Title: Intoxica
1Intoxicações agudas
- Luis Almeida
- Docente voluntário de Terapêutica Geral e
Farmacologia Clínica - Faculdade de Medicina do Porto
- 2005/2006
2Conteúdo
- Considerações gerais
- 1. Definição
- 2. Contexto
- Abordagem terapêutica
- 1. Medidas prioritárias
- 2. Diagnóstico
- 3. Prevenção da absorção
- 4. Aumento da excreção
- Utilização de antídotos
- 1. Definição
- 2. Antídotos, suas indicações e posologia
3 Considerações gerais 1. Definição
- Definição de Intoxicação Aguda, OMS
Intoxication is a condition that follows the
administration of a psychoactive substance and
results in disturbances in the level of
consciousness, cognition, perception, judgment,
affect, or behavior, or other psychophysiological
functions and responses. The disturbances are
related to the acute pharmacological effects of,
and learned responses to, the substance and
resolve with time, with complete recovery, except
where tissue damage or other complications have
arisen. - http//www.who.int/substance_abuse/terminology/acu
te_intox/en/print.html
4 Considerações gerais 1. Definição
- Intoxicação aguda
- Perturbações biológicas abruptas causadas por
substância capaz de causar danos - Danos podem colocar vida em risco ou causar
sequelas persistentes. - Perturbações são geralmente proporcionais à
quantidade de tóxico.
5 Considerações gerais 2. Contexto
- Estamos envolvidos por milhares de potenciais
tóxicos - Intoxicação aidental, suicídio, homicídio,
6 Considerações gerais 2. Contexto
- Códigos ICD-10 (OMS) para os diferentes contextos
de intoxicação/envenenamento (em revisão)
Tóxico Contexto Fármacos Álcool Gases/ vapores Outros sólidos/ líquidos
Não intencional X40-X44 X45 X47 X46,X48-X49
Suicídio X60-X64 X65 X67 X66,X68-X69
Homicídio X85 X88 X86-X87,X89-X90
Indeterminado Y10-Y14 Y15 Y17 Y16,Y18-Y19
Intervenção legal Y35.2
Terrorismo U01.7 U01.6
7 Considerações gerais 2. Contexto
- Causas de morte por intoxicação aguda nos EUA,
2002
Tóxico Contexto Fár-macos Álcool Gases/ vapores Outros sól./ líquidos
89 2 8 1
Não intencional 66 16,394 355 640 161
Suicídio 21 3,884 26 1,419 157
Homicídio 43 nd 15 5
Indeterminado 13 3,197 25 71 43
Intervenção legal nd nd 0 nd
Terrorismo nd nd 0 0
8 Abordagem terapêutica 1. Medidas prioritárias
- A intoxicação aguda é uma emergência médica
comum. - Medidas prioritárias perante o doente intoxicado
- 1.a Manter a via aérea permeável
- 1.b Assegurar ventilação e oxigenação eficaz
- 1.c Manter circulação adequada
- 2. Administração de antídoto
- 3. Descontaminação gastrintestinal
- 4. Remoção activa do tóxico
9 Abordagem terapêutica 2. Diagnóstico
- História clínica e exame físico
- Identificação do tóxico
- Exames laboratoriais
- Sangue Glicémia, ureia, creatinina ionograma e
gap aniónico osmolaridade e gap osmolar testes
de função hepática - Urina cristalúria, hemoglobinúria e
mioglobinúria - ECG
- (Exames toxicológicos)
10 Abordagem terapêutica 2. Diagnóstico
- Síndromes tóxicos mais comuns
- Anticolinérgico
- Sinais e sintomas mídriase, taquicardia,
vasodilatação, hipertermia, secura da pele e
mucosas, retenção urinária confusão, agitação,
psicose, mioclonias, tremor, alucinações,
convulsões, coma - Causas mais comuns Antihistamínicos,
antiparkinsónicos, antipsicóticos,
antiespasmódicos, atropina, antidepressivos,
relaxantes musculares, cogumelos, plantas
11 Abordagem terapêutica 2. Diagnóstico
- Síndromes tóxicos mais comuns
- Colinérgico
- Sinais e sintomas bradicardia, diaforese, miose,
sialorreia, lacrimação, vómitos, incontinência
urinária e fecal, depressão do SNC, convulsões - Causas mais comuns
- Inibidores das colinesterases
- Organosfosforados (insecticidas) paratião,
malatião, mevinfos, diclorvos, pentião - Carbamatos (insecticidas) mexacarbato e oxamil
(elevada toxicidade) proxur e carbaril (moderada
actividade) - Agonistas dos receptores colinérgicos cogumelos
(muscarínicos), betanecol
12 Abordagem terapêutica 2. Diagnóstico
- Síndromes tóxicos mais comuns
- Simpaticomimético
- Sinais e sintomas hiperreflexia, delírio,
paranóia, convulsões, coma midríase, rubor,
piloerecção, sudorese, febre taquicardia,
hipertensão, arritmias, enfarte do miocárdio,
hemorragia cerebral, colapso circulatório
náuseas, vómitos, diarreia, rabdomiólise,
coagulopatia - Causas mais comuns Anfetaminas e derivados,
cocaína, metilenodioxianfetamina (MDA), derivados
da MDA (ecstasy), MDA de inalação (crack, ice),
teofilina, efedrina, pseudoefedrina,
fenilpropanolamina
13 Abordagem terapêutica 2. Diagnóstico
- Síndromes tóxicos mais comuns
- Sedativos, opiáceos e etanol
- Sinais e sintomas bradicardia, hipotensão,
miose, hipotermia, depressão respiratória, coma - Causas mais comuns barbitúricos,
benzodiazepinas, opiáceos, clonidina, etanol
14 Abordagem terapêutica 3. Prevenção da absorção
do tóxico
- Intoxicação por via digestiva
- Indução do vómito
- Lavagem gástrica
- Catarse
- Carvão activado
- Outros agentes adsorventes
15- Indução do vómito Xarope de ipeca
- Indicações na primeira hora após a ingestão do
tóxico remoção de tóxicos não adsorvidos pelo
carvão activado (ferro, lítio, potássio) remoção
de comprimidos de libertação controlada ou
pedaços de cogumelos, por ex. - Contra-indicações doente com alteração da
consciência ou convulsões ingestão de fármacos
pro-convulsivos (antidepressivos, cocaína)
ingestão de agentes corrosivos ingestão de
petróleo ou derivados (preferível lavagem
gástrica ou carvão activado) - Efeitos adversos vómitos persistentes (podem
atrasar o uso de carvão activado ou de antídotos
orais) gastrite hemorrágica sonolência (20)
diarreia (25) - Técnica 1) 30 mL no adulto e 10-15 mL na
criança 2) após 10-15 min, ingerir 2-3 copos de
água 3) se vómito não ocorre após 20 minutos,
repetir toda a operação 4) se novamente não
provocar o vómito, fazer lavagem gástrica
16- Lavagem gástrica
- Indicações remoção de tóxicos sólidos, líquidos
e venenos. - Contra-indicações em doente com alterações da
consciência ou convulsões deve ser efectuada com
precaução (entubação endotraqueal prévia)
comprimidos intactos implicam provocar o vómito e
só depois a lavagem gástrica ingestão de
corrosivos tem indicação para endoscopia
digestiva precoce - Efeitos adversos perfuração do esófago ou
estômago epistáxis por trauma entubação
traqueal inadvertida vómitos e aspiração
pulmonar - Técnica 1) posicionar em decúbito lateral
esquerdo se alteração da consciência, proteger a
via aérea com entubação traqueal 2) introduzir o
tubo até ao estômago e esvaziar o conteúdo, não
esquecendo a possibilidade de colheita para
análises toxicológicas (a sonda aconselhada é de
12-13 mm, 36-40F, necessária para a remoção de
comprimidos) 3) iniciar lavagem com
administração de carvão activado, 1 g/kg 4)
fazer lavagem com 200-300 mL de soro fisiológico
e remover por gravidade ou sucção activa repetir
até perfazer 2 L ou não haver remoção de material
tóxico.
17- Catarse Sorbitol a 70
- Indicações aceleração do trânsito intestinal e
eliminação do complexo tóxico-carvão aceleração
da eliminação de tóxicos não absorvidos - Contra-indicações obstrução intestinal não usar
catárticos com sódio ou magnésio em doentes com
insuficiência renal ou retenção hídrica - Efeitos adversos perda hídrica excessiva,
hipernatremia e hiperosmolaridade
hipermagnesemia, se se administrar catárticos com
Mg a doentes com insuficiência renal - Técnica 1) administrar 1-2 mL/kg de sorbitol a
70 2) repetir metade da dose se após 4-6 h não
há trânsito intestinal
18- Carvão activado (antídoto universal são
poucos os tóxicos que não são adsorvidos pelo
carvão activado alcalinos, cianeto, etanol e
outros álcoois, ferro, lítio e potássio) - Indicações eficaz na maior parte das
intoxicações orais é antídoto no tratamento da
toxicidade do ác. acetilsalicílico, oxalato,
atropina, barbitúricos, dextropropoxifeno,
digoxina, cogumelos, estricnina,
fenilpropanolamina, fenitoína, fenol, paracetamol
e antidepressivos tricíclicos eficácia aumenta
se previamente se induzir o vómito (xarope de
ipeca) ou se fizer lavagem gástrica eficácia de
uso em doses múltiplas comprovada (sobretudo na
intoxicação por digitálicos, fenobarbital,
paracetamol, salicilatos e teofilina) doses
repetidas particularmente úteis no caso de
tóxicos com ciclo enterohepático - Contra-indicações íleo ou obstrução intestinal
ingestão de ácidos minerais, álcalis cáusticos ou
derivados de petróleo - Efeitos adversos vómito, obstipação, distensão
gástrica - Técnica 1) dose inicial administrar 1-2 g/kg
2) doses seguintes 0,5-1 g/kg de 4 em 4 horas
19- Outros agentes adsorventes
- Colestiramina
- Organoclorados (insecticidas) de alta toxicidade
Aldrin, Dieldrin, Endrin, Endosulfan - Organoclorados de média toxicidade Lindano,
Kepone, Mirex, Toxafem - Organoclorados de baixa toxicidade Ethylan,
Hexaclorobenzeno, Methoxyclor - Demulcentes (clara de ovo, leite)
- Metais pesados
- Bicarbonato de sódio
- Ferro
- Terra de Fuller (silicato de alumínio e
magnésio) - Paraquat (herbicida)
- Resina permutadora de iões (K/Ca) (via oral
15 g em sorbitol a 70 via rectal 30 g, em
metilcelulose a 0,5) - Potássio
20 Abordagem terapêutica 3. Prevenção da absorção
do tóxico
- Intoxicação por via tópica ou inalatória
- Pele e olhos (alguns tóxicos são bem absorvidos
por estas vias p.ex., pesticidas,
hidrocarbonetos e cianeto) - Vias aéreas
21- Pele
- Muitos tóxicos são absorvidos através da pele
remover as roupas e lavar com água abundante
usar champô ou sabão nas substâncias oleosas - Agentes com neutralizantes específicos
- Tóxico Neutralizante
- - ácido fluorídrico sulfato de magnésio ou
gluconato de cálcio - - ácido oxálico gluconato de cálcio
- - fósforo (branco) sulfato de cobre 1
22- Olhos
- Lavar com água tépida e aplicar colírio de
anestésico local - Se se trata de um ácido ou base, verificar pH e
continuar a irrigar se o pH é anormal - Não instilar qualquer substância neutralizante
- Todo o doente deve ser observado por
Oftalmologista
23- Vias aéreas (gases e fumos tóxicos)
- Remover o doente do local e administrar O2
humidificado - Observar sinais de edema das vias aéreas
superiores que rapidamente pode evoluir para
obstrução total entubação endotraqueal precoce - Pode surgir edema pulmonar, horas após a
intoxicação (observar pelo menos 6 horas)
24 Abordagem terapêutica 4. Aumento da excreção
do tóxico
- Diurese forçada
- Diálise gastrintestinal
- Terapia extracorporal
- Hemodiálise
- Hemoperfusão
- Diálise peritoneal
- Hemofiltração
- Plasmaferese
25- Diurese forçada
- Furosemida e manitol são os fármacos mais vezes
utilizados para obtenção de uma diurese forçada - Indicações tóxicos com volume de distribuição
baixa e taxa de ligação às proteínas baixa - Alteração do pH urinário para facilitar excreção
- Diurese alcalina barbitúricos, primidona,
salicilados, lítio (?), isoniazida (?) - Diurese neutra brometos, lítio (?), isoniazida
(?) - Diurese ácida fenciclidina (?), anfetaminas (?)
- Efeitos adversos envolve administração de
grandes quantidades de volume ácido ou alcalino e
pode provocar edema pulmonar, hipo ou
hipercaliemia, alcalemia, complicações do
cateterismo venoso central, etc - Precaução Qualquer destas técnicas não deve ser
prolongada por mais de 24-36 h e deve ser feita
idealmente em UCI.
26- Técnica da diurese alcalina forçada
- 100 mL de bicarbonato de sódio 1 M, em perfusão
contínua durante 3 horas, e - 500 mL de solução glicosada a 5 10 mEq de KCl
na 1ª hora - 500 mL de solução de cloreto de sódio a 0,9
(soro fisiológico) 10 mEq KCl na 2ª hora - 500 mL de manitol a 10 10 mEq KCl na 3ª hora
- Repetir este ciclo enquanto for necessário
adicionar um bolus de 20 mEq de bicarbonato de
sódio se o pH urinário for inferior a 7.5
suspender apenas o bicarbonato de sódio se surgir
alcalose metabólica grave controlar a caliémia
monitorizar pH sérico e urinário e o ionograma
sérico.
27- Técnica da diurese neutra forçada
- 500 mL de solução de cloreto de sódio a 0,9 10
mEq KCl na 1ª hora - 500 mL de solução glicosada a 5 10 mEq de KCl
na 2ª hora - 500 mL de solução de cloreto de sódio a 0,9 10
mEq KCl na 3ª hora - 500 mL de manitol a 10 10 mEq KCl na 4ª hora
- Repetir este ciclo enquanto for necessário
controlar a caliémia e a resposta diurética.
28- Técnica da diurese ácida forçada
- está fora de uso clínico
- 500 mg a 1000 mg de ácido ascórbico em cada litro
de solução de cloreto de sódio a 0,9 - Monitorizar pH sérico e urinário e o ionograma
sérico.
29- Diálise gastrintestinal
- Administração de doses repetidas de carvão
activado - Indicado quando houver recirculação
enterohepática ou secreção para o estômago o
intestino deve ser mantido preenchido
continuamente pela carvão activado. - (Mais detalhes ver atrás)
30- Terapêutica extracorporal
- Hemodiálise
- Hemoperfusão
- Hemofiltração (uso raro)
- Plasmaferese (uso raro)
- Diálise peritoneal (uso raro)
- São métodos de desintoxicação invasiva
- Necessidade de câmara extracorporal onde o sangue
circule e necessidade de uso concomitante de
anticoagulantes
31- Hemodiálise
- Condições para recurso a hemodiálise
- Deterioração clínica apesar de terapêutica
intensiva intoxicação severa com hipoventilação,
hipotensão ou hipotermia diminuição da excreção
por insuf. hepática, cardíaca ou renal
desenvolvimento de coma ou outras complicações
graves ingestão de dose potencialmente letal
toxina metabolizável em substâcia ainda mais
tóxica (metanol, etilenoglicol) intoxicação por
drogas de toxicidade retardada - Indicações
- Hemodiálise imediata intoxicação por
etilenoglicol e metanol acidose ou sintomas
visuais - De acordo com situação clínica salicilados,
lítio, barbitúricos de longa duração de acção
(hemoperfusão é preferível), teofilina
(hemoperfusão é preferível)
32- Hemoperfusão
- No essencial é uma diálise contra um adsorvente
em que os filtros são descartáveis e as bombas e
monitores são os mesmos da diálise - Consiste no contacto directo com um sistema
formado por partículas adsorventes (carvão
activado, resinas permutadoras de iões ou resinas
macroporosas não iónicas) envolvidas por uma
membrana em que o sangue circula com fluxo
laminar de 100-300 mL/min e necessita de heparina - Indicações
- Eficaz na remoção de tóxicos lipossolúveis ou com
alta taxa de ligação a proteínas salicilatos,
teofilina, barbitúricos de longa duração - Uso controverso na intoxicação por paracetamol,
amitriptilina e paraquat com níveis inferiores a
0,3 µg/mL
33- Diálise peritoneal
- Utilização rara, porque o fluxo está limitado ao
fluxo mesentérico e não pode ser regulado
externamente - Hemofiltração
- Potencialmente com vantagem sobre hemodiálise
intermitente mas utilização limitada devido ao
risco de complicações - Plasmaferese
- Utilização rara intoxicações por tiroxina,
digitoxina, cisplatina, clorato sódico
34 Abordagem terapêutica 4. Aumento da excreção
do tóxico
- Critérios clínicos para uso destas técnicas
- Intoxicação clinicamente grave (coma profundo,
insuficiência respiratória, etc.) presente ou
previsível, por substância tóxica com capacidade
de lesão orgânica (metanol ou etilenoglicol) ou
funcional com risco de vida (teofilina, etc.) - Redução da capacidade de depuração espontânea do
tóxico (insuficiência hepática ou renal) - Estado prévio de saúde (cardiopatia, pneumopatia)
e idade - Intoxicação irresolúvel (risco de sequelas ou
mortalidade) ou de muito lenta resolução com o
tratamento de suporte geral, as medidas para
diminuir a absorção do tóxico ou o uso de
antídotos (lítio)
35- Concentração plasmática como orientadora da
técnida de depuração
Tóxico Concent. plasmática Tipo diurese Concent. plasmática Tipo depuração artificial
Barbitúrico longa duração acção 75 µg/mL Forçada alcalina 100 µg/mL hemodiálise ou hemoperfusão
Barbitúrico média duração acção 50 µg/mL hemoperfusão
Salicilados 500 µg/mL Alcalina 800 µg/mL hemoperfusão
Lítio 1,5 mmol/L Forçada neutra 2,5 mmol/L hemodiálise ou hemoperfusão
Carbamazepina 60 µg/mL hemoperfusão
Teofilina 60 µg/mL hemoperfusão ou hemodiálise
Meprobamato 100 µg/mL hemoperfusão
36- Concentração plasmática como orientadora da
técnida de depuração
Tóxico Concent. plasmática Tipo diurese Concent. plasmática Tipo depuração artificial
Metaqualona 40 µg/mL hemoperfusão
Brómio 500 µg/mL Forçada neutra 1000 µg/mL hemodiálise
Paraquat 0,1 µg/mL Forçada neutra 0,1 µg/mL hemodiálise ou hemoperfusão(?)
Isopropanol 100 mg/dL hemodiálise
Etilenoglicol 50 mg/dL hemodiálise
Metanol 50 mg/dL hemodiálise
Amanitinas 1 ng/mL Forçada neutra 1 ng/mL temodiálise ou hemoperfusão(?)
37 Utilização de antídotos 1. Definição
- Substância que se utiliza para anular ou diminuir
os efeitos de um tóxico no organismo, por
neutralização deste (quelação, reacções
antigénio/anticorpo) ou antagonização
farmacológica. - Disponíveis apenas para uma parte dos potenciais
tóxicos
38 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- N-acetilcisteína
- Intoxicação pelo paracetamol possível utilidade
nas intoxicações pelo clorofórmio e tetracloreto
de carbono - Via intravenosa
- Dose inicial 150 mg/kg de peso em 200 mL de
solução glicosada a 5, durante 15 minutos - Dose seguinte 50 mg/kg em 500 mL de solução
glicosada a 5, nas 4 horas seguintes - Dose final 10 mg/kg em 1000 mL de solução
glicosada a 5, nas 16 horas seguintes - Via oral
- Dose de carga de 140 mg/kg, a que se segue 70
mg/kg de 4-4 horas, num total de 17 doses ou até
paracetamol lt200 µg/mL
39 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Anticorpos antidigitálicos
- Nas arritmias críticas e/ou hipercalcemias
devidas a intoxicação por glicosídeos
cardiotónicos (digixona, digitoxina) - Inactivação do glicosídeo por formação de um
complexo com os anticorpos específicos a
reversão dos sinais de intoxicação inicia-se
dentro de 30 minutos e completa-se dentro de 3
horas - 38 mg de anticorpos específicos neutralizam 0,5
mg de digoxina ou digitoxina
40 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Atropina
- Antagonista dos receptores muscarínicos da
acetilcolina - Indicado na intoxicação por organofosforados ou
carbamatos, e na correcção da bradicardia
induzida por medicamentos (p.ex., digitálicos,
bloqueadores beta, organofosforados, carbamatos) - Intoxicação por organofosforados e carbamatos
- Adultos 1-5 mg, i.m. ou, preferivelmente, i.v.
- Crianças 0,05 mg/kg, i.m. ou, preferivelmente,
i.v. - Bradicardia induzida por medicamentos
- Adultos 0,5-1 mg, i.v., até máximo de 3 mg
- Crianças 0,01-0,05 mg/kg, i.v., até máximo de
0,5 mg ou 0,3 mg/m2
41 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Azul de metileno (cloreto de metiltionina)
- Tratamento da meta-hemoglobinemia com hipoxemia
sintomática (dispneia, confusão, precordialgia)
ou valores de meta-hemoglobina gt25-30 - Transforma a meta-hemoglobina em hemoglobina
- 1-2 mg/kg (0,1-0,2 mL/kg de solução a 1), via
i.v. lenta, durante alguns minutos. Repetir 1
hora depois, se necessário
42 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Benzilpenicilina (Penicilina G)
- Tratamento precoce de intoxicação por Amanita
phalloides e outros cogumelos que contenham
amatoxinas - Protecção parcial da lesão hepática causada pelas
amatoxinas a benzilpenicilina une-se ao GABA que
se acumula por diminuição da sua depuração
hepática (o aumento dos níveis plasmáticos do
GABA explicaria a inbição dos neurónios) - 500.000 UI/kg/dia, via i.v.
43 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Bicarbonato de sódio
- Indicado
- Acidose metabólica grave causada pelo metanol,
etilenoglicol ou salicilados - Intoxicação por fenobarbital, salicilados e
outros ácidos fracos, para aumentar a sua
excreção urinária (alcalinização) - Intoxicação por antidepressivos cíclicos e
antiarrítmicos tipo Ia ou Ic, de modo a prevenir
a sua cardiotoxicidade - Como componente dos líquidos de lavagem gástrica
na ingestão excessiva de ferro, para formação de
quelatos insolúveis
44 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Bicarbonato de sódio
- Acidemia metabólica
- 0,5-1 mEq/kg, via i.v., em bólus repetir, se
necessário, até pH plasmático 7.2. Nas
intoxicações por salicilados, metanol e
etilenoglicol, elevar o pH até 7.4-7.5 - Alcalinização urinária
- 100 mEq (8,4 g) em 1000 mL de solução glicosada a
5, no regime de 2-3 mL/kg/h. Determinar pH da
urina com frequência e ajustar velocidade de
administração de modo a mater pH urinário entre
6-7 - Como a hipocaliemia e a depleção de fluido
impedem a efectiva alcalinização da urina, juntar
30 mEq de KCl (30 mL de solução injectável KCL a
7,5) a cada litro de solução a injectar, a menos
que haja insuficiência renal
45 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Bicarbonato de sódio
- Intoxicação por antidepressivos tricíclicos ou
cardiotónicos - 0,5-1 mEq/kg, via i.v., em bólus repetir, se
necessário, até pH plasmático 7.45-7.50. - Crianças lt2 anos solução a 4,2 por via i.v.
lenta, até máximo 8 mEq/kg/dia (ultrapassar esta
dose originaria hiponatrémia, diminuição da
pressão LCR e risco de hemorragia cerebral) - Complexação do ferro no estômago
- Solução a 1-2, dissolvendo ou diluindo a
quantidade necessária em solução de NaCl a 0,9 e
usando 4-5 mL/kg em cada lavagem gástrica
46 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Biperideno
- Intoxicações por butirofenonas,
difenilbutilpiperidinas, fenotiazinas,
metoclopramida e tioxantenos - Efeito anticolinérgico periférico
- 2 mg por via i.m. ou i.v. lenta. Pode repetir-se
de 30 em 30 minutos, até ao máximo de 8 mg/dia
47 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Carvão activado
- Antídoto inespecífico, de largo espectro
- Adsorve os tóxicos na sua fina rede de poros
presentes nas partículas do carvão activado,
impedindo a absorção - Processo de adsorção é rápido (até 90 no 1º
minuto, in vitro) excretado nas fezes, sem
metabolização - Antídoto na intoxicação por aspirina, ácido
oxálico, atropina, barbitúricos,
dextropropoxifeno, digoxina, cogumelos,
estricnina, fenilpropanolamina, fenitoína, fenol,
paracetamol, propantelina e antidepressivos
tricíclicos - Não adsorve cianetos e é pouco eficaz na
intoxicação por etanol, etilenoglicol, metanol,
sulfato ferroso, álcalis cáusticos e ácidos
minerais
48 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Carvão activado
- Dose inicial 1-2 g/kg
- Doses seguintes 0,5-1 g/kg, 4-4 horas
- Se a quantidade de tóxico ingerido é conhecida
administrar uma dose de carvão activado 10 vezes
superior à do tóxico, em peso - Com a 2ª ou 3ª dose (nunca em todas as doses),
pode administrar-se uma pequena quantidade de
catártico - Pode também administrar-se continuamente por
sonda nasogástrica, na dose de 0,25-0,50 g/kg/h
49 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Desferroxamina
- Intoxicação aguda e crónica pelo ferro
sobrecarga crónica de alumínio (neurotoxicidade
e/ou osteodistrofia associada a alumínio gt60
ng/mL em doentes em hemodiálise crónica) - Intoxicação aguda pelo ferro
- Via i.m. dose 1000 mg, seguida de 2 doses de 500
mg a intervalos de 4 h dependendo da resposta,
podem ser administradas doses subsequentes de 500
mg, a intervalos de 4 a 12 h. Na criança, pode
administrar-se, em alternativa, dose inicial de
20 mg/kg ou 300 mg/m2, em intervalos de 4 h ou 90
mg/kg em intervalos de 8 h - Via i.v. contínua (preferível sempre que se
disponha de bombas perfusoras) dose de 15
mg/kg/h nas primeiras 4-6 h, reduzindo depois
para um máximo de 6-8 g/dia.
50 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Desferroxamina
- Intoxicação aguda e crónica pelo ferro
sobrecarga crónica de alumínio - Intoxicação crónica pelo ferro
- Ferritina 1000-2000 ng/mL 25 mg/kg/dia, via
perfusão i.v. - Ferritina 2000-3000 ng/mL 55 mg/kg/dia, via
perfusão i.v. - Intoxicação crónica pelo alumínio
- 5 mg/semana, em perfusão i.v. lenta ao longo dos
últimos 60 minutos de uma sessão de hemodiálise
51 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Dimercaprol (BAL)
- Agente quelante os grupos sulfidrilo do
dimercaprol formam complexos com o tóxico, que
são excretados pela urina - Intoxicação pelo arsénico (excepto arsina
ineficaz), mercúrio (excepto monoalquilderivados),
chumbo (excepto alquilderivados), ouro, e outros
metais pesados (antimónio, bismuto, crómio,
cobre, níquel, tungsténio, zinco) - Intoxicação pelo arsénio, mercúrio e ouro
- 3 mg/kg via i.m. profunda, de 4-4 h, durante 2
dias. Depois, de 12-12 h, durante 7-10 dias ou
até à recuperação
52 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Dimercaprol (BAL)
- Intoxicação pelo chumbo (terapêutica conjunta com
o edetato de cálcio e sódio) - Encefalopatia aguda sintomática ou concentração
de chumbo gt100 µg/dL 4-5 mg/kg, via i.m.
profunda, de 4-4 h, 5 dias - Sem encefalopatia sintomática ou chumbo gt70
µg/dL 3 mg/kg, via i.m. profunda, de 4-4 h, 5
dias - Pode suspender-se a administração se chumbo lt50
µg/dL ao fim de 3 dias
53 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- EDTA (edetato de cálcio e sódio versenato de
cálcio e sódio) - Forma complexos com quase todos os iões metálicos
polivalentes e também com muitos monovalentes
complexo EDTA-metal é excretado na urina - Intoxicação pelo chumbo (na encefalopatia, com
administração concomitante ou prévia de
dimercaprol), magnésio, ferro, zinco, crómio,
níquel possivelmente, vanádio, radioisótopos
pesados e produtos resultantes de cisão nuclear - Ineficaz nas intoxicações pelo mercúrio, ouro e
arsénico
54 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- EDTA (edetato de cálcio e sódio versenato de
cálcio e sódio) - Intoxicação pelo chumbo
- Administração
- Via perfusão i.v. lenta (geralmente preferível)
2-4 mg diluídos em 1000 mL de solução glicosada a
5 ou solução de cloreto de sódio a 0,9 - Via i.m. (preferível na criança, pois
administração i.v. tem-se associado a casos
fatais neste grupo etário) para evitar dor no
local de injecção, adicionar 1 ml de solução
injectável de cloridrato de lidocaína a 1 ou de
cloridrato de procaína a 1, por cada 1 mL de
solução injectável de antídoto
55 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- EDTA (edetato de cálcio e sódio versenato de
cálcio e sódio) - Intoxicação pelo chumbo
- Posologia
- Com encefalopatia ou nível sanguíneo gt1 µg/mL
iniciar o tratamento com dimercaprol depois,
1500 mg/m2/dia (30 mg/kg), repartidos em 6
administrações (4-4 h), via i.m. profunda ou
perfusão i.v. contínua, durante 5 dias - Sintomática mas sem encefalopatia ou com nível
sanguíneo 0,5-1 µg/mL 1000 mg/m2/dia (20
mg/kg), repartidos em 6 administrações (4-4 h),
via i.m. profunda ou perfusão i.v. contínua,
durante 5 dias - Reavaliar concentração do chumbo ao fim dos 5
dias para determinar se há necessidade de
continuar
56 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Etanol
- Intoxicação aguda pelo metanol, etilenoglicol e
dietilenoglicol - Funciona como substrato competitivo preferencial
da desidrogenase láctica, diminuindo a formação
de metabolitos tóxicos de outros álcoois (metanol
ácido fórmico etilenoglicol e dietilenoglicol
ácidos glicólico e oxálico) - Via oral (a partir de uma solução a 20 de
etanol) - Dose de carga 800 mg/kg
- Dose manutenção 80-130 mg/kg/h
- Via intravenosa
- Dose de carga 600 mg/kg, em perfusão durante
30-60 minutos - Dose manutenção 100 mg/kg/h
57 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Fisostigmina, salicilato
- Inibidor da acetilcolinesterase
- Indicado nas intoxicações graves por substâncias
anticolinérgicas (p.ex., antihistamínicos, alguns
antieméticos, alguns antiparkinsonianos e
fenotiazinas) - Administrado por via i.v. lenta, i.m. ou s.c.
- Adultos
- Dose inicial 0,5-2 mg pode ser repetida de
20-20 min até obter resposta ou efeitos
colinérgicos adversos - Dose manutenção obtido o efeito pretendido,
pode-se administrar doses adicionais de 1-4 mg a
intervalos 30-60 min - Criança (só quando em perigo de vida)
- Dose inicial 0,02 mg/kg pode repetir-se a
intervalos de 5-10 min até obter resposta ou dose
total de 2 mg - Dose manutenção 0,03 mg/kg ou 0,9 mg/m2
58 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Fitomenadiona (Vitamina K1)
- Cofactor essencial à síntese hepática de vários
factores da coagulação (II, VII, IX e X) - Indicado nas intoxicações por anticoagulantes
derivados da cumarina e indandiona (presentes em
raticidas, p.ex.) - Adultos
- 10-20 mg, i.v. lenta repetir 3 horas mais tarde,
se necessário. Não administrar mais de 40 mg/dia - Crianças
- lt1 ano 1 mg i.v. doses posteriores, se
necessárias, ajustadas de acordo com factores da
coagulação - gt1 ano 5-10 mg, i.v.
59 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Flumazenil
- Inibição competitiva dos receptores das
benzodiazepinas - Tratamento da intoxicação pelas benzodiazepinas
- Posologia
- Dose inicial 0,3 mg, via i.v. pode repetir-se
até à dose máxima total de 2 mg, se não se
obtiver o efeito desejado ao fim de 60 segundos - Nas situações em que o estado de sonolência volta
a instalar-se pode-se recorrer à perfusão i.v. em
solução glicosada a 5 ou de cloreto de sódio a
0,9, administrando 0,1 mg a 0,4 mg/h
60 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Folinato
- Indicado no tratamento da intoxicação pelos
antagonistas do ácido fólico (metotrexato,
pirimetamina e trimetoprim) - Administrar por via i.v. (ou i.m.), 30 mg de 6-6
h no 1º dia, e 15 mg 6-6 h nos dois dias seguintes
61 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Glicagina (glucagon)
- Estimula a formação de AMPc, iniciando uma
cascata de eventos celulares que culmina no
aumento da glicemia - Indicada na intoxicação por bloqueadores beta,
alguns bloqueadores da entrada do cálcio e na
hipoglicemia grave - Posologia
- Intoxicação por bloqueadores beta
- adultos 5-10 mg, via i.v. esta dose deve ser
repetida ou seguida de perfusão i.v. de 2-10
mg/h - crianças 0,03-0,01 mg/kg até máximo de 1 mg,
20-20 min, via i.m., i.v., s.c.
62 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Gluconato de cálcio
- Indicado nas intoxicações por bloqueadores dos
canais de cálcio (diltiazem, verapamil,
nifedipina, etc.) derivados do flúor e magnésio
(se usado por via oral) - Posologia
- Via i.v. 0,2 mL/kg (numa concentração até 10),
até um máximo de 10 mL (1 g), durante 5-10
minutos, com controlo ECG - Via oral (adultos) 10 g em 250 mL de água.
- Dose oral precipita derivados de flúor e magnésio
a nível intestinal
63 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Hidroxicobalamina
- Intoxicações agudas pelo ácido cianídrico e
produtos cianogénicos - Objectivo reverter a inibição da
citocromoxidase, reactivando esta enzima
mitocondrial por depleção intracelular do
cianeto. Isto pode ser conseguido por 1)
quelação (sais de cobalto ou hidroxicobalamina)
2) deslocação do equilíbrio para o compartimento
extracelular, pela formação de cianometahemoglobin
a (geradores de meta-hemoglobina nitrito de
amilo, nitrito de sódio) ou 3) formação de
tiocianato (tiossulfato de sódio). O processo que
utiliza a hidroxicobalamina parece ser o mais
eficaz.
64 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Hidroxicobalamina
- Administração perfusão i.v. em 25-30 minutos se
necessário, esta dose pode ser repetida 1 ou 2
vezes, em perfusão i.v. mais lenta (30 min-2 h) - Posologia
- Adultos 5 g
- Crianças 70 mg/kg
65 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Labetalol
- Bloqueador adrenérgico alfa e beta
- Indicado nas situações de crise hipertensiva que
acompanham certas intoxicações (p.e.x, cocaína) - Via i.v. lenta (gt2 min) na dose de 20 mg
(adulto) repetir 10-10 min, até máximo de 300 mg
66 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Metadoxina
- Intoxicação etílica aguda
- Acelera o metabolismo e eliminação do etanol
- 600-900 mg/dia, via i.m. ou i.v.
67 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Naloxona
- Intoxicação por opiáceos possível eficácia
(ainda não comprovada) na reversão do coma e
depressão respiratória associada a intoxicação
por clonidina, benzodiazepinas e etanol - Antagonista dos opiáceos bloqueia os receptores
miú, capa e sigma - Via i.m., i.v. (preferível na emergência) directa
ou perfusão, e s.c. possível administração por
via endotraqueal - Posologia
- Adultos 0,4-2 mg, i.v. se necessário, repetir a
interval de 2-3 min, até dose total de 10 mg - Crianças 0,1 mg/kg, i.v. (ou, na impossibilidade
desta via, i.m., s.c. ou endotraqueal). Criança
com gt5 anos ou gt20 kg pode usar-se dose 2 mg.
Estas doses podem ser repetidas, se necessário
68 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Nitroprussiato de sódio
- Vasodilatador periférico
- Reversão imediata da hipertensão grave por
intoxicação com IMAO e espasmos arteriais
periféricos causados por produtos com ergotamina - Posologia 0,3-1 µg/kg/min, por perfusão i.v. se
necessário, dose pode ser aumentada
progressivamente até máximo de 10 µg/kg/min
69 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Oximas (obidoxima e pralidoxima)
- Reactivação das colinesterases recentemente
inactivadas por organosfosforados - Intoxicações por pesticidas e gases neurotóxicos
anticolinesterásicos organosfosforados (gases de
guerra) - Obidoxima 250 mg, perfusão i.v. (5-10 minutos)
repetir 1 ou 2 vezes, se necessário, a intervalos
de 2 horas, ou 2-10 mg/kg/dia - Metilsulfato de pralidoxima 400 mg, perfusão
i.v. lenta se necessário, 200 mg cerca de 30 min
depois se 6-12 h depois persistirem sintomas de
intoxicação administrar 200 mg. Dose máxima
2g/dia
70 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Penicilamina
- Intoxicações por metais pesados, isoladamente
cobre, mercúrio, ouro e ferro adjuvante de
outros antídotos (EDTA e dimercaprol) chumbo - Actua por quelação, formando complexos solúveis
rapidamente excretados na urina - Posologia
- Adultos 25-40 mg/kg/dia, repartida em 4
administrações - Crianças 25-200 mg/kg/dia ou 600-7750 mg/m2 no
máximo, 1 g/dia
71 Utilização de antídotos 2. Antídotos e suas
indicações
- Piridoxina (vitamina B6)
- Convulsões e/ou coma por intoxicação por
isoniazida, cicloserina ou metil-hidrazina
(resultante da hidrólise das girometrinas,
toxinas presentes nos cogumelos Gyromitra)
possível utilidade na intoxicação pelo
etilenoglicol ou levodopa - Posologia
- Intoxicação pela isoniazida 1 g de piridoxina
por cada 1 g de isoniazida, via i.v. se
quantidade de isoniazida for desconhecida 4-5 g.
Repetir, se necessário - Intoxicação pela metil-hidrazina 25 mg/kg, i.v.,
ou 1/3 i.m. e 2/3 i.v.. Repetir, se necessário - Intoxicação pela cicloserina 300 mg/dia
72Bibliografia recomendada
- Texto obrigatório
- Afonso Esteves. Intoxicações agudas. In
Terapêutica Medicamentosa e suas Bases
Farmacológicas, 4ª edição, 2001 Porto Editora,
pp1082-1094 - Textos de apoio
- Manual de Antídotos, 2ª edição, Edição da ARS
Norte, Porto, 2002 - Harrisons Principles of Internal Medicine, 16ª
edição, Part XVI, pp 2577-2593
73Contacto útil