicidade
- I (½-24 h)náuseas, vómitos, diaforese
- Pode estar assintomático.
- II (24-72 h) menos náuseas, vómitos dor no
QSDto aumento ligeiro das enzimas hepáticas e do
estudo da coagulação - III (72-96 h) alterações da coagulação,
insuficiência renal, encefalopatia, morte por
insuficiência hepática - IV (4 d-2 sem) se fase III é reversível,
resolução da disfunção hepática.
54A resposta correcta éC. Administrar 1 dose
de carvão activado com sorbitol seguido de
N-acetilcisteína intravenosa durante 21 horas.
55Pontos Chave
- Apesar do nossa paciente apresentar níveis de
paracetamol de apenas 120 mcg/ml às 4 horas e ser
um valor abaixo do nível tóxico no normograma,
ela deve ser tratada com NAC. Ela ingeriu um
total de 10 g (20 cp x 500 mg) que é gt 7,5 g e
tóxico. - A NAC pode ser administrada por via oral ou IV.
- A NAC IV só foi aprovada recentemente para
utilização nos EUA.
56Pontos Chave
- A administração do carvão activado na ingestão de
paracetamol é controversa pois pode interferir
com a NAC oral. - Alguns estudos mostraram diminuição da absorção
de paracetamol quando o carvão activado é dado
atempadamente. - O carvão activado não interferirá com a
administração de NAC IV e por isso pode ser dado.
57Pontos Chave
- Se o carvão activado é administrado, apenas deve
ser dada uma dose. - Para ingestões que necessitam da administração de
múltiplas doses de carvão, apenas a primeira deve
ser dada com sorbitol. - A lavagem gástrica provavelmente não será eficaz
4 horas após a ingestão.
58Lactente com 1 mês de idade, nascido de termo,
apresenta-se no SU com uma história de vários
dias de diarreia aquosa, recusa alimentar parcial
e vómitos ocasionais. Apirético. Sinais vitais
normais, excepto FC de 180 bpm, SpO2 85 em ar
ambiente. Ao exame físico apresentava tiragem
significativa, auscultação cardiopulmonar limpa,
sem sopros cardíacos, um abdómen não distendido,
mole e depressível, com aumento dos ruídos
hidroaéreos e má perfusão periférica.
Caso clínico
59Os exames complementares de diagnóstico revelaram
uma radiografia do toráx com campos pulmonares
limpos e coração de dimensões normais.Leucócitos
totais 12.000, Hgb 10.0 g/dl,Plaq 200.000, Na
136, K 4.5, Cl 100, HCO3 5, BUN 3, Creatinina
0.3, Glicemia de 90 GSA 7.10/22/100/97
Caso clínico
60Qual é o diagnóstico?
- A. Doença metabólica
- B. Cardiopatia congénita
- C. Sepsis
- D. Hiperplasia supra-renal congénita
- E. Meta-hemoglobinemia
61Meta-hemoglobina
- Hemoglobina cujo o Fe foi oxidado a Fe
- Não pode transportar o oxigénio
- Impede a libertação do oxigénio nos tecidos
- Pode levar a um transporte inadequado de oxigénio
para as necessidades metabólicas dos tecidos
-------gt CHOQUE
62Meta-hemoglobina
- Forma-se quando os GR são expostos a stress
oxidativo - Acontece em situações normais
- A NADH meta-hemoglobina reductase reduz a Hgb à
sua forma férrica (2)
63Metahemoglobina causas
- Anestésicos locais
- Dapsona
- Pyridium (cloridrato de fenazopiridina)
- Nitritos
- Anilina
- Diarreia (nitritos produzidos por bactérias)
- ITU (nitritos produzidos por bactérias)
- Os Recém-nascidos têm 50 dos níveis de NADH
meta-hemoglobina reductase do adulto
64Meta-hemoglobina diagnóstico
- Suspeição clínica exposição a agente agressor
- Sangue castanho cor de chocolate
- Cianose
- Presença de hiato de saturação
65Hiato de saturação
- Diferença entre a saturação da pulsoximetria, a
saturação da GSA, e da saturação obtida por
co-oximetria - GSA PaO2 é medido a saturação é calculada
- A pulsoximetria mede a absorbância a dois
comprimentos de onda assume a oxihemoglobina ou
a desoxihemoglobina
66Co-oximetria
- Mede a absorbância em 4 comprimentos de onda
- Utiliza equações para calcular a de oxihgb,
desoxihgb, metahgb, e carboxihgb
67Tratamento - Azul de Metileno
- É reduzido a azul leucometileno pela NADPH
metahgb reductase (necessita de G6PD) - À medida, que reduz a metaHgb a Hgb quando esta é
oxidada é oxidado de novo a azul de metileno. - Indicações hipoxia tecidular, dispneia, acidose
metabólica, disritmias, alteração do estado de
consciência, metahgbgt 20
68Azul de Metileno
- Contra-indicado na deficiência de G6PD
- Dose 1-2 mg/kg IV lento
- Mudará a cor da urina para azul-verde
- Pode causar disúria
- A pulsoximetria dará valores muito baixos a
seguir à administração devido à cor azul no
sangue.
69Fim